sábado, 9 de agosto de 2025

Arquivos Turma da Mônica N°1.391 - Mônica Nº 700

A revista 'Mônica' atinge a marca histórica de 700 edições lançadas no Brasil no mês de julho de 2025 e nessa postagem mostro como foi essa edição que está nas bancas.

A revista 'Mônica' foi lançada em maio de 1970 pela Editora Abril e juntando todas as séries de todas as editoras que passou (Abril, Globo e Panini), essa edição "Nº 84" da 3ª série da Panini é a verdadeira "Nº 700", levando 55 anos para atingir essa marca. É a terceira personagem da MSP a alcançar essa marca, depois de Cascão e Chico Bento.

Só que a edição não teve nada de especial comemorativa, foi tudo absolutamente normal do início ao fim, nem um selo de 700 edições na capa, nem um frontispício na página 3 parabenizando a personagem pelo feito. Na Editora Panini estavam com comemorações em números redondos de revistas, nos últimos anos, só 'Cebolinha Nº 600' que teve nada. Curioso Mônica não ter comemoração já que costumam dar todas as comemorações para ela e nem sempre para os outros. Talvez não estão mais interessados em comemorações, agora com revistas sendo quinzenais ficam muitas edições comemorativas uma perto da outra e ficaria repetitivo, mas pelo menos um selo 700 na capa como foi em 'Cebolinha 600' poderia ter.  Com isso, só Magali teve comemoração de edição 600.
Verdadeiras Mônica Nº 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700
[MN #100 (A-1978), #200 (A-1986), #100 (G-1995), #200 (G-2003), #54 (P-2011), #54 (P-2019), #84 (P-2025)]
Falando, então, sobre essa edição normal, segue o estilo padrão que vem sendo, quinzenal com 52 páginas, formato canoa, 8 páginas de passatempos e 1 página de seção de correspondências e custando RS 7,90. Tirando capas, contracapas, propagandas, passatempos e seção de correspondências, fica 35 páginas com histórias. Em relação à distribuição, chegou aqui dia 28 de julho. Estão com brindes em todas as revistas desde as de "Nº 71" de janeiro de 2025 para compensar o reajuste de preços, mas geralmente são brindes bobos do estilo cortar e montar, nessa revista, então, teve brinde de jogo de quebra-cabeça simples com a ilustração da capa da revista. 

Capa com alusão à história de abertura e o desenho se estende na contracapa, como acontece com todas as mensais desde que reiniciaram numeração nessa 3ª série da Panini. Pena o logotipo de "Mauricio de Sousa Editora" antigo ser substituído por "MSP Estúdios" desde as edições "Nº 77", de abril de 2025, anunciando novo nome da empresa e nova direção.
A novidade, além de diálogos terminando com ponto final em vez do tradicional pontos de exclamação,  é que as letras nos balões estão sendo feitas por empresa terceirizada "Lua Azul" em vez de um letrista como sempre foi. As letras continuam horrorosas em estilo digital sem serem feitas a mão só que agora não sendo mais feitas por um profissional da MSP. Neste gibi, só uma história e a tirinha final foram com letras de uma pessoa, as demais histórias com créditos de letras "Lua Azul". E o que mais temia aconteceu, Mônica ofuscada em seu próprio gibi, Milena apareceu bem mais e com grande destaque mais do que a Mônica.

A história de abertura foi "Confusão laboratorial" escrita por João Xavier e com 11 páginas em que Mônica e Milena vão ao laboratório do Franjinha quando ele inventou um robô que arruma bagunça do quarto. Franjinha sai para arrumar o quarto dele atendendo o pedido da mãe, aparece o Binho e entra na entrada secreta do laboratório, que é gigante, fazendo Mônica e Milena procurá-lo se transformarem em monstros lá.
Tem absurdos de invenções do Franjinha e o laboratório dele ter entrada secreta de extensão do laboratório luxuoso de primeira categoria, sendo tudo tratado de forma fraca e corrida, ainda mais se tratando de ter Milena e seu irmão na história. Achei também a Mônica ofuscada na história, Milena e Binho tiveram mais protagonismo e destaque que ela como um todo.

Deu para perceber que a Milena é uma espécie de ajudante do Franjinha nas invenções dele, já conhecia muito bem por dentro da entrada secreta do laboratório, isso para retratar a característica de que ela gosta de Ciências. E o Binho agora está com muito mais destaque, antes era só um amigo do Dudu, agora estão colocando também como uma espécie de pestinha substituto do Dudu, só que bem "light", muito mais comportado e sem carisma, e agora o Dudu é que anda ofuscado dos gibis. Traços digitais feios e reforço de créditos de letras da empresa "Lua Azul" tirando vez de um profissional da MSP fazer.
Em seguida vem a história "Um herói de todo mundo" com 5 páginas em que Jeremias não deixa Binho e Dudu brincarem com seu boneco Guerreiro de Júpiter e depois estranha que o boneco sempre aparece em um lugar diferente de onde deixou quando brincou pela última vez. Uma história fraca de lição de moral de não ser egoísta e para aprender que devemos compartilhar as nossas coisas, final feliz para Binho e Dudu porque não pode mais ter finais tristes nas histórias. 

Jeremias bem infantil e nem de longe lembra o antigo que conhecemos. O Jeremias está com mais destaque atualmente para mostrar representatividade de personagens negros nas revistas, também ele está com roupa diferente a partir das edições "Nº 77" deste ano, com camisa azul, bermudão verde e tênis para ele ter roupa colorida como outros personagens e dar um ar mais moderno, ficou estranho assim. Os pais do Jeremias também estão com traços diferentes, mais modernos, bem longe do estilo "mauriciano" e lembrando como foram desenhados na Graphic "Jeremias Pele". 

Mais uma vez presença de Binho, irmão da Milena, dessa vez fazendo dupla com o Dudu, reforçando a família da Milena em evidência. Para quem gosta (ou não) de erros nas histórias, mesmo com tanta tecnologia e traços digitais, o Dudu apareceu falando de boca fechada no primeiro quadro da última página. E foi a única história com letras feitas por uma pessoa, Tatiana Josefovich, e não por "Lua Azul".
Em "Errar faz parte", de 5 páginas, Luca não consegue arremessar a bola de basquete no cesto como sempre conseguia e pede ajuda para o Anjinho e Franjinha. Nem precisava isso tudo de páginas, tiveram enrolações e com menos páginas dava pra ter o mesmo conteúdo. Traços digitais de copiar e colar a ponto do Luca aparecer com desenhos iguais nos primeiros quadros da primeira e segunda páginas e, sobretudo, no segundo quadro da segunda página e também no últimos quadros da primeira e segunda páginas, deixando tudo estático e sem vida. E outra com letras feitas por "Lua Azul".
Depois vem Milena com a história "Bolo perfeito", de 4 páginas, em que o Binho come o pedaço de bolo de chocolate com cobertura de morango que a Milena tinha reservado para a Magali e Milena e o pai vão a confeitaria comprar outro bolo igual. Tudo sem conflito, o homem da confeitaria nem achava ruim e nem contestava a exigência da Milena de ser um bolo igual. Ela nem brigou com o irmão por ter comido o bolo, Binho só deu explicação que comeu sem querer porque não sabia ler e pronto. Não gostei dessa. Mais uma que Milena e a família são protagonistas sem presença da Mônica e de outros personagens conhecidos. E outra com letras feitas por "Lua Azul".
Em "Fim de Papo", com 3 páginas, um coelhinho filho do Coelho Caolho pede para o Raposão pegar uma manga do alto da árvore e Raposão recusa ajudá-lo porque não queria se levantar e sair do seu descanso. História para encher linguiça, nada de mais, com final feliz para o coelhinho e também para o Raposão que não precisou fazer esforço, pelo menos não teve lição para o Raposão deixar de ser preguiçoso. 

Traços horrorosos digitais do estilo copiar e colar, o Raposão apareceu exatamente na mesma posição a história toda, só mudando a expressão de acordo com a cena e ainda assim expressões iguais quando estava com olhos abertos, fechados ou com pálpebras à mostra. Única história com secundários de outro núcleo fora Bairro do Limoeiro. Parece que agora estão colocando menos histórias com secundários e de preferência curtas para dar foco à Turma do Limoeiro e mais destaque à Milena e ao Jeremias. E mais uma vez letras feitas por "Lua Azul".
Em "Era uma vez um sapo", com 3 páginas, Mônica encontra um sapo encantado que não quer virar príncipe e continuar sendo sapo. História morna de estilo de conto de fadas, extremamente infantil, nada relevante. Traços deprimentes digitais e sem vida com direito à Mônica com mesmas expressões em vários quadros e o Sansão igual em todos os quadros. Foi a única história solo da Mônica na edição e curiosamente com menos páginas do que a da Milena solo.
Termina com a história "Educação Física", de 3 páginas, em que a Mônica tem dificuldade na aula de Educação Física da escola, se atrapalhava em todos os esportes. Tudo tratado de forma objetiva, diálogos curtos que nem dá emoção e graça. Traços horrorosos que desanima mais ainda. Embora gire em torno da Mônica, não teve empenho como foram as histórias com Milena e da família dela, tudo às pressas, sem contar que a Milena também aparece e foi a única da revista com presença de Cebolinha, Cascão e Magali e como meros figurantes. Teve um erro no uniforme da Mônica jogando vôlei no segundo e terceiro quadros da segunda página, o uniforme dela devia ser laranja e não azul ou então ela tinha que estar no lado do time das meninas que estavam de azul. Letras também feitas por "Lua Azul".
Tirinha final foi com Mônica e Milena, mais presença de Milena na edição até na tirinha, nessa teve letras feitas por uma pessoa sem ser de "Lua Azul". No expediente final confirma a numeração 700 da revista da Mônica desde 1970 juntando todas as editoras, se não fosse isso, nem saberíamos que era uma edição 700 da Mônica. E ainda informam no expediente que é uma revista mensal, e não quinzenal.
Então achei que foi uma revista toda fraca e sem comemorações de 700 edições da Mônica, nada de especial, seguindo o padrão atual voltado ao politicamente correto e parecendo cartilha educativa. Dava para ter algo comemorativo para as 700 edições, como uma capa especial ou um aviso na página 3 ou no mínimo um selo 700 na capa, nem isso teve. Não é sempre que um título de quadrinhos consegue uma marca histórica de 700 edições, não merecia ficar completamente em branco. O pior mesmo foi Milena e sua família tomarem conta da revista ofuscando a Mônica, ficou parecendo uma revista da Milena e dá ideia de como seria uma revista fixa dela e lamentavelmente justo na edição 700 da Mônica acontecer isso, poderiam ter deixado uma edição assim no título "Turma da Mônica". Não comprei as outras edições de "Nº 84" então não tem resenhas delas.
Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2025/08/monica-n-700.html

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