Nas bancas a revista 'Cascão Nº 69' (2ª série) da Editora Panini. Comprei essa revista e nessa postagem mostro como foi essa edição.
Lançada em janeiro de 2021, custando R$ 6,90, com formato canoa, 68 páginas e com 12 histórias no total, incluindo a tirinha final. A distribuição chegou em um tempo normal que costuma nos últimos meses, chegando aqui no dia 9 de janeiro. Agora são poucas bancas vendendo gibis, muitas não estão vendendo mais ou até fecharam depois da pandemia de COVID-19.
A revista abre com a história "A banca misteriosa da praça da esquina", com 15 páginas e escrita por Lederly Mendonça. Surge uma banca-sebo no bairro do Limoeiro e Cascão faz amizade com o dono, o Seu Acácio, que era um senhor triste com o declínio de vendas de revistas em quadrinhos nos últimos anos e cada vez menos crianças interessadas em gibis e mais interessadas na tecnologia. Cascão resolve trocar suas revistas pelas do Capitão Pitoco que encontrou no sebo e o Seu Acácio acaba contando sua trajetória com o mundo dos quadrinhos.
Trecho da HQ "A banca misteriosa da banca da esquina" |
Seu Acácio, que andava amargurado por nem ter crianças mais querendo comprar gibis, acaba encontrando felicidade ao reler seus gibis antigos com o Cascão. Interessante que ao lerem os gibis, eles são teletransportados para dentro dos gibis e contracenam, além do fictício Capitão Pitoco, também com personagens clássicos dos quadrinhos nacionais e que tiveram revistas próprias no Brasil por um tempo.
Cascão e Seu Acácio contracenaram, então com personagens como o Menino Maluquinho e sua turma, Turma do Arrepio, Sítio do Pica-Pau Amarelo, O Pequeno Ninja & O Shaken Mascarado, Senninha e Turma do Lambe-Lambe. E a medida que iam aparecendo os personagens que fizeram história nos quadrinhos nacionais, o Seu Acácio ia se rejuvenescendo, até virar criança, encontrou a sua criança interior relendo a sua coleção. Cascão foi lembrado com a capa da sua revista Nº 1, da Editora Abril de 1982, os traços do Seu Acácio lembra o Alan Moore, escritor de histórias em quadrinhos e o pai do Seu Acácio ficou representado como o Ziraldo, outra grande homenagem da edição.
Os personagens homenageados foram desenhados ao estilo da MSP, não foram os próprios escritores originais que desenharam, mas vale a homenagem e terem sidos lembrados. Traços também não ficaram ruins, teve até um enquadramento de 6 quadrinhos por páginas, que costumavam ter nas histórias de abertura da Rosana Munhoz nos gibis antigos.
A história mostra reflexão sobre o mercado dos quadrinhos atual, cada vez menos crianças interessadas em ler gibis, só se interessam por celulares e jogos eletrônicos. E a situação piora agora com a pandemia de COVID-19 onde várias bancas passaram a não vender mais gibis e algumas até fecharam, principalmente as bancas de shoppings que tiveram que ficar fechadas na quarentena. A história teve final feliz, mas serve para refletir como vão ser os quadrinhos no futuro com cada vez menos gente comprando. Teve também crítica aos gibis de luxo caros com o Cebolinha querendo Ursinho Bilu em capa dura e no sebo do Seu Acácio não tinha, só revistas antigas simples e sem luxo. E também serviu de homenagem ao "Dia dos Quadrinhos Nacionais" comemorado no dia 30 de janeiro.
Trecho da HQ "A banca misteriosa da banca da esquina" |
O resto do gibi segue o estilo atual com traços digitais, muito "copiar/colar", e roteiros voltados ao politicamente correto e transmitindo boa mensagem e lição de moral. A grande novidade nos gibis da MSP é que desde novembro de 2019, em quase todas as histórias tem um texto "Mauricio Apresenta" junto com o título principal. Intenção é ter isso em todas as histórias, quando não tem é esquecimento. Creio que fizeram isso para destacar que são revistas do Mauricio de Sousa, já que agora tem créditos de roteiristas em todas as histórias. Uma ou outra ter isso até que nada ruim, pelo menos histórias de abertura ou especiais ter, tudo bem, estranho é todas as histórias mostrar isso.
Histórias com secundários foram com Bidu de 2 páginas e duas historias da Turma do Penadinho (uma com Dona Morte e outra de 1 página com Penadinho, Zé Vampir e Muminho). Dessa vez, depois de muito tempo, seguiu o estilo das revistas antigas de ter histórias de secundários só deles em gibis do Cascão.
De destaques, a história "Um amigo para o Dudu" em que o Dudu perturba o Cascão pra ler história do Ursinho Bilu para ele com lição de moral no final. Mais uma vez teve o Cascão envolvido como colecionador de gibis antigos para doação na mesma revista, é uma característica mais frequente agora já que é raro ter histórias com ele com medo de tomar banho e de água.
Trecho da HQ "Um amigo para o Dudu" |
Em "Escolhas", Dona Morte mata um passarinho porque um menino atingiu o passarinho com uma pedrada em um estilete. Só que o menino se arrepende profundamente, tendo uma bonita e emocionante mensagem no final. Embora ser o estilo de lição de moral predominante hoje em dia, até que deu pra se sensibilizar com a história, gostei dela. Essa foi a única que não teve "Mauricio Apresenta" no título, assim como a outra de 1 página da Turma do Penadinho.
Trecho da HQ "Escolhas" |
Em "Doação de bolas", Cascão resolve doar suas coleção de bolas velhas para os seus amigos. Mais uma vez Cascão envolvido com doações de sua coleção. E agora anda frequente presença do Dudu brincando junto com o Binho (irmão da Milena) e a menina Tati, que tem Síndrome de Down. Ela estreou nos anos 1990 apenas em revistas institucionais e agora tem aparecido com frequência nos gibis convencionais. Teve participação também do Manezinho junto com a Turma do Bermudão (Titi e Jeremias) e o André, o menino autista, que também veio de revistas institucionais e agora está fixo nos gibis.
Trecho da HQ "Doação de bolas" |
Em "Fobias", Cebolinha ensina palavras de tipos de fobias para o Cascão. Já em "Meus primeiros sapatos", Cascão é obrigado pela mãe a usar sapatos, só que eram desconfortáveis e pesados pra eles. Esse sapato ficou bem moderno, parecendo tênis. Bom que não teve bobagem citando que eles usam meia de cor de pele em vez de dizer que estão descalços. Não duvido que algum dia passem a colocar sapatos e tênis em todos os personagens, implicando que é errado andar descalço nas ruas. Nessa página que destaquei, ilustra o Mauricio Apresenta no título das histórias como mencionei antes.
Trecho da HQ "Meus primeiros sapatos" |
Ainda teve histórias curtas de 1 ou 2 páginas com Bidu, Turma do Penadinho e Cascão. A revista termina com a história "Cangambá" em que o Chovinista fica implicando com o cheiro de um gambá , se assustando e jogando perfumes e flores no ar para não sentir o cheiro e perfumar o ambiente. O Chovinista atual não suporta sujeira e fedor e fica limpando e jogando flores em tudo que vê pela frente, bem diferente do antigo Chovinista que vivia sujo que nem o Cascão. Mudaram muito o porquinho do Cascão. Nessa história teve bastante caretas horríveis que desanimam.
Trecho da HQ "Cangambá" |
É um gibi normal, com destaque maior à história de abertura mais caprichada e com homenagem aos outros personagens clássicos dos quadrinhos nacionais, que foi o que me motivou a comprar. Continuam com o foco maior no lado educativo do que só entreter. E percebe Cascão sem estar envolvido com medo de banho e sujeira, são histórias de outros tipos como coleção de gibis e brinquedos com mais destaque. As outras revistas do mês não comprei, de destaque maior foi presença do papagaio Palestrino em uma história do Mingau com Bidu na revista da Magali. Palestrino foi papagaio da Tina e seu irmão Toneco no início dos anos 1970 e ficou esquecido pela MSP, seria mais interessante aparecer em história com a Turma da Tina. Fica a dica.
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