sábado, 3 de dezembro de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.104 - Magali: HQ "Algum lugar no passado"

Capa de 'Magali Nº 90' (Ed. Globo, 1992)

Em novembro de 1992, há exatos 30 anos, era publicada a história "Algum lugar no passado" em que a Magali tenta descobrir através de suas vidas passadas o motivo do seu trauma de não conseguir comer brioches, Com 20 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 90' (Ed. Globo, 1992).

Magali aparece na padaria do Quinzinho, não só para vê-lo, mas também para ver se saiu o pãozinho quentinho e delicioso. Quinzinho fala que não, o pai está preparando a fornada, mas oferece outras coisas enquanto espera, aí ela come broa de milho, sonhos e pão-doce, sem precisar cortar fatias.

Magali pergunta se tem mais alguma coisa, Quinzinho responde que tem novidade que é uma receita francesa chamada brioches. Magali se espanta e sai correndo ao ouvir falar aquele nome. Mônica aparece na hora, pergunta o que aconteceu, Quinzinho fala que só ofereceu brioche e saiu assim e Mônica vai atrás dela porque se recusou comida, deve estar muito doente.

Mônica encontra Magali sentada em uma pedra, oferece um sorvete gelado e Magali come direto da mão da Mônica, que quer saber por que fingiu que estava doente quando o Quinzinho ofereceu brioche. Magali não quer que fale nome brioche. Mônica se surpreende que é a primeira comida que ela não gosta e deve ser horrível. Magali diz que nunca comeu, nem tinha ouvido falar, mas acha familiar e agora fica o nome martelando na cabeça dela.

Mônica diz que tem muitas outras coisas para ela comer e Magali diz que precisa saber o que está acontecendo senão não vai ter mais sossego, então elas vão falar com o Franjinha. No laboratório, ele diz que pode ter comido e esquecido, ser um trauma do passado e, então, ele mostra a sua nova invenção para testar, o vasculhador do passado. Com ela, vão poder assistir o passado na TV  e tirarem muitas dúvidas.

Mônica quer saber se foi o Cebolinha que deu nó no Sansão semana passada. Franjinha diz que não dá, só funciona se ligada á memória de uma pessoa.  Magali senta na máquina, Franjinha tenta hipnotizá-la para dormir, mas não consegue e, então, Mônica dá uma coelhada na Magali e, assim, ela dorme. Franjinha fala para Magali lembrar coisas do passado e aparece na TV tudo que ela lembra. Com isso, Magali lembra comendo melancia. Franjinha manda voltar mais no tempo e lembra dela menor.

Franjinha quer que Magali se lembre de coisas não tão boas. Magali lembra se queimando na panela do fogão, como bebê chorando de fome no berço e levando tapa do médico ao nascer. Franjinha estranha que foi só, Mônica lembra que ela não tem nem 7 anos e Franjinha comenta que apareceu nada de brioche. 

Quando ia acordá-la, aparece na TV Magali com roupas do século XIX, se chamando de Julia e pedindo pacote de rebuçados. Franjinha conclui que a máquina também revela vidas passadas. Depois vê que ela teve a sua fazenda arrasada por ianques e o que sobrou o vento levou e jura que nunca mais vai passar fome na vida. Mônica chora e Franjinha comenta que pelo menos cumpriu a promessa.

Depois, aparece outra vida, no século XVIII, encarnada como Rainha francesa Magali Antonieta. Mônica como aia Moniquete avisa que o jantar da rainha está servido. Franjinha como um guarda, avisa que eles têm problemas. Magali Antonieta reclama que justo na hora do jantar. O Guarda fala que o povo reclama que não tem pão para comer. A Rainha fala que se tem pão, que comam brioches e vai martelando brioches o tempo todo e dar gargalhada.

Magali sai do transe, fala que sonhou que era uma rainha má, o povo não tinha pão e mandava comerem brioches enquanto ela comia guloseimas e por ter tocado no ponto, Franjinha acha que ela estava curada. Só que foi pior, pois a Magali passou a recusar todas as comidas, como sorvete, cachorro-quente, sanduíche do Dudu e almoço de casa, fazendo a mãe desmaiar. Magali conta que quando pensa no povo faminto que ela ignorou, lhe dar mal-estar e acha que nunca mais comer na vida.

Franjinha volta a acionar a máquina, Magali está fraca por estar horas sem comer e dorme, sem precisar de levar coelhada da Mônica. Franjinha manda lembrar da Rainha Magali Antonieta, e aparece na TV imagem dela falando que se não tem pão, que comam brioches. Moniquete pergunta como pode ser cruel, se não sabe que o povo passa fome. O Guarda vai falar com a Rainha, diz que o povo também não tem brioches. Rainha manda comer bolo, Guarda fala que não tem bolo, nem nada, o povo passa fome. 

A Rainha pergunta se está brincando, com toda essa fartura e o Guarda diz que a fartura é só no palácio, lá fora, o negócio está feio. Rainha vai falar com o marido, o Rei Quinzinho I, quer saber porque o povo passa fome. Quinzinho I diz que é porque ela come toda a produção do reino. A Rainha fica envergonhada e promete fazer regime. Então, resolve distribuir pão para o povo, junto com o Rei, conseguindo matar fome deles.

Magali acorda, comemora que sonhou que o povo tinha comida a vontade e todos eram felizes, sente fome e está curada, podendo comer de tudo agora, até brioches. Corre para padaria do Quinzinho para experimentar, só que ele vendeu tudo. Então, no final, Magali come pão e diz para Mônica que se não tem brioches, que coma pão.

História legal com Magali querendo saber porque não podia ouvir falar de brioche e, através da invenção do Franjinha, foi descobrir que na sua vida passada foi uma rainha má que mandava o povo com fome comer brioche por não terem pão enquanto ela comia com extravagância. Piorou a situação e ela passou a comer nada, mas voltando a ver a sua vida passada, vê que o povo passava fome porque ela comia demais, o arrependimento dela faz distribuir pão para o povo faminto, fazendo a Magali voltar ao normal e comer de tudo, até brioche.

Teve várias referências famosas. O tema central foi baseado no filme "Em algum lugar do passado", tanto que serviu de base para o título da história. A vida anterior à atual, foi paródia do filme "E o vento levou", o que foi muito engraçada a parte que ela fala que jamais vai passar fome de novo e vimos que a Magali é comilona nessa reencarnação para compensar a fome que passou na vida passada. E a encarnação que ela é Rainha da França, foi referência à Revolução Francesa e à Rainha Maria Antonieta. E, de quebra, ainda mostra relação de governantes que não dão a mínima de pobres passando fome.

Na época estava bem frequente histórias com paródias ou inspiradas em filmes famosos, verdadeiros clássicos do cinema, eram bem próximas uma da outra histórias assim. Foi bom de ver esses clássicos filmes e ainda ter uma noção sobre Revolução Francesa. Aprende, se divertindo.


Na vida como Rainha Magali Antonieta, vimos que o Quinzinho foi marido dela, Mônica uma criada do reino e Franjinha como um guarda. Como dizem, que a gente reencontra pessoas que conhecemos de outras vidas, aí está valendo. Fica a dúvida se as visões foram de fato vidas passadas da Magali ou apenas sonhos dela, aí vai da interpretação e da crença de cada um, pelo menos serviu para tirar o trauma de brioche dela, sem precisar ir a psicólogo.

Foi engraçado também ver o passado da vida atual da Magali com ela lembrando pequena de 2 ano, se queimando no fogão, levando tapa do médico quando era bebê recém nascida. De fato, por ter só 6 anos, não tem muito o que se lembrar. Hoje, eles colocam idade fixa dos personagens como 7 anos para eles irem à escola.

Interessante o namoro da Magali com Quinzinho, que sempre ficava a dúvida se era só interesse ou não já que ele era filho do padeiro e podia comer bem. Nessa mesmo, fica a dúvida, já que ela diz que foi vê-lo e logo emenda que também foi ver os pãezinhos quentinhos da padaria. E engraçada a cara de pau dela comer as coisas da padaria sem pagar, não é a toa que o pai do Quinzinho, o Seu Quinzão, não gostava dela por causa do prejuízo que dava e o filho acobertava.

Pode-se dizer que brioche não era uma comida que a Magali não gostava já que ela nunca tinha provado, foi um trauma do passado, era raro ter alguma coisa que ela não gostava de comer, mas depois na história "A Magali não gosta do quê?" ('Magali Nº 140' - Ed. Globo, 1994) foi revelado que ela não gostava de qualquer coisa temperada com cebolinha.

Dessa vez a Magali apanhou da Mônica e sem ter aprontado, era bem raro acontecer nos anos 1990, já que na época, a Mônica estava batendo só nos meninos. Nos anos 1960 e 1970 que era mais comum a Mônica bater em qualquer pessoa, até nas meninas e se não tivesse feito nada com ela e, com isso, era mais comum ver até Magali apanhando da Mônica até na primeira metade dos anos 1980. História até considerada grande em vista dos padrões de gibis quinzenais da época, é que as vezes colocavam umas maiores para diferenciar das mais curtas.

Os traços ficaram muito caprichados. A colorização já estavam cada vez cores mais fortes e com erro de cores fora dos contornos dos desenhos, uma coisa bem comum nos gibis da Globo. Teve um erro também da Mônica falar de boca fechada na 12ª página da história (página 14 do gibi), coisa também frequente na época. É incorreta atualmente por envolver vidas passadas, reencarnação, religião, coisas que não aceitam mais nos gibis. Namoro dos personagens também não pode mais assim como Quinzinho trabalhar na padaria por causa de trabalho infantil, Magali bebê levar tapa do médico na bunda e nudez de bebê. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos. 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/11/magali-hq-algum-lugar-no-passado.html

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