quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Arquivos Turma da Mônica N°1.291 - Mudanças em "Mônica 60 Anos"

Eu já tinha falado do livro "Mônica 60 Anos" e intenção era falar só em uma postagem, sendo que encontrei várias alterações em relação às histórias originais que criei essa postagem mostrando só as mudanças deste livro.

Desde que foram para a Editora Panini em 2007 passaram a alterar histórias originais nas republicações dos almanaques para se adequarem ao politicamente correto, tudo que acham errado para os padrões atuais da sociedade, mudam, sejam textos ou desenhos. A partir de 2013 já teve um aumento considerável de alterações e nos últimos anos estão aumentando isso  e nesse livro "Mônica 60 Anos também teve. Foram muitas alterações, muitas delas foram absurdas, umas simples, outras revoltantes, quase todas histórias tiveram alterações.

História "Mônica contra o Capitão Feio" ('Mônica Nº 31' - Ed. Abril, 1972): na edição original, o Capitão Feio falou o ano 1941 abreviado e alteraram, colocando sem abreviação. A gente costumava abreviar os anos enquanto falava e do jeito original dava um ar de cotidiano, não precisavam mudar isso.


Diabo é proibido nos gibis atuais, então alteraram no livro Mônica dizendo que o Capitão Feio é feio como diabo para "quiabo" para não ser traumatizante para o povo do politicamente correto e nem para ofender o Capitão Feio, mesmo sendo um vilão. Preferiram uma palavra para rimar com diabo e quiabo foi a escolhida.

A expressão popular "feio para burro" foi alterada para "feio demais", pelo visto não pode mais expressões populares nos gibis atuais, ainda mais citando animal, no caso dizer que burro é feio é errado.

A palavra "gozar" e variações são proibidas nos gibis atuais por ter cunho sexual e não problematizar, tudo que dê duplo sentido é proibido hoje, então mudaram a palavra "gozado" para "engraçado", o verdadeiro significado quando personagens falavam isso.

A palavra "desgraça" é proibida atualmente nos gibis, então mudaram a fala para "tragédia" nesse quadrinho para amenizar.

História "A Força da Mente" ('Mônica Nº 68' - Ed. Abril, 1975): a palavra "Diacho!", que tanto falavam nos gibis antigos, é proibida hoje por lembrar "diabo" e sempre mudam em republicações. Então, nesta história, trocaram "Diacho!" para um grito "Aaaiii!" e até ficou meio sem sentido por Mônica gritar já no chão depois que caiu da árvore.


História "Mudanças e costumes" ('Mônica Nº 194' - Ed. Abril, 1986): foi uma história que não teve alterações em textos e desenhos, nessa preservaram como foi, mesmo com cenas incorretas para os padrões atuais, só corrigiram alguns erros de cores, como nessa cena de que o menino que apareceu com bigode branco na original  e agora corrigiram, colocando bigode laranja como o cabelo. E também corrigiram partes como Mônica aparecer de pálpebras brancas nos olhos.

História "A ilha misteriosa" ('Mônica Nº 72' - Ed. Globo, 1992): a primeira mudança já foi no título, originalmente se chamava "A ilha da baixaria" e agora, "A ilha misteriosa", fazendo referência ao desenho animado de 1999 que foi intitulado assim, aí todas as republicações dessa história a partir da Editora Panini foi com esse título novo, fora que acham que é incorreto o nome antigo, até porque podem achar que não teve baixaria na ilha. Eu gostava do título original, ficava mais engraçado e não deixou de ter confusão na história, baixaria é nada mais do que confusão.

A palavra "índio" é totalmente proibida atualmente, isso não só em gibis da Turma da Mônica como na mídia em geral, assim como a cultura de índios ancestrais é errada mostrar. Tem que chamá-los de indígenas, chamar de índio é ofensivo por ter ideia de ser selvagem e primitivo. Esse o motivo de mudarem a Turma do Papa-Capim com roupa e em uma comunidade indígena moderna. 

Então, neste livro, toda vez que apareceu a palavra "índios", mudaram para outra palavra qualquer, índios canibais" colocaram apenas "canibais" e os supostos habitantes da ilha foram tratados como pessoas comuns. Nesta cena, por exemplo, Mônica correndo dos índios, alteraram com ela gritando por socorro.

Aqui, o diálogo mudou para tirar referências a "índios" do texto. Mudaram a Mônica dizendo que tinha índios na ilha para "não estamos sozinhos", Cebolinha passa a dizer "Quê?!" e Mônica responde que tem pessoas lá. Fora, ainda outra cena que encontram os tais índios e mudam a fala para "estranhos"

Atualmente, nada de cunho religioso pode nos gibis atuais, antes era só se referirem a Deus e agora pode nada envolvendo qualquer religião. Então, nessa cena mudaram a palavra "rezar" para "chorar". Essa alteração achei surpreendente, palavra "rezar" é proibida e agora os personagens não podem nem mais rezar.

Nesse trecho, Cebolinha tenta dialogar com linguagem de índio primitivo. Mudaram todas as falas colocando linguagem normal brasileira para tirar chacota com os indígenas na vida real e não ter ideia que o pessoal da ilha eram índios canibais.

Alteraram a falam da mulher que os meninos estão com medo para "crianças" no lugar. Como Mônica é menina, pelo visto não quiseram dar ideia que ela era menino.

História "Amor pestinha" ('Mônica Nº 77' - Ed. Globo, 1993): A palavra "Credo!" é proibida nos gibis atuais. Assim, alteraram a Magali falando "Credo!" por "Afe!". Essa de cara já percebe que teve modificação porque em 1993 não existia esse termo "Afe!". Sem dúvida, "Credo!" era bem melhor.

Alteraram Cebolinha falando que Magali e Liliane eram duas senhoritas para "suas amiguinhas" no lugar. Pessoal do politicamente correto poderia implicar que elas eram crianças e não podiam ser chamadas de senhoritas. Aliás, o tom do cabelo d Liliane ficou diferente a história toda, era marrom e agora colocaram um loiro acinzentado, foi uma das únicas mudanças de cores significativas dessa edição.


A palavra "louco" é proibida atualmente no sentido de alguém se chamar ou ser chamado de louco, provavelmente para leitores não confundirem com o personagem Louco. Então, mudaram a fala da Magali, colocando "doido" no lugar de "louco".



Personagens rabiscando direto no muro é completamente inadmissível para o povo do politicamente correto e sempre que tinham personagens rabiscando muro nos gibis antigos, mudam colocando um cartaz, como foi o que aconteceu nessa cena do Cebolinha escrevendo no muro que a Liliane é linda.

Alteraram a fala da Mônica falando "surras memoráveis" para "coelhadas memoráveis". Não pode ter violência nos gibis atuais, a Mônica não espanca nem dá soco nos meninos, no máximo coelhada raramente, então palavra "surra" é proibida agora e trocar surra por coelhada, ameniza o tom violento nas histórias.

Aqui, um caso de linguagem, preferem agora deixar escrita formal nas histórias, então alteraram fala do Cebolinha de "bonitão que nem eu" para "bonitão como eu" no lugar.

História "Mônica a sereia" ('Mônica Nº 125' - Ed. Globo, 1997): Não pode mais atualmente histórias com crianças namorando ou apaixonados por alguém, então mudaram a fala da Mônica que é gamadona no Renatinho para vê amores impossíveis nos filmes.

Alteram fala da Mônica que a Sereia era "loira" para "legal". Essa achei surpresa, não entendi por que não pode mais chamar alguém de loira, com cabelo loiro, sinceramente não vejo motivo por que é errado isso.

Aqui, mudaram todo o diálogo tirando "loirosa", derivado de loira, porque não pode mais chamar alguém de loira, gíria "dando em cima" e Mônica querer que Renatinho seja seu futuro noivo por questão de namoro, querer se casar com ele. O diálogo original ficou muito mais engraçado do que essa alteração ridícula.

Expressões populares do nosso cotidiano pelo visto é completamente proibida atualmente. Aqui mudaram "Pó pará!" para apenas "Para! "Para!". A expressão "Pó pará!", sem dúvida, muito mais engraçada.

Aqui, já foi um inverso, tiraram a linguagem formal para informal trocando "ajudá-la para "ajudar". Não teve uma padronização se quer linguagem formal ou informal.


Mais uma expressão popular mudada, "Vai te catar!" foi trocada por "Sai pra lá". Como "Vai te catar!" ainda dá ideia de ofensa, xingamento, aí que mudaram mesmo.


Mais uma vez deixaram trecho com linguagem informal, alterando "deixá-lo" para "deixar ele". Não teve uma padronização de tipo de linguagem que queriam, sem necessidade alterar.


Mais uma vez a palavra "gozada" alterada para "engraçada" por ser proibida atualmente. essa palavra é inadmissível atualmente nos gibis.

Aqui, censuraram a Mônica dando soco explícito no vilão, colocando só uma onomatopeia "Pof!" no lugar pra amenizar a violência e não ser traumático para os defensores do politicamente correto. Nos gibis antigos, embora colocavam mais onomatopeias nas surras da Mônica, as vezes colocavam surras explícitas e tinham que ter mantido como foi na revista original de 1997.

Alteraram que cebolinha teria xingado Mônica de baleia para "gorducha" no lugar. Hoje evitam meninos xingarem a Mônica, até aceitam chamá-la de gorducha", mas um exagero de gorda comparando a uma baleia, não pode mais.

Alteraram a palavra "gozado" para "estranho" dessa vez e que o Renatinho atrais meninas para que apenas fala com elas pra não ter um sentido de paquera, que ele "pega" várias meninas do bairro.

História "Aniversário da Mônica, presente de grego" ('Mônica Nº 123' - Ed. Globo, 1997): Teve mudança de "estes dias" para "esses dias" para deixar a norma culta de linguagem.


Alteraram Cascão chamando Cebolinha de "bocó" para "bobo". Mais um termo popular mudado, acho que deviam manter até para crianças aprender novas palavras e expressões de sentido figurados. 

Expressão "Nem morto!" é proibida agora e mudaram para "Nem pensar!", até por não envolver exagero de morte da expressão. Sem dúvida "Nem morto! muito mais engraçado.

Na revista original de 1997 erradamente colocaram que a Mônica fazia aniversário em 23 de março, mesmo já estava consolidado seu aniversário como 21 de março. Então, eles corrigiram o erro nessa cena de destaque e também no primeiro quadro da conversa do Cebolinha e Cascão da primeira página. Essa alteração até aceitável.


Palavra "Cruzes!" é proibida atualmente, então mudaram para "Nossa!" nessa cena.

Aqui, já tiraram aspas  de be-abá" dita pelo Seu Sousa. Parece que já formalizaram essa palavra na Língua Portuguesa" e não precisa ficar entre aspas.

Mais uma vez palavra "Cruzes!" alterada, dessa vez para "Afe!". "Cruzes" fica bem melhor. E a história ainda teve mudança de colocarem cartaz no muro onde não tinha na original, assim como fizeram em "Amor pestinha".

História "A deusa da força" ('Mônica Nº 159' - Ed. Globo, 1999): Alteraram fala da Mônica dizer que sabe varrer a casa para que fez a lição de casa da escola pra não dar ideia de criança trabalhando com tarefas domésticas, afinal, crianças não podem trabalhar nos gibis atuais.

História "Mônica adormecida" ('Mônica Nº 162' - Ed. Globo, 2000): Mudaram a fala da bruxa  de transformar o homem em lagarto manco par alagarto roxo para amenizar maldade com animais. Lagarto sem perna é muito mais maltrato do que só mudar de cor e traumatizar menos os leitores.

Aqui foi uma correção de cor, na revista original o pássaro que era rosa apareceu em alguns quadrinhos e agora corrigiram colocando rosa na história toda. Aceitável essa.

Palavrões são proibidos nos gibis atuais. Eram colocados símbolos simbolizando que personagens estão falando palavrão e agora nem isso pode mais. Então,  na fala da Bruxa colocaram texto que era porcaria no lugar dos palavrões. 

História "Hora de dormir! Mas com o Monicão, não!" ('Mônica Nº 13' - Ed. Panini, 2008): tiraram a expressão popular "sossega o facho" por sossega aí,  hein?" por acharem errado expressões assim nas histórias. 

História "Vendo coisas" ('Mônica Nº 2' - Ed. Panini, 2015): na revista original,  em toda a história óculos teve concordância no singular  e agora colocaram tudo no plural para ficar de acordo com a norma culta. Sendo que trechos mudaram mais além como mudar ordem da fala do Cascão de experimentar, capaz acharam confusa e difícil entendimento a fala original. 

Aqui incluíram um par de óculos  pra dar sentido que era um só óculos. 

E aqui reforçando a plurarização dos óculos.  Na história original dava mais informalidade, agora deixam na escrita formal. Isso prova que histda Panini de menos de 10 anos também são alteradas, se julgam que tinha coisa errada, mudam.
Aí,  só 2 histórias do livro não foram alteradas em texto. "Mudanças e costumes" que preservaram inclusive homem fumando cachimbo e mãe da Mônica puxando orelha dela, coisas altamente proibidas hoje, por causa da história ser ambientada no século XIX, ensinar conceitos do início da República do Brasil e, sobretudo, pela mensagem de direitos femininos que defendem tanto, resolveram deixar como foi e até porque eram cenas que aconteciam no século XIX, mas aí classificaram o livro pra 14 anos por causa dessas cenas sensíveis para o povo do politicamente correto.  E em "Monicão brinquedão" ('Mônica Nº 31' - Ed. Panini, 2017) que é uma história mais recente e bobinha com o Monicão, seguindo os padrões que eles gostam, aí não precisaram mudar.

Como podem ver, mudaram tudo sem dó pra agradar o público que apoia o politicamente correto, estragando com as histórias originais e nada desses casos incorretos que mudaram tem nos gibis novos. Mais de 40 alterações, nunca vi tantas em uma só edição,  tudo mudado com bobagens, se você ler as histórias através dos gibis originais,  tem uma leitura muito mais engraçada e agradável do que com essas alterações todas. As dos anos 1990 simplesmente foram detonadas. Isso porque o livro teve classificação indicativa de 14 anos por causa de cenas incorretas que não podiam mudar para não tirar sentido das histórias,  se mudassem nada, colocariam classificação para 16 anos ou mais. Sem dúvida o politicamente correto conseguiu destruir os gibis da Turma da Mônica, uma pena acatarem e agradar os gostos desse pessoal, infelizmente tendência é piorar já que ano encontram coisas novas erradas para a sociedade atual. 

Créditos - Marcos Alves: 
https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2024/08/mudancas-em-monica-60-anos.html

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