sábado, 1 de outubro de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.085 - Uma história do Rei Leonino no fim do Dia do "Beija-Pata Real"

Compartilho uma história em que o Rei Leonino viu que o Jotalhão não foi ao Palácio na cerimônia do "Beija-Pata Real" e o obrigou a ir lá para beijar. Com 8 páginas, foi publicada por volta de 1979 e republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 3' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 3' (Ed. Globo, 1987)

No fim do dia do "Beija-Pata Real", Rei Leonino pergunta ao Ministro Luís Caxeiro Praxedes se já terminou e ele responde que todos os súditos foram beijar a pata do rei, mas logo olha na lista que o Jotalhão não foi e cometeu um crime de lesa-majestade. Rei Leonino pergunta ao Ministro se não avisou que a cerimônia do "Beija-Pata" era obrigatória, ele diz que todos os súditos ficaram sabendo.

Rei Leonino fica revoltado que Jotalhão desobedeceu uma ordem real e o Ministro acha que deve ter o castigo de mil mortes e Rei Leonino manda chamar a Guarda Real e o pelotão de choque. Luís Caxeiro os chama avisando que um súdito ofendeu o trono, manchou com sua atitude revoltante a sagrada cerimônia, não aparecendo para beijar a pata do Rei. Com todos lá, Rei Leonino ordena que o Jotalhão seja preso na sala do trono para implorar perdão pela falta.


O pelotão vai até o Jotalhão enquanto Rei Leonino fala ao Ministro que o Jotalhão está enganado se pensa que pode deixar de beijar a pata real e ficar impune e o Ministro diz que ele merece qualquer castigo que Vossa Majestade imaginar. O chefe da guarda volta e diz que não conseguiu levar o Jotalhão até lá, está difícil para ele passar pela entrada na caverna real, que não é um caso de desobediência, é um caso de impossibilidade de obedecer, mostrando Jotalhão entalado na entrada da caverna. 

Jotalhão fala que não podia ir no Beija-Pata, só se a pata real fosse lá fora. Luís Caxeiro acha um absurdo, um Rei não deve ir até ao súdito, que alarguem as passagens e as paredes, para que Jotalhão possa entrar, que não deve  permitir exceções senão vai perder autoridade. Nenhum súdito merece uma ida de Vossa Majestade lá fora e Rei Leonino fala que também não pretende arrebentar as paredes do palácio. Jotalhão fala que bastaria Rei Leonino se aproximar um pouco da entrada. Luís Caxeiro não permite, falando que um rei não deve dar um passo em direção ao súdito, que ele é que tem que ir ao rei. 

Então, Rei Leonino tem ideia de Jotalhão aproximar a tromba até onde ele está, se conseguir, beijar a pata com a tromba. Jotalhão consegue e vai embora. Luís Caxeiro reclama que como pôde consentir isso, foi um desaforo, que ele tinha que beijar com a boca e não com a tromba. Rei Leonino diz que o que vale foi a intenção e a situação. Ministro fala que desse jeito ficou alguém sem beijar a pata real e Rei Leonino lembra que ficou um, sim, e no final, Luís Caxeiro é obrigado a beijar a pata dele sem parar durante o resto do dia.

História legal em que Rei Leonino se deu conta que o Jotalhão não foi na cerimônia de Beija-Pata obrigatória, mas não porque ele não quis ir, mas por causa da impossibilidade de passar na entrada da caverna estreita e ficou o dilema de como fariam para o Jotalhão beijar a pata sem Rei Leonino ir lá fora, já que uma Majestade não podia ir de encontro aos seus súditos e também não queriam arrebentar as paredes da entrada da caverna. A solução foi Jotalhão beijar com a sua tromba e não com a boca. No final, o Rei se deu conta de que o Ministro que reclamava de tudo foi o único que não tinha beijado a pata do rei e foi o brigado a beijar sem parar pelo resto do dia, bem que mereceu.

Foi bem interessante uma cerimônia para todos os súditos do reinos serem obrigados a beijar a pata do Rei Leonino, gostando dele ou não, e se não fossem, seriam punidos, com possibilidades de prisão e até pena de morte. Ficou retratado que era um rei bem autoritário e que povo tinha que obedecê-lo a qualquer custo. O Ministro também queria mandar mais que o rei, mais autoritário ainda, não aceitando que o Rei fosse até o súdito, que, assim, iria perder autoridade. Nisso, também quis mostrar analogia com governos que não gostam de se aproximar do povo, que o governo que é soberano, retratar e criticar como os governantes agiam durante o período da Ditadura no Brasil na época.

Impublicável por conta desse autoritarismo de ambos. Hoje em dia o Rei Leonino não é mais autoritário assim, é bem amigo dos súditos da mata, ouve bem os problemas, típico como um governante deve ser, e o Luís Caxeiro Praxedes é só puxa-saco do rei normal e bobinho. Atualmente, por incrível que pareça, a palavra tromba também é proibida nos gibis, chegando até alterar em almanaques para não dar duplo sentido de tromba de elefante com tromba de cunho sexual. Já vi mudado isso até em republicação de uma história da Rita Najura do livro de luxo atual "Biblioteca do Maurício - Mônica 1970", alterando fala dela que Jotalhão tem "linda e enorme tromba" para "linda cor verde".

Não teve título como era de costume histórias da Turma da Mata nos anos 1970. Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1970, mais da segunda metade daquela década, com direito até de Rei Leonino falar de boca fechada em alguns momentos. Parece ter sido escrita pelo Mauricio de Sousa, até por conta do enquadramento maior de 3 quadrinhos por página e maior número de quadrinhos ocupando largura toda, além de posições e ângulos dos personagens, provavelmente foi estilo de páginas semanais de jornais de São Paulo e depois aproveitaram em algum gibi dos anos 1970 e pelo visto, com o Rei Leonino e seu ministro assim, quis também. 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/09/uma-historia-do-rei-leonino-no-fim-do-dia-do-beija-pata-real.html 

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