quinta-feira, 2 de abril de 2009

Paulo Coelho e Mauricio de Sousa-O Gênio e as Rosas!

Neste livro, Paulo Coelho e Mauricio de Sousa unem-se para contar 24 histórias que têm sido passadas de geração a geração. Paulo Coelho reuniu e reescreveu essas contos, e Mauricio de Sousa acrescentou um encantamento especial com a Turma da Mônica.
Os contos fazem a alegria das crianças há muitas gerações. Celebrizaram escritores como La Fontaine e Esopo. Divertem e ao mesmo tempo instruem. Apresentam ponderações morais sem ofender a inteligência das crianças, pelo contrário, procurando fazer com que as mesmas fiquem atentas aos desdobramentos da trama que se encerra com uma possibilidade real de reflexão. São narrativas curtas que conseguem enriquecer o imaginário dos pequenos e enchê-los de esperanças quanto ao amanhã.

Pensando nisso, numa empreitada bem interessante e ousada, a Editora Globo reuniu Paulo Coelho e Maurício de Sousa para contar algumas das melhores histórias provenientes de várias partes do mundo. Trata-se do livro “O Gênio e as Rosas”, ilustrado pelo criador da Turma da Mônica e com os contos caprichosamente elaborados por um dos mais populares escritores dos tempos atuais, o ex-parceiro de Raul Seixas e imortal da Academia Brasileira de Letras, Paulo Coelho.

Tão premiada e incensada parceria tinha que resultar numa produção muito caprichada e rica para quem conta histórias para crianças ou ainda para estimular as crianças em suas primeiras leituras individuais.

Além das belas ilustrações que enriquecem e adornam cada uma das histórias que compõem o livro, ficamos ainda mais à vontade ao saber que são justamente os famosos personagens de Maurício que protagonizam tais imagens. Isso mesmo, em carne e osso (ou melhor, em tinta e papel da melhor qualidade), lá estão a Mônica, o Cebolinha, o Cascão, o Chico Bento, o Bidu e tantos outros personagens inesquecíveis em desenhos que procuram nos dar uma pista das bem elaboradas tramas contadas nos textos de Paulo Coelho.Esse pode ser inclusive um dos caminhos utilizados pelos professores no trabalho das histórias com suas crianças, ou seja, pedir-lhes que prestem muita atenção aos desenhos para que tentem imaginar as histórias que ali estão contidas e trocar idéias com o grupo para criar sua própria versão.

O livro tem ainda como qualidade, talvez a maior de todas elas, as histórias que tem um poder enternecedor, capaz de nos fazer pensar a respeito de relações familiares, amizades, escolhas certas e erradas, consideração pelas pessoas e alguns outros temas que fazem parte do universo das crianças e dos adultos.

A linguagem utilizada pelo mago Paulo Coelho tenta se adequar aos interesses das crianças, entretanto, algumas vezes, notamos certos vocábulos que parecem um pouco difíceis para os pequenos e exigem uma visita ao dicionário mais próximo ou uma pergunta direcionada a algum adulto que estiver nas redondezas.

Não se trata apenas de um livro que serve como uma luva aos interesses das crianças. Vale destacar que a riqueza contida ao longo de suas páginas e, mais precisamente, de cada uma das histórias pode servir também para amolecer muito coração de gente grande. Não há, por exemplo, como passar incólume ao conto “O que é a velhice” e verificar como somos importantes para nossos filhos e tolos quanto ao passar do tempo que nos torna mais experientes apesar das rugas...

Contos que expressam sabedoria como “O palácio e choupana” nos falando de justiça e sensibilidade são importantes para demonstrar as crianças que nem sempre somente o que é belo aos nossos olhos é que realmente tem valor.“O preço da beleza” nos coloca em contato com o trabalho dos artistas, ressalta toda a criatividade e capacidade de dar as formas de um vaso, de um quadro ou de uma escultura a beleza que nenhum outro mortal pode ter sequer sonhado.

Em “De quem é a culpa” ficamos refletindo a respeito das vezes em que discutimos ou brigamos com as pessoas que amamos por coisas que nem serão lembradas no futuro. Quanto tempo desperdiçado, quantos falsos problemas que já atormentaram a vida de tantas e tantas pessoas mundo afora que poderiam ter sido evitados se ao invés de pelejar as pessoas se dispusessem a limpar os estragos, consertar o que poderia ser arrumado ou ainda aprender com os erros cometidos...

No conto “As três árvores” verificamos que a cada um de nós é conferida uma missão em nossa passagem por esse planeta. Quer ela seja de grande destaque ou de pouca relevância, cabe a nós saber que se não existíssemos alguns dos acontecimentos mais especiais de nossas vidas (e das pessoas que amamos e respeitamos) jamais teriam acontecido. Já imaginaram que seus filhos não teriam nascido, que o amor de sua vida teria se destinado a outro mortal ou ainda que tantos ótimos momentos com os amigos jamais teriam ocorrido?

O valor das coisas também está em destaque no conto “O ato de receber”. Quantas não foram às vezes em que cedemos aos pedidos iniciais ou ainda as insistentes requisições de nossos filhos por brinquedos, roupas ou lanches e depois descobrimos que aquilo que foi motivo de tanta choradeira de repente foi deixado de lado? Como será que nossos filhos poderão aprender a dar valor real para aquilo que querem?

Não deixe de ler também “A lâmpada queimada” que nos coloca diante de uma verdade praticamente absoluta, a de que a vida é um grande e valioso presente. Não foram poucas às vezes em que tive a oportunidade de presenciar alunos, amigos ou parentes reclamando de situações ou condições vividas ao longo de alguns de seus dias. Davam mais ênfase as derrotas e acabavam se esquecendo dos triunfos, desprezavam os melhores frutos e preferiam ficar com aqueles que estavam verdes ou passados...“O gênio e as rosas”, conto que dá título ao volume produzido por Paulo Coelho e Maurício de Sousa é mais uma daquelas histórias que enriquecem quem lê. Nos fala da forma como olhamos para as oportunidades que nos são dadas pela vida e como, tantas vezes, o que desperdiçamos pode servir como verdadeira luva (que se encaixa perfeitamente a mão) para muitas outras pessoas.

Isso me fez lembrar do professor John Keating, personagem vivido por Robin Williams no clássico e inesquecível filme “Sociedade dos Poetas Mortos” que afirmava a plenos pulmões para todos os seus alunos que deveríamos levar a sério a afirmação em latim “Carpe Diem”, ou seja, que temos que aproveitar ao máximo tudo aquilo que a vida nos dá, cada segundo, momento, presença, realização, ato de amor, carinho, lição...

Além dessas maravilhosas histórias comentadas ao longo desse artigo há tantas outras que também são verdadeiras pérolas que devem ser descobertas pelos pequenos leitores (e pelos grandes também). São preciosidades que nos ajudam a entender melhor a vida, a apreciar melhor os frutos, a saborear com mais gosto tanto os encontros quanto os desencontros a que estamos submetidos nessa fantástica jornada pela Terra.

Um comentário:

Júlia Maria disse...

EU CONHEÇO O LIVRO O Genio e as rosas o que eu nao estou conseguindo é comprar o livro. Nas lojas nao tem, na internete eu nao acho o caminho para comprar.
juliamaria.barros@mail.com