Capa de 'Chico Bento Nº 206' (Ed. Globo, 1994) |
Mostro uma história em que o Chico Bento ficou perdido na mata na véspera de Natal, depois que uma queda de barreira na estrada quando ele voltava da cidade para a roça. Com 15 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 206' (Ed. Globo, 1994).
Chico Bento está na rodoviária da cidade, prestes a pegar o ônibus de volta para roça e seu primo Zeca pergunta se tem certeza que não quer passar o Natal com eles. Chico responde que as férias estão boas, mas Natal tem que passar em casa com os pais.
No ônibus, Chico comenta que nunca ia passar o Natal na cidade longe dos pais, da sua Árvore de Natal toda enfeitada, das gostosuras da ceia, das prosas com os amigos na varanda, ir na Missa do Galo com a Rosinha e o Papai Noel levar presente. Até que o ônibus para por causa de uma queda de barreira e a estrada fica bloqueada, impedindo passagem e devem ser dois dias de trabalho para liberarem estrada. Chico fala que é véspera de Natal e o motorista diz que eles vão passar a noite em um hotel na beira da estrada.
Chico fica triste, só porque queria passar Natal com a família, acontece isso, mas ao lembrar que a floresta é perto de casa, ele resolve ir pelo mato para casa em vez de ir para o hotel porque conhece o mato como a palma da mão dele. Só que horas depois, fala que devia olhar mais para as mãos dele porque está mais perdido do que gato no canil e pergunta quem vai achá-lo no meio do mato.
Chico ouve uma voz "Te vi", segue animado e descobre que era só um pássaro bem-te-vi. Depois ouve barulho "Plop", pensa que era passo de gente, mas era só um sapo. Chico grita que só tem bicho lá, ouve um "Shhh", pensa que é alguém o mandando calar a boca, mas era uma cobra e ele corre para subir no galho da árvore.
Chico lamenta a sua situação, não queria passar o Natal em hotel e vai passar em cima de uma árvore no mato, já estava escurecendo e vai passar Natal triste. Coruja pia e Chico diz que ela caçoa porque não sabe o que é o Natal. Aí, conta para os bichos reunidos no mato que Natal é a data mais bonita no ano, dia que Jesus nasceu e os humanos festejam com a família e as crianças colocam sapato na beira da cama para o Papai Noel dar presente. Assim, ele tem ideia de deixar uma banda do sapato ao lado da árvore para Papai Noel encontrá-lo na floresta, pede que quer passar o Natal com os pais e dorme enquanto espera.
Enquanto isso, os pais do Chico estão desesperados que o filho não chega. Já eram 9 da noite, Seu Bento chega da rodoviária e conta que o ônibus não chegou, caiu barreira na estrada, todos foram para o hotel e eles não sabem do Chico. Dona Cotinha se desespera com filho sozinho na noite de Natal e Seu Bento pega a espingarda e vai atrás do filho.
Na floresta, Chico cai do alto do galho da árvore enquanto dormia. Vê alguém com um gorro vermelho atrás da moita, pensa que é o Papai Noel, mas era um Saci, que queria saber como se ganha presente. Chico diz que o Papai Noel só visita os bons meninos e ele tem parte com o "coisa-ruim". O Saci tenta pegar algum presente na mala do Chico, que fala que Natal não é só presente, e, sim, a amizade, a família, a reunião.
O Saci acha que está o enrolando, que Natal não existe, nem o Papai Noel que o Chico chamou não apareceu e vai embora, levando um sapato dele. Chico concorda que ele não apareceu nem trouxe os pais lá. No caminho, o Saci encontra o Seu Bento procurando o Chico sem sucesso, acha melhor voltar, dizendo que vai ser o pior Natal da vida dele. O Saci taca o sapato do Chico nele, procura mais um pouco e finalmente o encontra.
Chico fica muito feliz, pergunta para o pai como é que o achou, Seu Bento fala que foi por causa do sapato que jogou. Chico diz que não tacou sapato e deduz que foi o Saci quem o ajudou. Eles vão embora e no caminho, Chico vê o Saci triste atrás da moita e pede um favor para o pai. No final, a família do Chico comemora o Natal e Vó Dita fala com a Dona Cotinha que já passou por muitos Natais na vida, mas o daquele ano não vai esquecer, mostrando o Chico entregando um presente para o seu convidado Saci.
História legal em que o Chico Bento fica perdido na mata após um deslizamento de barreira na estrada enquanto voltava da cidade para sua casa na roça. Passa vários sufocos, inclusive aturar um Saci que não acreditava em Natal, mas consegue ser encontrado graças ao Saci que se comoveu com Seu Bento procurando o Chico e passando a acreditar que o Natal era verdade e ainda é convidado do Chico na ceia como agradecimento e com pena do Saci triste. O Natal fez sensibilizar Saci.
Se Chico tivesse ficado no hotel, nada disso tinha acontecido, ainda mais que o pai telefonou para o hotel e o encontraria lá. Foi engraçado ver o Chico entrar na floresta pensando que conhecia bem e ficar perdido, conversar sozinho e com os bichos, confundir os barulhos dos bichos pensando que era gente e confundir Saci com Papai Noel.
Foi praticamente um monólogo do Chico, boa parte da história ficou falando sozinho como maluco, achava engraçadas as histórias com monólogos dos personagens. As onomatopeias tiveram bom destaque, barulhos nos gibis são representados por onomatopeias e algumas até se assemelham, principalmente chiado de cobra com chiado para alguém calar a boca, fazer silêncio, como foi na situação da cobra. Uma boa forma pra aprender sobre onomatopeias e interjeições.
Além da diversão, ainda mostrou como é o Natal tradicional com Chico enumerando no ônibus que passa Natal com família, monta Árvore, vai a Missa do galo, etc, além de mostrar o verdadeiro valor e significado do Natal com Chico falando que a data não e só presente, é comemoração do nascimento de Jesus e o que vale é a reunião com familiares e amigos, que foi a bonita mensagem que o Saci aprendeu quando passou o Natal com a família do Chico no final.
Mostrou ainda uma situação que pode acontecer na vida real de viajar e ter queda de barreira na estrada, por isso bom viajar com antecedência e não na véspera de data importante. O cachorro Rex seria o novo cachorro da família do Chico após o Fido ter morrido na história "Chico Bento e o velho cão", de 'Mônica Nº 38' (Ed. Globo, 1990). Após ter morrido, Fido parou de aparecer e outro cachorro no lugar até que em 2004 resolveram ressuscitá-lo, voltando a aparecer nas histórias.
É toda incorreta hoje em dia por causa do Chico Bento perdido na mata e ficar sozinho lá, contracenar com bichos silvestres, tudo que possa dar pena para as crianças e achar traumatizante para elas não fazem mais. Também tirariam Seu Bento com espingarda porque não pode mostrar personagens com armas de fogo e tirariam o cachimbo do Saci por não poder mostrar personagens fumando, tanto que os Sacis nas histórias atuais aparecem sem cachimbo.
A pancada explícita do Saci tacando sapato na cabeça do Seu Bento não mostrariam por causa de violência, nem Chico caindo do alto do galho da árvore, nem a menção à "coisa-ruim" proibida por ser referência a Diabo, e narizes grandes do Chico, do Seu Bento e do Saci também não desenhariam grandes assim hoje para não servir como bullying com narigudos na vida real, assim como lábios do Saci tão grandes bem parecidos com círculo rosa em volta da boca, abolidos também nos gibis atuais por acharem que é chacota com negros.
Traços ficaram muito caprichados. A mãe do Zeca teve cabelo diferente, ainda não estava definido traços dela apesar de já ter aparecido algumas vezes com visual antigo com cabelo curto e só depois voltaram com aquele visual antigo em definitivo. O Saci também não tinha traço fixo e intenção também não era sempre o mesmo Saci, e, sim, um diferente a cada história, e, assim, cada Saci era desenhado diferente de acordo com cada desenhista.
Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/12/chico-bento-hq-natal-no-matagal.html
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