terça-feira, 23 de maio de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.157 - Chico Bento: HQ "Apertem os cintos... o Chico subiu!"

Capa de 'Chico Bento Nº 166' (Ed. Globo, 1993)

Em maio de 1993, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Apertem os cintos... o Chico subiu" em que o Chico Bento viaja de avião com o primo Zeca para o Rio de Janeiro e durante a viagem quase mata do coração um senhor que tinha pânico de avião. Com 14 paginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 166' (Ed. Globo, 1993).

Conhecemos Seu Joaquim Borges, um senhor que estava andando de avião pela primeira vez. O filho manda subir e Seu Borges está cheio de medo, reclamando que nunca precisou andar em um treco daquele atrapalhando a passagem das outras pessoas na fila. A aeromoça dá boas vindas e Seu Borges pergunta, aflito, se o trambolho é seguro, se não tem perigo.

Enquanto isso, Chico Bento, seu primo Zeca e seu tio Rodrigo vão correndo, atrasados para o voo. Chico não entende a pressa, Zeca diz que se não correr, Chico não vai conhecer a ponte área e ele imagina que seria uma ponte com asas que voa. Quando chega, Chico avisa ao primo que aquilo era um avião e nada de ponte aérea e também que nunca andou de avião. A aeromoça lhe dá boas vindas e ele agradece e se aparecer na casa dele para tomar café também será bem vinda.


No avião, Chico e o primo ficam sentados atrás do Seu Borges. Chico comenta com Zeca que o avião é grande e duvida que se levante do chão, que passarinhos, borboletas, morcegos são leves e podem voar, mas o treco de avião cheio de gente não levanta do chão e se levantar, cai. Seu Borges ouve a conversa aflito e sai da cadeira, achando que Chico tem razão e quer sair de lá. O filho reclama com o pai que está dando vexame.

O comandante avisa no alto-falante que estão quase partindo de São Paulo para o Rio de Janeiro e Chico diz que a aeromoça tem voz grossa. O comandante dá instruções de onde ficam as coisas no avião e os comissários vão apontando para direita ou esquerda e Chico pensa que era aula de ginástica e sobe na cadeira para fazer, dando vergonha para o Zeca.


O comandante avisa que caso ocorra despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente do teto. Chico abre um guarda-chuva achando que vai chover máscaras. Zeca diz que só se tiver despressurização e Chico responde que nem sabe o que é isso. Comandante diz que os bancos são salva-vidas caso seja necessário, Chico fala com Zeca que estão os preparando quando eles caírem na água. 

Seu Borges, que já estava aflito a conversa toda, sai desesperado da cadeira falando que não sabe nadar. A aeromoça o coloca no lugar, pergunta se quer calmante ele grita que quer estar lúcido quando caírem na água. Os passageiros ficam espantados se vão cair na água e a aeromoça os tranquiliza, dizendo que é só um caso de nervosismo natural e mandam ficar em seus lugares.

O comandante manda apertarem os cintos que vão decolar, Chico acha que o avião não descola nem que a vaca tussa. O avião começa a andar, Chico diz que faz força, mas não voa, até que voa de verdade, Chico se convence que voou, mas acha que logo cai e Seu Borges cheio de medo ouvindo.

Zeca manda Chico parar de história, perdeu a aposta e Chico resolve pagar com o tem de mais valor, o seu sapo Onório. Zeca grita que o primo levou sapo para o avião, Onório foge assustado e os passageiros se assustam com o sapo rodando o avião. O comissário consegue pegar o Onório e avisa ao Chico que vai levar o sapo ao compartimento de carga junto com outros animais. Chico fala que Onório vai ficar traumatizado sozinho quando o avião cair. Zeca manda o primo parar com isso porque está assustando o senhor. 

Chico se apresenta ao Seu Borges e pede desculpas e não precisa ele se preocupar porque se o avião cair, do chão não passa e dá um lençol velho para servir de para-quedas quando o avião cair, só que estava furado e aí deseja que nada de mal vai acontecer. Chico pergunta ao Seu Borges se ele tem se confessado os pecados dele na igreja, não é por nada, mas é bom estar sempre em dia, caso morrer de repente, ele confessou ontem e sempre reza para São Pedro, seu chapa. Seu Borges treme de pânico.

Em seguida, a aeromoça oferece suco para o Chico, que pede os 3 sabores disponíveis porque podem ser os últimos que ele toma. Seu Borges se engasga e ao mesmo tempo o avião faz uma manobra para baixo. Chico fala com Seu Borges que agora foi quase e o senhor fica embaixo da cadeira e implora para aeromoça que vai aceitar aquele calmante e coloca óculos escuros e fone de ouvido para seguir a viagem.

O comandante avisa que estão chegando ao destino do Rio de Janeiro e mandam todos apertarem os cintos. Chico duvida que o avião pousa e Zeca aposta com ele que pousa e se ganhar, devolve o sapo para o Chico. O avião abaixa e Chico fala que não está pousando, está despencando, caindo. Avião aciona rodas e posa e Chico se convence que o avião funciona mesmo.

Na saída, a aeromoça agradece aos passageiros e que viajem sempre na companhia deles e quando vê Chico Bento com o primo e o tio, ela fala que tem outras companhias melhores. Seu Borges sai carregado por enfermeiros de maca desmaiado. Chico pergunta para o primo  o que vão fazer no Rio de janeiro, Zeca fala que vão conhecer o Pão de Açúcar e o Corcovado e Chico pensa que era um pão doce gigante e um camelo com corcovas.

No final, passam uns dias e Seu Borges e sua família estão em avião de volta para São Paulo e Seu Borges pergunta para aeromoça se o avião é seguro, se já checaram tudo e a lista de passageiros. A aeromoça pergunta se isso é medo de avião e o filho responde que é medo de Chico Bento.

História engraçada demais em que o Chico Bento foi viajar de avião e cismou o tempo todo que não iria decolar, que iria cair, que não iria pousar, perturbando e assustando o Seu Borges, que já tinha pavor de avião e ficava mais desesperado quando Chico falava. O avião não caiu e pousou normalmente, mas Seu Borges acabou precisando sair de maca, desmaiado, e depois até perdeu medo de avião, só que agora traumatizado em reencontrar o Chico Bento em um novo voo, ninguém merece encontrar um Chico Bento em viagem de avião.

Chico estava impossível, foi um verdadeiro pestinha, o Seu Borges sofreu com ele, já tinha pânico e com as bobeiras do Chico, o senhor quase enfartou e prova que Chico não tinha medo de morrer, mas preocupado em ganhar aposta com o primo que avião ia cair. Fica até dúvida se o que Chico falava com seu Borges era na inocência ou de caso pensado, já sabendo que o senhor estava com medo e ficou na imaginação do leitor se nesse voo de volta, o Chico decolou também, muito bom.

Foi hilária do início ao fim, foi de rachar de rir com Chico fazer ginástica quando mostravam posições das coisas no avião e abrir guarda-chuva achando de fato que ia chover máscaras na despressurização, os outros passageiros com medo de que eles iam cair na água e com o sapo no avião, chamarem avião de treco e trambolho, Chico falar com Seu Borges que se avião cair, do chão não passa, dar um lençol velho e furado para servir de para-quedas, perguntar se confessou na igreja, já prevendo morte deles, Chico tomar todos os sucos que seriam os últimos que ele tomava e a manobra do avião pra baixo, desesperando Seu Borges e aeromoça mandar Chico visitar outra companhia de avião. Nunca ri tanto lendo uma história em quadrinhos, Chico Bento em 1993 estava sensacional, encontraram a personalidade e o humor certos para ele.

As histórias do Chico com o primo Zeca na cidade eram as melhores, era hilário ver o Chico retardado com as coisas na cidade, não sabendo o que era e dando seu jeito. Nessa, incrível ser tão tapado de nunca ter ouvido falar de ponte área, Pão de Açúcar e Corcovado, pontos turísticos da cidade, achar que ponte área é ponte com asas que voa e Pão de Açúcar, um pão doce e Corcovado com camelo,  nem na escola foi falado, pelo visto. Teve palavra (des)pressurização, realmente é difícil criança saber o que é de cara, Chico estava certo em não saber o que era, coisa boa que acaba os leitores aprendendo significados de novas palavras e grafias com leituras de gibis. 

Só lendo o título já acha engraçada. O título teve referência ao filme "Apertem os cintos, o piloto sumiu!", um clássico do cinema. Apesar de na época estar bem frequente histórias parodiando roteiros de filmes de sucesso do cinema, a paródia dessa vez foi só no nome do filme no título e não na história do filme. As semelhanças ficam em queda de avião e na comparação de que seja piloto sumir ou Chico subir em um avião, é loucura e confusão na certa.

Legal que a viagem foi para o Rio de Janeiro, onde Chico nunca tinha ido. O pai do Zeca, Seu Rodrigo, foi com eles, mas nem falou nada, só figuração, foi mesmo para mostrar que as crianças não estavam viajando sozinhas, nesse caso. Apesar de normalmente as crianças terem autonomia nos gibis naquela época, mas para viagem de avião sozinhas seria demais. Não foi primeira história do Chico em um avião, ele já tinha andado na história "Oba! Vô andá de avião!", de 'Chico Bento Nº 83' (Ed. Abril, 1985), muito engraçada também e uma das primeiras com o Chico adotando essa personalidade de um matuto burro na cidade. Como nunca teve uma cronologia na MSP, aí nessa de 1993 também adotaram que foi a primeira vez que o Chico viajou de avião, porém ele viajar para o Rio de Janeiro, de fato, foi primeira vez.

Os traços ficaram muito bons, era ótimo ver desenhos assim. Infelizmente não fazem mais histórias assim hoje em dia, gostam de colocar só o Zeca na roça, sem ter esse brilho de quando era Chico na cidade. É incorreta hoje por conta de Chico causar pânico ao senhor, sofrimento dele, podendo até morrer de tão desesperado que ficou, Chico ser retratado como lerdo e não conhecer coisas óbvias da cidade, mesmo para quem não morava lá, Chico sair da cadeira com avião em movimento, ter sapo em avião. Teve um erro do Chico falar de boca fechada no segundo quadrinho da 11ª página da história (página 13 do gibi), erro bem comum na época. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos. 

Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/05/chico-bento-hq-apertem-os-cintos-o-chico-subiu.html

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