Começa com Zé Lelé chorando muito e falando com o Chico Bento que morreu o seu amigo Aristides Bereba, o consertador de rodas de carroça, caiu do precipício e não sobrou nada, era muito legal, pois vivia emprestando uns trocados. Ao lembrar disso, Zé Lelé se pergunta por que estava chorando e fica feliz porque agora não precisa pagar e tudo tem seu lado bom, como dizia sua vó. Chico fala para ele não dizer um absurdo daquele porque o morto vem puxar o pé dele de noite. Zé Lelé fala para esquecer o que falou e diz que o enterro é hoje de tarde.
Na hora do enterro, Padre Lino comenta que estão reunidos para se despedir do Aristides Bereba que perdeu a vida ao cair do Precipício do Corvo Manco e só restou o sapato. Um senhor comenta que Aristides estava correndo atrás da roda da sua carroça que soltou, e chora que ainda estava devendo o último conserto e foi tudo culpa dele. Padre Lino diz que foi vontade divina e só podem agora rezar pela alma dele. Assim, continua a cerimônia e tem o enterro do sapato que sobrou, pois não encontraram o corpo do Aristides.
Quando acaba o enterro, Chico chama o Zé Lelé, aparentemente cabisbaixo, pra ir embora, só que ele estava é dormindo em pé. Chico reclama que é uma falta de respeito dormir no enterro. Zé Lelé fala que foi porque o padre fala devagar e Chico reclama que ele ainda dizia que era amigo do morto e que vai puxar o pé dele de noite. Zé acha implicância e cada um vai para sua casa.
De noite, Zé Lelé reza para o pai-do-céu arrumar um bom cantinho para o Aristides. Quando dorme, ouve uma voz chamando "Zé Lelééé". Quando vê, era o fantasma do Aristides na janela e se assusta. Zé Lelé joga várias coisas em direção a ele e vai embora. Zé fica desesperado, lembrando que o Chico avisou que o morto ia lá para puxar o pé dele.
Depois, Chico está dormindo e surge uma voz chamando "Chicooo". Ele não acorda e aí puxa o pé dele. Era o Zé Lelé. Chico se assusta, pergunta como ele entrou lá no quarto e Zé Lelé diz que a janela estava aberta. Comenta que o fantasma do morto foi assombrá-lo. Chico acha que era pesadelo dele e Zé Lelé diz que era ele, todo branco chamando por ele e acha que foi assombrá-lo porque ficou devendo um Real, achando ainda pão-duro.
Zé Lelé quer que Chico vá ao cemitério com ele para entregar o Um Real que estava devendo para o morto pra ver se o deixe em paz. Chico não aceita, falando que foi Zé Lelé que irritou o morto, mas com a insistência dele, acaba indo porque não o deixaria em paz.
Chegando lá, Zé Lelé pergunta se Chico foi a cemitério de noite, comenta que é mais escuro de dia e pergunta se tem medo de escuro. Chico fica irritado e o manda calar a boca. Chico pergunta onde era o tumulo do morto e Zé não sabe. Ele vai para esquerda, para direita e acaba pisando no túmulo. Chico fala que agora que ofendeu o morto e manda colocar logo o dinheiro lá antes que o falecido acorde. Zé Lelé perde a moeda e eles vão procurar, cada um para um lado.
Zé Lelé ouve barulho de alguém cavando, pensa que é o Chico que achou e está cavando o túmulo para ele, quando vê o fantasma do Aristides. Ele se assusta e corre. Nisso, Chico havia encontrado a moeda e acaba esbarrando com o Zé Lelé. Ele disse que viu o morto e aponta pra ele. Zé corre e Chico desmaia. Aristides acorda o Chico e ele se assusta e pede socorro. Aristides fala que não morreu, está bem vivo. Quando rolou do precipício, caiu em um caminhão de cal, por isso estava branco, Já contou que estava vivo para os parentes, amigos e Padre Lino e quando ia contar para o Zé Lelé, ele se assustou e aí foi ao cemitério cavar a sepultura para recuperar o seu melhor sapato.
Zé Lelé volta com uma pá e quando eles estavam prestes a contar a novidade, bate com força na cabeça do Aristides para mandar o "morto" para o inferno. Chico avisa que ele não está morto e está vivo. No final, Aristides Bereba fica uma fera e corre atrás do Zé Lelé para bater nele, enquanto Zé Lelé grita que jura que paga o Real com juros e Chico torce para que não ocorra nenhuma tragédia.
Essa história é uma das mais engraçadas do Chico Bento, excelente história de terror e suspense. Zé Lelé pensa que o amigo morreu e resolve ir até o cemitério com o Chico para entregar o Um Real que estava devendo para o morto não puxar seu pé. Tem a ideia de quem debocha e falta de respeito com morto, ele vem de noite pegar seu pé e Zé Lelé ficou impressionado. Temas de assombrações e ficar na dúvida se alguém morreu ou não sempre são envolventes e histórias do Chico com Zé Lelé eram risadas na certa.
Foi de rachar de rir com Zé Lelé achar bom que Aristides morreu para não pagar a dívida de Um Real, ele dormir no enterro, o fantasma aparecer na janela e achar que queria puxar o pé, ele puxar o pé do Chico dormindo, os 2 em um cemitério de noite. Sempre rio alto nessas partes. Foi bom ver a cerimônia de enterro feita pelo Padre Lino e enterraram sapato porque não encontraram o corpo do Aristides quando caiu no precipício, eles bem que que podiam ter investigado e procurado corpo e não ter pressa de enterrar logo. Estava na cara que o Aristides não tinha morrido, mas a gente tinha que saber como se livrou.
Traços muito bonitos, típicos dos anos 90. Completamente impublicável em todos os sentidos. Envolver morte, Zé Lelé faltar com respeito do amigo morto, mostrar enterro, personagens em um cemitério sozinhos de noite, envolver religião de Espiritismo com espírito voltando para puxar pé, fora a violência do Zé Lelé batendo na cabeça do Aristides no final, hoje em dia violências com agressões, pauladas, soco na cara, etc, são proibidos nas revistas,e, inclusive fazem alterações nos almanaques redesenhando as cenas quando tinham violência nas originais. Palavras "Diacho!" e "inferno" também são proibidas e são alteradas atualmente nos almanaques.
O Aristides Bereba só apareceu nessa história, como de costume personagens secundários na época. Curioso a MSP sempre ter a ideia de roça e lugarejos antigos, com todos dormindo de janela e portas abertas despreocupados, sem risco de serem assaltados. Até com personagens da Turma da Mônica também aparecem sempre com janela aberta quando dormem sem medo de assalto. De fato, não eram assaltados, mas muitas vezes se davam mal com outro personagem amigo dele entrar enquanto estavam dormindo para aprontar. No caso aí especificamente, se Chico dormisse de janela fechada, o Zé Lelé não entraria para puxar o pé dele e nem chamá-lo para ir no cemitério.
Outra curiosidade foi a primeira história com a moeda Real no texto. A mudança para o Real foi em julho de 1994 e na história de novembro já haviam 4 meses de lançamento da moeda. Como os gibis são produzidos com uns 3 a 4 meses de antecedência, eles estavam produzindo bem na época do lançamento do Real. O valor que o Zé Lelé estava devendo para o Aristides era o preço da revista, bem insignificante, tanto que foi representado só por uma moeda (podiam também colocar uma cédula que existia), o que se tornou engraçado também. Foi muito bom relembrar essa história marcante no Dia dos Finados, tudo a ver.
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