quarta-feira, 24 de abril de 2024

Arquivos Turma da Mônica N°1.253 - Piteco: HQ "O primeiro descobridor"

Dia 22 de abril é comemorado o Descobrimento do Brasil e, então, mostro uma história em que o Piteco resolve cruzar o oceano sozinho para ver se há outras terras além da Aldeia de Lem, onde ele vivia. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998).

Capa de 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998)

Bolota procura Piteco, encontra e pergunta o que ele está fazendo com olhão parado para o mar. Piteco fala que que estava pensando o que existe para lá e Bolota responde que só água, água e mais água. Piteco acha que deve ter algo, além de onde a vista alcança, novas terras e povos. Bolota acha que se tivesse, já tinham aparecido, dado sinal de vida e Piteco fala que não, se ficarem que nem eles, só olhando, sem fazer nada.  

Piteco resolve criar uma canoa parecida com a que usam para pescar para tirar a limpo essa questão. Bolota avisa que as ondas vão virar a canoa, ele vai afundar feito pedra, manda ouvir a voz da razão e Piteco nem dá ouvido, pegando machado e derrubando árvore para construir a canoa e Bolota desiste.

Passam-se os dias, um homem sente falta do Piteco e Bolota diz que está no mundo da Lua. Thuga fica desanimada e Ogra conta que agora que o Piteco endoidou, as chances de ela se casar diminuíram mais ainda. Na calada da noite barulhenta, Piteco continua seu projeto até que em uma manhã, finalmente termina de construir a canoa e todos admiram. 

Bolota espera que Piteco tenha caído em si, mesmo que existisse um outro mundo e ele chegasse até lá, poderia encontrar monstros terríveis ou povos inimigos, poderiam descobrir da existência deles e poderiam ir para lá para trucidá-los. Piteco acha que se a humanidade toda pensasse como o Bolota, ficaria para sempre na Idade da Pedra. Todos o ajudam a empurrar a canoa para o mar. Bolota acha que a canoa nem flutua, mas conseguiu. Piteco abastece o barco e estufa as velas e vai a caminho da aventura e da descoberta e todos ficam tristes que vão perdê-lo, até Thuga acha que vai ficar viúva antes de se casar.

Piteco diz que o tempo está bom, quando cai uma tempestade, sofrendo com as ondas do mar dentro do barco. Quando volta o Sol, fica aliviado que o barco resistiu. Em seguida, aparece uma mulher atrás de uma pedra. Piteco tenta salvá-la, falando que não devia nadar tão longe. Logo percebe que ninguém conseguiria nadar tanto assim e descobre que ela era uma "sereiassaura" que queria atacá-lo. Piteco bate na cabeça dela com a clava e em seguida aparece um monstro do mar. Corre dando voltas na canoa que faz com que o monstro dê um nó no pescoço, conseguindo se livrar dele. 

Passam-se os dias, Piteco encontrou nada ainda, a comida que trouxe já acabou, mas pelo menos pode pescar, problema é a água que está acabando e não dá para beber água salgada do mar. Ele se pergunta se Bolota tinha razão, que a viagem foi uma loucura, há dias só vê água e que vai ver não existe mais nada mesmo e vai morrer ali, sedento e sozinho, é o preço a pagar por ser tão atrevido.

Até que encontra uma terra, na verdade, uma ilha, mas comemora assim mesmo chamando a terra de "Pitecolândia". Tinha coqueiro com "cocossauros", come e bebe a água deles. Comenta que gente não tem, mas prova que podem existir outras terras e tem certeza que além dali, existem também outras terras e povos e resolve dormir até voltar para casa na manhã seguinte, recebido por festa por aqueles que já o julgavam perdido. Ninguém acreditou, provas da existência de Pitecolânda ele não tinha, porque cocos e conchinhas não era novidade, mas sua coragem foi reconhecida por todos.

Durante muito tempo, Piteco repetiu a história de sua emocionante aventura e teve façanha de se tornar o primeiro explorador do mundo. Só depois de muitos séculos que tiveram naus capazes de cruzar oceanos de novo e narrador comenta que nada mau seria se ele tivesse chegado só um pouquinho mais para lá, invertendo a História dos descobrimentos e, quem sabe, a nossa própria História.

Legal essa história em que o Piteco quer descobrir se existe outras terras e outros povos além da Aldeia de Lem e resolve fazer um barco para cruzar oceano e descobrir outras terras, mesmo seus amigos achando que encontraria nada e que era uma loucura ir. Ele passa vários sufocos no caminho até encontrar uma ilha bem pequena, mas o suficiente para deduzir que estava certo e há outras terras não exploradas pelo mundo.

Piteco foi para frente do seu tempo, para saírem da Idade da Pedra, alguém teve que ousar como invenções, principalmente a da criação da roda, e com o Piteco foi o primeiro explorador do mundo. Precisou lutar contra a desconfiança dos outros, de acharem loucura o que estava fazendo, enfrentou perigos, tempestade, fome, sede, mas resistiu e conseguiu o seu objetivo. 

Se avistasse mais um pouco além, enquanto estava na ilha, encontraria a Europa, algo mais grandioso e mudaria todo o rumo da humanidade. Ele poderia ter levado alguém junto para provar que a "Pitecolândia" existia de fato, mas ninguém queria ir mesmo se ele convidasse, aí ficou só na palavra dele. Outra possibilidade seria voltar depois lá com alguém, já que viram que dava para voltar para Lem.

História, baseada nas Grandes Navegações, mostrou mensagens de seguir sua intenção, não ligar para opiniões dos outros, não deixar a opinião negativa dos outros que não seria capaz prevalecer suas vontades, não se acomodar e procurar inovações e mudanças para progredir, e ainda teve um lado filosófico de como seria a humanidade se tivessem descoberto novas terras cruzando oceanos desde a Pré-História. 

Nunca foi falado até então onde ficava a aldeia do Piteco, nessa descobrimos que era na América, mas não qual América e país. Sempre imaginamos que Lem da Pré-História era onde depois seria o Brasil por personagens falarem em Português brasileiro. Isso se eles não falavam outro idioma sem ser o Português e deixavam traduzido para gente entender.  É o mesmo que a Turma do Papa-Capim que, por serem índios primitivos, acreditam-se falarem em Tupi-Guarani ou outro idioma indígena e colocam eles falando em Português nas histórias. 

Foi engraçado ver o Piteco dando a mínima para comentários que ele era louco fazer a exploração, a Thuga dizer que vai viúva antes de se casar, Piteco achar que a "sereiassauro" era uma mulher bonita perdida, o monstro dar nó no pescoço ao ficar rodando no barco, Piteco chamar a terra nova de "Pitecolândia" e o coco de "cocossauro". Narrador-observador contando a história sempre deixa legais, no caso seria o roteirista dela. Foi até grande considerando ser de personagem secundário, mas nos gibis a partir de 1996, estavam procurando colocar de vez em quando histórias de secundários maiores para não ter a regra que eles só tinham histórias curtas de até 5 páginas nos gibis. 

Os traços ficaram bons, com uma arte-final mais diferenciada. A Ogra foi desenhada diferente dessa vez com cabelos maiores, mas o normal era ela ser desenhada do jeito normal. Teve os quadrinhos ondulados, recurso que adotaram nas histórias do Piteco a partir de 1996, antes disso tinham enquadramentos retangulares padrão nas histórias dele. 

Créditos - Marcos Alves: 
https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2024/04/piteco-hq-o-primeiro-descobridor.html

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