Nas bancas, 'Cebolinha Nº 66' da Editora Panini em comemoração aos 60 anos de criação do Cebolinha. Comprei essa edição e faço uma resenha de como foi.
O personagem Cebolinha completa 60 anos agora em 2020. Inspirado em um amigo do Mauricio de Sousa, estreou em março de 1960 em uma ilustração do Jornal "Folha de São Paulo", logo depois estreia real participando da história "Concurso de robustez canina", de "Zaz-Traz Nº 2", além de aparecer em histórias das revistas "Zaz-Traz" e "Bidu", ambas da Editora Continental, e teve sua primeira tirinha de jornal publicada em 24 de outubro de 1960 no jornal "Folha de São Paulo".
Primeira história solo do Cebolinha ("Zaz-Traz Nº 4" - Ed. Continental, 1960) |
No início Cebolinha era coadjuvante nas tiras e histórias de Bidu e Franjinha, foi criado como um menino menor que a turma do Franjinha que trocava letras por ser pequeno demais e inicialmente tinha vários fios de cabelos espetados e depois foram diminuindo os fios até ficarem 5 fios. Com o seu carisma logo passou a protagonizar tiras de ornais solo a partir de 1961, passou a ganhar características próprias, como trocar "R" pelo "L" e problemas com seus 5 fios de cabelo, e se tornou o principal personagem do Mauricio, só perdendo espaço de personagem protagonista com a criação da Mônica em 1963. Ganhou revista própria em 1973 pela Editora Abril (168 edições), passando pelas Editoras Globo (246 edições) e Panini (100 + 66 edições), onde está hoje, totalizando 580 edições até agora, somando as 3 editoras.
Sempre marcou o personagem histórias envolvendo sua dislalia de trocar o "R" pelo "L", sufoco com seus 5 fios de cabelo, provocar a Mônica e ambição de se tornar o dono da rua no lugar dela, ser perturbado pelo Louco, cotidiano com sua família (os pais Seu Cebola e Dona Cebola, irmã Maria Cebolinha e cachorro Floquinho), se achar o mais esperto, brincadeiras com seus amigos, além de aventuras típicas de revistas infantis como enfrentando vilões, monstros, bruxas, extraterrestres, etc. Atualmente o personagem anda abaixo do esperado por conta do politicamente correto imposto nas revistas, mas não perde a importância dele e continua muito querido pelos fãs.
Primeira tirinha de jornal com o Cebolinha (Jornal "Folha de São Paulo", 24/10/1960) |
Com isso, em comemoração aos 60 anos do Cebolinha, todas as capas das revistas da MSP, sejam mensais e almanaques, vão ter a partir desse mês um selo comemorativo "Cebolinha 60 Anos", que provavelmente vai ficar nas capas por 1 ano (12 edições das mensais), fora que a MSP tem vários lançamentos especiais para esse mês de outubro, seja em bancas ou livrarias.
Além dessa mensal 'Cebolinha Nº 66' com história de abertura comemorativa, serão lançados livros em capa dura em livrarias. 'Cebolinha 60 anos - o Dono da Lua', com 160 páginas e custando R$ 49,90, reunindo histórias de todos os tempos do personagem, estilo como foi o "Cebolinha 50 Anos", de 2010. Outro livro será o especial "Dia das Bruxas", com 320 páginas e custando R$ 54,90, com histórias recentes consideradas de terror publicadas nas revistas da Editora Panini.
Capas dos Livros em Capa Dura: "Cebolinha 60 Anos - Dono da Lua" e"Dia das Bruxas" |
Também o 'Almanaque Temático Nº 56' será "Cebolinha - Aniversários", sendo dessa vez só reunindo histórias de aniversários do Cebolinha. E o 'Almanacão Turma da Mônica Nº 6' desse mês promete ser especial só com histórias e passatempos com Cebolinha. Esses "Temáticos" de aniversários já saturaram, é toda hora o mesmo tema de aniversário, muito repetitivo. De todos esses especiais, devo ficar só com a revista mensal e o livro "Cebolinha 60 Anos".
Capas: "Almanaque Temático Nº 56" e "Almanacão Turma da Mônica Nº 6" |
Sobre a mensal do mês, custa R$ 7,90 e segue com formato lombada, 84 páginas e tamanho convencional, com 10 histórias, incluindo a tirinha final. A distribuição até que chegou cedo aqui nesse mês, dia 6 de outubro, muitas vezes chegam depois do dia 10. O preço das revistas desanimam, estão muito caras, desde maio de 2020 tiveram reajuste com R$ 6,90 as com formato canoa e R$ 7,90 as com lombada, ficando cada vez mais difícil leitores comprarem.
A capa foi especial, bem caprichada e um trabalho sensacional de ser toda formada só por elementos com 60 referências da trajetória do Cebolinha de todos os tempos. A revista não tem frontispício de apresentação, já começa com a história normalmente. A história de abertura se chama "Cerebrolinha" comemorativa aos 60 anos do personagem.
Na trama escrita por Flavio Teixeira de Jesus e com 30 páginas no total, Cebolinha perde a memória após levar coelhada da Mônica e, para ajudar a voltá-lo ao normal, Louco e Mônica entram no cérebro do Cebolinha para resgatarem as suas memórias. Eles percorrem todo o cérebro, interagindo com os neurônios e células com o compromisso de encontrarem o cofre com todas as lembranças e memórias do Cebolinha, mostrando também durante a história algumas referências de histórias ou fatos passados lá no cérebro dele.
Trecho da HQ "Cerebrolinha" |
Durante a história tem várias notas de rodapés, explicando sobre o que são DNA, neurônios, dopamina, etc. Até o que é desvio fonológico explicaram nos rodapés. Em outros momentos eles explicam as funções do corpo nos próprios diálogos entre eles, como função dos neurônios de trabalho, de curto prazo e de longo prazo, como são feitas as sinapses, etc.
Nesse ponto ficou uma leitura cansativa e conteúdo educativo bem estilo da revista "Saiba Mais". Por outro lado, com um roteiro assim de vasculhar cérebro e dependendo da idade da criança lendo, fica complexo mesmo para elas saberem o que se tratam os termos falados e aí precisaram foram precisos os rodapés ou diálogos explicando para terem uma noção e aproveitaram para ter um lado educativo que eles tanto gostam atualmente. A sinopse até lembra a história "A memória perdida" de 'Cebolinha Nº 91' (Ed. Panini, 2014) em que o Cebolinha entra no cérebro do Franjinha. Também tiveram rodapés mostrando título e fonte das revistas das histórias mencionadas nos diálogos. Os traços muito digitais, com cuidado de ser tudo bem perfeitinho e milimétrico, as expressões estáticas dos neurônios do Cebolinha no estilo "copiar/colar", não gosto de desenhos assim.
Trecho da HQ "Cerebrolinha" |
Em relação às referências de fatos antigos foram poucas faladas durante a história. Como teve mais foco de falatórios entre Louco e Mônica e entre eles e os neurônios dentro do Cebolinha e explicações das partes do cérebro, então as referências foram apenas citadas rapidamente nela. As referências de uma só vez apareceram mais no final, que foram algumas das mostradas na capa.
Foram mostradas referências não só de revistas do Cebolinha, mas também de fatos que aconteceram com ele sem ter sido em suas revistas. Com isso, mostram coisas de tiras dos anos 1960, de Turma da Mônica Jovem, filmes de animação, Cebolinha Toy, etc. E estão inclusas, personagens comuns que apareceram em várias edições como o Floquinho, o Capitão Feio e os seres de esgoto, Anjinho, etc. Eu achei bom ter menção a toda trajetória do Cebolinha, não ficar restrito só às suas revistas, podiam também ter colocado no lugar alguns vilões ou personagens de uma só história que foram marcantes.
Nas páginas 78 e 79 tiveram uma seção mostrando os 60 elementos da capa. Como já dito, capa é toda formada por elementos de todas as fases, inclusive o Nº 60 é uma referência aos seres da história "Emoções Bárbaras" (CB #121, de 1983) e até a roupa que ele usa é a mesma da capa de 'Cebolinha Nº 100', de 1981. Percebe que teve mais destaque coisas dos anos 1970, poucos anos 1990 e bem considerável os da Panini. Algumas de cara a gente percebe do que se trata tais elementos como o Bicho-Papão (CB # 17, de 1974), a Galinha de Troia (CB # 65, de 1978), Balas Bilula (CB # 29, de 1989), carrinho de rolimã da história "De volta para a historinha" (CB # 60, de 1991). Já outras custamos a perceber, mas dá para lembrar ao ver as fontes de cada uma mostradas nas páginas dessa seção. É bom que a gente pode ficar adivinhando quais que lembra. Só na simbolização da história "O Deus Cebola" (CB # 155, de 1985) que podiam ter colocado o Diabão no lugar do Anjinho em cima do planeta Terra, mas como não pode ter mais Diabos nas revistas, ainda mais em uma capa, aí fizeram essa adaptação. E o primo Abobrinha (CB # 75, de 1993) na foto desenharam errado como foi originalmente, podia ao menos ter um boné ou ter colocado formato da cabeça real dele na história.
Trecho da HQ "Cerebrolinha" |
Já o resto da revista, chama a atenção de ter praticamente só histórias do Cebolinha e de secundário só do Rolo. Apesar da história da Marina ter crédito dela no título, mas teve presença do Cebolinha o tempo todo e até considero como história dos dois. Geralmente tem misturas de histórias do Cebolinha com as de secundários nas revistas dele, nem lembro quando vi só com histórias dele, é mais fácil encontrar revistas com mais histórias de secundários e quase nenhuma do Cebolinha do que só com histórias dele. Provavelmente foi também em homenagem aos 60 anos do personagem.
Observando as histórias, em "O presente", de 2 páginas, o pai do Cebolinha, Seu Cebola, dá um carrinho caminhonete movido a controle remoto ao filho. Interessante observar os personagens seguindo o estilo de cotidiano da vida atual, com Cebolinha brincando com joguinho em smartphone, afinal quase todas as crianças tem um hoje em dia, e a Dona Cebola conversando com alguém em um smartphone em vez de telefone fixo. Traços digitais ficaram bem feios, personagens sem vida, expressão estáticas, que desanima.
Em "Eu estou sem ideias para planos infalíveis", de 4 páginas, Cebolinha fica sem inspiração para criar um plano infalível contra a Mônica e o Louco tenta ajudá-lo com lição de moral no final. Os traços de PC ficaram horrorosos, conseguiu ser pior que a história anterior do presente. Os personagens pequenos, expressões do estilo "copiar/ colar" bem nítidos, como dá pra comprovar no primeiro e terceiro quadrinhos dessa página com o desenho do Cebolinha igual só mudando um pouco a proporção e inserindo uma boca diferente no terceiro quadrinho, e ainda o Cebolinha ficou deformado e bem gordo do jeito que fizeram. Constrangedor.
Trecho da HQ "Eu estou sem ideias para planos infalíveis" |
Depois das páginas de seções de cartas e passatempos, vem "Filho de peixe", com 5 páginas, em que o Cebolinha fica indeciso se vai passear com o Floquinho ou jogar bola com os amigos. Os traços não foram bons também e chama a atenção de agora de colocarem boca no Floquinho para demonstrar a emoção do cachorro, se está rindo, está triste, com raiva, etc. Achei estranho isso, era bem melhor o mistério que tinha antes de qual lado era a cabeça dele e qual era a cauda, pessoas com dúvida e fazendo bullying se era cachorro ou não. Era muito raro aparecer boca nele nas antigas e mesmo assim só quando precisava demonstrar alguma emoção que ficaria sem sentido se não tivesse, agora boca em todos os quadrinhos descaracteriza muito uma mudança assim.
Trecho da HQ "Filho de peixe" |
Em seguida, vieram histórias mais simples. Em "Sem sono", de 4 páginas, Cebolinha fica com insônia e faz de tudo para poder dormir. Em "Planos", de 1 página, ele mostra um plano infalível contra a Mônica para o Floquinho participar. Nessa até que o Floquinho aparece sem boca por causa da posição que estava, mas com a onomatopeia no final dá para saber onde é a sua cabeça, não ficou o mistério de onde era. Já em "Chora, não", de 6 páginas, Cebolinha chama a Marina até sua casa para ela fazer a Maria Cebolinha parar de chorar desenhando bonecos reais com o lápis mágico.
"Juntos em Veneza", de 7 páginas, do Rolo, é a única história da revista com secundários, sem ser do Cebolinha. Rolo está trabalhando como vendedor e passa sufoco com uma cliente que queria comprar banheira de hidromassagem. Embora até tem um jeito atrapalhado, nunca consigo acostumá-lo com esses traços, com os desenhos antigos com cabelo de flor ficaria bem melhor. Fazia tempo que não comprava revista que tinha história solo dele.
Trecho da HQ "Juntos em Veneza" |
A revista termina com "Faça um pedido", de 8 página, sobre aniversário do Cebolinha. Nela, Cebolinha pede, ao assoprar velinhas para cortar o bolo de aniversário, um desejo de ganhar o Filisteu, um coelho de pelúcia com a força de 50 "Sansões" para derrotar a Mônica. E, assim, ela, com medo, faz de tudo para desejar desfazer o pedido dele e enquanto ele pedia para desfazer os pedidos dela, com mensagem bonita no final.
A de abertura, embora comemorava 60 anos do personagens, não é propriamente uma história total de aniversário, aí festa de aniversário típica dos seus 7 anos, como fazem questão de ter todo ano, ficaria de fora se não colocassem essa no final. E achei nada a ver a personalidade da Mônica com medo de enfrentar um "Felisteu", nas histórias antigas ela enfrentaria sozinha um exército de "Filisteu" na surra sem medo nenhum. Definitivamente, descaracterizam demais a Mônica atualmente, conseguiram estragar com a personagem.
Trecho da HQ "Faça um pedido" |
A revista termina com uma tirinha normal com Cebolinha, sem ser de aniversário. E na contracapa teve uma propaganda especial em homenagem aos 60 anos do Cebolinha. Até que ficou legal essa propaganda.
Propaganda da contracapa em homenagem aos 60 Anos do Cebolinha |
Achei uma revista razoável, podia ser melhor a comemoração, com menos conteúdo didático, mais referências e comentários às histórias antigas e podiam caprichar mais nos traços, sem deixar tão digital. Pelo menos a comemoração dos 60 anos do Cebolinha não passou em branco. Embora nessa edição não teve as terríveis caretas, mas os traços como um todo bem fracos e digitais do estilo "copiar/ colar" e letras digitais que estragam com as revistas. Vale se quiser ter edição comemorativa na coleção dá para comprar. Fica a dica. As outras revistas do mês não vi nada de mais e não comprei, então sem resenha delas.
Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2020/10/cebolinha-n-66-panini-cebolinha-60-anos.html
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