segunda-feira, 30 de maio de 2022

Arquivos Turma da Mônica N°1.047 - Papa-Capim: HQ "Um espírito está atacando o Sol"

Mostro uma história em que a tribo do Papa-Capim tiveram que lidar com um espírito que estava prestes a atacar o Sol. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Abril, 1983)

Papa-Capim e Cafuné estão caçando peixes em uma canoa quando o Cafuné vê uma sombra no céu e acha que um espírito está atacando o Sol. Papa-Capim acha que o espírito é muito forte porque o Sol nem pode reagir e vão à tribo para pedir ajuda ao Pajé. Chegando lá, eles veem que os índios já sabiam, estavam chorando e apavorados que o espírito vai devorar o Sol e ficar tudo escuro.

Pajé tenta falar com Tupã para não deixar roubarem o Sol deles. Enquanto ele faz a reza, homens brancos que estavam explorando a selva veem de longe, achando engraçado os índios apavorados por nunca terem visto um eclipse e vão lá para acalmá-los. Pajé fala aos "caraíbas" que não podem ficar calmos, o mau espírito está vencendo o Sol. Tomás conta que é só eclipse e os índios acham que o nome do espírito é Eclipse.  

Caraíbas se afastam e ficam vendo os índios pedindo para o espírito se afastar do Sol. Fica tudo escuro com eclipse total e os índios se espantam que a noite chegou durante o dia e Tupã não escutou e acham que é um castigo dos céus. Eles vão às suas ocas para pegarem arcos e flechas e atacarem o mau espírito jogando flechas em direção ao Sol. Coincide com o final do eclipse, a penumbra vai saindo aos poucos e começando a clarear o céu.

Os índios ficam aliviados e comemoram que o ataque deu certo, querendo fazer festa na tribo. Os caraíbas vão embora, achando que os índios eram birutas e se sentindo heróis e ficam animados de contarem a  história para o pessoal da cidade. No final, foi revelado que realmente não era um eclipse, e, de fato, era um mal espírito, reclamando a palavrões que estava ganhando o Sol se não fosse o ataque, os índios é que tinham razão e o Sol rindo da cara dele.

História legal com Papa-Capim e sua tribo querendo afastar um mal espírito que estava atacando o Sol. A princípio seria um eclipse solar, que os índios não tinham entendimento do que seria e nem deram atenção aos homens brancos, achando até que o nome do espírito era Eclipse, mas no final vimos que os índios é que estavam certo e de fato era um espírito, saindo do Sol após os índios lançarem flechas até ele.

Eles gostavam de manter fantasia de uma cultura e por isso No final era um mau espírito mesmo, pra não tirar a fantasia dos índios, além de ter uma piada final, ficou bom. Gostava dessas personificações de astros celestes, como o Sol rindo, até mesmo em capas. O eclipse não foi mostrado didaticamente, apenas citado, o que foi legal para ter algo cômico e as crianças ainda podem pesquisar depois sobre o assunto se tiverem interesse. Papa-Capim acabou sendo figuração, os índios da tribo como um todo que tiveram destaque que ele. Não informaram nome do homem alto de bigode, apenas do baixinho Tomás, e só apareceram nessa história.

Mostra a cultura indígena primitiva, de não entenderem fenômenos astronômicos e apenas acreditarem nas suas crenças. Vimos a fé deles em Tupã, o Deus deles, assim como enfrentarem perigo com arco e flecha e até pescarem peixes com barco e lanças, termo "caraíbas" pra se referir a homens brancos. Eram boas as histórias do Papa-Capim mostrando o cotidiano e a cultura indígena, dava para ver como eram a vida deles e deixar leitores mais próximo deles, sem deixar didático. Inclusive apareceu índia de seios de fora, retratando os índios sem roupa. Normalmente apareciam com penugens como sutiãs, mas as vezes mostravam de topless como nessa. Atualmente tiraram essa ideia da tribo primitiva e todos aparecem com roupa, inclusive Papa-Capim com camisa, bermuda e chinelo. Virou uma tribo moderna.

Além de não poder mais ter tribo indígena primitiva, essa é incorreta atualmente também por ter religião indígena representado por Tupã, não pode mais ter Deus nos gibis, o desmerecimento da cultura deles pelos homens, achando que eram loucos, ter caça de peixes, índios com lanças, arco e flechas por armas serem proibidas, a índia de seios de fora e não pode também palavrões nem palavra "Droga!". 


Traços foram encantadores, ricos em detalhes da selva, arte-final de Alvin Lacerda, que sempre eram envolventes.  Papa-Capim e Cafuné apareceram com brilho de cabelo branco em vez de azul e o Pajé apareceu com cabelos pretos, já que ainda não tinha na época uma definição de traços e nem personalidade da Turma do Papa-Capim, que só passaram a ter histórias desenvolvidas depois do lançamento do gibi do Chico Bento em 1982 e ainda faziam experiências com esse núcleo. Antes, eles só tinham histórias de uma página nos gibis e bem raramente.

Foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 12' (Ed. Globo, 1990). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 12' (Ed. Globo, 1990) 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2022/05/papa-capim-hq-um-espirito-esta-atacando-o-sol.html

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