Em janeiro de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Complexo de Cascão", em que o Cebolinha fica traumatizado e com medo de água ao se afogar na piscina e passa a se comportar como o Cascão. Com 13 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cebolinha Nº 49' (Ed. Globo, 1991).
Nela, Cebolinha está em uma aula de natação e a professora dele manda os alunos entrarem na piscina após terem feito alongamento. Ela manda fazer exercício de respiração, inspirar fora d'água, prende o ar e expirar dentro d'água pelo nariz ou pela boca. Cebolinha faz o contrário e acaba se afogando. A professora o salva e diz que ele bebeu alguns litros d'água e na saída do clube, Cebolinha se assusta quando ela diz que na próxima aula pega o jeito.
Cebolinha diz que não sabe se vai ter coragem de fazer aquilo de novo, quando se encontra o Cascão, que pergunta aquilo o quê. Cebolinha conta que estava na aula de natação e Cascão interrompe que ensina a ele nadar. Ele faz uns movimentos de natação clássica e diz que ainda sabe nadar de costas e de borboleta. Cebolinha diz que tem que nadar na água e onde mais pode nada sem ser na água e Cascão diz que tem gente que nada em dinheiro e nada me problemas.
Mônica chega e Cascão diz que Cebolinha não sabe nadar. Mônica pergunta ao Cebolinha como está indo nas aulas de natação e Cebolinha responde que está muito mal e quase morreu afogado. Mônica o convida para treinar na piscininha do seu quintal e chegando lá, vendo aquela água toda, tenta sair correndo com medo de morrer afogado. Mônica o obriga a mergulhar, arrastando pelos pés e só é impedido porque a mãe dele chama para almoçar.
Em casa, Dona Cebola fala que preparou um banho na banheira para o Cebolinha tirar o cloro da piscina do corpo e ele sai correndo, gritando que não vai tomar banho e que não suporta água. Dona Cebola fala que ele está virando porquinho e se não tomar banho, não almoça e então, ele foge, falando que não queria comer mesmo. Na rua, se desvia com medo do homem lavando o carro, do menino brincando de faroeste com arma d'água, desvia de torneira, pula a poça d'água e ao ouvir trovão e começar a chover, se esconde dentro da lata de lixo, só que a chuva foi alarme falso, mas o suficiente para ele ficar sujo.
Cebolinha vê que ficou imundo ao sair da lata de lixo e comenta que não tem coragem de chegar perto de água para se lavar e vai ficar sujinho para sempre e cada vez mais, que nem seus pais e amigos vão aceitá-lo. Cascão aparece, falando que ele finalmente resolveu se produzir e Cebolinha pede ajuda. Cascão adora, é motivo para alegria, limpeza não está com nada, viva a sujeira e a liberdade total. Um homem reprova ver os meninos sujinhos e Cascão diz que há muitas incompreensões, mas também riram de Colombo, Galileu e dos Três Patetas, um dia o mundo vai dar razão a eles e enquanto esperam, tem as compensações e vão ao lixão, perguntando se tem uma visão mais bonita que aquela.
Cascão fala que vão se divertir muito jogando lixo um no outro, antes ninguém queria brincar disso com ele, mas quando Cebolinha joga lixo no Cascão, percebe que ele estava triste e não gostando de ficar sujo e sai para pedir ajuda à Mônica. Ela pergunta ao Cascão por que quer ajudar o Cebolinha e ele diz, com cara de nojo, que porque tem gente que nasceram para serem limpas. E, assim, Mônica diz que tem um plano.
Depois, Cascão volta ao lixão, falando que aconteceu uma tragédia, a Mônica caiu no riacho e está se afogando. Cebolinha tenta fugir, alegando que tem medo e tem que chamar outra pessoa para salvá-la. Cascão fala que não tem tempo, ela já está nas últimas, só com os braços para fora na água. Cebolinha insiste que ali tem água e não sabe nadar. Mônica dá adeus ao mundo cruel e se afunda e Cascão diz que foi por causa dos dentões pesados. Cebolinha fica com raiva e mergulha no rio. Ele nada e salva a Mônica e pergunta se ela está bem. Mônica diz que fizeram aquilo para curá-lo e que ele nadou como um peixinho.
Cebolinha comemora que está curado e que o trauma passou e agradece. Estranha que Cascão fez aquilo por ele e fala que Cascão devia experimentar tomar banho, a água é gostosa e que foi tão legal que gostaria de retribuir o valor. Ele e Mônica aproveitam que Cascão estava distraído e tentam empurrá-lo na água. Cascão se abaixa, fazendo Mônica e Cebolinha caírem no rio e Cascão fala que gosta de ser como ele e no dia que resolver tomar banho, ele vai tomar sozinho, terminando assim.
Muito legal essa história. O Cebolinha passa a ter medo de água após se afogar na piscina da aula e natação e se comporta que nem o Cascão e foi preciso ele e Mônica ajudarem fingindo que a Mônica estava se afogando no rio para curar o trauma do Cebolinha. Além de curar do trauma, ele ainda aprendeu a nadar.
Foi engraçado ver o pavor do Cebolinha ao entrar na água, fugir que nem o Cascão, a apologia do Cascão com a sujeira e ver os personagens no lixão. Gostei também Cascão citar Colombo, Galileu e dos Três Patetas, na intenção de que antes eram incompreendidos e depois se tornarem gênios pela sociedade. Bom também ver uma situação diferente, com personagem em aula de natação.
Diferente do Cascão que tem medo de água e gosta de ficar sujinho, o Cebolinha não estava gostando da situação de ficar sujo, mas a fobia de se afogar de novo falava mais alto. Seria caso de ir a psicólogo, mas na história foi resolvido entre eles fazendo com que a amizade do Cebolinha com a Mônica, de fazê-la sobreviver ao afogamento fosse mais forte que a sua fobia. A história, então, traz essa bonita mensagem e mostrar como surge um trauma em uma pessoa, sem deixar de ser divertida.
Impublicável atualmente, principalmente da forte apologia do Cascão à sujeira e ficar no lixão, sem chances isso hoje, mas que era tudo normal em 1991. Inclusive o Cascão de hoje tem uma visão totalmente oposta, ele adere à limpeza e não gosta de ver as coisas sujas, virou personagem porta-voz da limpeza e só não toma banho de vez por fobia a água, mas lava as mãos normalmente, sem medo. Ou seja, virou um outro personagem. O exercício de respiração na água que a professora ensinou na história também podiam implicar, acharem que é um perigo criança querer imitar sem adulto por perto e se afogarem.
Os traços muito bonitos da fase clássica, com direito a curva no olho quando eles estavam brabos ficando mais bonitos ainda. Interessante a professora ter um cabelo igual da Magali e da sua mãe, poderia até imaginar que seria parente dela. O Cebolinha pensava trocando as letras na época como padrão, atualmente ele pensa certo, sem trocar o "R" pelo "L", pois querem adequar à vida real com quem tem dislalia não troca letras quando pensa.
De curiosidade, as revistas de janeiro e início de fevereiro de 1991, colocavam no rodapé "1990 Mauricio de Sousa Produções" ao invés de "1991...". Nunca entendi por que fizeram isso, só sei que estranhei bem na época. Mas nos créditos finais com a tirinha informavam normal como janeiro/ 91 ou fevereiro/ 91. E esse fato voltou a se repetir em janeiro de 2011, quando colocavam 2010 no rodapé da primeira página. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.
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