Capa de 'Magali Nº 39' (Ed. Globo, 1990) |
Mostro uma história em que Papai Noel errou a pontaria na entrega do presente de natal da Magali, que ficou na dúvida se papai Noel se esqueceu dela. Com 11 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 39' (Ed. Globo, 1990).
Escrita por Robson Lacerda, começa com o Papai Noel distribuindo os presentes na noite de Natal, só que ao entregar o da Magali, o pacote cai pra fora da chaminé e cai na lata de lixo da casa. No dia seguinte, ao acordar, Magali já quer saber onde está o seu presente de Natal. Procura debaixo da cama, na Árvore de Natal, mas tinha nada.
Magali vai para rua triste e vê que Dudu ganhou de presente um carrinho, Cascão, uma bola e Mônica, uma boneca que fala e ela desmerece todos. Depois, começa a chorar. Anjinho aparece e diz que não acredita que tem alguém triste no Natal porque ela ganhou seu presente e deveria estar brincando com ele. Magali fala que não acredita em Papai Noel, nem Coelhinho da Páscoa nem na Seleção Brasileira de Futebol.
Anjinho quer saber o que aconteceu para ter tanta amargura e ela diz que não ganhou presente, nem um cartão de Natal. Anjinho diz da sua nuvenzinha que viu o Papai Noel passando com os presentes e resolve levá-la ao Polo Norte, voando até lá, falar com ele. No Pólo Norte, Magali afunda na neve ao posar e sente muito frio.
Na casa do Papai Noel, Anjinho fala que a Magali não recebeu presente dela. Papai Noel vai verificar no computador, onde tem todos os dados de todas as crianças do mundo, inclusive as que estão nascendo naquele momento, e confirma que entregou o presente dela. Magali chora, jurando que não recebeu. Papai Noel diz que entregou presente pela chaminé como faz para todas as crianças porque todas são iguais para ele, quando não tem chaminé, joga pela janela e não seria diferente para ela. Anjinho se despede, avisando que vai procurar melhor na casa dela.
Chegando em casa, Magali e Anjinho reviram tudo no quarto de cabeça para baixo e não encontram. Magali vê Mingau revirando o lixo, manda parar e se toca que o pacote que estava revirando era o seu presente. Ela entra na lata de lixo, pega o presente e fica feliz. Só que ao abrir e ver que ganhou uma peteca, não gosta porque não foi o que ela pediu. Anjinho fala que importante foi que Papai Noel se lembrou dela e Magali não quer saber.
Anjinho vai embora, reclamando que ela não tem jeito mesmo. Magali mostra a língua para ele até que aparece uma menina humilde, rindo. Magali quer saber o motivo do riso, a menina diz que ganhou um jogo de varetas e pergunta se quer jogar com ela. Magali responde que só se depois jogarem peteca juntas e no final aparecem as duas se tornando amigas brincando de peteca e Anjinho fala que a Magali começa a dar valor à certas coisas.
História legal em que o Papai Noel erra a pontaria ao entregar o presente de Natal da Magali, fazendo cair na lata de lixo da casa e ela pensa que o Papai Noel esqueceu dela. Anjinho a ajuda levando ao Pólo Norte para falar com o Papai Noel pessoalmente, é constatado que o presente foi mandado e acabam encontrando sem querer após verem o Mingau revirando o lixo. Magali ainda não gosta do presente que ganhou porque não foi o que pediu, mas ao ver uma menina pobre contente que ganhou um simples jogo de vareta, aceita o seu presente e brinca com a menina, ganhando uma nova amiga. O Mingau, sem querer, foi a salvação da Magali, se ele não revirasse lixo, eles nunca iam encontrar o presente, nunca iam imaginar que estaria no lixo.
Além de mostrar sufoco da Magali supostamente não ter ganho presente do Papai Noel, ainda mostra uma bonita mensagem no final fazendo ela aprender que não importa o presente ganho, e, sim, a intenção e a diversão que pode proporcionar, por mais simples que seja. Só ficou a dúvida qual foi o presente que ela pediu, ficando na imaginação do leitor o que era, partindo dela, não duvido que seja algo alimentício. Pessoas pobres colocavam uma costura na roupa demonstrando que eram humildes, gostava quando retratavam essas diferenças de poder aquisitivo e personagens agirem normalmente sem distinção de rico e pobre. A menina só apareceu nessa história, como de costume de personagens secundários figurantes.
Foi legal ver a Magali procurando os presentes, desmerecendo os presentes dos amigos só porque não recebeu, ir no Pólo Norte e falar com o Papai Noel e ele ter todos os dados de todas as crianças no computador, Papai Noel bem informatizado. Interessante também a Magali dizer não acreditar nem na Seleção Brasileira de Futebol, com clara referência a eliminação na Copa de 1990 pela Argentina nas oitavas de final, provavelmente o Robson roteirizou quase logo depois da eliminação na Copa e prova que a Seleção estava desacreditada demais depois daquela Copa.
Narrador-observador no início contando a história sempre era um recurso divertido, narrador representava o roteirista da história, no caso, o Robson, dessa vez. Engraçados também os absurdos como Magali no Polo Norte com a roupa que estava sem pôr agasalho e Anjinho colocar os móveis de cabeça para baixo no teto e interessante ver o computador do Papai Noel como era na época, bem diferente do estilo dos microcomputadores que ficaram popularizados a partir da metade dos anos 1990.
Foi a primeira história de abertura de gibi da Magali sem envolver comida, com ela agindo com uma menina normal, sem mostrar a sua fome exagerada e absurdos envolvendo gula, o que foi bom pra diferenciar. Só não tinha algo relacionado à comida em história de abertura quando era protagonizada pelo Mingau e mesmo assim quase sempre tinha algo com comida com ele mesmo não sendo o foco principal. Magali contracenar sozinha com o Anjinho também foi diferente e gostei também. A história em si não vejo que é incorreta, mas iam implicar com Magali entrando na lata de lixo, já que não pode mais personagens dentro de lata de lixo, ela mostrar língua para o Anjinho, assim como absurdos que evitam colocar hoje como colocar móveis de cabeça para baixo.
Os traços ficaram muito caprichados, como sempre na época, principalmente o quadrão da primeira página com o Papai Noel entregando os presentes. Dudu sem fundo branco nos olhos ficava muito melhor, aparentando de fato que era menor do que as outras crianças, e foi uma das últimas vezes que apareceu assim, já que em 1991 ficou com fundo branco nos olhos em definitivo. De curiosidade, foi a segunda capa da Magali com alusão à história de abertura (a primeira foi a "Nº 30", de 1990 com a história "Magalice no país das melancias"), primeira capa sem relação à comida e primeira com logotipo achatado, que antes apareceu só nos dois primeiros almanaques dela, aí depois raramente colocavam logotipo assim nas quinzenais normais e passou a ser definitivo assim a partir da edição "Nº 206", de 1997, e ficando assim até o último número da Globo, na sua edição "Nº 403", de 2006.
Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/12/magali-hq-o-caso-do-presente-muito-esperado.html
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