terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Arquivos Turma da Mônica N°390 - Personagens Esquecidos 14: Zé Fuinha e Zé Furão!

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Zé Furão e Zé Fuinha
Zé Fuinha e Zé Furão, também conhecidos como "os pilantras da mata", foram criados nos anos 60 em tabloides de jornais. São uma dupla que vivem de dar golpe nos personagens da Turma da Mata  para conseguir alguma coisa deles para ficarem ricos. Seguem a linha de dupla de bandidos que eram muito comuns nas histórias da MSP, onde tinha um líder que planejava os planos e o outro que era mais atrapalhado e entregava tudo. Eles nem eram considerados bandidos, apenas queriam dar golpe em cima dos outros, jogarem suas lábias para ficarem ricos, embora já teve história com eles agindo como bandidos.

Como os seus próprios nomes diz eles são uma fuinha e um furão. No caso, o Zé Fuinha era alto, magro e o líder da dupla de pilantras, quem armava os planos. Já o Zé Furão era baixinho, gordo, burro e quem entregava os planos. Normalmente se fantasiavam de alguma coisa para fingir que era alguém importante para levar alguém na conversa e tirar proveito de alguma coisa e, logicamente, sempre se dando mal no final. Às vezes nem precisava o Zé Furão entregar tudo, já que o plano era tão banal que tava na cara que era golpe e então o personagem se passava por inocente, fingindo saber de nada. Ou ficava a dúvida se não sabiam que estavam sofrendo golpe.

No início, eles só perturbavam o Jotalhão. Depois passaram a dar golpe também a outros personagens como o Rei Leonino e Coelho Caolho. Suas aparições não eram frequentes, apareciam de vez em quando, as vezes demorando alguns anos para voltarem a aparecer até sumirem de vez em meados dos anos 80.

A estreia deles nos gibis foi em 1970 na história "Caçadores de marfins", publicada em 'Mônica Nº 3' (e republicada em 'Mauricio 30 Anos', de 1990). Uma história curta de 3 páginas em que Zé Fuinha e Zé Furão armam um plano para arrancar os marfins do Jotalhão para ficarem ricos produzindo estatuetas, bolas de bilhar, teclas de piano, entre outros. Zé Fuinha aparece para o Jotalhão falando que desde que conseguiu um talismã de marfim teve um azar danado, que tudo deu errado na vida dele, que quebrou a perna, destroncou o rabo, terminou com a namorada, teve intoxicação com queijo, mas desde que jogou fora o talismã tudo passou.

Jotalhão fica impressionado e Zé Fuinha e Zé Furão chegam a pensar que ele ia arrancar os marfins por causa disso, mas Jotalhão diz que está livre desse perigo de azar, já que ele colocou uma ponte de porcelana no lugar dos marfins, arrancando e segurando na mão para eles verem, deixando Zé Fuinha e Zé Furão passados.


Tem a curiosidade de no título chamar "Raposão" e ele nem aparece. Era comum isso acontecer nas primeiras histórias deles, visto que ainda não existia o temo "Turma da Mata" e o Raposão devia ser o protagonista do núcleo. Interessante também eles falarem a palavra "azar" abertamente, já que hoje em dia essa palavra está proibida, evitando mostrar histórias sobre esse tema e quando precisa substituindo "azar" por "má sorte" ou "falta de sorte".
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Trecho da HQ "Os caçadores de marfim"
Outra história de destaque com Zé Fuinha e Zé Furão foi uma sem título, apenas"Jotalhão", que saiu em 'Cebolinha nº 43' (Ed. Abril, 1976). Nela, Jotalhão cai em um buraco e fica entalado. Zé Fuinha e Zé Furão ouvem os gritos dele e como reconhecem que ele é o elefante que faz propaganda na TV, eles providenciam arrumar uma barraca e anunciar para todo mundo verem o elefante da TV para eles ganharem dinheiro e ficarem ricos. Eles atraem uma plateia de ratos para assistirem o "elefante mais famoso da TV". Nesa hora, Jotalhão afunda do buraco e vai cair no inferno. A plateia fica uma fera que o Jotalhão sumiu e correm atrás do Zé Fuinha e Zé Furão tacando pedras neles e querendo o dinheiro do ingresso de volta.


Foi só uma participação, pois do nada a história toma outra rumo quando o Jotalhão cai no inferno e a partir daí tem que provar aos diabos que está vivo e caiu por engano. O chefe dos diabos pega a ficha do Jotalhão e vê que ele é um elefante muito bom e ordena que volte para a superfície. No final, Jotalhão tapa o buraco que caiu, dizendo que não quer ver mais um diabo na sua frente, só que vê um filho do Coelho caolho disfarçado de diabo e sai correndo.
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Trecho da HQ "Jotalhão"
Em "Jotalhão e o pote de ouro", publicada originalmente em 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Abril, 1980) e republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 19' (Ed. Globo, 1990), um duende tem que levar um pote de ouro até onde começa o arco-íris para enterrar, só que fica cansado no meio do caminho e dorme. Como ele é invisível para os olhos dos humanos e bichos, Jotalhão vê o pote de ouro e pensa que está abandonado. Zé Fuinha e Zé Furão vê o Jotalhão ao lado do pote e tentam dar um golpe para poder levar o ouro do Jotalhão, com eles falando que são da "Companhia de Transporte de Valores da Mata" e que precisam levar o ouro e que eles passam a ser os responsáveis pelo pote e carregam para longe.


O duende acorda assim que eles vão embora e percebe que levaram o pote. Ele se torna visível para o Jotalhão e pergunta o que ele fez com o ouro. Jotalhão diz que 2 caras da "Companhia de Transporte de Valores da Mata" levaram. O duende vai atrás deles. Zé Fuinha e Zé Furão enterram o pote, prometendo voltar dentro de 3 meses para pegar de volta. Só que eles enterraram bem no local aonde começa o arco-íris e o duende fica até agradecido porque fizeram todo o trabalho para ele e depois vai pegar o pote de volta para levar até a outro arco-íris.
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Trecho da HQ "Jotalhão e o pote de ouro"
Depois voltaram na história "A roupa mágica", original por volta de 1982 e republicada no 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (Ed. Globo, 1989). Agora já com traços diferentes, típicos dos anos 80, Zé Fuinha e Zé Furão se vestem de alfaiates para dar um golpe no Rei Leonino, dizendo que vão fazer uma roupa com um material mágico e precioso para ele com uma linha de costura tão fina que só um grande rei consegue ver e um tecido com fios de sabedoria que só os inteligentes conseguem enxergar. Tudo custando a metade da fortuna do reino. Rei Leonino, muito esperto, diz que não vai precisar dos serviços deles. Eles falam que se for pelo preço, eles fazem por um terço da fortuna real. Mas Rei Leonino diz que não porque ele já está usando uma roupa mágica e pergunta se eles não estão vendo. Lógico, que ele não estava usando roupa invisível nenhuma, só estava dando o troco a eles.
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Trecho da HQ "A roupa mágica"
A última história que apareceram foi em "Babás exemplares", original de 'Cebolinha Nº 155' (Ed. Abril, 1985) e republicada no 'Almanaque da Mônica Nº 27' (Ed. Globo, 1991), dessa vez com eles tentando dar golpe no Coelho Caolho e com o Zé Furão estragando o plano. Nela, eles se passam por babás recomendadas pelo Rei Leonino para cuidarem dos filhos do Coelho Caolho enquanto sai com a esposa, com intenção de aproveitarem quando os filhos estiverem dormindo para levar tudo da toca do Coelho Caolho. Só que chegando lá, descobrem que são 300 crianças em vez de 2 ou 3 como pensavam. Zé Fuinha, então, fala para o Zé Furão limpar a casa enquanto o Zé Fuinha vai colocá-los para dormir.
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Trecho da HQ "Babás Exemplares"
Depois de um tempo, eles se encontram na sala, com Zé Fuinha exausto de tanto contar historias para dormir, balançar berços e cantar canções de ninar e o Zé Furão com um saco cheio. Zé furão pergunta se eles não tinham que esperar o Coelho Caolho e sua esposa e Zé Fuinha diz que não porque o trabalho está feito. No final, Coelho Caolho e a esposa voltam para casa, admirados que a casa estava muito limpa e admirando que as babás nem esperaram o pagamento. Então, é descoberto que o Zé Furão arrumou a casa e o que tinha no saco era só lixo em vez de ter levado os objetos da casa, deixando Zé Fuinha inconformando, chorando muito.
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Trecho da HQ "Todos os Zés"
Após essa história os personagens foram para o limbo do esquecimento. Inicialmente, deve ter sido por circunstâncias de criarem várias histórias e acabarem esquecendo de criar com eles até sumirem. Com o politicamente correto adotado na MSP anos mais tarde, de não ter mais histórias com bandidos e envolvendo golpes e trapaças, aí ficou de vez descartada a volta deles.

Porém, depois de muito tempo sumidos, fizeram uma participação na história "Todos os Zés", de 'Mônica Nº 234' (Ed. Globo, 2005), 20 anos após as suas últimas aparições. Nessa história metalinguística e informativa, foram mostrados os personagens da MSP que tem "Zé" no nome, como Zé Luis, Zé da Roça, Zé Lelé, Zé Vampir, Zé Finado, etc. E o Zé Fuinha e Zé Furão apareceram nela, em 4 quadrinhos: em 3 apresentando os personagens, e em outro quadrinho mais adiante, junto com todos os outros personagens "Zés". Após essa aparição-relâmpago, retornaram ao limbo do esquecimento, ficando até hoje.

Então, com suas histórias, os leitores se divertiam com os seus golpes e trapaças de um jeito bem humorado, e, de certa forma, tinha lição de moral e até dava para ter coerência com o mundo real, como alertar sobre golpes de telefone, por exemplo. Enfim, Zé Fuinha e Zé Furão tinham histórias divertidas e não mereciam ir para o limbo. 

Termino com algumas capas dos gibis que têm as histórias comentadas na postagem:
Capas: 'Mônica Nº 3' (1970), 'Cebolinha Nº 43' (1976), 'Cebolinha Nº 155' (1985), 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (1989), 'Mauricio 30 Anos' (1990), 'Almanaque da Mônica Nº 19' (1990), 'Almanaque da Mônica Nº 27' (1991) e 'Mônica Nº 234' (2005)
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Créditos;)  Marcos Alves http://arquivosturmadamonica.blogspot.com.br/2015/12/ze-fuinha-e-ze-furao-os-pilantras-da-mata.html

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