segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.208 - Cascão: HQ "Louco por um gibi"

Capa de 'Cascão Nº 179' (Ed. Globo, 1993)

Em novembro de 1993, há exatos 30 anos, era publicada a história "Louco por um gibi" em que o Cascão é capaz de tudo pra ler a revista com a morte do "Superomão" e que não tinha dinheiro para comprar. Com 13 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 179' (Ed. Globo, 1993).

Começa com uma cerimônia de enterro do Superomão reunindo todos os super-heróis. Mulher Maravilhosa chora e acha que ele não morreu. Super-Telepático adivinha pensamento dela por ser sua especialidade e pergunta por que ela acha isso. Mulher Maravilhosa acredita que Superomão não morreu porque o mundo não pode ficar sem ele e depois o gibi iria acabar e o gibi não pode acabar.
Vimos que era um gibi que o Cascão estava lendo e que a história continua na próxima edição, se houver. Cascão lamenta que vai ter que esperar um mês para saber se o  Superomão bateu as botas, acha que o mês vai demorar pra passar, mas passa tudo em um só quadrinho.

Até que Cascão vê na banca de jornal que chegou a nova revista do Superomão. Cascão pede uma revista para o jornaleiro Seu Zé só que não recebeu a mesada e pergunta para o Seu Zé se pode pagar outro dia e ele responde que aí ele leva a revista outro dia, já que jornaleiro que vende fiado vai à falência.

Cascão diz que precisa arrumar grana fácil. A mãe conta que todo dinheiro que tinha foi para as despesas e o pai fala que só vai receber daqui 15 dias e no cofrinho só tinha uma moeda. Cascão fica revoltado, não aguenta esperar pra saber se o Superomão morreu ou não, quer ler logo. Até que encontra o Cebolinha lendo a revista no campinho. Cascão fica do lado, Cebolinha fala que detesta que fiquem lendo em cima do ombro dele. Cascão se abaixa levantando braço do Cebolinha mais para ler abaixo dos ombros dele. Cebolinha fica com raiva e fala que não consegue ler com alguém bicando a revista e Cascão toma a revista dele.

Cebolinha pega de volta, Cascão pede para ler a revista e Cebolinha diz que só depois que ele ler tudo e isso pode levar muito tempo. Cascão fala que não vai discutir e propõe Cebolinha emprestar 100 mangos para comprar a revista e Cebolinha conta que o último dinheiro que tinha gastou na revista e manda dar um tempo.

Depois, Cascão tenta ler em cima de uma árvore com binóculos. Cebolinha puxa o Cascão e volta a avisar que não gosta de bicões. Em seguida, Cascão pesca a revista e tenta ler atrás de uma moita e Cebolinha pega a revista de volta. Depois, cascão se fantasia como funcionário da Editora "Blogo" (Globo), que quer recolher todas as revistas do Superomão que vieram com defeito. Cebolinha tira o disfarce dele, dizendo que devia ser mais esperto, que foi ele quem inventou truques assim.

Cascão chora, falando que só queria ler uma revista dessa, não aguenta esperar, se não ler logo, sabe que vai morrer que nem o Superomão. Cebolinha quebra o galho dele, na condição de Cascão dar todas as figurinhas e a coleção de tampinhas dele e vai ter que participar do seu novo plano contra a Mônica. Cascão aceita e fica feliz em ter a revista em mãos e que vai saber do final antes do bobão do Cebolinha. 

Cascão lê que com a morte do Superomão, todos os vilões se assanham e invadem a cidade de Zetropolis. Os super-heróis fazem de tudo para conter a onda de violência, até que aparece o Superomão, que não havia morrido, só tinha tirado um supercochilo e não sabe quem foi o idiota que teve ideia de colocá-lo em um caixão. Termina com Superomão e mulher Maravilhosa apaixonados e dúvida se vão se casar na próxima edição.

Cebolinha pergunta se Cascão gostou, ele diz que muito, que vai curtir de montão e conta bem alto que no final o Superomão não morre, só tinha tirado um cochilo e periga se casar com a Mulher Maravilhosa. Todos na rua que estavam lendo a revista ficam furiosos falam que estragou a surpresa deles e tacam as suas revistas no Cascão. No final com todas as revistas e pensando na grana para o próximo mês, Cascão resolve vender as revistas pela metade do preço bem ao lado da banca do Seu Zé.

História engraçada em que o Cascão fica desesperado para ler a continuação da história da morte do Superomão, fica um mês esperando a revista chegar nas bancas e quando chega não tem dinheiro para comprar. Faz de tudo para ler a revista que o Cebolinha tinha e depois que consegue conta o final e todo mundo fica furioso, jogando revistas nele, aí o jeito foi vender as revistas fazendo concorrência com o jornaleiro Seu Zé.

Cascão foi bem abusado com o Cebolinha, desespero era grande para ler. Bastava esperar algumas horas para o Cebolinha ler ou no máximo dia seguinte, ainda seria melhor que esperasse 15 dias até o pai receber e dar a sua mesada. Ele também poderia esperar mais esses dias pra receber a mesada, mas como era uma revista muito pedida, podia se esgotar quando ele tivesse dinheiro e ele queria ler logo o resto da história. Até que não se deu mal no final depois do que fez e ele podia vender as revistas longe da banca do Seu Zé para não fazer concorrência direta com o jornaleiro, foi bem cara-de-pau e vingativo por Seu Zé não ter vendido fiado a revista para ele.

Foi engraçado ver Mulher Maravilhosa triste pela morte do Superomão e apaixonada por ele, narrador avisar que o mês passa rapidinho com a magia dos quadrinhos, o desespero do Cascão pedindo fiado para Seu Zé  e para ler a revista do Cebolinha como ler do lado dele, com binóculos na árvore, pescar e se disfarçar de funcionário da Editora Globo, ainda chamar amigo de bobão mesmo tendo conseguido a revista dele, Cascão estragar a surpresa de todos ao revelar o final e detalhe do menino comendo maçã na arvore lendo revista. Cascão falar "mangos" foi para substituir a moeda vigente do Brasil que tinha acabado de trocar de "Cruzeiro" para "Cruzeiro  Real" e evitarem falar errado qual era a moeda atual. Mas por custar 100, encaixaram certo para o Cruzeiro Real.

Dessa vez história sem envolver banho e sujeira, explorando outras características do Cascão. Eles gostavam do Cascão dar spoilers, contar finais de histórias de gibis, filmes e novelas, uma característica dele que sempre era engraçado. Era bem legal também o Cascão retratado como o mais pobre da turminha, de depender de dinheiro e isso até ensinava as crianças a ter limites e saber que nem sempre pode ter tudo que quer de imediato.

Foi baseada na edição "A morte do Super-Homem", que também estava chegando nas bancas de todo o Brasil em novembro de 1993 e já tinham expectativa que seria um grande sucesso e a MSP aproveitou a onda para criar essa com o Cascão.  Bom que assim tivemos duas histórias em uma: como Cascão ia ler a revista do Superomão e como foi desfecho da morte dele na revista.

Foi espetacular as páginas com os super-heróis representando as cenas da morte do Superomão da revista que o Cascão estava lendo, ao abrir o gibi parecia que nem estava lendo história da MSP, traços sensacionais. Traços na história toda, aliás, foram ótimos com o estilopadrão e consagrado dos personagens e teve até Cascão com boca aberta com dentes a mostra na página 6 do gibi, um recurso que colocavam as vezes na época demonstrando que estava bem nervoso. 

Os nomes dos super-heróis foram parodiados, como de costume, para não ter plágio, se bem que as cores das roupas nem foram mudadas dessa vez.  Interessante também os crossovers que tiveram com heróis da DC e da Marvel, além do Freddy Krueger, Esqueleto do desenho animado do He-Man e o enterro ser no cemitério do Penadinho, que apareceu também. Bem criativo. Até a capa do gibi do Cascão foi em alusão à história de abertura, o que não era muito costume na época, pena o código de barras, recém lançado, atrapalhar a arte.

É incorreta hoje em dia por conta da característica de Cascão contar final para os outros, aparecer trabalhando, querer vingança com jornaleiro que não vendeu revista fiado, o título da história seria mudado porque não pode mais a palavra "louco" hoje em dia provavelmente pra não confundir com o personagem Louco. Curiosamente, nunca foi republicada até hoje, poderia por volta de 2005, quando estavam republicando histórias de abertura do Cascão de 1993, mas depois com o politicamente correto em alta não republicaram, aí se torna rara hoje e sóquem tem o gibi original conhece. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/11/cascao-hq-louco-por-um-gibi.html

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