segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.105 - Pelezinho: HQ "Se sair do quintal..."

Capa de 'Pelezinho Nº 44' (Ed. Abril, 1981)

Mostro uma história em que o Pelezinho estava de castigo, proibido pela mãe de sair do quintal de casa, e resolve dar um jeito de sair para jogar futebol sem sair do quintal. Com 6 páginas, foi história de encerramento de 'Pelezinho Nº 44' (Ed. Abril, 1981).

Pelezinho está no quintal de casa, assobia e disfarça um pouco até subir o muro para tentar sair. Nessa hora, a mãe o flagra e volta a avisar que o filho não podia sair por estar de castigo por ter quebrado a janela do vizinho. Pelezinho diz que não ia sair, estava amarrando cadarço da chuteira e que não foi ele quebrou a janela.

Dona Celeste fala que foram três vezes no mesmo dia, está de castigo e "ai" dele se sair do quintal para jogar bola. Pelezinho faz choro para ver se dá pena na mãe, mas não adianta, ela sabe dos truques. Pelezinho pensa que o problema é que a mãe o conhece desde que nasceu, precisa renovar seus truques e lamenta como os amigos estão se divertindo jogando futebol e ele não pode ir, os pernas-de-pau fazem nada no jogo sem ele, quando tem uma ideia.

Depois, Pelezinho fala para a turma que vai jogar, Cana Braba pergunta o que ele está fazendo ali já que estava de castigo e não podia sair do quintal. Mostra que era uma perna mecânica que ele criou, falando pelo alto-falante que poder sair, não pode, mas sempre dá um jeito.

No jogo, Pelezinho diz que não sabe como não pensou nisso antes, não leva canelada do Cana Braba, não se cansa e nem se suja. Até que parece o Tonhão, o cara mais briguento da rua, mandando irem embora, que não é para eles jogarem bola lá. Pelezinho pergunta se eles vão jogar ou não, que é para deixarem o grandão falando sozinho. Tonhão ouve, pergunta quem falou isso. Os meninos correm com medo, ficando só as pernas mecânicas do Pelezinho, que diz que não tem medo dele. Tonhão se abaixa e leva um chute no rosto.

Tonhão levanta a perna mecânica levando Pelezinho junto, mas ao deslizar na perna, Pelezinho escorrega bem na cara do Tonhão, machucando e ele vai embora, chorando. Cana Braba diz que Pelezinho colocou Tonhão para correr, Frangão comemora que ele nunca mais vai ter coragem de aparecer lá e Teófilo pergunta se Pelezinho ficou com medo. Ele fala que não conhece essa palavra, não é medroso como os amigos e que tem medo de nada. Teófilo o chama de mentiroso e aposta que Pelezinho tem medo do trinta e sete. Ele pergunta o que é trinta e sete e Teófilo fala que é o número do chinelo da mãe, que aparece e corre atrás dele para bater de chinelo porque saiu do quintal durante o castigo.

Uma história legal em que o Pelezinho estava de castigo e como não podia sair para jogar futebol, tem plano infalível de criar uma perna mecânica para jogar bola sem sair do quintal. Só que não contava que teria que enfrentar o Tonhão briguento, que o tira do quintal depois que leva chute no rosto. Pelezinho consegue derrotá-lo, sem querer, não admitindo que estava com medo do Tonhão, mas não deu para esconder dos amigos o medo da mãe querer batê-lo de chinelo por ter saído do quintal.

Engraçado o absurdo do Pelezinho ter criado uma perna mecânica em tão pouco tempo, tanto em criar e ter  as peças e acessórios para criar e foi boa a ideia dele, afinal, a mãe não podia reclamar de ele estar jogando futebol dentro do quintal. Eram boas essas histórias de planos infalíveis sem serem criados pelo Cebolinha e dessa vez envolveu apanhar no final, já que histórias de planos sem ser do Cebolinha, os personagens sempre se dão mal, mas normalmente não apanham.

A história foi criada com a Turma do Pelezinho, mas poderia ser tranquilamente com o Cascão ou com qualquer personagem menino da Turma da Mônica que não faria diferença. Se não tivesse saído com o Pelezinho, mais chance de ter sido direcionada ao Cascão, já que ele herdou as histórias de futebol depois do cancelamento dos gibis do Pelezinho em 1982.

Tonhão apareceu só nessa história, bem semelhante a meninos valentões da Turma da Mônica, como o Tonhão da Rua de Baixo. Dessa vez o vilão não foi o Jão Balão já que pelo visto o roteirista queria um menino valentão e forte e não se encaixava com o Jão Balão, que procurava mais criar planos infalíveis contra o Pelezinho. Em relação a nomes dos pais do Pelezinho, como o personagem era baseado no jogador Pelé criança, os nomes dos pais do personagem eram os mesmos do jogador da vida real, então, pai e mãe se chamavam Seu Dondinho e Dona Celeste nos gibis. 

É incorreta hoje em dia por mostrar a mãe do Pelezinho tentando bater nele de chinelo pela rua, pois não pode mais mostrar filhos apanhando de chinelo, nem levando surra dos pais e ficarem de castigo porque traumatiza as crianças, é inadmissível tudo isso na educação atual e iam implicar demais se publicassem. Incorreto também os palavrões do Cana Braba e Pelezinho dar chute na vara do Tonhão. Os traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo do início dos anos 1980, tiveram erros do Teófilo falando de boca fechada na 3ª página da história (página 46 do gibi) e camisa branca dele em um quadrinho da página seguinte, erros bem comuns na época.

Curiosamente, pouquíssimas histórias do Pelezinho dos anos 1980 foram republicadas. Pela própria Editora Abril, os almanaques dele entre 1982 a 1986 pela editora alcançaram até 1979, o almanaque da Globo de 1988 também só com histórias até 1979 e no livro especial "Pelezinho 50 Anos de Pelé" (Ed. Globo, 1990) que teve uma ou outra dos anos 1980, mas a maioria dos primeiros números de 1977. Então, as dos anos 1980 foram só republicadas na Editora Panini nas edições "As Melhores Histórias do Pelezinho" e essa só foi republicada depois em "As Melhores Histórias do Pelezinho Nº 8", de 2013.

Capa de 'As Melhores Histórias do Pelezinho Nº 8' (Ed. Panini, 2013)
Porém, teve desenhos todos alterados, tirando círculo rosa em volta da boca dos personagens negros, redesenhando bocas, que ficavam tortas, colocando narizes, que ficavam diferentes a cada quadrinho, ou seja, um horror, avacalhação total. Povo do politicamente correto implicou que negros estavam sendo ridicularizados, desenhados daquele jeito, achavam que era boca de palhaço, negros também não podiam ter lábios grossos como o Cana Braba, aí eles conseguiram estragar com o gibi, acabando mais cedo do que devia. 

Então só quem tem o gibi original de 1981 que conhece os desenhos originais dessa história, sem alterações. Aqui uma comparação em uma página dessa história da avacalhação do que fizeram com Pelezinho nessa últimas edições da Panini. 
Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/12/pelezinho-hq-se-sair-do-quintal.html

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