quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Arquivos Turma da Mônica N°1.293 - HQ: "Um Novo Anjinho"

Mostro uma história em que o Anjinho precisou ensinou boas maneiras para um outro anjo que havia chegado no Céu. Com 5 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 16' (Ed. Globo, 1983).

Capa de 'Chico Bento Nº 16' (Ed. Abril, 1983)

Um anjo apresenta o Manoel, um novo anjinho que veio ficar com eles e quer que o Anjinho ensine o Manoel como agir. Anjinho agradece pela confiança e o Anjo fala é que não tinha outro anjo à disposição. Anjinho começa pelo que não se deve fazer, Manoel acha chato e Anjinho diz que primeiro é não interromper os outros quando eles tiverem falando e enquanto descem do céu diz também que tem que respeitar o próximo, nada se ser malcriado, tem que ajudar os outros, etc.

Chegando na Terra, Manoel precisa mostrar na prática o que aprendeu. Veem um menino amarrando lata no rabo do cachorro, Manoel se aproxima e dá um nó mais apertado, falando para o menino que assim é que se dá nó, deixando o cachorro doido para tirar as latas. Anjinho quer saber o que fez, Manoel fala que estava ajudando o próximo e Anjinho conta que é para ajudar, mas não a fazer maldades. Depois, Manoel vê um menino jogando graveto para o cachorro pegar e vai tomar satisfação de por que atirar coisas nos cachorrinhos. 

Em seguida, ele tenta ajudar uma velhinha  a atravessar a rua e ela diz que não queria atravessar, só estava olhando. Depois tenta ajudar um homem a se livrar de uma caixa cair na cabeça dele, mas faz o homem cair no buraco com o empurrão. Manoel pergunta como foi no primeiro dia, Anjinho diz que nem vai falar e Manoel acha que ele foi muito bem assim. Voltam para o céu, o Anjo pergunta ao Manoel como foi o primeiro dia, ele fala que foi ótimo e aprendeu muita coisa. O Anjo diz que então vai deixar o Anjinho com ele por mais alguns dias, Anjinho desmaia e no final, o Anjo apresenta ao Manoel o novo Anjinho que vai cuidar dele, pelo menos até o Anjinho melhorar, já que ficou doente só em saber de aturar o Manoel por vários dias.

História engraçada em que o Anjinho é encarregado de ser professor do Manoel, um novo anjinho que entrou no céu, para ensiná-lo boas maneiras e como se comportar bem. O Manoel entende tudo errado e ajuda de maneira torta, em vez de ajudar, acaba atrapalhando mais ainda. Depois que o Anjinho descobre que vai ter que ensiná-lo por mais alguns dias, fica doente e é preciso um outro anjinho para ensinar o Manoel.

As ajudas do Manoel foram do estilo Nico Demo, que tinha tentativa de fazer boas ações e piorava tudo com diferença que o Manoel fazia por inexperiência e o Nico Demo muitas vezes fazia de caso pensado, sabendo que era maldade. No caso do cachorro da lata no rabo, Manoel não sabia que era para ajudar o cachorro, mas bem que podia sacar que o cachorro estava sofrendo. Foi até engraçada a cara do cachorro aliviado com a presença dos anjinhos e se decepcionando quando o Manoel deixou o nó mais apertado. Com o menino jogando graveto, inocência do Manoel adverti-lo, com a velhinha, teria que perguntar se ela queria ajuda para atravessar a rua e com o homem da caixa na cabeça foi empurrão muito forte. Em todos os casos dava para consertar depois, fazendo a ajuda que deveria ter feito ou pedindo desculpas, mas não fez, deixou por isso mesmo.

Engraçado ver Anjinho subordinado, recebendo ordens de um Anjo superior e as tiradas como o Anjo dizer que só chamou o Anjinho porque não tinha outro anjo disponível e não pela competência dele,  a expressão "Vai ser dureza!" no mesmo momento que o Manoel cai no chão e o tradicional "Blá! Blá! Blá"" substituído por "Papapá-Tititi!" Tiveram absurdos de se o Manoel era anjo e foi parar no céu, já mostrava que era bom e consequentemente sabia das boas ações quando era vivo, não precisava receber aulas para isso, e também o Anjinho, por ser  entidade celestial, não devia ficar doente, assim como o Manoel ter sentido dor ao cair no chão. Absurdos que deixam mais divertidas as histórias. 

Impublicável hoje em dia pelas maldades do Manoel e nem se corrigir depois, principalmente do cachorro com rabo na lata, que inclui maltrato de animais, e o do homem cair no buraco, o que é uma pena, sem dúvida a gente aprendeu mais sobre boas maneiras assim como foi do que jeito didático atual. Também implicariam com expressões populares como "Papapá-Tititi!" e "Vai ser dureza!", tudo que der duplo sentido e fora da norma culta de linguagem. 

Traços ficaram muito bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1980 e destaque a partir de 1983 o Anjinho ficou com auréola em definitivo, antes não colocavam auréola nele. História do Anjinho em um gibi do Chico Bento porque era comum nas primeiras edições do chico na Editora Abril terem histórias de secundários do Limoeiro como Titi, Jeremias, Humberto, Anjinho, etc, além de Bidu e Papa-Capim já que tinham poucas histórias do Chico produzidas e colocavam para preencher os gibis e ainda ajudava a presença da Turma do Limoeiro para identificarem que o Chico era personagem do Mauricio de Sousa por não ser muito conhecido antes de ter gibi próprio.

Neste ano, comemora-se 60 anos de criação do Anjinho. Criado em 1964 nas tiras de jornais do Cebolinha como um anjinho que foi passar uns dias na Terra por fazer travessuras no Céu. No início da fase dos gibis, ele não era tão santinho, participava até de brincadeiras com a turma e em planos infalíveis contra a Mônica. Na Editora Abril podia ajudar qualquer pessoa na Terra que estivesse com problema e também era comum o Anjinho ter sua própria turma no céu, mas não eram personagens fixos, apareciam só em uma história, como foram com esses três anjos que apareceram nessa, além de Anjinho ser subordinado por um superior que poderia ser Deus, São Pedro ou um outro anjo adulto. Também era normal histórias com Anjinho recebendo novos anjos no céu, assim como o Penadinho recebia as novas almas no cemitério, erma boas histórias nesse estilo. Hoje, tudo isso foi abandonado, Anjinho é mais focado de ajudar só os personagens da Turminha do Limoeiro, principalmente a Mônica, com histórias mais bobinhas e repetitivas para prevalecer o politicamente correto.

Essa história "Um Novo Anjinho" foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 11' (Ed. Globo, 1990). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 11' (Ed. Globo, 1990)

Créditos - Marcos Alves: 
https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2024/09/hq-um-novo-anjinho.html

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