Capa de 'Mônica Nº 106' (Ed. Globo, 1995) |
Mostro uma história em que a Mônica ficou traumatizada com uma música quando descobriu que seu paquera Renatinho estava com outra menina e Cebolinha aproveita a fragilidade dela para criar um plano infalível para ser dono da rua. Com 11 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 106' (Ed. Globo, 1995).
Mônica está em sorveteria esperando o Renatinho e se dá conta que ele está demorando. Carminha Frufru aparece, diz para a Mônica que ele não vem, não disse o motivo, mas estava de mãos dadas com outra garota e parecia muito ocupado. Mônica fica arrasada, com coração partido. Um rapaz põe música "Jura, jura" na jukebox bem na hora fazendo Mônica chorar.
Na saída da sorveteria, Mônica diz para a Magali que o Renatinho a deixou plantada lá. Magali dá conselho que a Mônica é mais ela, que é uma garotinha bonita, charmosa e simpática, se o Renatinho não apareceu, quem perdeu foi ele. Mônica se sente melhor, quando ouve a música da sorveteria quando passa em frente à loja de discos, começa a chorar e diz para a Magali que a música faz lembrar aquele momento triste.
As meninas seguem adiante, ouvem novamente a música do rádio que um homem ouvia e Mônica chora de novo comentando que nunca mais vai conseguir ouvir a música "Jura, jura" sem chorar. Cebolinha ouve escondido atrás da moita e acha muito interessante a conversa.
Depois, já em casa, Mônica telefona para Magali, dizendo que está bem melhor, que é bonita, charmosa e simpática, azar do Renatinho e não vai mais chorar. Vai para rua e encontra o Cebolinha, que a xinga de gorducha, baixinha e dentuça. Mônica tenta dar coelhada e Cebolinha toca a música "Jura, jura" em seu gravador. Monica chora e manda desligar essa música e Cebolinha diz que só se ela der o Sansão para ele. Mônica se recusa e ele coloca a música de novo. Com a tortura, ela lhe entrega o coelhinho. Cebolinha diz que só falta uma coisa para ele não tocar essa música nunca mais: nomeá-lo como dono da rua. Mônica recusa e Cebolinha toca a música sem parar. Mônica chora muito, chegando a inundar a rua com as lágrimas enquanto ele dá nós e surra no Sansão. Mônica não aguenta mais chorar e aceita nomeá-lo como dono da rua.
Quando está prestes a nomeá-lo, Renatinho aparece e diz que precisou ficar com outra garota, sim, só que era a sua irmã de 4 aninhos, a mãe saiu e pediu para tomar conta dela. Cebolinha interrompe o papo deles, dizendo que tem uma nomeação para ser feita. Mônica fala que não vai mais nomeá-lo, Cebolinha toca a música de novo e como acabou o trauma, Mônica dá uma surra nele enquanto a música toca.
Depois, Cascão vai na casa do Cebolinha, comenta que soube que mais um dos planos infalíveis não deu certo e que ele levou uma baita surra e leva uma fita K7 de presente para o Cebolinha como agradecimento que não o colocou para participar do plano. Cascão põe a fita, canta e dança a música "Jura, jura" e Cebolinha passa a chorar, traumatizado com a surra que levou e Cascão pergunta para os leitores como ia saber que aquela música ia trazer lembranças tristes para o Cebolinha.
História engraçada em que a Mônica descobre que o Renatinho não foi ao encontro na sorveteria para ficar com outra garota e fica deprimida por ser trocada e não consegue ouvir a música que ouviu na sorveteria sem chorar. Cebolinha aproveita para fazer plano infalível de tocar a música para a Mônica e não parar de tocar até que ela lhe entregue o Sansão e o nomeie como novo dono da rua. Só que quando Mônica descobre que o Renatinho teve que ficar com a irmã mais nova dele, acaba a depressão e Mônica dá surra no Cebolinha, que passa a chorar sempre que ouve a música que ouviu quando apanhou dela.
Seguiu ideia de uma pessoa que pode ter ótimas recordações ouvindo uma música assim como pode ter lembranças tristes. Mônica teve azar de todos estarem ouvindo a mesma música, sinal que era um grande hit no momento e todos gostavam. A grande culpada foi a Carminha Frufru com inveja e má intenção de gerar intriga e estragar felicidade da Mônica, se desse a notícia completa que Renatinho tinha ficado com a irmã, nada disso tinha acontecido. Cebolinha não sabia da armação da Carminha, não foi combinado com ela, foi mais um plano infalível que aconteceu por acaso de ele estar perto e fofocar conversa das meninas, aí aproveitou a depressão da Mônica para ser dono da rua. Sem dúvida ele era muito perverso com a Mônica em seus planos, um capetinha.
Cascão não soube como foi o plano senão não levaria a fita com aquela música para o Cebolinha. Estava feliz que não participou do plano e só queria presentear e animar o amigo. Pelo visto ele não chamou o Cascão porque o plano envolvia água, ainda mais na parte que ela inunda o bairro com as lágrimas. Cebolinha podia ter batido no Cascão no final, mas acharam melhor ficar traumatizado como a Mônica ficou, só porque ele apanhou ao som da música. Foi bem feito para ele.
Legal a Mônica de vestido diferente no início e foi inovador os personagens com olhos lacrimejantes quando estavam prestes a chorar. Foi engraçado ver a Mônica chorando toda vez que ouvia a música, chorar tanto a ponto de inundar o bairro e Cebolinha na boia, Cebolinha com bolsa d'água na cabeça para aliviar dores da surra, Cascão animado cantando e dançando a música na frente do Cebolinha.
Dessa vez a Mônica ficou com seu paquera, só que não ficou namorado fixo e depois voltou a ser solteira como sempre. Esses meninos "inho" só apareciam em uma história, cada uma era menino diferente por quem as meninas se apaixonavam e o Renatinho foi mais um deles. Carminha Frufru apesar de estrear em 1993, só começou a aparecer com frequência a partir de 1995. Era para ser aparição única, mas viram que tinha potencial para outras histórias e acabou ficando fixa de forma gradual. Inicialmente como uma vilãzinha para gerar intrigas nas tramas da Mônica e da Magali e depois incorporaram que era uma menina rica e esnobe.
A música em questão tocada na história foi "Bateu saudade" da Bamdamel, um grande sucesso das paradas musicais em 1994, tempo que o Axé Bahia estava em alta no Brasil. A MSP sempre procurou colocar nas histórias o que estava na atualidade, então não seria diferente coisas que estava fazendo sucesso em gibis dos anos 1990. A letra real da música na história não foi parodiada, a Mônica só errou o título da música dizendo que é "Jura, jura".
Seria interessante na parte que o Cebolinha apanhou da Mônica de colocar outro refrão dessa música "Tum, tum, tum, bateu! A saudade bateu e doeu!", se encaixaria muito bem, talvez não colocaram para não pensarem que era outra música. No caso, quem estava lendo em 1995 saberia que se trataria da mesma música, mas quem fosse ler depois, poderia não saber que música era aquela e não fazer associação.
Incorreta atualmente por envolver namoro, Carminha Frufru criar intriga e magoar a Mônica, deixando deprimida, Cebolinha se aproveitar da depressão da Mônica para se dar bem, ele apanhar aparecendo surrado, precisando de bolsa d'água na cabeça para aliviar dor. Hoje quase não tem histórias de planos infalíveis, muito menos com perversidade assim de mexer com sentimentos da Mônica.
Errado também xingar Mônica de balofa (hoje raramente os meninos xingam a Mônica, no máximo de baixinha e dentuça), absurdo de alagar bairro com as lágrimas assim como palavras proibidas, e expressões populares de duplo sentido "deixar plantada", "levando cano", "azar", etc. Teve muitas coisas datadas, como jukebox, ouvir rádio na orelha, gravador, fita K7, mini system, para ver como a forma de ouvir música mudou muito desde os anos 1990 e fariam adaptações hoje porque não gostam de coisas datadas em republicações de almanaques.
Traços ficaram bons do estilo de personagens com língua ocupando maior espaço na boca adotados entre 1993 a 1996. Teve 6 quadros por página que deixavam visual bonito só que história ocupando mais páginas no gibi comparado aos tradicionais 8 quadros por página. Teve cores em degradê em todos os quadrinhos, seja em locais abertos ou fechados, até nas gramas, nas moitas, nos pisos das casas, nos sofás e em balões coloridos, etc, como era comum nos gibis do segundo semestre de 1995.