domingo, 8 de agosto de 2021

Arquivos Turma da Mônica N°968 - Cascão: HQ "Como nossos pais"

No Dia dos Pais, compartilho uma história em que o Cascão foge de casa após o pai obrigá-lo a tomar banho e viaja no tempo na época que seu pai era criança para ver como ele lidava com o banho na infância. Com 13 páginas, foi história de abertura  publicada em 'Cascão Nº 55' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Cascão Nº 55' (Ed. Globo, 1989)

Começa com o pai do Cascão querendo conversar com o filho um assunto muito importante. Seu Antenor diz que já foi criança e Cascão se surpreende, falando que olhando todo grandão ninguém diz. Seu Antenor fala que foi há 20 a 30 anos e Cascão responde que viveu bastante. Seu Antenor diz que já foi criança igual ao Cascão, só que tomava banho. Cascão acha pobrezinho e Seu Antenor diz que higiene é importante e por isso está na hora de ele tomar banho. 

Cascão fica desesperado, diz que tudo menos banho e vai morrer e derreter enquanto o pai o leva à força para o banheiro. Seu Antenor mostra que está tudo preparado, a banheira, toalha felpuda, espuma, brinquedinhos. Cascão se desespera que tem água na banheira, tenta fugir, mas é barrado pela mãe e o leva de volta ao banheiro, com Cascão fazendo escândalo que até a própria mãe querendo dar banho nele é um complô. 

Os pais falam que é para a saúde dele, que vai gostar tanto que vai querer todo dia. Cascão diz que se não tem jeito, quer ficar sozinho para tomar banho e, assim, ele foge de casa para voltar nunca mais. Se esconde na floresta, só que começa a chover e se esconde em uma caverna. Acha confortável e diz que poderia morar lá, quando surge uma voz falando que poderia se não tivesse dono. Cascão acha que era só um velhinho, mas era o Mago da Floresta, que dá um jeito na coluna ao fazer esforço e pede ajuda ao Cascão pra sentar. 

Cascão fala que está lá porque fugiu de casa porque o pai quer que ele seja um garoto como ele foi. O Mago pergunta se o pai foi o que ele diz ter sido. Cascão acha que sim, mas nunca vai saber e então o Mago teletransporta o Cascão até o passado do seu pai, de quando era criança, através da bola de cristal.

No passado, Cascão não acha o ambiente muito diferente e encontra o Seu Cebola criança jogando futebol com os amigos. A princípio pensa que era o Cebolinha. Seu Cebola não gosta que o chame assim e Cascão percebe que era o pai do Cebolinha. Cebola parte para a briga. Antenor criança aparece querendo saber o motivo da briga, Cebola fala que o Cascão estava caçoando dele. Antenor pede para deixar para lá e eles continuam com o jogo. 

Cascão acha que o pai estava sujo e nem parecia que tomava banho e curte vê-lo jogando como um craque, fazendo gol e ovacionado pelos amigos. Depois do jogo, Cascão fala com o Antenor, dar parabéns que jogou muito bem e Antenor diz que gostou do Cascão, não sabe por quê, mas eles têm muito em comum. Em seguida, a mãe do Antenor chama para jantar e Cascão pensa que para tomar banho também. 

Antenor convida Cascão para ir lá, que gosta para saber como ele faz para tomar banho. Em casa, Cascão chama a mãe do Antenor de vovó e ela diz que não é tão velha assim e observa que ele é bem sujinho igual ao filho que não quer tomar banho. A mãe diz que já estão o chamando por aí de "Cascão" e Antenor diz que ainda não estava preparado para um banho. O pai dele aparece (avô do Cascão) e obriga o filho a tomar banho, na idade dele estava sempre limpo e perfumado e o carrega até o banheiro pelos braços, com Antenor fazendo escândalo que vai morrer e derreter.

O pai do Antenor tranca o filho no banheiro, e só sai depois de banho tomado. Cascão aparece do lado de fora dando ideia de fugir pela janela do banheiro. Antenor agradece, sabe que um dia vai tomar banho, mas é uma decisão que ele tem que tomar. Cascão fala que entende, o pai dele também quis dar banho à força nele, ele é legal, só quer o bem dele, mas esqueceu de coisas que ele fez quando ele era criança.

Antenor acha o seu pai legal e se convence que já está bem grandinho para ter medo de água e resolve tomar banho. Quando vai embora, Cascão dá boa sorte ao pai e de repente ele é teletransportado ao presente pelo Mago. Cascão achou a viagem proveitosa e ao dizer se o pai conseguiu fazer uma coisa, o mago mostra o Antenor tomando banho e bem sorridente, com Cascão fazendo cara de nojo.

No final, Cascão volta para casa, já de noite, os pais pedem desculpas, nunca mais vão forçar o filho a nada e um dia vai querer tomar banho. Seu Antenor confessa que os pais dele tiveram certa dificuldade de fazê-lo tomar banho quando criança e Cascão diz que sabia disso, ficou orgulhoso e que ele tomou a decisão certa. Seu Antenor fica pensativo e diz à Lurdinha que de repente o Cascão fez lembrar alguém que conheceu há muito tempo, mas não pode ser, seria bobagem, com Cascão piscando o olho para os leitores que sabem que era ele mesmo.


História muito legal com o Cascão fugindo de casa por estar sendo obrigado a tomar banho pelos seus pais e viajando no tempo até quando seu pai era criança e descobrir que ele não tomava banho que nem ele e no final o Seu Antenor ficar na dúvida se já falou com o filho antes. Sem querer ele foi o responsável a fazer o Antenor tomar banho. Descobrimos que o Cascão puxou o seu pai em não tomar banho e em algum momento da vida também vai tomar essa decisão sozinho. Quem sabe o seu avô também tinha problemas com banho quando criança e se todos da família terem essa herança.

Foi legal a conversa inicial de pai e filho, Cascão achando que o pai já nasceu adulto grandão sem ter sido criança e chamando de velho ao dizer que ele foi criança há 20 a 30 anos, também ver o Seu Antenor e Seu Cebola crianças, a mancada do Cascão chamar a sua futura avó e as cenas se repetirem com o Cascão e o Antenor criança como pai carregar o filho pelos braços, eles fazerem escândalo que vão morrer e derreter e fugindo pela janela do banheiro.

No caso, o Cascão viajou uns 20 anos atrás e curiosamente o bairro do Limoeiro era igual, já que Mauricio sempre quis retratar e sempre deixar permanecer o bairro como um local de espécie como quintal, de como era o local quando ele era criança. Nunca foi revelado idade dos pais dos personagens, mas eles teriam por volta de 30 anos de idade, sendo que pela estatura retratada aí, o Seu Antenor teria 9 a 10 anos de idade e o Seu Cebola uns 6 anos, então o Seu Antenor seria mais velho.

Histórias envolvendo viagem no tempo sempre foram envolventes, dessa vez diferenciou por não ser através de uma máquina do tempo do Franjinha ou de um cientista, e, sim, por causa do Mago que vivia em uma caverna da floresta. Foi a primeira vez que aparece nome do pai do Cascão como Antenor, pelo visto gostaram e deixaram fixo assim. Antes simplesmente não falavam nomes dos pais porque geralmente eram mais os filhos contracenando com eles e filho chama os pais de "pai" ou "mãe" ou quando mostravam o pai do Cascão tinha outro nome. Incorreta por mostrar pais querendo dar banho no Cascão à força, antes qualquer um queria dar banho nele, até seus pais e amigos, hoje, quando tem histórias assim, deixam só para vilões como Doutor Olimpo, Cremilda e Clotilde, etc, com esse desejo.

Os traços ficaram muito lindos, era muito bom ver desenhos assim. Gostava também de cores assim com tons voltados ao roxo onde normalmente seria o rosa, ficava melhor. Cores assim nas revistas ficaram no final de 1988 até março de 1989. Se bem que nessa eles não padronizaram na história toda como era nas outras, como pode comparar a cor do sofá na duas primeiras páginas e última página. 

O título foi uma referência à música "Como nossos pais" da Elis Regina e se encaixou bem, sem dúvida. Curiosamente, teve outra história em 'Cascão Nº 169', de 1993, com esse mesmo título e com essa temática da forma que o Seu Antenor tomou banho pela primeira vez, mas semelhança para por aí porque o desenrolar foi bem diferente, principalmente a forma que Seu Antenor tomou banho.

FELIZ DIA DOS PAIS!!!! 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2021/08/cascao-hq-como-nossos-pais.html

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