segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Arquivos Turma da Mônica N°1.232 - HQ "Turma, vamos formar a nossa escola de samba?"

Capa de 'Cebolinha Nº 146' (Ed. Abril, 1985)

É Carnaval e então compartilho uma história em que a turma desfila em uma escola de samba criada por ele e tem que enfrentar um antifolião que queria acabar com o desfile deles. Com 18 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 146' (Ed. Abril, 1985).

Mônica sugere para turma para formarem uma escola de samba. Eles acham a Mônica estava pirada, que levou muito Sol na cabeça, não era coisa séria e Cascão acha que é péssima ideia porque ele não sai de casa no Carnaval com aquelas bisnagas d'água. Mônica diz que se seus amigos não querem participar da escola de samba dela, conhece muita gente melhor para convidar.

A turma fica com ciúme, não existe gente melhor que eles para formar escola de samba e não deve chamar estranhos. Falam que não queriam porque é difícil arrumar fantasias, instrumentos musicais. Mônica diz que deseja desfilar na avenida e aí que acham que ela piorou de vez e explicam que precisariam de muita gente, carros alegóricos, boa bateria, samba-enredo. Mônica fala que a turma deles é grande, tem meninos que são bons de samba, as meninas podem bordar fantasia e podem usar os carros dos pais deles enfeitados como carros alegóricos.

A turma gosta da ideia, veem vantagens de desfile e combinam o que cada um vai fazer. Cebolinha fica encarregado de convidar o Chico Bento, aparece no sítio dele e leva chifrada de um boi e vai parar longe. depois do Chico salvar o Cebolinha, quer saber que negócio é esse de desfile de Carnaval. Anjinho se encarrega de convidar o Astronauta, que estava devolvendo um filhote extraterrestre que fugiu do zoológico da galáxia onde fugiu e se anima em saber sobre o desfile.

Mônica, Magali e Bidu convidam o Horácio, que estava atrás da página. E Cascão estava na selva pendurado em uma árvore para se livrar dos guardas reais e tentando convencer o Rei Leonino para desfilar, dizendo que ele seria o destaque, a figura mais importante, o centro das atenções e Rei Leonino se interessa a participar nessas condições. Depois de tudo pronto, Mônica e Cebolinha apresentam a escola de samba "Unidos da Turma" e todos desfilam animados. 

O desfile é televisionado e causa a ira do vilão Reinaldo, o Antifolião, não se conforma foliões pularem e desfilarem no Carnaval e quebra a televisão com o soco. Reinaldo conta que já foi Rei Momo e perdeu o trono porque o outro Rei tinha 2 quilos a mais que ele e não perdoa ser renegado a segundo plano por isso, ele que poderia ser o maior Rei Momo de todos os tempos. 

Acha que crianças desfilando é uma afronta à imensa pessoa e já que ele não pode ser o Rei do Carnaval, então não vai existir o Carnaval. Enquanto fala, ele pula e arrebenta o piso do seu apartamento e vai caindo quebrando teto e piso  de cada morador e na rua vai rolando em vez de andar de tão gordo que estava e segura algo na mão.

O Antifolião aparece no desfile, Mônica tenta bater nele por tentar acabar com a alegria deles e Reinaldo joga confetes infláveis nas bocas deles. Mônica ainda tenta dar coelhada, mas percebe que está longe e descobre que fica inchada como balão e todos da turma também viram balões. O Antifolião avisa que vai espalhar seus confetes no mundo todo e com os foliões gordos não vai mais existir espaço para dançar ou pular e assim o carnaval vai acabar.

Mônica se aproxima do Antifolião e com a coelhada consegue fazê-lo engolir todos os confetes infláveis do saquinho e diz que como ele é gordinho, vai virar um balãozão e precisa engolir seus confetes-antídotos. Anjinho não consegue alcançar, Piteco bate com a clava no Jotalhão, fazendo empurrá-lo, o Horácio e o Anjinho, que finalmente pega o antídoto antes do Reinaldo engolir, fazendo com que ele se torne um balãozão.

No final, a turma volta ao normal e a desfilar, comemoram que conseguiram derrotar o Antifolião, o deixando lá em cima como balão, assistindo o desfile de Carnaval e sem poder fazer nada. Cascão pergunta ao Cebolinha se agiu bem em não dar o antídoto para Mônica. Cebolinha diz que depois vai deixá-la descer, mas por enquanto quer curtir este momento, Carnaval é só uma vez por ano, mostrando a Mônica ainda como balão, furiosa a gritos de palavrões junto com o Reinaldo como balãozão.

História legal em que a turma forma uma escola de samba e um antifolião tenta impedir fazendo com que eles engulam seus confetes infláveis, fazendo ficarem inchados como balões. Só que não contava que a Mônica conseguiria que o próprio antifolião engolisse após coelhada no saquinho e ainda conseguirem pegar o antídoto, terminando com os planos deles.

Foi bem envolvente a trama dividida em como as crianças iam formar uma escola de samba do nada e com o vilão que queria acabar com o Carnaval. Seria algo impossível crianças formarem uma escola de samba em tempo recorde, não é a toa que a princípio acharam que a Mônica estava pirada com aquela ideia, mas histórias em quadrinhos pode tudo, sem explicações, conseguiram do jeito deles e pronto.

O vilão foi o Reinaldo Waisman, o roteirista da história. Ele gostava de se colocar como vilão em suas histórias e também como o Reinaldinho, sua versão criança como o menino mais fofo da rua que as meninas se apaixonavam, o que ficava bem divertida essa autopersonalização. Quem sabe o Reinaldo Waisman não gostava de Carnaval na vida real e fez uma brincadeira. 

Retratou-se como gordo porque tinha referência de ter sido um Rei Momo, engraçado ele conseguir destruir piso do seu apartamento e ir caindo pelos apartamentos de baixo pelo teto ao derrubar o piso de cima e ainda rolar de tão gordo. Dava para imaginar que ele até iria explodir após ter engolidos os confetes já que era obeso por natureza, mas acabou só ficando como um grande balão. Os vilões também tinham capacidade de fazerem invenções, não era só o Franjinha ou cientistas. Só que sempre eram invenções voltadas para o mal.

Cebolinha conseguiu fazer a Mônica se dar mal dessa vez, até ele lhe dar o antídoto, depois com certeza levou uma grande surra dela. Foi injusto essa atitude porque a Mônica foi a heroína de fazer com que o Antifolião engolisse os confetes infláveis, se não  fosse por ela, o vilão conseguiria ter terminado com o Carnaval. Cebolinha fez isso porque não poderia perder a oportunidade de derrotá-la, ele ficar na vantagem sobre ela pelo menos uma vez.

Foi divertido o crossover da Turma da Mônica com vários núcleos de personagens. Por mais que as crianças da turminha tinham muitos personagens, mas precisaram dos outros núcleos para a escola de samba ter mais componentes, só tirou a ideia de uma escola de samba exclusiva de crianças já que tinham também personagens adultos nos outros núcleos. Praticamente cada carro alegórico procuraram colocar um núcleo de personagens. 

Legal vê-los contracenando juntos, mais diferente de todos foi Cascão com Rei Leonino e bem engraçado o Cebolinha levar chifrada do boi Xinfrônio no sítio do Chico Bento. Até o Pelezinho e sua turma desfilaram, bem curioso já que estavam sumidos na época com histórias inéditas e destaque da nave do filme "A princesa e o robô" (1983) representando o carro alegórico espacial. Faltaram só a Turma do Penadinho e a Turma do Papa-Capim desfilando para ter todos os núcleos de personagens da MSP.

Engraçado ver tiradas como a turma achar a Mônica pirada, até o Anjinho, só que não deixando explícito, só pensando e detalhes como broches do Reinaldo que odeia Carnaval e a onomatopeia "Flopão" quando o Antifolião se transformou em um balãozão. Geralmente histórias de Carnaval eram envolvendo baile à fantasia, dessa vez inovaram com desfile de escola de samba. Era muito comum falas das personagens virando título da história e nessa foi mais uma de inúmeros casos. 

Dava para pensar que história era original de revista da Mônica, mas preferiram colocar em revista do Cebolinha provavelmente porque estava mais próximo da data do Carnaval na época e a revista dele era lançada nas bancas no início de cada mês e antes das revistas da Mônica, lançadas mais para o final de cada mês. Considerada história grande para os padrões da Editora Abril, que costumavam ter histórias mais curtas até na abertura, mas como muitas páginas foram ocupadas só por um quadrão e algumas com quadros maiores, aí não é tão grande no roteiro como imagina. 

Incorreta hoje em dia por causa do tema de Carnaval e ainda mais crianças em escola de samba que seria pior do que um baile à fantasia. Reinaldo ser desenhado com nariz muito grande e as piadas com os gordos como quebrar piso de tanto pular, rolar de tão gordo e falas como "vai sobrar banha para tudo quanto é lado" também seriam bem criticadas hoje. Também não podem mais Piteco com clava com prego e os palavrões da Mônica no final, a palavra "louco" é proibida provavelmente para não confundir com o personagem Louco e mudariam a televisão tubo colocando uma LED no lugar porque não pode coisas datadas.

Traços excelentes já da fase consagrada da turma. Anjinho ainda não era desenhado com auréola, só na Editora Globo que deixaram auréola fixo nele. Tiveram erros como Mônica com língua branca na 4ª página da história (página 6 do gibi) e o Chico Bento falar de boca fechada na 4ª página da história (página 7 do gibi). Propaganda inserida na história foi só na primeira página do lápis "Labra", coisa bem comum nos gibis da Editora Abril republicada depois em 'Coleção um Tema Só Nº 13 - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 13 - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996)
Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2024/02/hq-turma-vamos-formar-nossa-escola-de-samba.html

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