sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.103 - Cascão: HQ "Um aniversário sujão"

Capa de 'Cascão Nº 258' (Ed. Globo, 1996)

Postagem Nº 1.100 do Blog. Dia 25 de novembro é o aniversário do Cascão e em homenagem mostro uma história em que o Capitão Feio faz uma festa de aniversário para o Cascão para agradá-lo e fazer com que ele seja seu aliado nos seus planos de poluir o mundo. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 258' (Ed. Globo, 1996).

Cascão está animado com seu aniversário que será no dia seguinte, curte todos cumprimentando, dando "Parabéns" e pessoas que gosta ao seu redor. Dona Lurdinha o chama para jantar, ele pergunta pelo pai e a mãe diz que não chegou, ainda está no escritório, ultimamente tem muito trabalho. Cascão pergunta se o pai vai estar no aniversário amanhã e ela diz que não sabe, talvez, sim.

Cascão põe o pijama para dormir, reclama que parece que tem gente que não dá bola para aniversário, quando o Seu Antenor chega. Cascão levanta e pergunta se o pai sabe que dia é amanhã. Seu Antenor responde que é o aniversário do filho e Cascão pergunta se ele vem mais cedo para passar o dia com ele. Seu Antenor fala que não sabe a hora que virá por causa dos serões no escritório e põe o filho na cama.

No outro dia, Dona Lurdinha acorda o Cascão, lhe dá Parabéns. Cascão pergunta onde está o pai e ela diz que saiu cedinho para o escritório e não vem almoçar e vai chegar tarde, que nem os outros dias. Cascão vai pra rua, reclama que há uma semana o pai faz isso e não o mais vê. Senta na calçada triste, quando surge do bueiro o Capitão Feio e um Monstrinho de Sujeira.

Cascão não dá confiança, Capitão Feio pergunta se lembra das ideias deles de deixar o mundo sujinho e Cascão fala que não e nem quer saber, o aniversário está chato o bastante, está passando sozinho, a mãe até que se importa, mas o pai dá a mínima. Capitão Feio diz que não é para se preocupar, Cascão vai passar aniversário com ele, não na casa do Cascão, e o leva para o esgoto.

Lá, tinha uma festa de aniversário montada para o Cascão e os Monstrinhos de Sujeira como convidados. Cascão fica animado, pergunta pela comilança e só tinha resto de comida como casca de banana, maçã comida e espinhas de peixe. Monstrinho fala que foi o que conseguiram arrumar em três quadrinhos e Capitão Feio ordena trazerem pipoca, salgadinhos e refrigerantes, bem sujos. Cascão fala para o Capitão Feio não se preocupar porque não está com muita fome e, então, eles vão festejar.

Monstrinho dá um chapéu de lata velha e eles vão fazer a dança da sujeira: a música toca e vão se sujando e quando para, quem estiver menos sujo cai fora. Cascão fala que tem sujeira demais e até dá nojo nele. Então, resolvem dançar uma música acompanhados e aparece uma "monstra" horrorosa como par, que espanta o Cascão.  Depois, ele pergunta se não tem brincadeira mais suave como colocar rabo na mula, eles falam que não, mas tem a de enfiar dedo no nariz do porco, dando nojo ao Cascão.

Capitão Feio aparece reclamando do jeito que deixaram o aniversariante, têm que tratá-lo bem, se agradá-lo, ganha um aliado importante para conquistar o mundo e ri, causando estranheza no Cascão. Ele diz que estava se divertindo e Cascão fala que nem chegou animação da festa como palhaço, mágico, malabarista. Como nenhum Monstrinho se habilitou, Capitão Feio que se torna mágico, tentando transformar um lenço limpinho em eterna sujeira e ainda faz malabarismo cantando a música "É o Tchan!".

Apagam a luz e tem a surpresa de cantar "Parabéns" levando um bolo gigante de sujeira. Cascão diz que nunca viu tanta sujeira junta. Capitão Feio fala para assoprar velhinha e fazer um pedido e não se importaria se desejasse passar o resto da vida no esgoto, bolando planos para conquistar o mundo, sujeira e poluição porque ele não é como o pai que não se importa com o filho. Cascão pensa no Seu Antenor brincando com ele e grita pelo pai, com Capitão Feio pensando que tinha sido chamado de pai. Cascão foge para casa, Capitão Feio estranha o que deu errado e Monstrinho fala que pelo menos foi feita uma festinha, coisa que nunca tiveram lá, nem para o Capitão Feio.

Em casa, Cascão é recebido na festa de aniversário pela sua mãe e seus amigos. Ele adora, mas para ficar completa, só falta o papai. Quando Seu Antenor aparece, Cascão o abraça, pensando que ele não iria e Seu Antenor fala que nada é mais importante que o filho e que tinha que fazer horas extras no escritório para comprar o presente, uma bicicleta de 18 marchas. Cascão fica feliz, abraça os pais, falando que eles são seu melhor presente. No final, no esgoto, os Monstrinhos fazem festa para o Capitão Feio, mas ele está de mau humor de tão ruim que eram as animações dos Monstrinhos na festa.

Uma história legal em que o Capitão Feio aproveita a fragilidade do Cascão de ver o pai ausente, achando que trabalho no escritório era mais importante que ele, para lhe arrumar uma festa de aniversário na tentativa de agradá-lo para  se tornar um novo pai do Cascão e ele ser um aliado para os seus planos de conquistar e poluir o mundo. Só que a festa tem sujeira além da conta que desanima o Cascão, fora que ele só pensava no seu pai Antenor. O amor ao pai falou mais alto e ele acaba voltando pra casa, estragando o plano do Capitão Feio.

Teve o mistério inicial do Seu Antenor não ficar em casa e trabalhar tanto, mas foi bem explicado no final. História quis mostrar relação de pai e filho, Cascão só queria estar com o pai e nem se importava com presente, foi uma bonita mensagem em relação a isso.  A família do Cascão era abordada como a mais pobre da turma, batalhava mais para conseguir comprar os brinquedos, por isso, a necessidade do Seu Antenor precisar fazer horas extras no trabalho para conseguir comprar uma bicicleta para o filho. Eu gostava dessa diferenciação de condições financeiras na família do Cascão.

Interessante a festa de aniversário do Capitão Feio com brincadeiras normais adaptadas à sujeira como dança da cadeira virar dança da sujeira e rabo na mula virar dedo no nariz do porco, fora latas virando chapéu de festa e servirem restos de comida e um bolo de sujeira, que nem dariam para comer. Nessa história o Cascão não estava muito animado por sujeira, influenciado também pela tristeza da ausência do pai, quem sabe, se não tivesse essa tristeza, o plano do Capitão Feio daria certo.

Foi legal a referência do grupo "É o Tchan!", que estava em alta em 1996, a letra da música homônima não foi parodiada, mas a grafia de "Tchan" foi mudada para "Tcham". E boa também a fala do Seu Antenor, "Querida, cheguei!", referência ao seriado "Família Dinossauros", sucesso dos anos 1990 que ainda estava passando na TV. Tiveram erros de mostrar o Seu Antenor com sujeirinha na página 3  da história (página 5 do gibi), relembrando suas primeiras aparições na Editora Abril, e também na hora que o Cascão pensa no pai brincando com ele que teve boca pintada de vermelha por baixo como se fosse língua para fora, mas na verdade, seria uma cara como se estivesse em início de choro.

Completamente impublicável hoje em dia por envolver sujeira a ponto de até ficarem se sujando e ter um bolo de sujeira, fora eles entrarem no esgoto diretamente pelo bueiro, sem chance. Capitão Feio hoje nem tem planos de poluir mundo, no máximo, dominar, sendo maioria das histórias mais bobas com os Monstrinhos de Sujeira. Inclusive nunca foi republicada até hoje porque a republicação já seria na fase da Editora Panini por volta de 2011 e já tinha o politicamente correto predominante. Nem nos diversos Almanaques Temáticos sobre aniversários republicaram, e, assim, se torna rara. 

Quando o Capitão Feio foi criado em 1972, inicialmente era o tio do Cascão que se transformava em vilão com contato com poeira da sua coleção de gibis, mas depois essa ideia foi descartada dos gibis, sendo apenas um vilão. Até mesmo quando ele contracenava com os pais do Cascão, não era mencionado parentesco, por isso não foi falado isso nesta história. Hoje em dia, parece que estão querendo retornar de ele ser tio do Cascão e sem mostrá-lo como vilão,  visto algumas histórias nos gibis da Editora Panini de setembro de 2022.

Os traços ficaram bons, típicos da segunda metade dos anos 1990, mais redondinhos. Curiosamente, a capa do gibi não teve referência a aniversário, foi uma piada normal, sem ser ligada à história de abertura ou alguma piada de aniversário porque era normal na Globo as vezes seguirem capas normais de piadinhas em gibis com histórias de aniversário na abertura.

FELIZ ANIVERSÁRIO, CASCÃO!!! 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/11/cascao-hq-um-aniversario-sujao.html

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