Nas bancas, 'Magali Nº 55' da 3ª série da Editora Panini em comemoração aos 60 anos de criação da personagem. Comprei essa edição e nessa postagem faço uma resenha de como foi.
Magali foi criada em 1964 inspirada na filha do Mauricio de Sousa, a Magali Spada. Na época o Mauricio tinha cobrança para criar personagens meninas porque só tinham meninos até então, aí criou a Mônica e a Maria Cebolinha, inspiradas respectivamente nas suas filhas Mônica e Mariângela, e depois veio a Magali, com a sua primeira aparição na tirinha Nº 367 publicada no jornal "Folha de São Paulo" em 11 de janeiro de 1964.
Primeira tirinha com a Magali (11/01/1964) |
Nas primeiras tiras, a Magali era apenas figurante e com aparições esporádicas, como forma de contracenar com a Mônica como uma amiga que dava conselhos para Mônica ser mais feminina ou até zombando dela sobre alguma coisa e era até comum a Magali apanhar dela, até mesmo sem merecer, já que Mônica perdoava ninguém.
A personalidade de Magali comilona e magrinha que come, come sem engordar veio apenas em 1966. Ela ficou cerca de um ano sumida das tiras de jornais do Cebolinha entre meados de 1965 a meados de 1966 e quando voltou, foi reformulada e já como comilona. Afinal, uma personagem só para ser amiga da Mônica não vingaria, precisaria ter alguma característica marcante, e, então, a Magali gulosa que conhecemos ficou presente a partir de 1966.
Além da personalidade de comilona, ser capaz de tudo por comida e magrinha que engorda nunca, nas suas revistas adotaram que é meiga, melhor amiga da Mônica, interação com o Mingau e com o Dudu e seu namoro com o Quinzinho. Atualmente, Magali anda completamente descaracterizada por causa do politicamente correto, não tem gula exagerada, praticamente não come, não regula comida dos amigos e divide o que come com eles.
Para comemorar os 60 anos da Magali, foi criada, então, essa história especial de 'Magali Nº 55', de maio de 2024, a exemplo de outros personagens que completaram 60 anos terem histórias especiais nas revistas nos seus respectivos meses de aniversário nos gibis. Teve o Cebolinha em 2020, Chico Bento em 2021 e a Mônica em 2023, só Cascão que passou seus 60 anos completamente em branco em 2021.
Sendo que essas comemorações não tiveram mesmo nível de importância para MSP. Cebolinha teve história especial na sua revista de outubro de 2020 e várias edições comemorativas, até um livro em capa dura, já Chico Bento foi só história especial na revista dele de julho de 2021 enquanto Mônica foi mais grandioso com histórias interligadas em todas as revistas "Nº 37" do mês de agosto de 2023 e várias edições especiais, incluindo o livro "Mônica 60 Anos". Já Magali pelo visto vai ficar restrita só a essa história da revista mesmo e olhe lá. Eles sempre dão mais destaque a dupla Mônica e Cebolinha do que os outros, sobretudo Mônica, acho que todos os personagens principais tinham que ter a mesma importância, se faz edição especial pra um, teria que fazer para todos.
Evolução da Magali |
Agora falando sobre a revista 'Magali Nº 55' segue o estilo padrão que vem sendo este ano, quinzenal com 52 páginas, formato canoa, 8 páginas de passatempos e 1 página de seção de correspondências e custando RS 6,90. Tirando capas, contracapas, propagandas, passatempos e seção de correspondências, fica 35 páginas com histórias. A distribuição chegou aqui dia 29 de maio, bem tarde, as revistas estão chegando muito atrasadas ultimamente, essas "Nº 55" deviam estar nas bancas no início de maio, as "Nº 56", que deviam chegar por volta do dia 20 de maio, nada ainda e já devia chegar as de "Nº 57" agora no início de junho.
A capa foi em referência a história de abertura e o desenho se estende na contracapa, como acontece com todas as mensais desde que reiniciaram numeração nessa 3ª série da Panini, sendo que foi uma ilustração mais simples comparado com as dos outros personagens que haviam completado 60 anos desde 2020.
Tem 7 histórias no total, incluindo a tirinha final. Não tem um frontispício comentando a marca histórica da Magali, já começando com a história de abertura "Uma garotinha de 60 anos". Escrita por Edson Itaborahy e com 14 páginas, a Bruxa Viviane deseja ficar poderosa aproveitando o 60º aniversário da Magali, aí faz ela ir até à sua casa inventando que teria uma festa surpresa e chegando lá conta fatos marcantes da trajetória da Magali antes de dizer o seu plano.
É explorado que a Magali é uma bruxa como foi falado em outras histórias dos últimos anos, já que a intenção da Bruxa Viviane era Magali transferir seus poderes de bruxa para ela. Dessa vez, o gato Bóris da Bruxa Viviane apareceu transformado em coruja a história toda, sem nem voltar ao normal no final, nem saberia se tratava do gato se não comentassem. Traços bem feios e as letras também digitais ainda pioram.
Achei uma história muito curta, sem grandes conflitos, diálogos simples, os fatos não eram aprofundados, só mostrados imagens na bola de cristal, nem teve referências de histórias clássicas e personagens marcantes da trajetória dos gibis da Magali, só 14 páginas para mostrar tudo de importante de 60 anos não dava. Aí, fatos que mostraram foram sem grande relevância como, por exemplo, dizer que a Magali participou dos filmes "A princesa e o robô" e "Uma aventura do tempo". No lugar de mostrar na bola de cristal fotos do que Magali fez de manhã, poderia colocar referências de gibis antigos. Ou seja, dava para caprichar mais, ter mais páginas e referências, faltou pesquisar, parece que feita só para não passar a data em branco.
Em seguida vem a história "Cinema em casa", de 6 páginas, com a Turma do Penadinho, em que o Frank quer assistir a um filme no seu celular e Penadinho tem ideia de todos assistirem ao filme na casa da Dona Morte. Nota-se que as histórias estão cada vez mais antenadas com lado tecnológico ao mostrar que Frank tem celular e que assiste filme nele, Dona Morte ter TV com "Flexflix" (NetFlix), tudo para adaptar a tecnologia atual e o interesse das novas gerações.
Depois uma história de 1 página da Magali com Marina sobre trocadilho de folhas e após os passatempos vem a história "Lanche gigante", com 5 páginas, em que a Magali ganhou convite de comer o cachorro-quente no Food Truck da Rosilda após ter se inscrito nas redes sociais dela e vai contando a novidade para os seus amigos. Traços bem estranhos e vimos que agora a Magali divide comida com os amiguinhos e não tem mais aquilo de comer tudo sozinha e os outros passarem vontade, tudo para não dar mau exemplo e mostrar lição para os leitores que devemos repartir e não ser egoísta, pena que isso descaracteriza a Magali que era capaz de tudo para ter comida, esconder o que estava comendo, armar planos para comer a comida dos outros, isso que era engraçado. O povo do politicamente correto odeia a Magali antiga e gostam dela assim como está agora.
E essa história mostra mais uma vez personagens envolvidos com tecnologia, ao Magali dizer que acessa redes sociais na internet, segue a chef influenciadora e se inscreveu no site após ver a publicação da rede social que segue. Interessante que reclamam de tudo era incorreto nos gibis antigos, reclamam de qualquer bobagem, mas acham certo criança de 7 anos ter celular e acessar redes sociais, que deveria ter acesso a isto só depois de 13 anos. Vai entender.
Depois vem "O segredo", com 4 páginas em que a Tia Nena conta para Magali como foi sua aventura no Reino Magix para pegar um ingrediente para o bolo de caramelo. Mostra a Tia Nena como uma bruxa de fato, sem nem deixar dúvida no ar se seria ou não. Desde os anos 2000 adotaram que ela era uma bruxa, mas na época isso ficava a dúvida para os leitores, agora é uma bruxa descarada. Assim, Magali e Tia Nena são bruxas nos quadrinhos atuais.
História de encerramento foi "Mudanças", com 4 páginas em que o Bidu estranha que seus amigos estavam com visuais mudados. Agora, desde que os gibis passaram a ser quinzenais, é muito comum ter histórias de secundários encerrando os gibis sem ser história do personagem principal da revista, até porque muitos são ideia de um gibi mensal antigo desmembrado em dois. E termina com a tradicional tirinha.
No expediente final, curioso que, além de ainda mostrar que é revista mensal (já podiam ter mudado que é quinzenal), colocou que é uma revista da Mônica e não da Magali. Pelo visto copiaram e colaram o texto da revista da Mônica.
Então, foi uma revista fraca em comemoração, dando ideia de ser feita ás pressas só para não dizer que a comemoração de 60 anos da Magali não passasse em branco até porque povo reclama se tem nada comemorativo. Pelo menos Magali não foi esquecida por completo, mas merecia algo bem melhor à altura que merece. Dava para história ter mais páginas ocupando no mínimo metade do gibi podendo até ser gibi com história única e mais referências à trajetória de seus gibis e sem ser tudo corrido, poderia o Flavio Teixeira ter sido encarregado de criar a história, assim como foram as dos outros personagens. E as demais histórias seguindo o estilo atual bem desanimador com traços digitais feios, lições de moral e os avanços tecnológicos cada vez mais frequentes. Vale para ter a edição se quiser ter algo comemorativo de 60 anos da Magali, única considerada especial pelo visto que vão criar para a data histórica. Fica a dica. As demais revistas "Nº 55" não comprei e não tem resenha.
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