Já nas bancas a edição especial "Melhores Histórias da Mônica, por Mônica Sousa Nº 1", da Editora Panini, comemorativa aos 60 anos de criação da personagem Mônica. Nessa postagem mostro como foi essa revista.
Lançada em novembro de 2023, foi pensada em comemoração aos 60 anos da personagem Mônica, fazendo parte do pacote de comemorações da MSP para a data não passar em branco como os gibis quinzenais "Nº 37" de agosto de 2023 e os livros "Mônica 60 Anos" e "Mônica Edição de artista".
"Melhores Histórias da Mônica, por Mônica Sousa Nº 1", como o título propõe, reúne histórias da Mônica escolhidas pela filha do Mauricio de Sousa, Mônica Sousa, que foi a inspiração dele para criar a personagem Mônica em 1963. As histórias mais top e memoráveis que ela leu, foram juntadas nessa revista.
Tem formato de gibi convencional com 68 páginas, formato canoa 13 X 19 cm, capa com papel couchê ligeiramente mais grossa que os gibis atuais de bancas e papel jornal no miolo, sem passatempos, só histórias e com propagandas atuais, custando R$ 9,90. Até pensava que seria um formato maior e com capa cartonada com lombada seguindo estilo das edições da coleção "As Melhores Histórias" promocionais casadas do jornal "O Estado de São Paulo", de 2022, mas preferiram formato de gibi normal, que foi melhor ainda. Sim, acho muito bom que não foi material de luxo como nos livros especiais de capa dura, o que deixa um preço acessível, afinal, para mim, não precisa de luxo, deixar estante bonita, o chamado "quadrinhos goumert", importante é ter conteúdo de qualidade com acesso a todos.
Na distribuição chegou aqui dia 22 de novembro de 2023. A edição tem uma capa com um desenho da Mônica Sousa com a Mônica. Abre com um frontispício com a Mônica Sousa contando sobre a revista e as histórias que ela escolheu. Só acho que poderia ter uma ilustração, quem sabe, uma fotografia da Mônica Sousa, não só um texto.
Frontispício da edição |
Em seguida, vem as histórias, todas são da Editora Abril dos anos 1970, mais precisamente primeiras edições da revista da Mônica, o que é coerente já que seria a época que a Mônica Sousa era criança e que realmente ela leu. Vemos os primórdios do Mauricio, com personagens com bochechas pontiagudas, falando de boca fechada, conversas com linguajar formal.
Começa com a clássica "A Ermitã" (MN #6, de 1970), com 16 páginas, em que a Mônica resolve se mudar para as montanhas por pensar que seus amigos não gostavam mais dela. Virou desenho animado depois no filme "As Aventuras da Turma da Mônica" de 1982.
Trecho da HQ "A Ermitã" |
Em seguida vem "A Estrelinha perdida" (MN #8, de 1970), com 5 páginas, em que a Mônica e a turma ajudam a Estrela de Belém a voltar ao passado para cumprir sua missão de anunciar o primeiro Natal. Virou desenho animado em 1988, virando "Estrelinha Mágica" só que apenas com uma base nesta já que a história do desenho foi bem diferente. Curioso aparecer Anjinho andando como os outros em vez de voar, mas na época colocavam muito o Anjinho tratado como uma criança normal do que uma entidade, interagia muito, inclusive nas brincadeiras com a turma.
Trecho da HQ "A estrelinha perdida" |
Trecho da HQ "Os azuis" |
Já em "A Voz" (MN #18, de 1971), com 11 páginas, uma voz misteriosa sai da barriga da Mônica, falando coisas agradáveis aos amigos que nunca falaria para eles. Ela era ranzinza, braba, de poucas ideias, incapaz de dizer até "bom dia" para os outros e a voz interior fazia o contrário das atitudes dela, deixando seus amigos felizes. Mais uma história do Mauricio do tipo que as coisas aconteciam e pronto sem dar explicação e fica na imaginação dos leitores de como aquela voz surgiu na Mônica. Só se sabe que a intenção era tentar mudar a personalidade dela e ser mais gentil com os amigos.
Trecho da HQ "A voz" |
A edição termina com "Mônica com salto alto" (MN #19, de 1971), com 5 páginas, em que a Mônica pega o sapato com salto alto da mãe e ela não consegue andar com elegância com saltos tão alto. Essa foi voltada exclusivamente para o humor, sem transmitir mensagens como as outras, foi engraçado ver a Mônica tentando andar com os saltos e equilibrando os livros na cabeça e até deu surra no Cebolinha.
Trecho da HQ "Mônica com salto alto" |
Não teve uma tirinha final na última página, apenas uma ilustração igual da capa no lugar junto com os créditos finais. Ultimamente, alguns títulos novos como "Almanaque da Tina", "Almanaque de Histórias Curtas" e "Almanaque de Histórias Sem Palavras" estão seguindo esse estilo de só uma ilustração sem tirinha, tirando o estilo tradicional. Dava muito bem para Mônica Sousa escolher uma tirinha favorita que ela viu, as revistas de 1970 a 1972 não tinham tirinhas, mas ela podia escolher uma de 1973 em diante, tranquilo. A questão principal de não ter, foi isso de deixarem de lado as tirinhas em títulos novos, não porque não tinham tirinhas nos gibis naquele período.
Sobre as terríveis alterações que têm em todos os almanaques atuais, tiveram várias, a maioria envolvendo correção de cores das originais que eles erravam muito, a ortografia da época como "êle", "êste", "côr", etc, eles mudaram para a ortografia atual, as falas do Cebolinha trocando letras que eram entre aspas nas originais, mudaram para negrito como é atualmente, mas tiveram também algumas alterações com textos a favor do politicamente correto. Interessante que algumas palavras que sempre mudam hoje como "Credo!", "Louco" e "Meu Deus!" mantiveram, mas outras palavras mudaram, não tendo, portanto, uma padronização. E mantiveram personagens falando de boca fechada. Em todas as histórias teve pelo menos uma alteração significativa e vou mostrando a seguir.
Na história "A ermitã", teve caso de alteração de cores, mudando a placa direita azul para branca, deixando de ser igual ao conteúdo original. Inclusive se fossem para alterar cor, teria que ser a placa da direita já que na cena anterior, a Mônica escreveu o texto em um papel azul e ficou branco neste quadrinho em destaque.
Durante toda a história, toda vez que aparecia a palavra "criado-mudo" eles mudavam para outra coisa. Não entendi por que a palavra "criado-mudo" é proibida nos gibis de hoje a ponto de alterar em reedições de histórias. Quem sabe por ser duplo sentido e acharem que o leitor não vai saber distinguir criado-mudo de mesinha de cabeceira de um serviçal mudo, que não fala. Nessa cena, então mudaram "criado-mudo" para "gaveta".
Foi uma boa edição comemorativa*, cheia de histórias clássicas, não passa em branco os 60 anos da Mônica e melhor que sem luxo, é bom pra quem quer uma edição comemorativa e não tem condições de ter por serem caras ou quem quer ler histórias dos anos 1970 e não tem a extinta "Coleção Histórica" ou não tem condições de comprar os livros de luxo "Biblioteca do Mauricio". O que estraga são as alterações ridículas adequando ao politicamente correto ou à época atual, não deixando fiel às revistas originais, mas se até os livros "Biblioteca do Mauricio" alteram as coisas, não seria diferente dessa edição, pelo menos as alterações dessa vez não mudaram sentido das histórias. Se encontrar essa edição nas bancas é uma boa ter na coleção. Fica a dica.
* A princípio é apenas uma edição especial, mas por ter um "Nº 1" na capa, tem uma possibilidade de ser um título regular bimestral e, então, temos que aguardar para ver se vai confirmar ou não. Não faz muito sentido terem várias edições escolhidas pela Mônica Sousa, mas se for a cada edição serem histórias escolhidas por um funcionário da MSP diferente ou por artistas famosos, seria interessante. Tipo, roteiristas escolherem as suas histórias favoritas, ou as que leu na infância ou as que ele roteirizou, seria legal. Na Disney, até já teve coleção assim com famosos escolhendo as histórias top que leram. Vamos aguardar.
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