Capa de 'Mônica Nº 68' (Ed. Globo, 1992) |
Em agosto de 1992, há exatos 30 anos, era publicada a história "Noveleira, eeu?!" em que a Mônica se torna noveleira e os meninos se aproveitam disso para fazer plano infalível para conseguirem o Sansão. Com 13 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 68' (Ed. Globo, 1992).
Cascão está brincando com lama, quando ouve Mônica falando com a Magali que hoje vão matar o Jorge Dateu e quem vai matar é o Cândido Alergia. Cascão fica desesperado e diz para Mônica que eles têm que impedir de o matarem, têm que avisar à polícia e os bombeiros e pergunta quem é Jorge Dateu. Mônica grita que é personagem da novela das oito, "Tijolo sobre Tijolo".
Cascão fala que não ia saber, ela falava como se fosse alguém de verdade e pergunta como ela sabe o que vai acontecer se o capítulo de hoje não passou. Mônica responde que lê todas as revistas sobre novelas, "Inimiga", "Quinzenário" e "Cãotigo". Cascão fica surpreso que ela lê o que vai acontecer e assiste depois.
Mônica confirma e conta que sabe que em "Melindrosas peruas", a máfia vai raptar a Tuba, em Feliz Cidade", Melena vai se declarar para o Chico Brega e em "Carroção" terá tragédia de Birilo tirar zero em comportamento. E ainda assiste às reprises de "Estranha Banha", "A grande mãe" e "Sabe tudo". Cascão se espanta em ela assistir a tudo aquilo e Mônica diz que assistir novelas está na moda. Cascão fala que tudo tem limite, ver tanta novela pode fazer mal, não sobra tempo para nada, só pensa e fala nisso.
Mônica vai embora com a Magali e comenta cenas de novelas sem parar. Magali interrompe, dizendo que Cascão tem razão, só fala de novela, novela, não tem quem aguente, e vai embora. Mônica fala que pode ir, que como diria a Marem da novela das 8, "Me economize, tá!". Ela vê relógio marcando 5 horas e corre para casa para assistir novela.
Enquanto isso, Cascão conta para o Cebolinha que a Mônica está viciada em novelas, lê o que vai acontecer nas revistas e depois assiste e Cebolinha tem ideia de um plano infalível contra a Mônica. Depois, Mônica termina de assistir uma novela e vai até a janela, quando vê o Cascão disfarçado de vendedor de revistas, anunciando a revista "Telefofoca" com todos os finais de novelas.
Mônica fica interessada e pergunta a ele se é verdade e quanto custa. O vendedor diz que é cinco mil cruzeiros. Mônica diz que preço está meio salgado e ele diz que é o último número. Mônica deseja comprar e Cebolinha aparece, mandando vender para ele, que vai pagar 10 mil. Mônica estranha e Cebolinha diz que é um garoto moderno. Mônica diz que vai vender para ela porque chegou primeiro e o vendedor diz que com ele vende para quem pagar mais.
Mônica e Cebolinha fazem leilão, um pagando mais que o outro, mas Cebolinha ofertando 100 mil é muito para a Mônica, que desiste e nem acredita que tem revelações incríveis. O vendedor diz que é o final de todas as novelas. Mônica diz que alguma vão levar meses para acabar. Cebolinha diz que vai saber os finais antes de todo mundo e Mônica se ajoelha, implorando para vender revista pra ela.
O vendedor diz que adora bichinhos de pelúcia, Cebolinha diz que ela tem um coelhinho de pelúcia e ele não. Mônica dá o Sansão em troca da revista e os meninos comemoram, sem o coelhinho, a Mônica perde a moral é o começo da queda.
Depois, Magali se espanta que Mônica trocou o Sansão por uma revista de novelas e diz que a amiga está bitolada. Mônica diz que vai se maneirar na próxima e resta ler os finais, estranhando que revista foi escrita à mão. Ela lê que em "Tijolo sobre Tijolo", Leosnado vira vendedor de pipocas e Marilda fica para Titia; em "Melindrosas Peruas", todo mundo vira gângster no final; em "Feliz Cidade", João fica sabendo que o jardineiro é seu pai e que, na verdade, ele é o super-homem; em "Carroção", todos os alunos repetem de ano e a professora Melena se candidata à prefeitura.
Mônica reclama que os finais não têm pé nem cabeça e Magali diz que isso está cheirando a malandragem. Mônica vai procurar o vendedor e encontra Cebolinha e Cascão esticando e pisando no Sansão. Cebolinha diz que o vendedor emprestou o Sansão para ele e Cascão fala que o vendedor era ele, estragando o plano infalível. Mônica bate neles, pega o Sansão de volta e vai para casa, falando que se novelas tivessem aqueles finais ridículos, não valeria a pena assisti-las. Passam-se os meses e cada novela que vai acabando, aconteceu como os meninos escreveram na revista e Mônica se surpreende que eles acertaram todos os finais.
História muito engraçada com os meninos aproveitando que a Mônica era viciada em novelas, via todas e ainda lia o que ia acontecer antes nas revistas, para fazer um plano infalível para pegar o Sansão. Mônica entrega o Sansão para ler os finais de todas as novelas pelo vício falar mais alto, mas se toca que os finais eram absurdos e na confirmação do Cascão entregar o plano mais uma vez, bate neles e tem o Sansão de volta, só que tema surpresa no final de que eles acertaram todos os finais das novelas.
Foi tipo de história em que um plano acontece de imprevisto, só depois de um fato acontecido em vez de já ter algo planejado desde o início. Foi engraçado ver a Mônica noveleira, vidrada em todas as novelas e se passar por boba em acreditar que tinha revista com todos os finais de novelas divulgados com grande antecedência. Muito bom também o disfarce do Cascão como vendedor e absurdo de terem criado uma revista, mesmo que feita a mão, em tão poucos minutos, antes de praticarem o plano. Já os preços da revista do "vendedor" Cascão era mais cara, praticamente o dobro que um gibi da época, mas com oferta que o Cebolinha deu no leilão, mostrou que ele tinha muito dinheiro.
O que foi mais divertido ainda foram as paródias de nomes e personagens das novelas que estavam passando ou reprisando na Globo e no SBT em 1991 e 1992 e as das revistas. As paródias das novelas como "Tijolo sobre Tijolo" (Pedra Sobre Pedra), "Feliz Cidade" (Felicidade), "Melindrosas peruas" (Perigosas Peruas), "Carroção" (Carrossel) e reprises "A estranha Banha" (Estranha Dama), "A Grande Mãe" (O Grande Pai) e "Sabe Tudo" (Vale Tudo), de personagens como "Jorge Dateu" (Jorge Tadeu) e Melena (Helena), entre outros, e revistas "Inimiga" (Amiga), "Cãotigo" (Contigo) e "Quinzenário" (Semanário), todas com muita criatividade.
Interessante também a Mônica falar de cenas que realmente aconteceram nas novelas na televisão, quem assistiu na época, identificou bastante com o que passava na TV. Agora os finais mostrados pelos meninos não aconteceram de fato na TV, foi só na história para dar graça.
A história serviu como crítica a noveleiros viciados que ficam dia todo assistindo todas as novelas sem fazer outra coisa, tudo que é exagerado faz mal, e podiam se identificar lendo e refletir. E também aqueles que ficam meses assistindo determinada novela e ficam frustrados e decepcionados com final ruim e inesperado, que não imaginavam que iam ter aquele final.
Impublicável hoje por tema de novela não ser apropriado para crianças, ainda mais mostrando criança viciada em novela a ponto da Mônica abdicar o seu coelhinho de pelúcia de estimação para poder saber finais de novela antecipados. No máximo podiam colocar história com Tina ou Pipa assistindo novela, mas por ser gibi infantil, evitariam da mesma forma. Os planos infalíveis também não são mais perversos assim hoje, a ponto de meninos se aproveitarem de ponto fraco da Mônica para se darem bem e eles ainda aparecerem surrados e com olho roxo no final e o Cascão brincar com lama no início não pode mais também. E mudariam também em almanaques a TV de tubo por uma TV LED por não gostarem de objetos datados para dar ideia de que é história nova.
Os traços ficaram muito bem caprichados, só não gostei das cores mais escuras, já começando a ficar mais fortes e com outras tonalidades como o vermelho e o amarelo, por exemplo. Na capa da revista, foi estreia do núcleo "Os Amazônicos", mesmo que representados só como bonecos, e depois teriam presença em algumas histórias do Parque da Mônica a partir de 1993 por ter um brinquedo com tema deles no Parque, o "Brinquedinho", e na Editora Panini chegou a ter histórias solo de 1 página deles entre 2020 e 2021. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.
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