domingo, 2 de janeiro de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.009 - Bidu e Franjinha: HQ "Feliz Ano Velho"

Compartilho uma história do Franjinha com Bidu de 50 anos atrás em que o Ano Velho não queria ir embora da Terra com vergonha das coisas ruins que aconteceram no seu ano. Com 7 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 21' (Ed. Abril, 1972).

Capa de 'Mônica Nº 21' (Ed. Abril, 1972)

Escrita por Mauricio de Sousa, se passa em um dia ensolarado do verão, no começo da tarde, Franjinha e Bidu estão descansando no quintal de casa, quando Bidu ouve um barulho esquisito vindo do porão. Franjinha, a princípio, pensa que é só um rato, mas depois percebe que olhos são muito grandes para ser um rato e resolve chamar seu pai para ver quem é.

A voz no porão fala para ele esperar, que não vai fazer mal nenhum e que já fez muita maldade e que agora não pode mais fazer nenhuma. Fala que ele é um velho infeliz e odiado, que já fez muita maldades mas a missão dele acabou pois felizmente foi substituído nas funções e agora não vai mais prejudicar ninguém.

Franjinha vai até o porão e pede ao velho ir lá para fora. Ele manda Franjinha ir embora, quer ser esquecido, não fez nada de bom e felizmente sua vida chegou ao fim. Franjinha pensa que ele tem voz de uma pessoa de mais de 100 anos. O velho pede para deixá-lo escondido lá, quer que ninguém mais se lembre dele e nunca soube de nenhum colega ter sido tão mal como ele foi.

Bate uma claridade no porão e Franjinha descobre que ele é o Ano 1971 que passou, que conta que não devia estar na Terra, mas não teria coragem de tomar caminho para o Asilo dos Anos Passados e não saberia como encarar os anos que o antecederam. Todos tiveram coisas boas para lembrar, todos significaram algo de bom para alguém, menos ele, que só houve crimes, inundações e catástrofes no período dele, não teve um dia que não presenciou tragédias e desordens. Aí se escondeu lá para que não se lembrem do monstro que ele foi.

Franjinha fica com pena, acha que ele pode morrer de tristeza se continuar assim. O Velho Ano lembra da inundação que houve na Ásia com muitas vítimas e desabrigados. Franjinha diz que não lembra  direito porque na época estava ocupado porque nasceram os pintinhos lindos da sua galinha Carijó. O Velho Ano lembra das mortes e crimes por motivos estúpidos no período dele e Franjinha diz que não reparou nas notícias tristes e, sim, no nascimento de quíntuplos, quadrigêmeos e trigêmeos, que nasceram muitos bebezinhos em 1971.

O Velho Ano comenta sobre as guerras, brigas, incompreensões e Franjinha conta que ele estava ocupado estudando, passou com a primeira nota nos exames de fim de ano na escola e teve uma coisa importante lá, a vacinação das crianças contra a Poliomielite, foi muito bonito ver as pessoas com crianças no colo recebendo a vacina SABIN. Outra coisa boa é a corrida espacial Pacífica entre os povos da Terra, enquanto tentam tirar fotos melhores de cada planeta, há mais paz na Terra.

O Velho Ano fica na mente sobre esses acontecimentos de vacina, estudos, nascimentos e diz que não foi tão mal assim. Franjinha diz que sempre terá alguém que vai sentir saudade do tempo dele. O Velho Ano sai do porão e vai de encontro com o Velho Tempo, que estava o procurando. Ele se apresenta para se recolher e Velho Tempo pergunta por que fugiu e que os colegas dos anos anteriores estão o esperando pra contar as fofocas do período dele e enquanto se vão para o Asilo, Franjinha comenta com o Bidu, que tudo tem 2 lados como uma moeda, é só olhar para o lado mais bonito. 

Uma história muito legal e envolvente com o Ano 1971 não querendo ir para o "Asilo dos Anos Anteriores" porque tinha vergonha dos maus acontecimentos que aconteceram durante o seu período. Precisou Franjinha apontar os bons acontecimentos de 1971 para o velho não cair em depressão e não ficar na Terra.

Tem uma bonita e importante mensagem de não ficar lembrando só das coisas ruins. O Velho Ano ficava focado se lamentando das tragédias, mortes, e esquecia das coisas boas. Em qualquer ano vai ter coisas ruins e coisas boas, tem que filtrar e permanecer na lembrança das coisas boas, os momentos bons que teve. Mauricio gostava dessas histórias filosóficas, colocando a sua voz, seu auto ego nas falas dos personagens, nessa história era como se ele estivesse falando aquelas coisas para o Ano 1971 no lugar do Franjinha, além de mostrar fantasia e imaginação, como foi aí com os anos anteriores se encontrarem em Asilo levado pelo velho tempo.

Foi interessante Mauricio mostrar os acontecimentos de 1971, tanto nas tragédias e nas coisas boas, como enchente na Àsia, Guerra no Vietnã, nascimentos de quíntuplos, vacinação em massa, etc. A gente vê que passa ano, entra ano, as coisas ruins sempre se repetem e a história de 50 anos atrás se torna atual até hoje. Incrível a semelhança até na vacina em evidência, com diferença só que era a vacina SABIN de poliomielite e hoje é a vacina de COVID. Em 1971 tinha um surto de Poliomielite e resolveram fazer vacina em massa com as crianças para conter a doença e em 2021 tem vacina em massa contra a COVID e agora também para vacinar as crianças, uma grande coincidência.

O Bidu fez mais figuração, foi basicamente mesmo uma história do Franjinha. Eles gostavam de retratar o Ano que passou como um velho e o Ano- novo como bebê. Essa ideia do ano velho querer ficar na Terra, aconteceu também na história "O último servicinho do ano" da Dona Morte de 'Cascão Nº 77' (Ed. Gobo, 1989). Histórias assim sempre eram boas. Hoje não fazem mais histórias de Réveillon nem gostam de mostrar problemas sociais por serem inapropriados para crianças e nem mostrar coisas datadas de uma época, aí impublicável.

Essa história acabou sendo publicada em janeiro de 1972 e não em dezembro, como seria mais natural. As vezes tinham histórias de Réveillon em janeiro, quando queriam dar prioridade ao Natal em dezembro ou a história se remeter que está passando após a passagem de ano. Interessante também que não foi uma história de abertura da Mônica em  uma revista dela, nos primeiros números da Editora Abril, algumas edições a Mônica quase não aparecia, ficava secundária na própria revista e tinham muitas com secundários. Com o tempo, foram fazendo histórias mais dela e aí ficou mais equilibrado presença dela e histórias dos secundários.

Os traços foram bons, típicos das primeiras edições da Mônica dos anos 1970 com os personagens bochechudos, os primórdios do Mauricio. Ao longo dos anos foram mudando de forma bem gradual que nem percebiam das mudanças que estavam tendo nos traços, só quando a pessoa pegava uma revista antiga para reler. Foi legal a brincadeira do título "Mauricio deseja a todos um Feliz Ano Velho", bem criativo. Apesar de já ter tido a Reforma Ortográfica de 1971, em dezembro, ainda aparecia a ortografia antiga antes da reforma porque os gibis estavam produzidos antes e não davam para corrigir, fora que normalmente quando ocorre mudanças assim fica algum tempo aceitando as 2 formas de escrita. Excelente mostrar esse clássicos de exatos 50 Anos.

UM FELIZ ANO NOVO A TODOS!!! 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2021/12/bidu-e-franjinha-hq-feliz-ano-velho.html

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