Compartilho uma história em que o Louco transformou o quarto do Cebolinha em um mar, causando muitas confusões. Com 7 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 147' (Ed. Abril, 1985).
Capa de 'Cebolinha Nº 145' (Ed. Abril, 1985) |
Começa com um barulho de alguém remando vindo do quadro do quarto do Cebolinha, que estava vazio. Cada vez mais alto o barulho, até que vemos o Louco no quadro e ele vai parar no quarto e a água do mar do quadro inunda tudo. Louco fala que estão a bordo, mulheres e crianças descem primeiro e manda o timoneiro descer a âncora.
Cebolinha estava cagando no banheiro, quando ouve o barulho da âncora. Ele vai conferir e vê o quarto todo inundado e o Louco pescando um peixão com a âncora jogada. Louco acha que o cebolinha é um clandestino no navio, chama os guardas e Cebolinha se tranca no banheiro, falando que dessa vez ele não participa das loucuras, ele só entra arrombando a porta.
Louco como viking tenta derrubar porta com um suporte de touro. Cebolinha pede ajuda a seu anjo da guarda e aparece o Louco como anjo. Cebolinha fica desesperado derruba a porta da suíte e vê o Louco pescando no seu quarto. Cebolinha fala o que quer o seu quarto de volta e Louco joga o numeral quarto em cima dele.
Em seguida, o quarto volta ao normal, Cebolinha pergunta cadê a ilha e Louco responde que ali é um quarto e pergunta se ele é louco. Cebolinha chora e Louco aproveita para tomar banho com as lágrimas e Cebolinha não consegue parar de chorar, mandando Louco parar com isso. Louco acha ruim e diz que vai ser a vez de ele tomar banho e arrebenta o registro, fazendo as lágrimas inundarem o quarto e ir para o resto da casa.
Cebolinha vai parar no quarto dos pais e ele conta que estava lendo gibi no banheiro quando ele apareceu, pescando peixão, depois virou viking e santo, transformou o quarto numa ilha e ele inundou o quarto. Os pais fazem cara que o filho estava ficando louco e Cebolinha os leva para o quarto já que eles não estavam acreditando. Chegando lá, quarto todo normal. Dona Cebola manda o filho dormir, nada de ficar acordado até tarde. Quando os pais voltam para o quarto deles, cebolinha pisa no seu quarto e se afunda no piso que tinha se transformado em água.
História engraçada demais em que o Louco perturba o Cebolinha no seu quarto. Surge do nada dentro do quadro na parede, transformando o quarto em um mar com ilha, fazendo coisas inimagináveis, tudo sumir e voltar do nada, enlouquecendo o Cebolinha. Louco conseguiu se superar e de fato levar o Cebolinha à loucura, foram coisas impensáveis de acontecer, que só Louco podia fazer acontecer, eram boas histórias assim nada com nada para fugir da realidade, era só diversão.
Interessante o Cebolinha ter personalidade diferente de acordo com personagem que contracenava, tipo com a Mônica era levado, articulador genial de planos infalíveis e com o Louco fica com medo, apavorado. Se Mônica não batesse no Cebolinha nas histórias, tudo que ele sofria com o Louco já deixaria Mônica vingada.
Foi de rachar de rir do início ao fim, principalmente com Louco surgir dentro do quadro, transformar quarto em mar, pescar, virar anjo e dizer que seria louco de mentir sendo anjo, jogar um numeral quarto com trocadilho de quarto de dormir, tomar banho com as lágrimas do Cebolinha e arrumar do nada um registro que controlava o choro e os pais no final. Tudo sensacional.
Muito bom ver o Cebolinha lendo gibi da Mônica enquanto cagava, não queria parar de ler nem cagando, ficou um cotidiano da época em que pessoas levavam revistas pra ler no banheiro, ficando horas lá cagando e lendo, ainda mais quando não tinha Internet e não tinha o que fazer em casa. Hoje em dia mais fácil levarem o celular para o banheiro. E ainda metalinguagem de ele ler um gibi da Mônica, do seu núcleo nos quadrinhos. Dessa vez teve uma suíte no quarto do Cebolinha pra ser mais apropriado ao roteiro, mas o normal quarto dele é sem suíte.
O final faz dar gargalhada dos pais acharem que o filho estava louco e vendo o quarto tudo normal. Foi só os pais saírem, para loucura voltar do quarto voltar ao mar e ficar afundado, provando que tudo aquilo aconteceu mesmo. Se os pais pisassem no quarto ou no mínimo reparassem piso azul em vez de branco, iam descobrir a verdade, como não, filho ficou tachado de louco por eles. Deu até para pensar que era tudo um sonho do Cebolinha, até por conta da história passar a noite, e vimos que foi real mesmo. Nos anos 1980 o Louco aparecia só para o Cebolinha, depois mudaram para ele aparecer para qualquer personagem, até mesmo para o Seu Cebola, e sem ideia de ter sido tudo sonho. Também permite leitor imaginar o que aconteceu após o final, como Cebolinha escapou de morrer afogado, com certeza com mais loucuras do Louco.
Era bom quando tinha essa ideia de que se Cebolinha viu com o Louco era verdade ou uma alucinação dele, se tinha esquizofrenia, Cebolinha apavorado só em ver o Louco, rendia muito mais. Hoje em dia Cebolinha e Louco são amigos, Cebolinha não se esquenta com as loucuras e ainda ajuda o Louco a encontrar suas coisas, então ver um Louco assim, conseguindo levar o Cebolinha à loucura, e absurdos desse jeito não tem mais nos gibis atuais, fora também Cebolinha aparecer cagando na privada, surrado quando o numeral quarto caiu em cima dele e se afogar no final, ficar acordado enquanto os pais dormiam, pais deixarem filho dormir depois deles, Louco sem camisa e ser representado por anjo.
Onomatopeias também tiveram grande destaque na história toda, que, sem querer, ainda ajuda crianças aprenderem sons e interjeições se divertindo. De curiosidade, teve depois outra história com Louco com esse mesmo título "Loucuras em alto-mar", de Cebolinha Nº 28 (Ed. Globo, 1989), muito divertida também.
Traços muito bons, típicos de miolo dos anos 1980 e já no estilo consagrado deles que prevaleceram por muito tempo. Foi republicada depois em 'Coleção Um Tema Só Nº 11 - Cebolinha e o Louco" (Ed. Globo, 1995).
Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 11 - Cebolinha E o Louco' (Ed. Globo, 1995) |
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