domingo, 17 de maio de 2020

Arquivos Turma da Mônica N°835 - Chico Bento Nº 86 - Editora Abril

Em novembro de 1985 chegava nas bancas o gibi 'Chico Bento Nº 86' pela Editora Abril. Nessa postagem faço uma resenha de como foi esse gibi. 

Com lançamento oficial em 28 de novembro de 1985 (os gibis da Editora Abril dos anos 1980 mostravam as datas no expediente final), com 36 páginas da fase quinzenal, teve uma capa bem caprichada com uma dupla interpretação de Chico Bento em recuperação na escola e só pensando na festa do Revéillon enquanto fazia a prova ou o Chico achar que a prova era uma "bomba" representada pelos fogos de artifícios de tão difícil que estava. Teve 7 histórias no total, com secundários dessa vez com Turma do Penadinho e Papa-Capim. 

Abre com história "Bom Português", com 5 páginas, em que a professora Marocas implica com o jeito de falar do Chico Bento tudo errado. Ele pergunta quais foram as notas dele e a professora mostra o jeito certo de falar e ele acha que a professora estava falando que ela fez a prova também. Marocas diz que isso não é português que se fale e põe o Chico de castigo sentado em uma cadeira isolado da turma. Enquanto ela ensina sobre predicativo do sujeito, Chico acaba dormindo em aula com onomatopeia de sono "SSS"  ao invés de "ZZZ" e a professora fala que até dormindo ele é errado. No final da aula, Marocas ordena que Chico esteja fino no Português na próxima aula.
Trecho da HQ "Bom português"

No caminho, Chico encontra com a Rosinha, ele fala que está danado com o português e a Rosinha fala que é só amizade, pensando que ele falava de traição com um menino português, mas ele explica que está falando da aula. Depois Chico tenta estudar, mas não consegue e resolve pedir ajuda para o pai e como ele falava errado também, acaba desistindo da ajuda.

Chico resolve estudar na marra, fica o dia todo estudando até anoitecer. No dia seguinte, na aula, ele está falando corretamente, de norma culta, com palavras até difíceis, e a professora comemora. No final da aula, ele se dirige aos leitores falando que acabou com a professora, voltando a falar caipirês, ou seja, só aprende o suficiente,pra falar certo na frente da professora.

História curta e bem legal. É incorreta atualmente pelo Chico ser burro, teria que ser bom exemplo na sala de aula, e, principalmente, a professora ser carrasca, colocando o Chico de castigo em sala de aula e exigindo que fale certo, sendo humilhado pelos outros alunos. Hoje em dia essa atitude da Marocas seria condenada, no lugar ela teria que ensiná-lo a falar certo durante a aula com toda paciência do mundo e não colocá-lo de castigo por causa do caipirês e ele se virar para aprender a falar certo sem ajuda. Com o politicamente correto atual, ela pode obrigar o aluno a escrever certo nas provas, mas implicar com o sotaque no dia a dia, não.
Trecho da HQ "Bom português"

Em seguida vem "Negócios da China", com 4 páginas, Chico e seu pai, Seu Bento, estão na cidade, para fazer compras para o sítio, e são abordados por um homem querendo dar golpe neles de vender um terreno de mil  metros quadrados e a 50 metros da praia por 10 milhões de cruzeiros, mas que na verdade, seria no fundo do oceano. Seu Bento diz que só tem dois milhões e o golpista aceita, porque diz ele que precisa de dinheiro por sua mulher estar doente.


Trecho da HQ "Negócios da China"

Seu Bento fala que gastou o dinheiro com ração e o golpista tenta levar a caminhonete, mas Seu Bento não aceita pois teria que levar as compras para casa e também não aceita o golpista levar as compras porque não cobre o dinheiro do terreno. O golpista pergunta se ele não tem nada de valor e Seu Bento diz que tem o chapéu de palha que foi do avô e pai dele antes. O golpista os chamam de burros e vai embora. No final, Seu Bento e Chico comentam que pode no futuro aparecer outra coisa melhor como o Pão-de-Açúcar ou Parque Ecológico, sem saberem que se livraram de um grande golpe.

Essa foi para alertar sobre golpistas na vida real, principalmente pobres ficarem atentos a não cair em conversas de vendedores. Impublicável um tema desse hoje em dia, ainda mais para enganar caipiras pobres inocentes.
Trecho da HQ "Negócios da China"

Depois vem "Nascer de novo", com 3 páginas, em que o Cranicola deseja reencarnar. Ele fica pensando em ser uma águia, leão ou tubarão e comenta com o Penadinho que cansou de ficar paradão em uma pedra, sem pode ir ou vir, e gostaria muito de reencarnar como um lobisomem para correr por aí, o um morcego para voar, ou em um cavalo de corrida, bicho-preguiça ou até um legume. Dona Cegonha aparece falando que Cranicola vai reencarnar, deixando bem emocionado, mas para sua surpresa reencarnou como um coco de um coqueiro, ficando paradão no lugar que nem quando era caveira de cemitério.

Eram boas essas histórias dos personagens da Turma do Penadinho reencarnando e ver o que seria vivo. Sacanearam bem o Cranicola deixando paradão até em outra vida. Histórias de reencarnação não são mais abordadas nos gibis novos por envolver religião.

Normalmente secundário nos gibis do Chico Bento era só o Papa-Capim. Nos últimos gibis do Chico de 1985 e 1986 eles estavam fazendo experiência colocando histórias da Turma do Penadinho e do Bidu, que eram tradições nos gibis do Cascão. As vezes nem tinha Papa-Capim nos do Chico. Mas depois quando foram para a Editora Globo em 1987, eles voltaram à tradição com só Papa-Capim no gibis do Chico; e Penadinho e Bidu nos gibis do Cascão.

Trecho da HQ "Nascer de novo"

Em "As dores do Chico", de 4 páginas, Chico Bento inventa desculpa que está sentindo dor sempre que é abordado para fazer algum trabalho ou um favor. Ele inventa que está com dor de cabeça pra professora como desculpa que não fez lição de casa, dor nos braços para não capinar com enxada na roça com o pai, torceu o pé para não ir na venda ajudar a mãe e dor nas costas para não ajudar a carregar a lenha que o Zé da Roça estava levando. No final, Chico resolve pescar e acaba caindo da ponte, ficando todo quebrado e olhando para Santo Antônio, falando que eles não perdoam.

Mostra a fase de quando Chico era preguiçoso e dessa vez acabou levando castigo do santo por ter inventando desculpas de dores para não estudar nem trabalhar. Mostravam as coisas erradas do Chico, mas sempre se dava mal da pior forma possível para aprender. Chico preguiçoso, trabalhando na roça, plano infalível para não estudar nem trabalhar, sofrer acidente caindo da ponte, religião, nada disso não tem hoje nos gibis.
Trecho da HQ "As dores do Chico"

Em "Eta, sacrifício!",de 3 páginas, Chico provoca os animais do nada e sai correndo. Provoca um touro, uma colmeia de abelhas e um bode. No final, é mostrado que ele provocou os bichos só para conseguir chegar mais rápido na escola em dia de prova. Hoje em dia não tem mais histórias com Chico contracenando com bichos, muito menos sendo perseguido por eles.
Trecho da HQ "Eta, sacrifício!"

Papa-Capim teve a sua história "Um Dia da Caça". Com 3 páginas, Papa-Capim resolve caçar uma onça, mas acaba sendo perseguido por ela e na correria sobe em uma cobra na árvore pensando que era cipó e passa a ser perseguido por ela e, ao cair no rio, é perseguido por jacaré. Ele volta para casa e a mãe reclama que voltou com mãos vazias, sem caça nenhuma e para a surpresa dos leitores, as esposas da onça, da cobra e do jacaré que perseguiram o Papa- Capim também reclamaram que eles voltaram sem caça nenhuma. Ou seja, os bichos estavam na selva caçando os índios. Mais uma história proibida, personagens caçando animais, nem pensar. E vamos sentir saudades do Papa-Capim assim sem roupa depois da nova mudança de agora ele aparecer com camisa e bermuda nos gibis novos.
Trecho da HQ "Dia da caça"

Termina com "Um homem imensamente rico", de 6 páginas, em que o Seu Bento leva para o Coronel Agripino a lenha que havia encomendado e o Coronel convida para entrar na sua mansão. Seu Bento acha um luxo, pergunta se não se perde lá dentro de tão grande, gosta de ser servido por mordomo e se encanta com a fazenda com muitos porcos limpos, galinhas, cavalos e bois e fala que o Coronel é imensamente rico.
Trecho da HQ "Um homem imensamente rico"

Depois, Coronel dá carona para o Seu Bento até o seu sítio e é convidado pra entrar. Tudo era bem simples, poucas galinhas, casa muito humilde. Coronel conhece a família do Seu Bento (o filho Chico e a esposa Dona Cotinha), come uma rosca caseira preparada pela Dona Cotinha e curte muito toda aquela simplicidade. No final, Coronel Agripino volta para a sua mansão, solitário, e comenta que o Seu Bento não sabe o quanto ele é rico.

Essa mostra a diferença de rico e pobre e mensagem, sem deixar piegas, que o que vale mais é a riqueza interior. Seu Bento apesar de não ter um grande poder aquisitivo, mas tem a riqueza humana que vale muito mais que qualquer mansão e bem material que o Coronel Agripino tinha. E a história mostra o Seu Bento como um fornecedor da região, bem comum na época. O enquadramento de 6 quadros por página ao invés de 8 quadros fez com que a história ocupasse mais páginas no gibi.
Trecho da HQ "Um homem imensamente rico"

Esse gibi não teve tirinha final, como era de costume nos gibis da Editora Abril nos anos 1980. No lugar era reservado uma propaganda qualquer ou anúncio do que teria na próxima edição. Então, nesse gibi teve propaganda dos brindes das miniaturas de bonecos das personagens que aquele gibi e os outros de novembro de 1985 estavam dando, em cada gibi vinha uma miniatura de brinde.
Propaganda das miniaturas da Turma da Mônica

Como podem ver, o gibi foi formado com histórias curtas e simples entre 3 a 6 página, todas muito divertidas e sem sombra do politicamente correto, até as mudas eram boas e sem enrolação. Todas também com traços excelentes seguindo estilo de desenhista e assim que era bom. Não é a toa que todos se encantavam com os gibis do Chico com esse estilo. Mesmo consideradas histórias normais na sua época, todas incorretas e não seriam publicadas atualmente, com exceção da última, mostrando como os gibis mudaram muito ao longo dos anos.  Enfim, um gibi muito bom que vale a pena ter na coleção.

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