Em junho de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Uma flor de menino" em que o Chico Bento é transformado em uma flor por uma bruxa quando ele tentou pegar uma para dar para Rosinha de presente de Dia dos Namorados. Com 12 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 114' (Ed. Globo, 1991).
Capa de 'Chico Bento Nº 114' (ed. globo, 1991) |
Chico Bento e Zé da Roça compram pirulito na venda e Chico se desespera ao ver na folhinha que era Dia dos Namorados e gastou seu último tostão no pirulito. Zé da Roça brinca para dar o pirulito meio lambido, em seguida sugere dizer que esqueceu e como Chico diz que Rosinha vai ficar sentida, aí Zé da Roça sugere dar uma flor para ela.
Chico vai correndo buscar uma no caminho da casa da Rosinha, fica aflito que não encontra por estarem no inverno, até que encontra um jardim cheio de flores. Chico tenta roubar uma, quando aparece uma bruxa, que era a dona da casa e das flores. Chico diz que não era roubar, só queria uma flor para Rosinha para dar para ela no Dia dos Namorados.
A Bruxa comenta que Chico gosta muito de flores, ele confirma. Chico pensa que a Bruxa ia lhe dar uma, mas acaba o transformando em uma flor, mas precisamente em um girassol, que faltava no seu jardim. Ela se apresenta como Bruxa Florinda e diz que ninguém mexe no seu jardim sem receber o troco e se ele não fechasse a matraca não o regaria hoje.
Chico acha que era um pesadelo e não podia nem se beliscar porque não tinha mão. Ele começa a chorar porque não vai mais ver a Rosinha, seus pais, amigos e a Giselda e as lágrimas molham as outras flores e elas começam a falar pra chorar mais no lado delas. Chico estranha porque flores não falam e uma diz que entre elas falam si e também elas não são flores em comuns, e, sim, pessoas que foram transformadas pela Bruxa Florinda.
Chico fica assustado do jardim estar cheio de gente e as flores falam que é por isso que lá era sempre vistoso, mesmo no inverno, era tudo mágica. Chico pergunta por quanto tempo vão ficar assim porque tem um encontro com a namorada. A Rosa explica que o destino deles é ficar assim para sempre e Chico começa a chorar. Ela comenta que tem vantagens de ser flor como ficar mais perto da natureza, fazer festa molhada pela chuva e não ter problemas para resolver. Chico emenda que não precisa dar presente no Dia dos Namorados e ela diz que as flores podem namorar.
Então, Chico fala que é comprometido com a Rosinha e ela diz que também é uma rosinha e pergunta se não vai dar nada no Dia dos namorados, já fazendo bico para beijar o Chico. Nessa hora, aparece um casal de namorados. Tião deseja dar uma flor para a Lurdinha e ela escolhe a rosa vermelha. Tião tenta arrancar e Chico dá uma mordida no Tião. Lurdinha não acredita, acha desculpa esfarrapada e eles vão embora, bem a tempo da Bruxa o virem e não transformá-los em flores.
A Rosa agradece o Chico e logo em seguida, aparece a Rosinha chorando, se lamentando que o Chico não foi visitá-la no Dia dos Namorados e acha que não gosta mais dela. Rosinha arranca uma flor do jardim da bruxa para fazer "bem-me-quer" e "mal-me-quer" com as pétalas e a Bruxa Florinda aparece, chama Rosinha de insolente e tenta transformá-la em uma erva daninha. Só que ao lançar o feitiço, Chico morde a perna da Bruxa e a varinha de condão cai em cima dela, transformando em erva daninha.
Com a Bruxa transformada, todas as flores voltam a ser gente, inclusive o Chico e a rosa que ele conversava e a flor que a Rosinha segurava virou uma menina com rabo de cavalo. Rosinha não entende nada e a Rosa, que na verdade se chamava Zuleika se despede do Chico. Rosinha tem ciúme, principalmente quando ele fala que é uma flor de menina, e comenta que ele não gosta mais dela.
Chico diz que não apareceu antes porque não tinha presente para dar no Dia dos namorados. Rosinha diz que uma flor já a contenta e, então, o Chico resolve dar uma semente para Rosinha plantar e gerar uma flor linda, melhor do que ele passar por tudo aquilo de novo e a bruxa se lamentando em ser planta, terminando assim.
É legal essa história do Chico se transformando em um girassol ao roubar uma flor do jardim da Bruxa Florinda e ainda descobrir que todas aquelas flores eram pessoas transformadas. Pelo menos tudo fica resolvido no final e ele passou a ficar prevenido e não arrancar mais flores de ninguém, dando agora só sementes para a Rosinha plantar. Histórias com bruxas na época eram muito divertidas.
Chega a ser um estilo de história diferente do universo do Chico envolvendo bruxa e fábulas, mas até que estava bem frequente esse estilo no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Também eram comuns histórias dos personagens se transformando em alguma coisa na época, geralmente por causa de uma bruxa, fada, invenção do Franjinha ou de outro cientista qualquer. Dava para soltar imaginação com histórias assim. Hoje em dia iam encaixar Dona Carmen da Esquina e se fosse uma história do núcleo da Turma da Mônica por Carmen ter essa característica de ela ter plantas de estimação na sua casa.
Criada especialmente para o "Dia dos Namorados", é incorreta por ter crianças namorando fora não serem fãs de histórias de personagens se transformando em alguma coisa, apesar de não ser proibido, só evitam de fazer histórias assim. Também não aceitariam as palavras "Diacho!" e "roubar" nos dias de hoje e seriam substituídas. Tipo, Chico não "rouba" mais goiabas, agora só "pega" porque criança não rouba nada na visão do politicamente correto. Teve informação de que eles estavam no inverno, mas como foi ambientada no "Dia dos Namorados", na verdade, eles estavam no outono. O inverno só começa entre dias 21 a 23 de junho.
Os traços ficaram muito caprichados, era muito bom ver desenhos assim. Em alguns momentos esqueceram de desenhar o dente do Chico enquanto ele era girassol, mas nada que isso tire o encanto da história. Sobre colorização, já estavam começando a mudar o estilo e ver diferença de cores serem menos tons pastéis e já começando a deixar cores escuras, o que ficaria pior em 1992. Ou seja, já começando as revistas darem uma cara maior de anos 1990 de fato. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.
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