Em fevereiro de 1992, há exatos 30 anos, era lançada a história "A Bela e a Fera", uma paródia do conto de fadas, em que a Magali precisa ir morar com um monstro para a sua família não ser castigada. Com 13 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 69' (Ed. Globo, 1992).
Capa de 'Magali N 69' (Ed. Globo, 1992) |
Conhecemos um caixeiro viajante que tinha três filhas, Gigi, Doroti e Magali, e que sempre que viajava, ele perguntava para as filhas o que queriam que trouxesse na volta. Gigi pede lindos vestidos de seda e crepe da China para ficar ainda mais bonita, Doroti pede um pente de pedras para adornar o cabelo. Já Magali, a princípio pede nada, já é feliz com o que tem, e na insistência do pai, ela pede uma singela melancia e ele pensa como Magali é bondosa, meiga e gentil, puxou a ele.
O Caixeiro viaja pela cidade, faz bons negócios por dois dias e na volta, já com os presentes das filhas, esquece a melancia da Magali. Ele fica desapontado por esquecer um presente tão singelo, era tarde para voltar para a cidade e ali só tinha mato. Acaba encontrando um casarão com pomar e cheio de melancia. Ele resolve pegar uma, achando que o dono não ia se importar, mas aparece o dono, que era um monstro, não gostando que o pomar foi assaltado.
O Caixeiro implora para não fazer nada com ele, só queria levar uma melancia para a filha, tem três filhas e não podem ficar sem ele. A Fera o deixar ir na condição de levar uma das filhas para viver com ele até no dia seguinte de manhã e se não trouxer a menina, todos sofrerão, pois ele tem poderes para encontrá-los e castigá-los onde quer que estejam.
Em seguida, o Caixeiro volta para casa arrasado, entrega os presentes para as filhas. Ficam felizes e Magali, na sua provadinha, come a melancia inteira. O Caixeiro chora, fala que foi a melancia mais cara da sua vida e conta a história do Monstro que quer que uma das filhas vá viver com ele. Gigi e Doroti mandam uma e outra irem e Magali se prontifica a ir, nada mais justo, pois foi ela quem pediu a melancia.
Na manhã seguinte, o Caixeiro Viajante leva a Magali ao casarão da Fera. Magali acha que ele não pode ser mauzinho por ter plantação de melancia apetitosas. Ao tentar pegar, aparece a Fera, mandando não tocar e ordena o Caixeiro deixar a filha lá e dar o fora.
A Fera avisa à Magali que é para ela ficar longe das melancias, pode comer as outras frutas, menos as melancias. Em seguida, mostra o quarto da Magali, que não fica assustada por ter que morar lá. Magali diz que vai sentir falta do pai e das irmãs, mas medo nenhum. A Fera tira o disfarce, revelando sua identidade de monstro horrível, mas Magali não sente medo e diz que ele se parece o Mingau, seu gato fofinho.
A partir daí, Magali passou a ser amiga da Fera, levava café na cama todos os dias, contava-lhe histórias e enchia a casa de alegria, a feiura não fazia mais dele um ser solitário. Só que a Magali não se conformava com a proibição das melancias, fazia grande esforço para resistir quando ia pegar frutas no pomar, sempre sonhava com elas enquanto dormia, até que um dia ela não aguentou. Era para ser só uma melancia, mas como seu apetite grande, comeu todas.
Magali tenta sair de fininho, com esperança de ter sorte do Monstro não notar. Só que nesse momento, ele passa mal e acusa a Magali de traidora. Ele conta que uma bruxa, a quem negou uma fruta, colocou um feitiço, que ele viveria enquanto existissem as melancias e não podia contar isso e agora que a Magali comeu tudo, ele esta morrendo. Magali fica triste e chora em cima da Fera e aí nesse momento tem a transformação dele em um Príncipe, que conta que voltou a ser o que era, a bruxa o transformou em um monstro até que uma bondosa e gentil menina chorasse por ele.
No final, o Príncipe devolve Magali ao seu pai, prometendo casamento, assim que ela tiver mais idade, dando inveja às irmãs, e comemoram almoçando. O Príncipe conta a história ao Caixeiro, que diz que a filha é muito bondosa, gentil e meiga. Ao servir a sobremesa de melancias, o Príncipe fala que às vezes ela parece uma fera, fazendo referência a cara que ela fazia ao devorar as melancias.
Uma boa história com paródia do conto de fadas "A Bela e a Fera" com a Magali se passando pela Bela que precisa viver com um mostro para o pai não ser castigado e acaba ficando amiga da fera, mas com o seu ponto fraco de gula, comeu todas as melancias encantadas e quase matou a Fera. O choro espontâneo dela o salvou do encanto e o transformou em Príncipe, Magali prometida a casamento, acabando tudo bem.
Podemos ver que as irmãs eram invejosas, vaidosas e só queriam riqueza e a Magali era gentil seria a única que ficaria como monstro sem ter medo dele. Foi preciso o Caixeiro roubar uma melancia da Fera para conhecer a Magali e salvá-lo do encanto da bruxa. Como toda fábula, tem a sua lição de moral que foi que o que importa e a beleza inferior, ou seja, o monstro de aparência horrível que dava impressão que era muito malvado, tinha um bom coração, que ficou visível na companhia da Magali, e também que o o amor e o afeto espontâneo transforma, tira todo o mal encanto.
Foi supercriativa, bem fiel à fábula original e encaixando melancia e gula da Magali nos momentos certos para atender a característica dela. No lugar de uma rosa que o pai pegou, foi melancia. Sensacional. Como a Magali foi retratada como criança, não podia ser beijo para tirar encanto da Fera e nem podia se casar no momento com um adulto, aí teve cuidado de colocar choro afetivo e casamento só quando ela tiver mais idade. O narrador-observador, que é roteirista, contando a história dava um charme a mais.
Depois da clássica "Branca de fome e os sete anões" (Magali #57, de 1991) teve essa. Mostra, então, uma fase que faziam adaptação à conto de fadas famosos de acordo com o universo e as características dos personagens da Turma da Mônica com maestria. Podiam ter fábulas com qualquer personagem até então, sendo que depois deixaram mais essas paródias com a Magali, até por coincidências de muitas originais tinham alguma comida no meio e quando não tinha, eles adaptavam, como foi nessa. De vez em quando era legal histórias assim, depois a partir dos anos 2000 isso ficou frequente nas revistas da Magali, normalmente ela contando histórias de fábulas para o Dudu e aí ficou cansativo.
"A Bela e a Fera" teve um filme de animação em 1991 nos cinemas, então pode-se dizer também que essa história da Magali foi também mais uma das de paródias de filmes famosos que estavam investindo na época. O título nem teve paródia dessa vez, seguiu fie à obra, as vezes eles não parodiavam nomes de fábulas, filmes ou de artistas famosos.
Os traços ficaram excelentes, bem encantadores. Interessante que dessa vez não teve personagem fixo principal, com exceção de participação do Mingau. Até o pai foi retratado por outra pessoa sem ser o Seu Carlito. As vezes acontecia de fábulas não ter personagens fixos, estrelados só pelo personagem principal para dar destaque a ele, gostava quando era assim. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.
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