Mostro uma história do Horácio em que a Lucinda encontra um outro pretendente amoroso e Horácio atrapalha. Com 6 páginas, foi publicada originalmente por volta de 1979 e republicada em 'Almanaque do Chico Bento Nº 16' (Ed. Globo, 1991).
Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 16' (Ed. Globo, 1991) |
Escrita por Mauricio de Sousa, começa com a Lucinda comentando com sua prima que o Horácio precisa vencer a timidez, sabe que gosta um pouco dela, mas sem coragem para confessar e enquanto o tempo passa, se sente mais solteirona. A Prima diz a Lucinda que é jovem, que só pensa e fala no Horácio desde que se entende por gente, e que se esqueceu de que há outros jovens no mundo, quando aparece o Chiquinho Cuocossauro, um dos dez mais, verdadeiro pão.
Chiquinho Cuocossauro cumprimenta Lucinda como garota de lindos olhos sonhadores e pergunta por onde ela andou que não a conhecia. Lucinda, sem jeito, diz que por aí, enquanto a Prima comenta que ele reparou nela. Chiquinho convida Lucinda para irem até o lago para conversarem, um lugar mais romântico e a Prima comenta que reparou demais.
A princípio Lucinda resiste um pouco dando desculpas que tem que voltar para casa de noite e sua prima está sozinha, Chiquinho responde que a acompanha até sua caverna e que a prima vai se desculpar. Lucinda recusa, mas volta atrás ao ver Horácio chegando, como forma de fazer ciúmes a ele. Horácio fala que também vai ao lago e Chiquinho pergunta por que ele não procura outro lugar para passear.
Horácio fala que vai lá para pegar alfacinhas que tem lá. Chiquinho diz que colheram todas as alfaces de lá. Logo, Horácio vê alface lá e pensa que ele estava brincando. Chiquinho leva Lucinda para o alto das pedras para ficarem a sós e Horácio vai atrás, falando que adora ver belas passagens e come alface ao lado deles, atrapalhando o namoro.
Chiquinho Cuocossauro manda Horácio comer em outro lugar, Horácio diz que não porque gostou do lugar e da paisagem e Chiquinho fala que não vai gostar quando fazê-lo rolar para baixo. Horácio desvia, fazendo Chiquinho cair. Lucinda acha que ele ia se arrebentar lá embaixo e Horácio diz que ferimento maior é no seu orgulho. No final, Horácio oferece alface para Lucinda e ela pensa que um dia ele larga a alfacinha e vai ver a lua com ela.
História legal em que a Lucinda conseguiu um pretendente para esquecer a sua paixão pelo Horácio. A princípio recusa, mas aceita depois para fazer ciúmes para o Horácio, que acaba indo atrás deles para estragar o namoro. A prima estava certa de que se Horácio não se decidia, Lucinda tinha que arrumar um namorado para esquecê-lo, mas ela só tinha olhos para o Horácio e mais ninguém. Chiquinho Cuocossauro até se esforçou, mesmo que Horácio não atrapalhasse, Lucinda não o namoraria.
Dessa vez foi retratado que o Horácio gostava dela, mas não tinha coragem de se declarar. Ele também pode ter atrapalhado o namoro, achando, pressentindo, que o Chiquinho não tinha boas intenções com a Lucinda, vai de interpretação de qualquer um. Aliás, nunca teve uma padronização, Mauricio colocava de acordo como seria melhor para o roteiro, e, assim, as vezes, Horácio queria nada com ela, muito menos casamento, as vezes era inocente e não se tocava que Lucinda gostava dele.
A Lucinda conversou com uma prima, sem nome revelado, em vez da sua amiga Simone, talvez Mauricio preferiu prima para dar ideia de que conhece a Lucinda há muito mais tempo. Até parecida com Simone, só que a prima sem lábios e mais alta que Simone. A grande sacada foi a paródia do ator Francisco Cuoco, galã da época e paquerador nas novelas, representado pelo Chiquinho Cuocossauro, um dinossauro paquerador. Chiquinho, inclusive, também ficou desenhado bem parecido com a prima da Lucinda, só que mais alto. Tanto a prima da Lucinda e o Chiquinho apareceram só nessa história, como era comum presença de personagens secundários aparecerem só uma vez.
Foi uma história de humor normal, sem mostrar Filosofia e reflexão, característicos das histórias do Horácio, o que ajudou a diferenciar. Filosofia ficou apenas em uma frase do Horácio no final que o ferimento maior no Chiquinho é no orgulho. Mauricio também gostava de colocar uma linguagem mais formal em suas histórias, depois com outros roteiristas isso foi abandonado, dando preferência a uma linguagem informal. Ainda assim, teve uma gíria, quando a prima falou que o Chiquinho era um pão, hoje uma gíria datada.
Os traços ficaram bons, seguindo estilo de final dos anos 1970 com bochechas mais pontiagudas ainda. É incorreta atualmente por envolver namoro e ciúmes, fora o Chiquinho cair do alto das pedras podendo se machucar. Parece ser história produzida especialmente para gibi sem ter saído antes em tabloides de jornal, já que normalmente Mauricio fazia histórias seriadas para tabloides de jornais de São Paulo e depois eram republicadas nos gibis para todos conheceram e não só os paulistas.
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