A revista 'Cebolinha' atinge a marca histórica de 600 edições lançadas no Brasil neste mês de junho de 2022 e nessa postagem mostro como foi essa edição que está nas bancas.
A revista 'Cebolinha' foi lançada em janeiro de 1973 pela Editora Abril e juntando todas as séries de todas as editoras que passou (Abril, Globo e Panini), essa edição "Nº 16" da 3ª série da Panini é a verdadeira "Nº 600", levando 49 anos para atingir essa marca. É o quarto personagem da MSP a alcançar essa marca, depois de Cascão, Chico Bento e Mônica.
Só que a edição não teve nada de especial comemorativa, foi uma edição absolutamente normal do início ao fim, apenas um selo de 600 edições na capa, colocado de última hora, já que a divulgação inicial da capa na internet nem esse selo tinha. Não teve nem um frontispício na página 3 parabenizando o personagem pelo feito, ficou em branco.
Capa original divulgada em site da Panini, sem selo de "600 edições" |
Na Panini, eles estavam investindo em edições comemorativas a cada 100 edições reais juntando todas as editoras, começando em 2011 pela Mônica #500, além de Cebolinha #500, em 2014, Magali #500 em 2015 e Cascão #700 em 2016. Chico Bento #700, de 2016, não teve história comemorativa especial, mas pelo menos teve uma capa variante comemorativa, agora com Cebolinha #600, nem isso.
Não pode dizer que um título chegar ao "Nº 600" não seja especial porque a Mônica #600, de 2019, foi comemorativa. Com Mônica tem comemoração de tudo, os outros personagens, não. Acho que ou tem comemoração para todos os personagens ou para nenhum, não deixar privilégio só pra um. Aí volta como era na Editora Globo onde essas edições redondas juntando todas as editoras não eram comemorativas. Mas não tinham porque nem se lembravam que eram edições redondas fora que a Globo não gostava muito de referência a outras editoras. Agora na Panini que já sabiam da marca histórica, não fizeram porque não quiseram.
Verdadeiras Cebolinha Nº 100, 200, 300, 400, 500, 600 [CB #100 (A-1981), #32 (G-1989), #132 (G-1997), #232 (G-2005), #86 (P-2014), #16 (P-2022)] |
Comprei essa edição só para ter a "Nº 600" na coleção, compraria tendo comemoração ou não, até porque comprei os números redondos da Globo dos anos 2000 em sebos, tanto as redondas da própria editora quanto as verdadeiras redondas juntando as editoras Abril e Globo, além das do Cascão e Chico Bento #600, de 2008, já na Panini, em seus números 19 (essas também passaram em branco, por ser antes de adotarem a sacada em 2011), assim que descobri quais foram por não colecionar mais na época.
Expediente final mostrando também a numeração real da revista |
Falando, então, sobre essa edição 600 normal, tem 84 páginas, formato canoa, custando RS 9,90, com 11 histórias, incluindo a tirinha final, e seguem com "Mauricio Apresenta" no título de cada uma. Histórias de secundários foram com Nimbus e Do Contra, Bidu e Rolo. A capa com logotipo em HD e com alusão à história de abertura com extensão na contracapa para justificar preço, código de barras, QR Code e selos não aparecerem na capa principal.
Capa com desenho se estendendo na contracapa |
A história de abertura foi "Pequenos pedidos mágicos" escrita por Edson Itaborahi e com 19 páginas. Nela, Cebolinha encontra uma garrafa enterrada no seu quintal e descobre que nela vivia um Gênio para satisfazer seus desejos e por conta dos seus pedidos, Cebolinha aprende uma lição no final. A maioria das histórias agora têm personagens aprendendo lição, sendo ensinado alguma coisa e essa não foi diferente. Nessa, inclusive, nem teve uma piadinha final, foi só Cebolinha praticando a lição que aprendeu com o Gênio.
Trecho da HQ "Pequenos pedidos mágicos" |
Durante a história o Gênio vai mudando de roupa e indo a um lugar diferente após cada pedido concretizado para o Cebolinha. Agora os personagens não aparecem mais surrados e com olho roxo. Quase não apanham e quando acontece não ficam macucados para não dar pena de ver personagens surrados e não estimular violência exagerada.
Vemos que agora o Floquinho aparecendo com boca e expressando emoções e todos os quadrinhos e assim a gente sabe o lado está sua cabeça. Preferia como era antes do mistério de qual lado era a cabeça dele, deixando expressões só em alguns quadrinhos indispensáveis para isso. Os traços digitais ficaram feios, nunca ficam bem assim.
Trecho da HQ "Pequenos pedidos mágicos" |
Em seguida vem "O mais vivo ganha", de 7 páginas, em que Cebolinha, Mônica e Cascão brincam de mortos-vivos e Cebolinha tem que se virar para pode ir ao banheiro sem que Mônica e Cascão como mortos-vivos não o peguem. Traços digitais extremamente horrorosos nessa.
Trecho da HQ "O mais vivo ganha" |
Depois 3 histórias simples do Cebolinha, duas seguidas com 1 página e uma história com com 2 páginas, e, em seguida, história "Minha vez", com 6 páginas, com Nimbus e Do Contra brincando de cartas e Do Contra jogando com suas próprias regras do jogo.
Depois vem Bidu com "O Problema do Zé", com 5 páginas, em que Zé Esquecido tem problema de confiar no que os outros dizem e acaba se dando mal e Bidu ensina uma lição para o amigo. Lado educativo não pode faltar agora nos gibis. E Zé Esquecido sem a característica certa esquecer as coisas achei meio descaracterizado. Lembrou de muitas coisas passadas com ele, história se encaixaria mais com Duque ou um cachorro figurante.
Já em "Achados e perdidos", de 8 páginas, o Louco aparece no quarto do Cebolinha enquanto ele está procurando seu bonequinho do Capitão Pitoco e o Louco faz Cebolinha ajudar a procurar também suas coisas como sua cabeça, sua mão direita, seu bigode, entre outros. Chama atenção do Louco agora ser bem mais íntimo do Cebolinha e o chamando de "Cenourinha" até com grande frequência.
Trecho da HQ "Achados e perdidos" |
Em "Medo de barata", de 11 páginas, Rolo trabalha como dedetizador de insetos e ajuda a Vovoca a matar uma barata na casa dela, sedo que sofre para conseguir matar a tal barata, até porque ele tinha medo dela também. Agora estão investindo histórias do Rolo com um emprego novo a cada história e passando por situações atrapalhadas e constrangedoras nos trabalhos. Como ele não pode mais namorar, ser paquerador, pegar várias mulheres na mesma histórias por causa do politicamente correto, aí deixaram essa nova personalidade para ele.
Trecho da HQ "Medo de barata" |
O gibi encerra com "O brinquedo dos meus sonhos", com 9 páginas, em que o Cebolinha tenta realizar o seu maior sonho de ter um balanço de pneu na árvore para poder pular no laguinho, sendo que tem que improvisar um laguinho com uma piscina com a ajuda do Cascão. Descobrimos que Cebolinha dá nome a todos os seus brinquedos, pneu, bola, piscina, etc, tudo tem nome.
Trecho da HQ "O brinquedo dos meus sonhos" |
Na tirinha final, curiosamente, teve tema de aniversário do Cebolinha, fora do mês de outubro, que é oficial de seu aniversário. Fazia muito tempo que não tinha conteúdo de aniversário fora do mês oficial, só quando os personagens não tinham datas de aniversário fixas que aconteciam isso de qualquer mês de ter algo de aniversário deles. E curiosamente em uma propaganda institucional com parceria da SEBRAE, com a Magali, erraram colocando Magali falando "Tina Nena" no lugar de "Tia Nena". Tem várias propagandas com histórias assim nos gibis na missão de ensinar as coisas.
Propaganda Institucional SEBRAE |
Então, foi um gibi absolutamente normal para os padrões atuais, bem voltado ao lado educativo, personagens aprendendo lições, sem grandes conflitos e sofrimentos e traços e letras digitais que ficam bem feios. Dava para ter algo comemorativo para as 600 edições, se não quisessem história especial para não ficar repetitivo estilo de referências antigas, podia ter pelo menos uma capa especial ou um aviso na página 3, nem isso tiveram. Não é sempre que um título de quadrinhos consegue uma marca histórica de 600 edições, não merecia ficar em branco.
Magali será a próxima a chegar em na edição 600 em maio de 2023, que vai coincidir com o seu aniversário, vamos ver se com ela vão fazer algo especial, mas se com Cebolinha não fizeram, não tenho esperança com Magali. E em outubro de 2030, será Cebolinha #700 que vai coincidir com os 70 anos de criação dele e aniversário dele nos gibis e aí vamos ver se terá comemoração e, se tiver, se vai ser à altura que merece. Aguardemos. Os outros gibis de junho de 2022 não comprei, então a resenha foi só desse do Cebolinha.
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