quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.117 - HQ "As férias da Turma do Penadinho"

Nessa postagem mostro uma história de como foram as férias da Turma do Penadinho em um hotel abandonado no Pantanal. Com 7 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 88' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cascão Nº 88' (Ed. Abril, 1985)

Penadinho vê seus amigos tristes, cabisbaixos e fala que mesmo lá sendo um cemitério, precisam levantar o astral. Zé Vampir fala que a monotonia os deixam assim e Lobisomem diz que está tudo morto. Penadinho tem ideia de todos tirarem férias. Dona Morte diz que não tira férias desde o cruzeiro do Titanic e Zé Vampir, que precisa pegar um amarelo legal.

Todos vão animados no carro do Penadinho que arrumou no cemitério de automóveis e vão parar em um hotel abandonado à beira do Pantanal. Todos entram, menos o Lobisomem, atendendo a ordem de que é proibido animais de estimação e ele acha discriminação ficar em casinha de cachorro. Logo depois começa um tempestade, eles ficam animados de tomar banho de lodo no pântano. 

Em seguida, o casal Austragésilo e Heliodora está ali perto de carro e resolve entrar no hotel para se protegeram da chuva. Eles batem a porta, Frank atende e o casal se assusta e tentam fugir. Ao verem o Lobisomem, acham melhor voltar. O casal acha o lugar esquisito, Lobisomem resolve entrar para não ficar na chuva e Penadinho lhe dá boas vindas, falando que eles estão passando férias e o casal diz que querem se proteger da chuva.

Austragésilo acha que eles são uma turma de punks e Heliodora, uma banda de rock. Reparam na mobília, põem a mão no Cranicola, que manda tirarem a mão dele e o casal se assusta, achando que é um aparelho eletrônico. Penadinho apresenta seus amigos ao casal e eles pensam que estão dando um baile à fantasia. Penadinho gosta da ideia de darem uma festa.

Heliodora acha todos simpáticos e pergunta ao Frank, com quem estava dançando,  porque ele tem tantas cicatrizes e ele diz que foi porque o criador dele era meio picareta. Ela diz que o Frank é espirituoso e Penadinho complementa que são espíritos e ossos. Todos ficam animados com a festa, Dona Morte diz que não se divertia tanto desde a erupção do Vesúvio. Austragésilo e Heliodora falam que foi uma noite maravilhosa, pena que não vieram fantasiados como eles e perguntam se não vão tirar as máscaras porque gostaria de conhecê-los. Penadinho fala que não estão usando máscaras, todos se apresentam e descobrem que são monstros de verdade,

O casal se assusta, fogem desesperados quebrando a parede, e saem acelerados no carro. A turma fica triste por eles terem ido embora e Dona Morte vê a lista dela e diz que eles vão voltar. No final, aparece o casal morto e já como fantasmas por terem batido com o carro e perguntando se tem lugar para mais dois na festa.

História engraçada em que a Turma do Penadinho resolve entrar de férias e vão para um hotel abandonado e tudo ia bem quando aparece um casal lá para se abrigarem da chuva. Pensam que eram só pessoas excêntricas e fantasiadas e curtem até uma festa juntos, mas quando descobrem que eram monstros de verdade, se assustam, fogem e bate o carro por excesso de velocidade e aí voltam para o hotel porque como estavam mortos não se importavam mais ficar juntos com fantasmas e monstros.

Se Austragésilo e Heliodora não perguntassem se a Turma do Penadinho estava fantasiada e continuassem pensando que não eram gente fantasiadas, não teriam morrido. Como de costume, personagens secundários figurantes como esse casal só apareceram nessa história, sem dúvida, esse foi o núcleo que mais apareceu secundários de aparições únicas.

Foi engraçado ver Penadinho animado, reunir todos para tirarem férias, deixar o Lobi no lado de fora, tratando como cachorro, o trocadilho de espirituoso com que são espíritos e ossos, o casal assustado no início, mas que depois ficam amigos deles e morrerem por terem batido o carro de tão assustados que ficaram. Na época sempre que davam, colocava um humor negro nas histórias do Penadinho. 

Tiveram absurdos como Penadinho dirigir sem mão atravessar volante do carro por ser fantasma, casal quebrar parede e ainda ficar pneu neles depois de mortos, sem atravessar sendo fantasmas. Até lembra desenhos animados famosos como Gasparzinho e Scooby Doo com personagens se assustando e fugindo das formas mais absurdas ao verem fantasmas e monstros. De curiosidade, o Lobi se chamava Lobisomem na época, só nos anos 2000 que passaram a chamá-lo apenas Lobi. 

Legal também Dona Morte ter citado acontecimentos históricos em que ela esteve presente há muito tempo como o naufrágio do Titanic e a erupção do vulcão Vesúvio e fazer piadas como que não se divertia tanto porque matou muita gente nessas tragédias. Também destaque ao próprio anos 1980 em que punks e o Rock estavam em alta e tinham um lado gótico e comparação com monstros. Interessante os principais personagens da Turma do Penadinho todos juntos em uma mesma história, o que era raro até então, normalmente apareciam separados, até para mostrar a personalidade de cada um e os leitores se familizarem mais com eles, já que não era muito comum histórias da Turma do Penadinho nos anos 1970. Então, no máximo apareciam 3 personagens juntos de acordo com o roteiro. 

Teve até um prólogo antes de começar a história propriamente dita, deixando título para segunda página, o que deu um charme a mais. Incorreta hoje por envolver personagens mais assustadores (hoje fazem mais o estilo de monstros agindo fofos para não traumatizar as crianças), Dona Morte fazendo piadas com tragédias famosas do Titanic e vulcão Vesúvio, e, principalmente, pelo final triste  para o casal e com humor negro, fora as palavras "Droga!"! e "Credo!" proibidas atualmente nos gibis.

Os traços ficaram sensacionais assim, uma obra de arte, demonstrando um ar sombrio, de fato, é de ficar admirando, apreciando os desenhos assim, cada detalhe fantástico que dava gosto de ver. E a Turma do Penadinho ainda não tinha traços definidos para cada desenhista ter a liberdade de criarem a forma que queriam para eles em cada história, por isso vemos o Frank, o Lobisomem e até mesmo Alminha bem diferentes do que hoje. Essa história foi republicada depois em 'Almanaque do Cascão Nº 31' (Ed. Globo, 1995), termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 31' (Ed. Globo, 1995) 

Créditos ;) Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/01/hq-as-ferias-da-turma-do-penadinho.html

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