Capa de 'Cascão Nº 103' (Ed. Abril, 1986) |
Compartilho uma história em que Cascão e Cascuda e queriam se casar, mas tiveram empecilho do padre que não queria casá-los. Com 5 páginas, foi história de abertura de 'Cascão Nº 103' (Ed. Abril, 1986).
Enquanto namoravam, Cascão fala para Cascuda que é tão fofinha, legal e bonita, a melhor namorada que ele já teve. Cascuda pergunta quantas namoradas ele teve e Cascão responde que nenhuma, mas ela é melhor do que as outras que não teve. Cascão ainda fica sem jeito de pedir uma coisa, até que pergunta se Cascuda quer casar com ele.
Cascuda se engasga de emoção de a ter pego de surpresa, e aceita se casar. Cascão conta a novidade e que Cascuda é o amor da vida dele para a mãe, que acha graça e manda ele ir se lavar que o almoço já, já estará pronto. Cascão vai falar com a Cascuda, que diz que os pais delas caíram na risada e, então, como ninguém compreende o amor deles, resolvem fugir para se casarem escondidos. Na rua, encontram um padre e perguntam se poderia fazer casamento deles. O padre diz que é para eles o procurarem daqui 20 anos e agora ele vai realizar um casamento de verdade. Cascão e Cascuda vão atrás do padre, ficam do lado dele para que faça casamento deles.
As crianças se consideram casadas, ficam emocionadas e nunca pensaram que fosse tão fácil casar. Aí, combinam como vão ser a vida deles a partir de agora, terão que morar juntos e por isso terão que economizar mesada, nada de sorvetes, cinema, terão que arrumar emprego, esquecer paqueras, bailinhos, terão que visitar os pais aos domingos e cuidar dos filhos. No final, se dão conta que não é o que querem e voltam para igreja perguntar para o padre como fazem para se divorciar.
História legal em que o Cascão resolve se casar com a Cascuda e como o padre não queria casá-los por serem crianças, eles ficam ao lado do padre enquanto realiza um casamento e, assim, se sentem que se casaram de verdade, Só que ao refletirem as responsabilidades e os problemas que teriam após o casamento, não fazerem o que gosta como tomar sorvete, ir a cinema, bailinhos, etc, e não poderiam mais se comportar como crianças, mudam de ideia e querem saber com o padre como pedir o divórcio.
Foi pensada em crianças que namoravam e se perguntavam por que não podiam se casar, mostrando as desvantagens do casamento, deixam de ser crianças e passam a ter responsabilidades grandes. A mensagem foi que tudo tem seu tempo, não se deve pular etapas da vida e curtir a infância sem pressa. Foi legal ver a inocência do Cascão e da Cascuda que seria fácil se casarem, só ficarem na igreja durante uma cerimônia e já estariam casados, o diálogo fofinho entre eles na primeira página como ela ser a melhor namorada, mesmo não tendo namorado outras garotas antes, os adultos não levando a sério casamento deles, o casal listando responsabilidades da vida de casado e destaque de se permitirem paquerar outras pessoas numa boa e eles pedindo divórcio no final para continuarem só namorando como antes.
Apesar de Cascuda ter sido namorada oficial do Cascão, mas tiveram muitas histórias com ele paquerando e namorando outras meninas, de acordo com roteiro, roteiristas achavam melhor outras meninas no lugar ou ele trair a Cascuda. Dessa vez não teve foco em banho e sujeira, mas mesmo quando não tinha, muitas vezes inseriam elementos dessa característica principal do Cascão, como foi na parte da mãe dele mandando o filho se lavar antes de comer, como se não soubesse que ele não toma banho. Foi engraçado.
Foi legal também a referência ao namoro do Chico Bento e Rosinha, que ficavam horas olhando um para o outro, rindo envergonhados sentados em um tronco de árvore e não falavam nada. A maior parte das vezes a timidez era só do Chico, mas tinham histórias dos dois envergonhados. Aliás, o roteiro da história em si dava tranquilamente para ser do Chico Bento com Rosinha, aí pelo visto roteirista preferiu deixar com Cascão para variar e por terem poucas histórias dele com Cascuda.
Foi curta para uma história de abertura, mas sem deixar de ser divertida. Era normal na época histórias de aberturas curtas de até 5 páginas, as vezes até menos. Provavelmente seria de miolo e acabavam colocando na abertura por falta de uma história mais desenvolvida para fechar o gibi a tempo, tanto que os traços foram típicos de miolo e não os que colocavam nas de abertura. Acontecia mais em gibis quinzenais, mas também aconteceram as vezes em gibis mensais da Mônica e Cebolinha. Isso ajudava também a não terem só histórias da Rosana nas de abertura, já que Rubão e Robson Lacerda costumavam fazer histórias mais curtas enquanto Rosana, as mais desenvolvidas.
Impublicável hoje em dia pelo tema de haver namoro e casamento escondido de crianças, capazes até de fugir de casa para se casarem, sem chance isso atualmente. Implicariam também por ter religião com presença de padre e também com a Dona Lurdinha aparecer só lavando louça na cozinha, já que hoje a ideia de mães como donas-de-casa, com avental e fazendo serviços domésticos não aceitam mais. Hoje, naquela cena, colocariam, então, a Dona Lurdinha trabalhando em home-office com notebook.
Os traços ficaram bons, no estilo de histórias de miolo, com destaque aos personagens em maior parte do tempo com olhos sem fundo branco e só com um risco inclinado nas sobrancelhas, deixando mais fofinhos e demonstrando que estavam mais carinhosos, com afeto e emocionados com mais intensidade. Gostava quando apareciam com olhos assim. Teve erro da Cascuda aparecer sem sujeirinhas no rosto no 3º quadrinho da 2ª página e em dois quadrinhos na última páginas. Na época, Cascuda ainda aparecia com sujeirinhas, a partir de 1990, passaram a deixá-la sem sujeirinhas de forma fixa, com raras exceções, dependendo do desenhista, provavelmente acostumado a desenhá-la com sujeirinhas.
Nunca foi republicada ate hoje, daria para ser por volta de 1998, quando estavam republicando histórias de 1986 dos gibis do Cascão, mas como na época eles estavam correndo com as histórias da Editora Abril por estarem velhas até então e para passarem a republicar histórias só da Globo, acabou essa sendo esquecida em republicação. Com isso, se torna uma história rara, só quem tem a edição original que conhece.
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