quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Gibis Disney: TOPOLINO n°3167 - Nas bancas(na Itália)!

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Para qual disciplina olímpica gostariam de treinar?
‪#‎Topolinomagazine‬
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Quack!
‪#‎Topolinomagazine‬ vos espera no quiosque(bancas)!
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A cada semana, nos fazem companhia muitas novas histórias, sempre ricas de emoções! 
Qual é a sua favorita? Quadrinhos desta edição...
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Rock pedras e algema em: 2 Polícias a... Encruzilhadas
Sujeito e roteiro: Marco Bosque Desenhos: Andrea Lucci

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O mistério das três medalhas: Pato Donald... cara de bronze.
Sujeito e roteiro: Máximo Marconi para edições if Desenhos: Marco Mazzarello

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W o desporto - o fitness
Sujeito e roteiro: Marco Bosque Desenhos: Alexandre Gotardo
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Doubleduck(DonaldDuplo) - chamada para b-Black
Sujeito e roteiro: Gabriel Sandes Desenhos: Lorenzo pastrovicchio

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Mickey e o segredo do chef
Sujeito, roteiro e desenhos: Giampiero Ubezio

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Tio Patinha$ e os biliões em garrafa
Sujeito e roteiro: Carlo Panaro Desenhos: Luciano gato

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Veja também a edição anterior > Gibis Disney: TOPOLINO n°3166 - Nas bancas(na Itália)!
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Charge N°47186!

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Tiras N°7645 : Fala Menino - Luis Augusto!

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Ben e a Bisa em: O Atraso e o Dragão-Babão.

A tirinha ‪#‎BenEaBisa‬ deste domingo (assim como a programação do Blog no fim-de-semana) não será publicada como de costume. Culpa do Dragão-Babão. A aventura que deveria levar uma página, acabou ocupando SETE (ok, não é mais uma tirinha)! E estou aqui, no lerê, finalizando.

E só está ficando pronta tão cedo, apesar do atraso, porque teremos a participação especial de Nei Soares Costa, fazendo as cores ao meu lado. Aguardem, a HQ tá ficando bonita e vai valer a pena esperar um pouquinho mais.

Beijão pra quem for de beijão. Quem não for, fica na mão.
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Charge N°47185!

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Ria...Se Puder N°4947 - EiTA QUE ESSE ANO TEM ELEiÇÃO...

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Charge N°47184!

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Tiras N°7644 : Bichinhos de Jardim - Clara Gomes!

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Charge N°47183!

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Submundo HQ N°95 : Matéria Especial (de César Leal): A Primeira Editora Brasileira de Quadrinhos ...

Em uma conversa com o Leo sobre editoras nacionais acabei me “designando” para escrever algo sobre aquela que teria sido a primeira editora de HQs no Brasil... De início, a empreitada parecia mais simples do que realmente se apresentou, afinal, quem publicou pela primeira vez quadrinhos em nosso país?
Não me parecia uma pergunta muito difícil de responder. Bastaria seguir a trilha da publicação mais antiga de uma HQ por aqui e pronto. A memória afetiva com relação à editora primária sempre me leva ao desbravador Adolfo Aizen, que trouxe para o país pela primeira vez o material da era de ouro das HQs que ditou as bases para o que conhecemos hoje como quadrinhos de aventura. Antes de fundar a Brasil América foi, pelos idos dos anos 30, através do Suplemento Juvenil, em parceria com o fundador e diretor do jornal A NAÇÃO, que pudemos ver, em primeira mão em terras tupiniquins, personagens que durante muito tempo foram “O” referencial de aventuras em quadrinhos: Tarzan, Príncipe Valente, Flash Gordon, Mandrake. Mas apesar de todo o brilhantismo de Aizen no comando do suplemento e da vindoura EBAL, é fato que já haviam quadrinhos anteriormente em nosso país.

Confira abaixo:
Dr. Semana criticando a falta da infância nas crianças do país – tão antigo e tão atual.

Muito antes, em 1905, houve uma empreitada até então inédita por aqui, que poderia levar a alguns pensarem ser a gênese das HQs em terras brasileiras, a revista: O "Tico-Tico". Fundada por Luiz Bartolomeu de Souza e Silva, responsável por uma das mais conceituadas e populares publicações da época: “ O Malho”, passou para a história ao publicar uma revista com vistas ao público infanto-juvenil... Se bem que, principalmente nos primeiros números, a revista tinha um material diversificado, muitas histórias nacionais baseadas em conceitos do que estava sendo produzido em terras europeias e que não eram exatamente títulos infantis, como Dr. Alpha, um desbravador espacial com aventuras muito interessantes e espelhadas no que se via em livros de Julio Verne, ou Max Muller, um aventureiro cujas histórias bebiam nas aventuras do estilo dos pulps, recheadas de mistério e misticismo, ou mesmo naquele que alguns assumem ser o primeiro super herói do mundo: O Príncipe Oscar. Bem, não vamos nos aprofundar no tema da criação do conceito super-herói para não nos distanciar do objetivo que é determinar a primeira editora de HQ no Brasil,  deixando o assunto de lado por enquanto (quem sabe em outro texto poderia discorrer sobre isso). O fato é que, posteriormente à essa fase inicial, a Tico-Tico foi sim uma revista mais priorizada para as crianças e jovens, seus textos, quadrinhos, pesquisas e direcionamento era de material infantil. Não que isso desmereceria a publicação, afinal, ela dominou as mentes infantis das crianças brasileiras por décadas, sempre com o apoio maior ou menor de pais e educadores que viam na revista não um mal à formação infantil, mas uma ferramenta na educação. Tendo sido citada até mesmo por Ruy Barbosa em algumas ocasiões. Uma publicação “alvissareira” como diziam os cidadãos da época... Mas nem assim a primeira publicação de quadrinhos no Brasil... Tive que fuçar ainda mais no passado para ter uma resposta à essa questão... Apesar de que, adianto, para se definir qual foi a primeira editora de HQ no Brasil vai se depender inteiramente dos conceitos de cada um que analisa a questão (eu sei... meio desapontador... mas me deixe explicar).

Para definir quem primeiro publicou HQs no nosso país vai depender do que cada um considera ser Histórias em Quadrinhos... Nos tempos do Império, na segunda metade do século 17, o que se via nas ruas eram jornais e semanários. Numa época anterior ao rádio, líder absoluto em informação e entretenimento no século 18, a grande forma de divulgação de notícias e divertimento eram os jornais e publicações impressas que germinavam (e muitas vezes faliam) rapidamente pelas ruas brasileiras (em especial na capital do império, Rio de Janeiro, mas em todo o território brasileiro também). Inspiradas nos moldes europeus, já que os EUA ainda não tinham a banca para se imporem como líderes culturais do mundo livre, essas publicações invariavelmente tinham um “mascote”, uma figura que apresentava o material ou anunciava um fato ou até mesmo servia para criticar ou polemizar a vida ou os costumes da época em forma de charge ou em diálogo “direto” com o leitor.

Um dos pioneiros era o "Doutor Semana" na revista: "Semana Illustrada", onde o personagem tinha um cabeção (costume de alguns caricaturistas na época) e se tratava de um fidalgo a caráter com seu servo/escravo, o “moleque”... A figura aparecia na revista, criada em dezembro de 1860 dentro do esquema comum na época para publicações jornalísticas de humor e notícias, poucas páginas, algumas dedicadas somente aos textos e outras aos desenhos, pois a imprensa não tinha tecnologia para mesclar os dois. O texto nas figuras também era “desenhado” no trabalho final. Foi criado pelo imigrante alemão Henrique Fleuss e teve em suas edições escritores do nível de Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Quintino Bocaiúva. Mas fica a questão... Poderia ser a figura do Dr. Semana a primeira publicação em quadrinhos no Brasil? Temos com certeza alguns elementos de HQs no personagem, mesmo não estando o texto dentro de “balões” (fato que os norte americanos estabelecem como condição básica em HQ para dar legitimidade à sua alegação de que "Yellow Kid" seria a primeira criação do gênero no mundo, mas veremos isso mais a frente). Para mim não parece ser um personagem em quadrinhos por si, mas algo mais próximo da charge ou cartum, por alguns detalhes, inclusive pela falta de ação sequencial (o personagem está estático em uma cena ou desenho único, no máximo dois a três desenhos pra dar andamento a um questionamento). Não me parece que se trataria de uma HQ com todos os elementos que a caracterizariam, mas caso seja o entendimento de se considerar esse trabalho como uma HQ, então teríamos não o Dr. Semana, apesar de toda a inovação gráfica do Fleuss no periódico, mas o trabalho semelhante feito no jornal o "Maribondo" em Pernambuco em 1822 como pioneiro.
Figura símbolo do jornal Maribondo.

Considerado o berço da caricatura no Brasil em 1831 por ter publicado o primeiro trabalho do gênero, o Maribondo poderia ser também o lar editorial da primeira HQ, ou personagem de HQ, com seu símbolo do homem atacado pelas “ferroadas” (ou no caso críticas do jornal...)? Alguns diriam que talvez fosse o caso. Mas se chegarem a conclusão de que tal desenho não tinha “vida” para ser considerado uma arte sequencial, sendo apenas um símbolo do produto, voltaríamos ao Dr. Semana, que tem uma personalidade e perfil opinativo mais definido, ou ficaríamos com algum dos protótipos posteriores ao homem do Maribondo, apesar de ter sido o “Semana” o mais longevo e conhecido dos “mascotes” desse tipo de publicação, e assim, mais lógico de figurar como berço da historiografia em quadrinhos nacional, se fôssemos pegar uma mascote em forma de charge para esse fim... Mas como já me adiantei, não parece ser exatamente esse o caso. Não dá para considerar especificamente essa como a primeira HQ publicada no Brasil, mas algo mais dentro da área do início das charges.

Vamos então mudar o foco de nossa pesquisa para Ângelo Agostini e a celeuma com o "Yellow Kid" americano. Os EUA estabelecem como marco inicial das HQs o chamado "garoto amarelo" (ou "Menino Amarelo") criado pelo Outcault em 1894 na tira de jornal Hogan´s Alley (uma HQ que nasceu das primeiras charges sociais dos jornais ianques). 

Um dos pontos dos pesquisadores norte americanos ao defender o fato do “garoto amarelo” ser a primeira HQ conhecida é o fato de utilizar balões para conter as falas do personagem, recurso até então inédito e que se tornou marca das HQs depois disso. Sejamos francos, no início não eram balões, mas dizeres dentro da camisa do personagem, e de qualquer forma, uma alteração ao estilo “texto abaixo da figura” utilizado até então.
Yellow Kid e seu camisão – a gênese dos balões nas Hqs.

Ao se pesquisar a vida do Agostini, imigrante italiano, exímio desenhista e caricaturista que contribuiu e criou vários expedientes jornalísticos de humor durante sua carreira no Brasil, nos deparamos com dois expoentes de sua obra que são consideradas pelos pesquisadores como HQs. Agostini foi um dos eminentes cartunistas da fase do Brasil Império e utilizava suas publicações e caricaturas para defender causas populares, questionar o império e criticar, sobretudo, a escravidão no Brasil. Em 1864 ele criou para o jornal "Diabo Coxo", que estreava em São Paulo, um “mascote/personagem” que, a exemplo do Semana Illustrada, apresentava a publicação dialogando com o leitor e com personagens variados em suas charges... O Diabo Coxo do título, um ser maquiavélico, uma “disforme criatura” que “não queria mal a ninguém” mas utilizava de seus expedientes “diabólicos” para criticar e questionar a sociedade imperial nas páginas do periódico. Exatamente nos mesmos moldes do Dr. Semana.

Assim, como no caso do Dr. Semana, não poderíamos nos utilizar do expediente de ser o Diabo Coxo um personagem de HQ. Pelo menos não sem considerarmos o próprio Dr. Semana como um antecessor, certo? Bem, talvez não, mas vamos por partes.  O primeiro dos dois expedientes que aparecem na obra do Agostini como HQs é “As Aventuras de Nhô Quim – impressões de uma viagem à corte” criada em 1869 no semanário em que o próprio Agostini era um dos sócios, já radicado no Rio de Janeiro, a “Vida Fluminense”. Nessa história ele mostra de forma bem humorada as desventuras do protagonista, filho de um fazendeiro do interior e sua desastrosa viagem à capital imperial. Um folhetim seriado em que cada capítulo vai desvendando os problemas do desafortunado Quim. 

Apesar do formato de texto “sem balões” comum na época, à mim não resta dúvidas de se tratar de uma HQ anterior ao Yellow Kid de 1894. Afinal, se formos considerar somente texto em balões como indicativo de HQ não poderíamos incluir a obra prima de Harold Foster: O "Príncipe Valente", com seu texto na base dos desenhos como uma história em quadrinhos, por exemplo. E o que dizer das obras que não utilizam qualquer texto? Como algumas iniciativas de grandes editoras de super heróis como a Marvel em um número do seu “Hawkeye” do Matt Fraction e David Aja ou mesmo do Maurício de Sousa quando usa suas histórias em que existem somente desenhos no “historinhas sem palavras”?
            Nhô Quim – não se trata de HQ para o conceito de alguns pesquisadores norte americanos.

Portanto, teríamos no Nhô Quim a primeira história em quadrinhos publicada no Brasil, tornando a editora da Vida Fluminense na primeira editora de HQs por aqui? Antes de responder à essa pergunta, vamos fazer uma rápida análise sobre a outra obra do Agostini, publicada no seu semanário posterior, a Revista Illustrada (com dois “l” como se grafava na época), temos sua “segunda” (?) HQ. As aventuras de Zé Caipora, a exemplo do Nhô Quim, que com suas interrupções e troca de veículos nunca foi finalizada, foi iniciada em 1883, e apesar de começar num tom pastelão humorístico como sua antecessora, logo ela toma ares de seriedade e se torna a primeira HQ de aventuras no Brasil (neste caso não parece haver dúvidas já que todas as anteriores se tratam sempre de quadrinhos de humor). E existem poucas, ou nenhuma, de acordo com alguns, iniciativas de HQs puramente de aventuras anteriormente no mundo. Talvez a única exceção seja Obidiah Oldbuck, versão em língua inglesa de 1843 da HQ “Les Amours de Mr. Vieux Bois” por sua vez de 1837, mas, mais uma vez, discordo do viés de aventura nessa obra que, para mim, é puramente humorística ou, no máximo, uma comédia romântica com as desventuras de Oldbuck (Vieux Bois) para conquistar o amor de sua donzela. Seria como pegar a obra de Cervantes, Don Quixote, retirar todas as ilusões do protagonista e considerar que seria um folhetim de aventuras de um verdadeiro cavaleiro no lugar de uma sátira sobre o comportamento do desvairado personagem e seu escudeiro Sancho Pança. Ou seja, até prova em contrário, podemos considerar o Agostini como o criador da primeira HQ de aventurasdo mundo (com ênfase na distinção de HQ de aventuras).
Obidiah Oldbuck  (Vieux Bois) – nada muito aventuresco.

Quando foi “descoberto” esse material do Agostini e ao se comparar as datas com Yellow Kid houve uma febre de alguns pesquisadores da história das HQs no Brasil ao colocar nosso país como o berço da chamada Nona Arte e tornando Agostini como o criador da primeira HQ do mundo... Ufanístico talvez... Mas não exatamente verdadeiro. Se considerarmos que Nhô Quim é uma HQ (nesse ponto eu concordo) e anterior à Yellow Kid (o que eu também concordo) temos que considerar se Agostini foi o primeiro a fazer esse tipo de material com essas características a nível mundial, e nesse caso, a resposta é... Não. O mesmo tipo de material humorístico em forma de HQ que vemos em Nhô Quim já fora criado na Europa, o próprio “Mousier Vieux Bois” (citado acima) teria a primazia mundial em formato HQ tendo sido criada em 1837 pelo suíço Rodolphe Topffer (sua versão traduzida para o  inglês em 1843 – Obidiah Oldbuck - teria sido a primeira Comic ou Gibi publicado fora do formato periódico de todos os tempos), seguido de “Mousier Reac”, em 1848 de autoria do francês Nadar, cujo nome real era Gaspard-Félix Tournachom. Em seguida, temos a dupla “Max und Moritz” no início de 1865 com autoria do alemão Wilhlem Busch (tendo sido publicado aqui no Brasil com o nome de “Aventuras de Juca e Chico” em 1915, com tradução do poeta Olavo Bilac).
Max e Moritz ou Juca e Chico em terras brasikleiras...

Depois, teríamos Ally Sloper, HQ inglesa de Charles H. Roos e sua esposa Marie Duval em 1867 e em seguida Nhô Quim de 1869 se colocando como a quinta história em quadrinhos do mundo, depois de algumas iniciativas da Europa, mas bem antes dos norte-americanos. Assim podemos responder a pergunta da primeira história em quadrinhos a ser publicada no Brasil ser “Nhô Quim.”.. Mas tem um pequeno porém... Ou grande, para efeito de nossa análise. Quando desconsiderei o personagem "Diabo Coxo" como HQ por ser simplesmente um mascote do jornal dentro da categoria de cartum ou charge, deixei de apontar um pequeno detalhe... Antes mesmo de produzir Nhô Quim, Agostini já realizava material em HQ, ele produzia narrativas ilustradas, que nada mais eram do que notícias em formato de histórias em quadrinhos, sendo a primeira delas uma reportagem para o semanário Cabrião, que existiu entre o final do Diabo Coxo e antes da Vida Fluminense, que ilustrou a história de um incêndio no Hotel Heitor em Jundiaí, isso foi no número 41 do jornal em julho de 1867... Então o semanário “o Cabrião” (que também tinha sua mascote – o cabrião do título, na figura de um amolador que andava pelas ruas de São Paulo e que, a exemplo dos outros personagens, apresentava o jornal e suas críticas) foi a primeira editora de HQs no Brasil?

Mais uma vez... Depende do conceito do que seja uma HQ... Se considerarmos o trabalho de Agostini com uma reportagem em forma de “narrativa ilustrada” (no jargão da época) algo que não seja uma HQ, nesse caso, teríamos que desconsiderar todas as HQs que tratam de biografias ou de acontecimentos reais passando a figurá-las como não sendo histórias em quadrinhos, e apenas: “narrativas gráficas de fatos”. Mas, se considerarmos que se trataria sim de uma HQ, essa análise também teria consequências...

Vejamos... O trabalho de narrativas gráficas de Agostini não se iniciou com sua iniciativa em criar uma forma de ilustrar notícias na época em que não se conseguia imprimir fotos nos jornais, mas ainda antes, em 1865, o ítalo-brasileiro se utilizou do personagem/mascote para ilustrar uma história com ares de fábula sobre o cavalo que virou homem, sob o título: “Metamorphoses”, nela ele lança mão do Diabo Coxo e numa narrativa sequencial que começa na figura da capa e se prolonga dentro do periódico mostra os acontecimentos vivenciados por um cavalo ao virar um ser humano, através de seus diálogos com o velho diabo coxo... Produção que inclusive seria anterior à considerada quarta HQ do mundo – a citada acima “Ally Sloper” – o que levaria Agostini para o quarto lugar no ranking dos criadores originais de HQs pelo globo.
Diabo Coxo e o cavalo que virou homem retirado da edição recuperada do periódico Diabo Coxo pela EDUSP .

Bem, a mim não resta dúvidas de se tratar de uma História em Quadrinhos, mesmo ao se utilizar como personagem um mascote de charge... Isso colocaria o Diabo Coxo em “Metamorphose” como a primeira HQ e a editora do “Diabo Coxo” como editora primal de HQs com essa iniciativa de setembro de 1865? Bem, se me derem um pouco mais de paciência eu responderei novamente que... Não exatamente... Considerando essa iniciativa como uma HQ, com uma história contada em forma de arte sequencial e com textos na base das ilustrações teremos que analisar mais um exemplo de trabalho semelhante...
Imagem de “O Namoro”.
           
Mais uma vez, temos uma iniciativa de um estrangeiro radicado no país, dessa feita, Sébastien Auguste Sisson que escreveu e desenhou uma HQ com o nome: “O Namoro”, no ano de 1855 na revista Brasil Illustrado, sobre o andamento de uma “corte” nas ruas do Rio de Janeiro, com direito à escolha do leitor de dois finais diversos para o fim da narrativa. Isso tornaria a editora de Ciro Cardoso de Meneses, F. J. Bethencourt da Silva e Francisco de Paula Meneses, em sua Brasil Illustrado, a primeira a publicar HQs no Brasil. Colocando Sisson no terceiro lugar do pódio de criadores de HQs e relevando Agostini com sua “Metamorphose” de volta ao quinto e “Ally Sloper” a sexta colocação? Sim... SE esse for seu entendimento do que seria uma HQ. Exatamente... Dependendo do que cada um dos que tiveram paciência de me ler até aqui, entender como HQ vai se ter uma reposta distinta de qual seria a editora inicial de quadrinhos em nosso país. Ou seja:

1. Se achar que a criação de uma figura representativa – um símbolo - de um periódico em forma de charge, mesmo sem uma sequência de arte ou mesmo de texto, seja o suficiente para se caracterizar um personagem de HQ, então seria a editora do Maribondo no ano de 1822 sua escolha;
2.  Caso entenda que haja a necessidade de uma história, um fio narrativo e arte sequencial que o ligue, mesmo sem o artifício de balões, com o texto estando na base das figuras, a escolha é “O Namoro” de Sisson no Brasil Illustrado de 1855;
3.  Se o seu entendimento for no sentido de que é necessário um desenvolvimento maior de personalidade no protagonista, mesmo no formato de charge, com um diálogo opinativo e figuras coadjuvantes e recorrentes, ficaria com o Dr. Semana da Semana Illustrada de dezembro de 1860;
4.    Se isso ainda não o convencer pelo fato do trabalho do personagem recorrente Dr. Semana ser considerado charge e por faltar exatamente a arte sequencial, mas ainda exigir um desenvolvimento de profundidade que não se encontra na única obra de Sisson, então o Diabo Coxo de Ângelo Agostini na HQ “Metamorphose”, publicado em setembro de 1865 pode ser seu ponto de início nas HQs no Brasil;
5.     Na hipótese do uso de um personagem/mascote na HQ não te convencer, então mais uma vez sua escolha é Agostini, dessa vez com Nhô Quim, de 1869 na editora da Vida Fluminense;
6.   Se for um entusiasta de histórias um pouco mais sérias e considerar que um personagem cômico seria de “uma arte menor” (sim, já ouvi essa teoria) e não seria um exemplo válido de HQ, mais uma vez pode ficar com uma criação de Agostini na forma de Zé Caipora, criado em 1883 no periódico editado pelo próprio Ângelo na Revista Illustrada;
7.    Se seguir a tese de alguns pesquisadores dos EUA e achar que o uso do balão para ilustrar os diálogos for condição totalmente essencial ao se considerar a validade de uma HQ então sua editora original é a d´O MALHO na Tico-Tico, de 1905, apesar de que o uso de balões na revista só se originou na década de 1930, até então as histórias eram SOMENTE com texto na base das ilustrações, mesmo quando eles adaptavam material estrangeiro, por exemplo, no “Buster Brow” que era redesenhado e virava Chiquinho em terras tupiniquins, eram suprimidos os balões originais e mantido o estilo do texto cursivo embaixo do quadrinho. Era para dar uma impressão maior de seriedade literária na época em que se achava que os balões com seu texto “curto” não o delegava nas HQs;
8.   Por fim, se for um fã exclusivo dos Comics Americanos, que ainda dominam o mercado atualmente, e acreditar que somente o material ¨made in USA¨ de aventura e super-herois mereceria a denominação de HQ (teoria um pouco forçada, mas a escolha fica “ao gosto do freguês”...), fique com Adolfo Aizen e o Suplemento Juvenil de 1934 como início da Nona Arte no Brasil.

Correndo o risco de me estender demais, deixo, apenas para finalizar, a lista dos livros utilizados para essa pesquisa e que são uma leitura muito interessante.

As aventuras de Nhô Quim e Zé Caipora – Atos Eichler Cardoso – Editora do Senado.
Memórias d´o Tico Tico: Juquinha, Giby e Miss Shocking – de J. Carlos editado por Atos Eichler Cardoso – Editora do Senado.
Angelo Agostini – A Imprensa Ilustrada da Corte à Capital Federal, 1864-1910 -Gilberto Maringoni – Editora Devir.
Diabo Coxo: São Paulo, 1864-1865 – Luiz Gama – EDUSP.
O Tico-Tico 100 Anos – Centenário da Primeira Revista em Quadrinhos do Brasil - Editora Opera Graphica.
História da Caricatura Brasileira – Luciano Magno – Editora Mauad.
Ally Sloper posição questionada pelo trabalho de Agostini.
Até+
PS: O "Submundo" agradece por mais esta espetacular colaboração especial do César Leal... Reservada pra encerrar o mês de comemoração dos 5 ANOS do blog (e com chave de ouro, diga-se de passagem: Pois certamente trata-se de um trabalho de extensa pesquisa e dedicação por parte do autor: Valeu mesmo)! 
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Créditos;)  Leo Radd http://submundo-hq.blogspot.com.br/2016/07/a-1-editora-brasileira-de-quadrinhos-de.html

Charge N°47182!

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Tiras N°7643 : NíQUEL NáUSEA - Fernando Gonsales!

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Charge N°47181!

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