Em abril de 1989 foi lançada a história "Solidão" do Astronauta, em que ele sentiu solidão e um imenso vazio durante suas viagens espaciais. Com 6 páginas, foi pulicada em 'Cebolinha Nº 28' (Ed. Globo, 1989).
Começa com o Astronauta em mais uma das suas viagens espaciais, quando de repente ele para a nave, se queixando que não aguenta mais essas aventuras, que deve voltar para casa, rever a família e amigos e acabar com a solidão, já que ele está se sentindo um nada na imensidão do universo e em casa ele é querido por todos e realmente importante.
Astronauta chega no seu sítio na Terra e já vai procurando a sua mãe. Só que para sua surpresa ela não fica entusiasmada com sua presença, não fez festa com a sua chegada, apenas diz que não é para fazer barulho, pois o pai dele está dormindo e que depois conversam porque está atrasada com o almoço.
Com isso, Astronauta vai visitar seu amigo Ditão e o convida para jogar futebol quando ele acabar de tirar o leite da vaca. Ditão diz que não dá porque depois vai dar comida aos porcos e capinar o quintal. Assim, Astronauta vai à procura da sua namorada Ritinha, imaginando que com ela vai ser diferente, mas se decepciona também ao ser atropelado por ela, que estava correndo por estar atrasada para a aula da faculdade e também não podia dar atenção.
Em seguida, Astronauta encontra o seu cachorro Rex, que estranha o seu dono e avança nele, precisando o Astronauta subir em árvore para não ser mordido. Astronauta lamenta que todos estão ocupados e não dão a mínima atenção a ele e se sentiu sozinho em sua própria casa e resolve voltar para o espaço sideral; Já na nave, ele deixa em modo automático e resolve dormir,
Enquanto dorme, ele tem pesadelo de estar sozinho em um vazio e tenta fugir para todos os lados e só aumenta o vazio. Ele acorda desesperado, quebrando o vidro da cápsula da sua cama espacial, lamentando que a solidão vai acabar com ele e voltar a dirigir a nave, bem triste e deprimido.
Nessa hora, surge o roteirista da história, Robson Lacerda, conversando com o Astronauta que não era para se aborrecer, que a solidão era dele. Todos do estúdio já haviam ido embora e ele ficou para fechar a produção do mês e acabou se sentindo sozinho e passou isso para a história. Astronauta sai da história e convida o Robson pra jogar dominó e assim os dois se divertem, acabando com a solidão de um do outro.
Essa história é muito boa, fala sobre solidão e depressão, como a solidão pode se transformar em depressão e situações que ainda podem fazer piorar a situação, sem deixar piegas. No caso, até tinham histórias do Astronauta se sentir sozinho no espaço, sem ninguém para conversar, sendo que nessa história a solidão foi extrema e na esperança de ter um apoio na companhia de seus familiares e amigos e se sentir querido, teve a grande decepção de ninguém se importar com a presença dele depois de muito tempo, que as coisas que estavam fazendo eram mais importantes que a sua presença lá, nem a própria mãe deu confiança, o que deixou o Astronauta arrasado e sentindo mais solitário e deprimido do que estava no espaço sideral.
O final foi bem interessante do roteirista Robson Lacerda que transformou a sua própria solidão no estúdio para os sentimentos do Astronauta. Era comum histórias dos roteiristas e Mauricio de Sousa contracenando com os personagens, em 1989 estava bem frequente isso nos gibis, todos os núcleos de personagens tiveram histórias assim e não só os da Turma da Mônica. Uns não gostam de roteiristas interagindo com os personagens, com eles sabendo que são personagens em quadrinhos, já outros adoram, aí vai de gosto de cada um. Atualmente, não fazem mais histórias assim de encontros dos personagens com roteiristas.
Os traços muito bons e com uma ótima arte-final, excelente o desenho do universo na primeira página. A mãe do Astronauta parece muito com a Tia Nena da Magali, pelo visto não repararam esse detalhe quando criaram a Tia Nena. Essa foi a última história com a Ritinha como namorada oficial do Astronauta, antes de ela se casar com outro homem após cansada das longas viagens espaciais do Astronauta. Dessa vez teve um título, coisa rara na época nas histórias do Astronauta. Muito bom relembrar essa história, que completa exatos 30 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário