segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Religião Disney é tema de curso em universidade!

Cultuar personagens como Pato Donald, Tio Patinhas e Mickey pode não ser apenas força de expressão para definir a paixão dos fãs de personagens da Disney.Essa é uma das conclusões que pode ser tirada das aulas de Religião e Disney: Não é só mais outro curso sobre Mickey Mouse, ministrado neste mês de janeiro por Jennifer Porter, pesquisadora e professora de estudos religiosos da Memorial University, no Canadá.Em maio do ano passado, Porter teve uma epifania ao visitar a Disneylândia. "As produções do parque temático, a exibição de fogos de artifício e assim por diante, sempre envoltos em um conto de moralidade e uma exigência para os expectadores acreditarem no poder do bem e dos desejos", explicou ao site jornalístico Canada.com. "Isso afeta o público da Disney? Isso afeta como eles vêem o mundo?", questiona a pesquisadora.Quando ministrava uma de suas aulas (que combinam religiosidade e ícones da indústria do entretenimento, como Jornada nas Estrelas e Buffy, a caça-vampiros - que a professora define como uma versão feminina de Jesus Cristo), foi debatido um crossover entre Star Trek e Disney. Na ocasião, um aluno afirmou que, caso o camundongo Mickey se vestisse como um cavaleiro Jedi, ele seria considerado uma figura canônica. "Causou estranheza, a mim, alguém comentar que produtos da Disney deveriam ser canônicos. Isso chamou minha atenção", disse Porter ao Canada.com.Foi então criado o curso que versa sobre a vida e a fé de Walt Disney e seu esforço consciente para excluir o cristianismo de seus desenhos animados, colocando elementos sobrenaturais (fadas, bruxas etc.). Nas aulas, além de outros assuntos relacionados, ela também comenta as produções que denotam pluralidade de crenças e religiões (Pocahontas, Hércules e outras animações).No final do ano passado, a professora concedeu uma entrevista ao portal brasileiro de notícias G1."Muitos fãs são extremamente devotados, e essa devoção se expressa de diversas maneiras, desde assistindo aos filmes da Disney, passando por visitar os parques temáticos, comprar os produtos relacionados, ler as biografias e histórias de (Walt) Disney até conversar com os amigos sobre o que Disney significa para eles. Para alguns, seu nível de comprometimento determina a própria maneira de eles se definirem, seus relacionamentos e seu entendimento sobre a natureza do mundo a seu redor", disse ao jornalista Diego Assis. "Quando algo atinge um nível de importância que molda nossa compreensão do que significa ser humano, fazer parte de uma comunidade de pessoas com as mesmas crenças, e molda nosso entendimento do universo a nosso redor e de como o mundo é e deveria ser, então esse algo se torna religioso. E penso que Disney preenche esse papel para alguns fãs, ainda que certamente não para todos". Questionada pelo repórter se é possível encontrar alguma espécie de "profeta" na religião disneyana, Jennifer Porter respondeu: "Acredito que, no caso de Disney, o 'personagem' central, se preferir, é o próprio Walt Disney. Os fãs o idealizam como um artista, filósofo e homem de negócios, e ele se tornou um modelo para muitos fãs tentarem seguir. Você se lembra de uma campanha, anos atrás, que perguntava às pessoas para medirem suas ações perguntando primeiro 'o que Jesus faria'? (nota do UHQ: What Would Jesus Do?, campanha de apelo religioso, mas, na prática, bastante lucrativo, que foi iniciada nos Estados Unidos, em 1996, e até hoje vende produtos com essa frase impressa). Bem, acho que, para muitos fãs fiéis, a questão central seria 'o que Walt Disney faria'?".Ela também acredita que produções contemporâneas, como High School Musical e Piratas do Caribe, são transitórias e não os "novos messias". Personagens como Mickey e Pato Donald continuam fortes e exprimem melhor uma visão nostálgica da América que estaria no coração da Disney.Há quem acredite exatamente no contrário. Ou seja, as novas criações da Disney vêm ganhando mais espaço e admiradores nos Estados Unidos e no resto do mundo, em detrimento dos personagens clássicos que, há quase 80 anos, povoam as revistas em quadrinhos, mídia na qual os atuais ícones são apenas visitas.Mas, como religião é assunto para especialistas, resta a Jennifer Porter a tarefa de resolver essa "cisma". http://www.universohq.com/quadrinhos/2008/n21012008_05.cfm

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