terça-feira, 10 de maio de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.043 - Magali: HQ "Doce ou salgado?"

Capa de 'Magali Nº 395' (Ed. Globo, 2006)

Dia 10 de maio é aniversário da Magali e em homenagem mostro uma história em que fadas disputam qual comida é melhor, doce ou salgada. Com 13 páginas, foi história de abertura publicada em 'Magali Nº 395' (Ed. Globo, 2006).

Começa com a Magali animada que era seu aniversário, dia de festa, comemoração, de receber os amigos, e, principalmente, dia de comer. Muita coisa boa como brigadeiro, pastelzinho, cajuzinho, pão de queijo e o bolo que só a mãe dela saber fazer.

Só que ao chegar na sala cheia de quitutes da festa, a mãe não estava e Magali acha que ela foi buscar algum ingrediente na casa da vizinha. Ela tenta pegar uma coxinha por ninguém estar vendo, quando aparece a Fada Doce. Magali pensa que era uma alucinação por ter estar com fome e ser uma marimbonda crespa e aí a fada se apresenta e veio porque só tinha pastéis, coxinhas, quibes, tudo indigesto, gorduroso e salgado. Assim, a Fada transforma tudo em doce, virando pasteizinhos de mel, coxinhas de manga e quibes de geleia.

Magali gosta e a Fada Doce a incentiva a comer mais  para fazer a vida ficar mais doce ainda. Aparece a Fada Salgada, querendo ajustar as contas com a Fada Doce, uma insossa que não sabe que as melhores coisas da vida são as salgadas, e transforma os doces da festa em salgados, assim, transformando em brigadeiros de azeitona, cajuzinhos de atum e quindim de caldo de galinha. Magali acha os nomes esquisitos, mas acha muito bom e come tudo.

Aí começa a disputa entre as fadas, cada um transformando o que era salgado em doce e vice-versa. Fada Doce transforma torta fria de sardinha em torta de sorvete de baunilha; a Fada Salgada, gelatina de morango em suflê de espinafre; Fada Doce, cachorro-quente em marias-moles; Fada Salgada, torta de fios de ovos em prato de macarrão; Fada Doce, pães de queijo em bombons de cereja; Fada Salgada, rocamboles em panquecas. Enquanto transformam as coisas, Magali come tudo, adorando.

Na hora do bolo doce, a Fada Salgada o transforma em um bolo de bacalhau com cobertura de quatro queijos e azeitonas verdes, ou seja, extremamente salgado. Enquanto Magali estava comendo, a fada Doce faz voltar a ser um bolo doce de marmelo com bastante glacê e toque especial de mel para ficar mais doce ainda.

Então, as fadas duelam, colocando sal e açúcar por cima, uma para confrontar a outra, e Magali continua comendo assim mesmo, até que veem que o bolo sumiu e Magali fala que comeu tudo. Magali começa a passar mal, fica com muita sede e as fadas perguntam a ela o que gostou mais: os doces ou os salgados feitos por elas. 

Magali conta que está enjoada de comer tanto doce e só lembrar das coisas salgadas, ela treme na base e pior que ela comeu tudo da festinha e a mãe vai ficar uma fera. As fadas fazem voltar todas as comidas, o que era doce, fica doce e o que era salgado, fica salgado e as fadas aprendem a lição que elas tem que co-existir, o que seria do doce sem o salgado e vice-versa. 

Magali sai da frente das fadas bem enjoada e quando a Dona Lili volta, trazendo açúcar e sal que faltavam, Magali sai de casa. No final durante a festa, Magali diz que nunca mais vai dar ouvidos a fadinhas, tem tanta coisa para comer e ela continua enjoada e vai ficar só na limonada. Aparece a Bruxa Azeda, gostando da atitude da Magali, que tranca a bruxa em uma caixa de presente, falando pra Mônica que escondeu algo sem muito açúcar e sem muito sal. 

Uma boa história com presença de uma fada de doce e uma fada de salgados e a disputa delas para saber o que é melhor , se são os doces e salgados. Cada uma pensava que podia existir só algum sabor e transformam as guloseimas da festa ao contrário do que era doce ou salgado originalmente em formatos parecidos. Só que Magali come tudo que elas faziam e a mistura de doces e salgados a faz passar mal, sem saber decidir qual sabor é o melhor. Acaba as fadas aprendendo lição de que não existe doce sem salgado e ao aparecer uma bruxa azeda, Magali já a descarta para não acontecer tudo de novo.

A história quis mostrar se a preferência do leitor são comidas doces ou salgadas e ter a lição que deve existir os dois sabores, cada um vai ter sua preferência individual em harmonia. E que comer demais fica empanturrado e faz passar mal. A culpa da Magali passar mal foi exclusivamente dela, se não tivesse comido tudo o que as fadas transformavam, apenas provar, não precisaria passar por isso e ainda poderia decidir se é melhor comida doce ou salgada. Na verdade, Magali não tem uma comida preferida, tudo que vier, ela traça, então não seria a pessoa certa a decidir, mesmo se controlasse a gula.

Foi legal ver a disputa das fadas e a Magali nem aí para a briga, só querendo comer e toda a comilança exagerada dela, principalmente no bolo com as fadas tacando sal e açúcar e ela não parar assim mesmo. Gostavam de colocar magia, contos de fadas nas histórias da Magali, nessa até uniu magia e comida. 

As fadas, pelo visto, seguiram a ideia de anjinho da consciência e diabinho da tentação dos personagens para decidirem alguma coisa, mas como não podia mais diabos nos anos 2000, aí roteirista teve ideia de fadinhas. Nota-se também mais línguas de foras, personagens saltitantes e o linguajar foi voltado às crianças da época, além de agradar o politicamente correto, como palavras "esquisitinha" para amenizar que a Magali estava passando mal e não traumatizar as crianças ou dar pena, gíria "Afe!" usado no lugar de "Droga!", palavra proibida nos gibis desde então. 

Incorreta atualmente por Magali comer demais a ponto de passar mal, hoje em dia a gula exagerada dela não é mais abordada. Porém, ela não passou mal a ponto de ter dor de barriga e diarreia como nas histórias mais antigas porque não podia mais nos anos 2000 os personagens sofrerem doentes, só bem de leve como foi nessa história. Pode concluir que naquele momento dos anos 2000, apesar de ter politicamente correto, ainda tinham coisas incorretas, só que amenizadas em relação até anos 1990 e a situação foi piorando a cada ano, chegando hoje ao extremo do politicamente correto, dando prioridade a histórias educativas.

Os traços ficaram um pouco estranho, já nos estilos dos anos 2000, um pouco de caretas, mas sem serem exageradas como em outras histórias da época. Antes só histórias do Emerson tinham caretas, depois outros roteiristas adotaram também (essa tudo indica ser do Paulo Back, tem cara de ser dele). Pelo menos ainda eram desenhadas a mão sem o estilo digital de hoje, o que ainda deixam os personagens mais humanizados, sem parecer carimbo. A capa dessa edição foi em referência a história de abertura, como de costume em histórias de aniversário, mas o normal era com piadinhas ainda na época.

FELIZ ANIVERSÁRIO, MAGALI!!! 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/05/magali-hq-doce-ou-salgado.html

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