domingo, 13 de agosto de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.179 - Mônica: HQ "Papai queria menino"

Capa de 'Mônica Nº 80' (Ed. Globo, 1993)

No "Dia dos Pais", mostro uma história lançada em agosto de 1993, há exatos 30 anos, em que a Mônica  deseja virar menino porque pensa que o Seu Sousa não gosta dela quando ouve do pai que queria um menino. Com 17 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 80' (Ed. Globo, 1993).

Seu Sousa vê uma bola enquanto volta do trabalho, os meninos, que estavam jogando futebol, pedem para chutar e Seu Sousa dá um chutão e joga com eles e faz um gol. Os meninos pedem para ele jogar no time de cada um deles e Seu Sousa diz que outra hora joga e foi divertido.

Em casa, Mônica está animada para o seu pai ver seu vestido novo. Quando Seu Sousa chega, diz que está bonito sem empolgação e sem dar atenção senta na poltrona. Mônica repara que nem a viu direito e acha que o pai está preocupado. Ela pega todos os seus bonecos e chama o pai para brincar de marionete e ele diz que agora não porque está cansado.

Mônica acha que o negócio é sério porque nem quis brincar com ela e vai ouvir escondida a conversa do pai com a mãe na cozinha. Seu Sousa comenta que eles podiam ter um menino, Dona Luísa se espanta de terem outro filho. Ele diz que outro não porque eles tem uma menina, sempre quis ter um menino para ensinar a jogar bola, empinar pipa. Dona Luísa diz que meninas podem fazer isso também e ele diz que não é a mesma coisa. Dona Luísa fala que outro filho ia atrapalhar o orçamento e ela queria voltar a trabalhar e Seu Sousa se contenta que é um sonho que vai ficar para mais tarde.

Mônica ouve tudo, segura o choro e corre para o seu quarto. Chora abraçada no travesseiro, diz que o pai não gosta dela, mas parecia porque sempre a pegava no colo, dava beijo de boa noite, contava histórias, disfarçou bem. Imagina que antes de nascer, o pai vivia repetindo que seria menino e quando se preparou para o grande dia, se decepcionou quando a viu. A mãe deve ter tido trabalhão para convencê-lo a não sair de casa e com o tempo foi se acostumando com a ideia, mas no fundo nunca gostou dela só porque é menina. Ela se olha no espelho, talvez tenha jeito para isso e sai para falar com o Cebolinha.

No dia seguinte, Seu Sousa vai chamar a Mônica para tomar café e ela aparece vestida e com linguajar de menino e dá um tapa nas costas do pai perguntando como vai essa força. Seu Sousa pergunta que roupa era aquela e cadê o vestido novo e ela diz que aquilo é tudo cheio de frescura. Dona Luísa pergunta por que a filha está fantasiada, Mônica diz que quer se vestir assim agora, quer que os pais comprem pião, bolinha de gude e bola de capotão.

Seu Sousa acha melhor eles brincarem de marionete e ela diz que não porque marcou  um jogo de futebol com a turma, mas depois podem assistir à luta de boxe juntos. Os pais ficam assustados com o que está acontecendo com a garotinha deles e acham que erraram em alguma coisa. Mônica fica feliz que o pai ficou surpreso e acha que está gostando mais dela e se encontra com o Cebolinha para aprender mais coisa.

Cebolinha diz que a roupa dele ficou ridícula nela e que parece um menino bem feio e dentuço e Mônica quer bater nele. Cebolinha diz que menino não faria isso, não ligam se eles são feios e Mônica responde que por isso ele tem coragem de sair na rua até hoje. Cebolinha fala que se continuar a gozação, não a ensina mais ser menino e lembram do trato que se ele ensiná-la a ser menino ela não bate mais no Cebolinha.

Depois, Cebolinha leva Mônica ao campinho pra ensinar como joga futebol. Cascão e Franjinha não gostam, mas aceitam depois da ameaça da surra. Cebolinha ensina à Mônica que tem que levar a bola até o gol e ela joga bola ao gol com a mão. Cebolinha diz que é com o pé e ela acerta o Cascão. Cebolinha diz que precisa de mais treino, quando o Seu Sousa aparece e eles têm que fazer a Mônica impressionar o pai imediatamente. 

Eles fingem que a Mônica driblou facilmente e ao chutar a bola, Mônica faz a bola sair do Planeta Terra de tanta força que chutou. Eles pegam outra bola, Mônica dá de graça ao adversário, Franjinha quica a bola, provocando pênalti de propósito. Mônica chuta bem devagar, a bola roda, para e Cascão como goleiro faz chutar em direção ao gol e todos comemoram como se fosse gol dela e que fez ganhar a partida. 

Cascão parabeniza Seu Sousa que a filha é craque, Mônica pergunta ao pai se está orgulhosa dela e Cebolinha diz para Mônica que vai acabar virando menino. Ela o chama de linguarudo e manda esquecer o trato deles. Seu Sousa quer saber por que Mônica quer virar menino e ela responde que é para o pai gostar dela, ouviu que ele queria ter um menino para jogar bola e empinar pipa e ele não gosta dela porque é menina. 

Seu Sousa fica arrependido e explica que também queria um menino, mas adora a sua garotinha, se tivesse um filho, ia ficar louco para tê-la porque com quem ia brincar de marionetes, de contar histórias e relembram os momentos gostosos que passaram juntos desde quandoera bebê. Assim, Seu Sousa sugere Mônica pôr um vestido para saírem juntos por aí. Mônica dá beijo nele, fica feliz e, em casa, enquanto ela troca de roupa, Seu Sousa comenta com a esposa que bem que podiam ter mais umas menininhas.

História legal em que Seu Sousa diz que queria ter um menino e Mônica acha que o pai não gosta dela por ser menina e resolve virar um menino pra agradá-lo. Consegue algumas dicas com o Cebolinha e tenta jogar futebol para impressionar, mas com a entrega do trato pelo Cebolinha, Seu Sousa mostra que gosta da filha, os momentos que passam juntos são maravilhosos e no final desiste de ter menino e que gostaria de ter outras meninas como a Mônica. Reconhece que as meninas são melhores.

Mostra ideia de pais que preferiam ter filho do sexo oposto do que têm, que insatisfeitos tentam fazer outros filhos para ver se vem. Tem bonita mensagem que independente do sexo, pai e mãe vai amar do mesmo jeito. Seu Sousa, queria menino para jogar bola e empinar pipa com o filho, mas que tinha preconceito que meninas não podiam fazer essas coisas, uma mentalidade muito comum na época que tinham de separar coisas de meninos e de meninas. É até um equívoco isso porque podem ter meninos que não gostam de jogar futebol e meninas que gostam, por exemplo.

Foi engraçado ver a imaginação da Mônica do nascimento dela com o pai todo animado por ter filho e decepção de ter vindo menina e querer sair de casa por causa disso, a Mônica vestida e se comportando como menino, jogando futebol toda errada chegando jogar bola ao gol com a mão e chutar bola para fora do Planeta Terra, também ela dar o troco na feiura do Cebolinha e a bigorna de 100 kg na cabeça do Seu Sousa representando peso na consciência. 

Cebolinha que acabou entregando seu próprio plano dessa vez, perdeu a chance de nunca mais apanhar da Mônica. Deu uma certa pena da Mônica chorando pensando que estava sendo rejeitada pelo pai. Curioso que nesta história a Mônica não apareceu com o tradicional vestido vermelho e Mônica ter boneca dela mesma e ter apenas sua boneca e o Sansão como seus únicos brinquedos. E eu gostava da arte dos pensamentos e sonhos das personagens quando eram retratados em tons azuis assim.

Incorreta atualmente por essa ideia de impressão que Seu Sousa não gostava da filha por ser menina, e ele ser machista que só meninos faziam aquelas coisas que ele queria, essa distinção de rótulos de coisas só para meninos e coisas só para meninas, a Mônica sofrer por ser rejeitada pelo pai e querer virar menino, vestida como um, aparecer com estilingue no bolso por ser violento e dar ideia de matar passarinhos, Dona Luísa de avental e aparecer cozinhando ou fazendo tarefas domésticas porque as mães não podem mais serem retratadas apenas como donas-de-casa, além das palavras proibidas "gozação", para não ser ter duplo sentido de cunho sexual, e "louco", para não confundirem com o personagem Louco.

Os traços eu achei bons, sendo que tem algumas leves diferenças na Mônica com dentes maiores e olhares diferentes e personagens com linha da boca fechada maior quando ficavam surpresos, provavelmente foi por experiência de novos traços e também para dar mais humor, de qualquer forma não vingaram desenhos com Mônica assim, foi só nessa história. Seu Sousa foi retratado mais gordinho, isso variava de acordo com cada desenhista. Teve erro na disposição do boné da Mônica, do nada ficava aba pra frente e aba pra trás sem critério definido.

Em alguns momentos Dona Luísa aparecia sem lábios com batom e em outros com. Não acho que foi erro, pelo visto a deixaram sem lábios de propósito nas cenas que queriam dar mais humor. Não gostava quando as mães das personagens apareciam sem lábios ou batom, mesmo que com intenção para histórias mais humoradas e/ou mães estarem mais rígidascom os filhos, achava que elas ficavam feias, incrível que só uma ausência de lábios faziam toda diferença no visual delas.

De curiosidade, esse foi último gibi da Mônica sem códigos de barras na capa, a partir da edição "Nº 81", de setembro de 1993, e em todos os outros gibis passaram a colocar códigos de barras para atender estabelecimentos como livrarias e mercados que vendiam com leitores de códigos de barras que estava se popularizando na época. Também marcou como o primeiro gibi da Mônica com preço em "Cruzeiro Real" (CR$), que substituiu o "Cruzeiro" (Cr$). Consistiu mesmo apenas em tirar 3 zeros, dividir preço por mil, devido a hiperinflação do Brasil na época e que continuou aumentando preços da mesma forma. Assim, esse gibi 'Mônica Nº 80', de agosto de 1993, de CR$ 95,00 é o mesmo que Cr$ 95.000,00 e que teve grande aumento em relação a 'Mônica Nº 79', de julho de 1993, que custou Cr$ 65.000,00. E também foi o único gibi da Mônica com preço em "Cruzeiro Real" e sem códigos de barras. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

FELIZ DIAS DOS PAIS!!! 

Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/08/monica-hq-papai-queria-menino.html

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