Capa de 'Chico Bento Nº 76' (Ed. Abril, 1985) |
Compartilho uma história em que o Chico Bento foi responsável de fazer a feijoada do almoço de confraternização da igreja, dando muita confusão. Com 8 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 76' (Ed. Abril, 1985).
Chico Bento aparece na igreja bem no momento que o Padre recebe a notícia pelo telefone que a Dona Gumercinda está doente e desmaia. Chico pergunta por que o Padre não deita na cama, o chão é muito duro. O Padre responde que está perdido e Chico diz que só se for ele, porque sabe que está na igreja.
O Padre fala que é a Dona Gumercida quem prepara o almoço de confraternização e união entre os homens que ele dá uma vez por ano, que reúne desde o prefeito até o trabalhador mais humilde e sem a Dona Gumercinda, a tradição será quebrada. Chico pergunta por que não chama outra cozinheira e ele diz que ninguém sabe fazer feijoada igual a ela.
Chico diz que ele sabe fazer feijoada e o Padre acha que está mentindo, falando que mentir é pecado. Chico lembra que todo dia ia na casa dela, só para ficar espiando e sentir o cheiro bom e de tanto espiar, aprendeu como se faz e sabe até de coisas que ela põe que ninguém sabe. O Padre comemora, o pessoal começa a chegar e enquanto o Padre recebe os convidados, o Chico prepara a feijoada, colocando até os ingredientes secretos, e fica uma delícia.
Quando prefeito chega e todos os convidados reunidos, o Padre avisa que dessa vez quem está fazendo a feijoada é o Chico Bento. Todos se espantam, acham que o Padre ficou doido de colocar Chico no lugar e fazem cara de nojo. Padre fala que o Chico garantiu que ele faz feijoada igual a Dona Gumercinda e que devem dar créditos a ele.
Os convidados vão olhar o Chico fazer a feijoada, que já estava pronta e aparecem quando o Chico ia limpar o local para o Padre não brigar com ele. Eles veem Chico limpando o pé na tina, o porco Torresmo entra na tina e Chico o lava, falando que não pode demorar porque o pessoal já deve estar com fome, e resolve servir logo aproveitando que está quentinho.
Todos pensam que Chico estava fazendo feijoada com o pé sujo dele e com o porco e fogem com nojo. Chico encontra o Padre sozinho na mesa, chorando e pergunta cadê o pessoal. O Padre reclama que eles não iam comer aquilo e que tinha falado que igual a Dona Gumercinda e com ingredientes secretos. Chico confirma. O Padre não acredita, mas ao provar, vê que estava deliciosa e igual à Dona Gumercinda. Chico acha todo mundo doido e vai embora. Depois, o Padre resolve fazer feijoada para os meninos da igreja, mas faz do estilo que viu Chico fazendo, limpando pé e lavando porco na água e eles dizem que eles não vão comer.
História muito engraçada com o Chico Bento fazendo feijoada no almoço de confraternização da igreja no lugar da Dona Gumercinda, que ficou doente. De fato, o Chico fez uma feijoada bem caprichada e igual à da cozinheira, mas os convidados do almoço e o próprio padre interpretaram mal quando viram o Chico lavando seu pé sujo e lavando porco, pensando que os ingredientes secretos da feijoada era aquilo. Todos fogem com medo de comer e depois que o padre prova e achar boa, resolve fazer igual ao Chico, pensando que a feijoada era como ele fez no final.
Mais engraçado foi ver todos pensando que Chico lavar pés e o Torresmo era a feijoada. Antes o Padre tivesse chamando outra cozinheira, não ficaria igual à feijoada da Dona Gumercinda, mas não passaria sufoco com convidados desconfiados e com nojo. Ou então que ele não falasse que era o Chico que estava preparando, deixaria tudo em segredo entre eles e convidados nem saberiam quem preparou já que a feijoada estava gostosa e igual à da Dona Gumercinda. Como Padre não queria enganar os convidados, ser transparente com eles, aí acabou se dando mal.
Vimos que o Chico é um ótimo cozinheiro, aprender bem só vendo os outros fazerem, só não teve sorte dos outros interpretarem mal. O porco Torresmo, que era do Chico, tinha que estar em casa e não na igreja. As tiradas do Chico respondendo ao Padre como mandar deitar na cama porque o chão é duro quando o viu desmaiado, falar que não está perdido, que sabe que está na igreja, entre outras, foram muito boas também. Bem que poderia ter um almoço anual de união entre os homens na vida real, o mundo anda precisando, em especial o Brasil.
Dessa vez o Padre não teve nome na história. Na época, o padre não tinha nome nem traços definidos. Na Editora Globo que passou a ter traços fixos e passou a se chamar Padre Lino. A Dona Gumercinda só foi citada nessa história, já o prefeito apareceu algumas outras vezes. Hoje em dia é completamente incorreta por conta de tema religioso, Chico aprontar com Padre, fora Chico cozinhar, já que não aceitam crianças cozinharem, mexendo com fogão sozinhas.
Traços ficaram muito caprichados. Nas propagandas inseridas na história, dessa vez foi na lateral direita da primeira página das canetas hidrográficas Colorella da "Pelikan". A capa, curiosamente, fez alusão à história de abertura, mais frequente nos gibis do segundo semestre de 1984, mas alguns de 1985 tiveram capas com esse estilo também. Só ficou diferente de quem apareceu na capa, não apareceu na história, como o Zé da Roça. História foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 36' (Ed. Globo, 1996), termino mostrando a capa desse almanaque.
Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 36' (Ed. Globo, 1996) Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/09/chico-bento-hq-o-feijoadeiro.html |
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