segunda-feira, 22 de maio de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.156 - Nova personagem Sueli em 'Turma da Mônica Nº 31' - Panini (2023)

Nas bancas o gibi 'Turma da Mônica Nº 31', referente a primeira quinzena de maio de 2023, com a história de apresentação da nova personagem Sueli. Nessa postagem falo sobre essa personagem e esse gibi como um todo.

A Sueli é a primeira personagem surda-muda da Turma da Mônica. Foi criada com o intuito de mais representatividade de personagens deficientes nos gibis, inclusão e acessibilidade e para ensinar a linguagem de libras aos leitores. Já tinha o Humberto como mudo e que sabe a linguagem de libras, mas ele é só mudo e ouve muito bem, já a Sueli não escuta nem fala e precisa de intérprete de libras para entender o que os outros falam. Assim, Sueli se junta a outros personagens deficientes criados como Luca (paraplégico), Dorinha (cega), Tati (Síndrome de Down) e André (autista), além do próprio Humberto (mudo), aumentando representatividade deles nos gibis.

Sueli é mostrada como uma menina surda-muda de 9 anos, afro-asiática, que gosta de esportes, em especial o basquete, e comunica com os outros através de linguagens de sinais. A família se muda para o bairro do Limoeiro e conhecem a Turma da Mônica. O pai Jairo Woo é descente de sul-coreano e é o novo professor de Educação Física da escola onde a turminha estuda, a mãe Natália Woo é negra e trabalha como Engenheira de Software e tem os irmãos Felipe, de 12 anos e intérprete de libras para a irmã entender o que falam, e Iago, o caçula de 5 anos. Eles sendo afro-asiáticos, também aproveita para ter mais representatividade e diversidade de negros e coreanos nos gibis.

Cartaz de apresentação da Sueli na 24ª Surdolimpíadas de Verão de 2022

Sueli apareceu primeiro na 24ª Surdolimpíadas de Verão de 2022, quando foi apresentada ao público no evento. Depois, apareceu nas ilustrações do livro infantil "Turma da Mônica Conto Clássico em Libras - O Lobo e os Sete Cabritinhos" da Editora On Line em 2022, que mostrou o clássico da Literatura contado em Libras pela Sueli. E agora resolveram colocá-la também nos gibis para contracenar com a turma e educar sobre a linguagem de libras. Inclusive, a divulgação da personagem foi alta, teve até matéria no programa "Fantástico" da Rede Globo de Televisão.

Sueli no livro infantil "Turma da Mônica Conto Clássico em Libras - O Lobo e os Sete Cabritinhos" (Editora On Line)

Falando sobre esse gibi "Turma da Mônica Nº 31", chegou aqui dia 5 de maio de 2023, é quinzenal, tem 52 páginas, formato canoa, custando R$ 6,90 e com 1 página se seção de correspondências e 8 páginas de passatempos. Tem 5 histórias no total, incluindo a tirinha final e seguem com "Mauricio Apresenta" no título de cada uma. Capa com  logotipo em HD com alusão à história de abertura e continua com contracapa sendo extensão da capa no lugar de uma propaganda  e colocando preços, códigos de barras, QR Code, selos, etc, tudo na contracapa.

Capa com desenho se estendendo na contracapa

A história de abertura desse gibi, com título "Nessa turma todos têm voz", escrita por Edson Itaborahy e com 18 páginas, mostra essa apresentação da Sueli e sua família, o pai Jairo como novo professor de Educação Física da escola, dá aula de basquete para eles e depois Seu Jairo leva Mônica e Cebolinha para casa dele conhecerem o resto da sua família e durante a história eles têm que recuperar um cartão de memória que um passarinho pegou por engano. 

Achei diálogos fracos, didáticos e sem naturalidade, um conflito de irem atrás de passarinho para recuperar cartão de memória bobo, dava para caprichar mais, e um final vazio e sem piada. Tinha que acontecer coisas com a Sueli igual como as outras crianças, não só tudo um mar de rosas, ter mais piadas, fica sem graça assim. 

Trecho da HQ "Nessa turma todos têm voz"

Hoje em dia acontece nada com os deficientes e os negros nos gibis. Nas histórias antigas, acontecia de tudo com Humberto e Jeremias,  eram trolados, se davam mal, participavam dos planos infalíveis contra a Mônica, apanhavam, dessa forma eles tinham muito mais representatividade, sendo tratados iguais aos outros, mesmo eles sendo mudo e negro, respectivamente. Hoje, nem com eles acontece nada, se nem Cebolinha apanha mais, imagine Humberto e Jeremias, politicamente correto não permite. 

Chama atenção também outro detalhe que o politicamente correto impõe como diálogos do Seu Jairo avisando que pediu permissão aos pais da Mônica e do Cebolinha irem a casa dele. Nas histórias antigas, os personagens tinham autonomia de irem sozinhos aonde fossem, iam a supermercados, restaurantes, cinemas, etc, e ainda pagavam as contas sem presença dos pais, só com as mesadas que recebiam dos pais, e também iam nas casas dos amiguinhos sozinhos sem mostrá-los que tinham que pedir aos pais para irem na casas dos outros, dando mais agilidade. Agora, eles têm que fazer questão de mostrar diálogos assim para não darem mal exemplo, fica forçado e chato isso nas histórias. 

Agora eles têm preocupação das mães trabalharem em empregos diversos e não serem só donas-de-casa, para não dizer que só os pais trabalham fora como era antigamente. Aí, todas as mães têm emprego, nem que seja por home-office e nem aparecem de avental em casa. Por isso esse destaque no texto que a Natália é engenheira de Software e aproveitam também na inclusão tecnológica e digital nos gibis. Outro detalhe, na contracapa apareceu a Milena, mas ela não aparece na história, tinham que ter colocado a Magali no lugar e colocaram Milena para dar mais representatividade aos negros.

Trecho da HQ "Nessa turma todos têm voz"

Em seguida vem história "Nuvens", de 3 páginas, em que Marina quer desenhar nuvens e acha que elas estão sem formas e não estão bem desenhadas no céu. Bem bobinha essa, Marina sem graça como sempre, e detalhe que exemplifica bem os traços digitais no estilo copiar, colar, percebe-se a Marina com mesmo desenho em todos os quadrinhos, cabelo igual na mesma posição, nos três primeiros quadrinhos, inclusive, cópia total do desenho e da expressão da Marina só cortando o corpo dela e inserindo posições do braço e diminuindo proporção do desenho a partir do segundo quadrinho, e o quadro que ela pinta sempre igual também. Deprimente e tudo muito artificial assim.

Trecho da HQ "Nuvens"

Depois vem seção de cartas e passatempos, tem uma história de 1 página do Piteco em que ele tenta caçar dinossauro sem sucesso e tem uma surpresa no final. Essa achei a melhorzinha da edição, pelo menos tem tentativa de caçar, o que teoricamente seria proibido pelo politicamente correto. Provável que ainda aceitem Piteco caçar dinossauros porque os animais não existem mais e também são tentativas frustradas sem sacrificá-los. E agora até as histórias de 1 página obrigatoriamente têm que ter um título, normalmente nas antigas, essas de 1 página colocavam apenas nome do personagem como título.

Em "Sonhos", com 5 páginas, Dorinha ensina para Mônica e Magali como os cegos sonham. Mais uma história didática envolvendo deficientes e ensinando como são seus costumes, mas sem conflitos entre os personagens, só lado didático mesmo e um final vazio. Aliás, foi um gibi que privilegiaram os deficientes e o lado educativo, pois além de Sueli e Dorinha, tiveram ainda 2 propagandas em quadrinhos institucionais, a com o autista André e a da SEBRAE de como a Dona Lili, mãe da Magali, pretende abrir um negócio.

Trecho da HQ "Sonhos"

História de encerramento foi "Uma mistura de outro mundo", com 7 páginas, em que o Dudu está no supermercado com a sua mãe, Dona Cecília, e Dudu se imagina como astronauta que está em um planeta de carnes quando está na seção de açougue. Dudu não é mais aquele garoto pestinha, que perturbava os pais para não comer ou azucrinava os seus amigos com assuntos diversos, sendo um verdadeiro mala sem alça; agora são histórias com ele soltando imaginação em suas brincadeiras e de preferência longas e só junto com o Binho, irmão da Milena, que tem a mesma idade dele. 

Aí, essa história exemplifica bem a personalidade do Dudu atual, bem descaracterizado, porém o povo do politicamente correto gosta assim. E detalhe de informação em asterístico do que se trata "mistura" que a Dona Cecília fala, reforçando que o Bairro do Limoeiro fica em São Paulo, perto de fronteira com Minas Gerais. 

Trecho da HQ "Uma mistura de outro mundo"

O gibi termina com uma tirinha da Tina e nos créditos finais mostrando a numeração real da revista, N° 366, somando com a numeração da 'Revista Parque da Mônica' desde janeiro de 1993 pela Editora Globo, já que esse título herdou 'Parque da Mônica' em 2010, quando o Parque antigo fechou. E curioso que ainda não mudaram no expediente que os gibis agora são quinzenais, informam ainda que são mensais.

Expediente final mostrando também a numeração real da revista

Então, eu achei um gibi fraco, todo voltado ao politicamente correto que a nova geração de pais e educadores apoiam, uma cartilha educativa mostrando bastante representatividade de deficientes, ensinando coisas,  diálogos sem naturalidade, sem conflitos, sem ações, sem  humor, finais vazios e sem piadas, fora traços digitais horrorosos e sem vida no estilo "copiar, colar".  Não devia ser tão educativo assim. A ideia de personagens deficientes nos gibis não é ruim, mas tinham que ser tratados como as outras crianças,  acontecerem coisas com eles como apanhar, cair, terem conflitos, e não só para ensinar suas limitações.  Se acontecessem coisas com eles, se dessem mal como eram nas histórias antigas do Humberto,  aí que seria verdadeira representatividade.  Dos gibis "N° 31" comprei só esse por causa de ser especial da estreia da Sueli e sua família   os outros não comprei e então não tem resenha. Fica a dica. 

Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/05/nova-personagem-sueli-em-turma-da-monica-n-31-panini-2023.html 

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