Capa de 'Cebolinha Nº 120' (Ed. Abril, 1982) |
Em dezembro de 1982, há exatos 40 anos, era lançada pela Editora Abril a revista 'Cebolinha Nº 120' com a história especial em homenagem aos 10 anos da revista dele. Nessa postagem mostro como foi essa história comemorativa.
Escrita por Reinaldo Waismann e com 14 páginas, Mauricio De Sousa e os funcionários apresentam a "Mauricio de Sousa Produções", é um dia especial que estão preparando a revista 'Cebolinha Nº 120' comemorativa de 10 anos da revista dele e estão recebendo convidados no estúdio. Mauricio pensa que tinham mais convidados, mas só tinha uma senhora com um bebê e o roteirista Reinaldo aproveita para ir ao banheiro.
Mauricio tenta agradar o bebê, que tenta mordê-lo e fala para mostrar logo o estúdio. Mauricio estranha e a Senhora diz que ele só sabe dizer "gu gu dá dá" e que crianças nessa idade gostam de morder tudo que encontram e coloca uma mamadeira na boca dele para não falar e quer que o Mauricio apresente o estúdio.
Mauricio estranha que não tenha vindo mais ninguém para visitar estúdio, o bebê diz que foi por causa da placa que ele colocou lá fora de que está proibido visitas. Mauricio quer saber que placa é essa e a Senhora diz que foi nada, coloca mamadeira na boca do bebê e pede para ver o estúdio.
Na apresentação, Mauricio diz que estão fazendo 'Cebolinha Nº 120' comemorando 10 anos de revista. A Senhora pergunta se ainda não começaram a fazer. Mauricio responde que não e apresenta os roteiristas Robson Lacerda e Rubão. Depois de aprovada as histórias, vão para os desenhistas, depois para letristas, arte-finalistas e acabamentistas, e em seguida, coloristas.
A Senhora pede para tirar fotos deles, todos ficam animados, Reinaldo manda esperar sair do banheiro. Quando ela tira as fotos, acontece um clarão no estúdio no momento em que Cebolinha e Cascão estão quase chegando para visitar, com Cebolinha animado para comemoração de 10 anos da sua revista. A Senhora e o bebê saem correndo, atropelando os meninos e levando a placa. Cascão acha o bebê esquisito e Cebolinha pensa que está acontecendo festança lá dentro, quando chega veem estúdio todo revirado.
Reinaldo aparece no banheiro, falando que se rende, mas que não o fotografe. Fica aliviado que era Cebolinha e Cascão lá e diz que estava saindo do banheiro, quando viu uma máquina fotográfica chupando a equipe toda, até o Mauricio. Cebolinha se desespera que sem equipe não tem desenho e não tem revista nem comemoração de 10 anos da revista e eles vão atrás dos 2 vilões.
No caminho, encontram leite derramado, seguem a trilha e vão parar em frente a um estúdio fotográfico. Ao correr em direção, caem em uma armadilha e ficam presos na rede. Aparece a Senhora, tira o disfarce e revela que é Zé Flachildo, o maior fotógrafo do mundo e graças a sua máquina fotográfica catadora de gente, Mauricio e a equipe estão nas mãos deles, todos viraram fotografias.
Zé Flachildo explica que aprisionou a equipe na comemoração da revista porque além de fotógrafo, ele é maior fotonoveleiro do mundo, faz fotonovelas, e o Mauricio e os gibis do Cebolinha roubaram a clientela dele e agora que prendeu todos, não vai ser lançada a revista e não terá mas concorrência.
Quando ele vai disparar máquina para tirar fotos dos 3, os outros personagens secundários dobram a página com o raio atingindo nela. Jotalhão joga pedra, Mônica, o Sansão, Rolo, chinelo e Bidu corre atrás deles, e, assim, conseguem derrotar os vilões. Chico Bento pega as fotos e Tina solta Cebolinha, Cascão e Reinaldo. Os personagens contam que estavam indo lá de surpresa para comemorar os 10 anos da revista do Cebolinha, quando ouviram tudo.
Cebolinha pergunta como vão fazer com o Mauricio. Rolo diz que entende de fotos, dá um rasgãozinho na ponta das fotos e, então, consegue libertar Mauricio e toda equipe. Cebolinha fica feliz que todos estão salvos, Mauricio diz que isso merece uma comemoração especial, ele pergunta se está pronta, roteiristas e desenhistas dizem que já fizeram tudo e então no final eles tiram a foto que seria capa da revista 'Cebolinha N° 120' comemorativa.
História sensacional de aventura e metalinguagem com o vilão Zé Flachildo e seu ajudante invadindo a MSP para prender o Mauricio de Sousa e toda a equipe em fotos tiradas da sua máquina fotográfica catadora de gente para impedi-los de lançar a revista 'Cebolinha Nº 120' comemorativa de 10 anos e não ter concorrência para vender as suas fotonovelas. Seu plano quase deu certo se não fosse o resto da turma ter ouvido a conversa e eles conseguiram derrotar os vilões.
As revistas do Cebolinha eram tão boas que as pessoas deixavam de comprar fotonovelas do Zé Flachildo para comprar gibis e, sem a concorrência nas bancas, voltaria a vender. Ele foi bem inteligente em criar uma máquina fotográfica assim, além de ser fotógrafo e fotonoveleiro, também é um excelente cientista com uma invenção dessa, mas como era usada para o mau, teve que ser punido. Mauricio podia ter sido mais espertos nos deslizes do ajudante como bebê e evitaria esse sufoco que passou.
Foi legal ver o crossover dos personagens da Turma da Mônica com personagens de outros núcleos, principalmente Tina e Rolo, que era bem raro de contracenarem juntos. Rolo que conseguiu liberar a equipe. Procuraram colocar personagens que tiveram mais histórias na trajetória das revistas do Cebolinha, como Turma da Tina, Turma da Mata, Chico Bento e Bidu, só acho que faltou o Astronauta, que também tinha bastante histórias nas revistas dele.
Tudo era motivo de comemoração na época, até aniversário de revista, e a gente ganhava presentes assim. Foi primeira vez que foi mostrado como são feitos os gibis e leitores conheceram os roteiristas, desenhistas e toda a equipe que trabalhavam na MSP através de fotos até então. Antes, tinham as vezes histórias de metalinguagem e com os funcionários caracterizados como desenhos.
Foi muito interessante mostrar fotografias reais da equipe misturadas com desenhos dos personagens, Mauricio ainda usava barba, e ver como era o estúdio antigamente, que nem era um prédio ainda, deixando os leitores mais próximos do estúdio. E hoje vemos grande diferença de como era o visual das pessoas há 40 anos. A fotografia no final deu origem a capa, já tiraram imaginando posições que iam inserir os desenhos dos personagens junto com a foto. Bem bolado.
O roteirista Reinaldo Waismann foi o grande destaque da história, geralmente roteirista que aparecia contracenando com personagens era o criador da história e quando tinham todos reunidos, o que teve mais destaque era o roteirista. Reinaldo tinha uma frequência bastante em roteiros de metalinguagem e sempre desenhado assim com cabelo loiro encaracolado e com sorriso e dentes a mostra. E era ele que era o Reinaldinho, menino fofo por quem as meninas eram apaixonadas. Reinaldo ficou na MSP até em 1986, quando saiu para trabalhar com a Xuxa na produção do programa "Xou da Xuxa" da Rede Globo de Televisão, criou cenário, foi também o Moderninho do programa dela e ainda foi supervisor da revista em quadrinhos da Xuxa da Editora Globo, sendo como uma espécie de Mauricio dos gibis dela.
A história tem várias coisas datadas como máquina fotográfica lambe-lambe, estúdio fotográfico para revelar fotos de filmes e, principalmente, envolver fotonovelas. Nada disso tem mais hoje. Em especial sobre fotonovelas, eram muito comuns entre os anos 1950 a 1970, sobrevivendo até início dos anos 1980, que eram revistas mostrando história de novela através de fotos de atores com balões demonstrando falas dos personagens. Tipo, uma história em quadrinhos, só que em vez de desenhos eram fotos. Nas partes que mostravam o Mauricio e a equipe falando em fotos nesta história, não deixa de ter sido fotonovela. Hoje, ninguém se interessaria por isso. E máquinas com filmes e revelação foram substituídas por celulares e fotos digitais.
Os traços ficaram muito bons, típicos do início dos anos 1980, quase parecendo com a fase consagrada, mas ainda com umas bochechas dos personagens diferentes. Foi do estilo de 6 quadros por página deixando mais bonitos e as fotos deram um charme a mais. Povo do politicamente correto podem implicar os funcionários presos em fotos, Reinaldo e os personagens presos em rede, vilões eram perversos demais, e homem vestido de milher. As coisas datadas fariam substituições em republicação hoje porque não gostam mostrar coisas que faziam parte do cotidiano de uma determinada época. E tirariam o charuto do ajudante porque não pode mais mostrar personagens fumando.
Nunca foi republicada até hoje porque foi uma história comemorativa específica. Daria para ser republicada a partir de 1987, com chance maior em 1990, só que não faria sentido republicar por ter passado dos 10 anos da revista do Cebolinha. Histórias especiais comemorativas assim raramente são republicadas, tipo especiais de edições "Nº 100", "Nº 200", por exemplo. Uma boa solução para isso seria criar um 'Almanaque Temático' reunindo só histórias comemorativas desse tipo, mas nunca fizeram, então essa é bastante rara hoje e só quem tem a original que conhece.
Essa história acho que devia ter sido na edição 'Cebolinha Nº 121', de Janeiro de 1983, quando de fato, a revista completou 10 anos. Eles colocaram na "Nº 120" para fazer relação à 'Mônica Nº 120' comemorativa , de 1980. Só que a Mônica teve a sua "Nº 1" em maio de 1970 e então a sua "Nº 120" foi no ano 1980, mas o Cebolinha teve lançamento da "Nº 1" em janeiro de 1973, a sua "120" saiu em dezembro de 1982, ano anterior ao lançamento.
Falando um breve sobre essa edição 'Cebolinha N°120', as outras histórias foram normais e não teve uma tirinha no final, foi uma história de 1 página no lugar. Foram 132 páginas com lombada e duas revistas em uma. Metade da revista com histórias inéditas e a segunda metade reservada para a reedição da 'Cebolinha Nº 1' de 1973, a exemplo como foi a 'Mônica 120', e aí os leitores deram para ver a diferença dos traços e estilo de histórias em 10 anos, foi o período que mais teve mudanças na MSP e mesmo sendo só 10 anos, vimos que era grande a diferença. Foi a segunda vez que a revista do Cebolinha teve lombada, a primeira foi a "Nº 100", de 1981.
Contracapa com a capa da edição 'Cebolinha Nº 1' de 1973 |
Na reedição "Nº 1" diferenciou da original de não republicarem um tabloide da página 2 e as propagandas foram as atuais de 1982 e não as originais de 1973. De resto, tudo igual. 'Mônica N° 120' não teve história inédita especial na abertura, teve um texto de algumas páginas homenageando e as histórias seguiram normais. 'Cebolinha N° 120', então, foi melhor com essa história especial de homenagem fantástica, não só homenagem à revista do Cebolinha, mas também à própria MSP. Muito bom relembrar essa história e edição histórica há exatos 40 anos.
Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/12/cebolinha-hq-bem-vindos-ao-estudio-da-mauricio-de-sousa-producoes.html
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