Capa de 'Mônica Nº 145' (Ed. Abril, 1982) |
Compartilho uma história clássica de exatos 40 anos agora em maio em que o Diabo aproveita que Deus cochilou para dominar a Terra precisando Anjinho e a Turma da Mônica impedir seus planos. Com 17 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 145' (Ed. Abril, 1982).
Nela, Deus resolve descansar primeira vez depois de bilhões de anos, desde o sétimo dia da criação do universo. Anjos Gabriel e João ficam encarregados de ficar tudo em ordem enquanto Ele descansa e fica sendo um segredo entre eles.
Só que um Diabo espião no Céu ouviu tudo e sai voando, bem feliz que o chefe dele vai saber disso. Anjinho ouve risadas e vulto saindo do Céu e vai ao Céu conferir entrando pelo esconderijo do Diabo e logo vê que o Criador está dormindo. Anjo Gabriel vê o Anjinho lá e dá palmada na bunda dele, falando que é proibido entrar lá, vai acontecer coisa terrível se acordá-lo e manda brincar em outro lugar e se voltar lá, vai ficar sem as asinhas por uma semana, sem deixar Anjinho se explicar.
Então, Anjinho resolve pedir ajuda, se a notícia de que o Criador está dormindo chegar no Inferno, nem sabe o que vai acontecer. Só que é tarde demais, o Diabão sai do Inferno estendo a mão gigante abrindo a terra, derrubando árvores e o Anjinho, que vai parar na casa da Mônica, quebrando a vidraça da janela.
Cebolinha e Cascão estavam brincando lá e manda Anjinho parar de tremer o chão da casa porque está atrapalhando o jogo de bafo deles e Cascão achou que foi combinação do Cebolinha com o Anjinho porque estava perdendo. Mônica aparece reclamando que Anjinho fez murchar o bolo no forno que estava fazendo.
O tempo escurece, Cebolinha vai ver na janela e não vê nada, só escuro e barulho de asas e Anjinho o manda sair de lá. Cebolinha pensa que eram passarinhos e não tinha medo e acaba sendo capturado pelos diabos voadores. Diabão comemora que os espiões fizeram ótimo trabalho, esperou bilhões de anos para o Criador dar cochilada para ele subir das profundezas e reinar na Terra.
O diabo voador solta o Cebolinha, que vai parar nas mãos do Diabão e o transforma em um diabinho com um raio saindo dos olhos. Diabão conta o seu plano de que fará o mesmo com todos os mortais e quando o Criador acordar, ele vai ter um exército tão grande que não poderá mandá-lo de novo para baixo e manda todos os diabinhos arrastarem os mortais até a ele.
Os diabinhos invadem a casa da Mônica, conseguem pegar o Cascão e o Cebolinha tenta capturar Mônica e Anjinho, que fogem voando pelos fundos. Na perseguição, fazem com que o Cebolinha fique preso enroscado nos fios elétricos de um poste e se escondem em um túnel do amor. Enquanto isso, os diabinhos capturam humanos de vários países.
No túnel do amor, Mônica tem ideia de serrar um outdoor que tem uma propaganda de Tota Toia (Coca-Cola) e um homem apontando, fazendo de conta que seria a mão de Deus em uma nuvem para falar com o Diabão. Feito isso, dão ordem para ele parar com isso e voltar para o Inferno antes que fique zangado e se não obedecer, a vingança será terrível. Diabão acha impossível o Criador acordar tão rápido, assopra a nuvem e vê Mônica e Anjinho com alto falante.
Diabão fala que não podiam enganá-lo por ser o mestre das artimanhas e transforma o Anjinho em um rato. Anjinho grita e faz acordar o Criador, que se queixa como o Diabão ousou sair do Inferno. Ele diz que não vai voltar para lá, juntou exército suficiente para resistir e não vai ser fácil.
O Criador joga um raio, Diabão acha que errou a pontaria, mas foi de propósito para invocar a esposa e a sogra. Ele deixou o Inferno de fininho e elas cobram que não vale nada, bate nele com tridente e fazem voltá-lo para o Inferno. Antes de voltar, Diabão da recado que vai esperar voltar a cochilar para voltar a atacar.
Assim, todos voltam ao normal, Cascão e Cebolinha comentam que era esquisito ficar com asas de morcego e chifres e Mônica pergunta ao Anjinho se o Criador resolver dar outra cochilada. O Padre aparece apavorado reclamando que roubaram o relógio da igreja. Anjinho imagina onde foi parar e vemos no final que foi Deus quem roubou para não perder a hora de quando cochilar.
Uma aventura sensacional com o Diabão aproveitando que Deus resolveu descansar para tomar reinado na Terra transformando humanos em diabinhos, daria certo se não encontrasse a Turma da Mônica, fazendo o Anjinho acordar Deus e resolver a situação chamando atenção da mulher e sogra do Diabão para levá-lo de volta para o Inferno. E ainda Deus no final roubar o relógio da igreja para não perder hora quando resolver cochilar.
Inspirada na ideia de que Deus nunca dorme e resolver abrir uma exceção deu uma excelente história. Vimos que quem manda no Diabão são a mulher e a sogra e por isso teve que ceder seus planos, prometendo voltar quando Deus voltasse a cochilar. A história nunca teve uma continuação, não seria uma má ideia na fase clássica da MSP, mas ainda assim dia os voltaram em outras histórias em diversas situações, eram bem frequentes e muito boas também. Legal também a paródia da Coca-Cola no outdoor.
Caprichavam demais na fase da Editora Abril, dava gosto de ver histórias assim. Mistura de aventura com um toque de humor em algumas partes, baseavam em desenhos animados na época. Agradava bem crianças maiores, adolescentes e pais que liam gibis dos filhos.
Considero até mais como uma história do Anjinho já que Mônica fez mais participação e tiveram mais destaques mesmo o Anjinho e o Diabão. Interessante que não foi falado nome de Deus, apenas chamado como "Criador" e normalmente quando Deus era personagem em quadrinhos aparecia só voz dele e algumas vezes a mão. Foram raras exceções que Deus apareceu presencialmente, mas já aconteceu algumas vezes.
Hoje em dia completamente sem chance uma história assim por não poder mais envolver Deus e Diabo, além de piadas com Deus cochilar e como ladrão ao roubar relógio da Igreja para dormir sem preocupação, Diabo maquiavélico com traços desse jeito, Cebolinha e Cascão se tornarem diabinhos e se tornarem vilões para pegar Anjinho e Mônica. Fora o Anjinho levar palmada na bunda do Anjo Gabriel já que a educação de hoje não aceita de jeito nenhum filhos levaram surra e palmadas dos pais, insinuação amorosa da Mônica no túnel do amor e os palavrões ditos pelos "mortais" sendo carregados pelos diabinhos também proibidos.
Os traços espetaculares, um show a parte, principalmente o Diabão de um jeito como nunca visto. A sogra dele até lembra um pouco a Pipa e o padre lembrou o Padre Lino da Turma do Chico Bento, sendo que na época o Padre Lino não tinha traços definitivos, era desenhado diferente a cada história e só na Editora Globo que ficou definitivo seus traços nesse estilo aí.
O título por muito tempo pensava que era inexistente, aparecendo só Mônica, mas ele é a fala de Deus no primeiro quadrinho. Era comum ter títulos representados pela fala dos personagens que tinha um destaque maior, normalmente colorida a fala deles.
Foi republicada 2 vezes, a primeira em 'Almanaque da Mônica Nº 2' (Ed. Globo, 1987) e depois em 'Coleção Um tema Só Nº 16 - Mônica Passeios' (Ed. Globo, 1997), sendo que curiosamente na segunda reedição, o código de identificação teve referência ao almanaque de 1987 em vez de dizer que era uma da Abril. As imagens eu tirei do Almanaque de 1987 e mostro a seguir as capas das 2 republicações. Muito bom relembrar esse clássico marcante há exatos 40 anos.
Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 2' (1987) |
Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 16' (1997) |
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