Batman - O Cavaleiro das Trevas, que estréia hoje nos cinemas do mundo inteiro (em São Paulo haverá até 15 bat-sinais espalhados pela cidade), rompe uma barreira que serve para classificar - e limitar, por que não? - dezenas de outras películas baseadas em personagens de HQs: o longa-metragem dirigido por Christopher Nolan não pode ser meramente colocado na "categoria" que se convencionou chamar de adaptação de quadrinhos. É muito mais do que isso. É um grande filme!O roteiro é tão bem construído que, em determinados momentos, tem-se a impressão de que o filme funcionaria mesmo se não fosse focado num dos super-heróis mais famosos do planeta. É absolutamente fiel aos quadrinhos do Homem-Morcego? Não. Alguns fãs xiitas podem espernear por conta disso? Certamente. Mas, ainda assim, Nolan construiu um longa que agrada ao espectador comum e ao leitor das HQs do personagem.
Todas as situações mais tensas na trama são muito bem desenvolvidas durante os 142 minutos de filme: a corrupção que assola a polícia de Gotham City, exatamente como ocorre em tantas metrópoles do mundo real; a construção do relacionamento entre Jim Gordon (Gary Oldman), Batman (Christian Bale) e Harvey Dent (Aaron Eckhart); o triângulo amoroso do promotor de justiça, sua assistente e namorada Rachel Dawes (Maggie Gyllenhall) e Bruce Wayne; a desconfiança da população em relação ao Homem-Morcego; o sentimento insano que move o Coringa (Heath Ledger); a maldade que pode advir do medo (ou vice-versa) e outras.Ledger, morto em janeiro de 2008, é realmente a presença mais marcante do longa-metragem. Seu Coringa é cruel ao extremo, e sempre com um senso de humor, no mínimo, macabro. Chega a assustar. E ele só quer provar que todo ser humano pode ser mau. Ou, até, tornar-se um assassino.
Nesse aspecto, especialmente em dois marcantes diálogos do vilão com o Batman, os fãs de quadrinhos identificarão similaridades do filme com a clássica graphic novel A Piada Mortal, escrita por Alan Moore e desenhada por Brian Bolland. Mas isso é inserido dentro de uma trama maior.Mas Ledger brilha sem ofuscar os outros atores. Ao contrário do Batman de 1989, em que Jack Nicholson anulou por completo Michael Keaton, neste longa o Cavaleiro das Trevas é representativo. Bale tem uma ótima atuação, tanto na pele do playboy Bruce Wayne, quanto na do defensor de Gotham City. O único senão, que certamente desagradará a alguns fãs, é que o herói continua falando aos sussurros.
Também merecem destaque as atuações de Gary Oldman, Aaron Eckhart, Morgan Freeman e Michael Caine, os dois últimos nos papéis de Lucius Fox e Alfred Pennyworth, respectivamente. Cabe ao diretor das Indústrias Wayne e ao mordomo do milionário a missão de criar piadas que arrancam risadas do público.
Realmente, o elenco recheado de talentos foi usado em Batman - O Cavaleiro das Trevas com extrema competência. Todos os principais atores têm seu momento de destaque no filme. E tudo muito bem dosado no desenvolver da história.O clima quase permanente de tensão e terror psicológico, assim que o Coringa começa a ameaçar Gotham City, é permeado por muita ação (para quem reclamou que "pouco se enxergava das batalhas corporais em Batman Begins", há muita pancadaria "às claras"), suspense, cenas espetaculares e até pitadas de romance e humor. Junte-se a isso o fato de que maquiagem, efeitos especiais e trilha sonora são todos de primeiro nível, e fica evidente por que este Batman é tão superior às versões anteriores do personagem para a telona.
Ao final de quase duas horas e meia, é fácil concluir que o personagem Batman nunca teve um tratamento tão digno no cinema quanto o que lhe foi destinado em O Cavaleiro das Trevas. Este longa-metragem certamente se tornará um modelo a ser seguido. Não só na franquia do Morcego, mas em todas as adaptações de quadrinhos que almejam ser mais do que isso.







http://www.universohq.com/quadrinhos/2008/n18072008_08.cfm









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