Capa de 'Mônica Nº 105' (Ed. Abril, 1979)
Mostro uma história muito divertida de quando a Mônica precisou substituir um locutor de rádio por um dia. Foi uma história de abertura com 7 páginas no total, publicada em 'Mônica Nº 105' (Ed. Abril, 1979).
Nela, o famoso radialista Nei de Costa está começando a apresentar o seu programa com as paradas musicais de sucesso, quando de repente ele perde a voz completamente. O dono da rádio, seu Genovésio, e sua secretária o leva para o hospital e o dono fica nervoso porque sabe que se o Nei de Costa não puder apresentar o programa, ele terá um grande prejuízo.
Surge o médico que atendeu, todo sorridente, e dá a notícia que o locutor irá ficar sem falar por uma semana porque está com estafa nas cordas vocais. Seu Genovésio pergunta por que o médico está rindo tanto, e ele responde que foi porque recebeu um autógrafo do Nei de Costa e aí o dono da rádio desmaia.
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Seu Genovésio sai do hospital arrasado por ficar uma semana sem o Nei. Enquanto isso, Mônica e Cebolinha estão brincando de adivinhar a personalidade que estão imitando. Cebolinha imita o "Sidão Magrau", cantando a música "Sandra Rosa Madalena" e a Mônica acerta. Na vez dela, a Mônica imita o radialista Nei de Costa. Nessa hora, o seu Genovésio, que estava do outro lado do muro, ouve a imitação e pensa que era o radialista que tinha recuperado a voz, mas quando vê era a Mônica.
Ele adora a imitação e leva a Mônica para a rádio para apresentar o programa no lugar do Nei em troca de muitos sorvetes. Lá, ela teria que imitar a voz do Nei, lendo o texto. Mônica até começa bem, só que quando está anunciando a 10ª posição da parada musical, ela espirra forte e espalha todos os papéis que era para ler.
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Então, o chefe manda improvisar e a partir daí a Mônica começa a fazer fofoca dos seus amigos, só que por coincidência, enquanto ela vai falando, eles estão reunidos com outras pessoas ouvindo a rádio na hora, deixando todos em situação constrangedora.
Com isso, Mônica fala que a Magali tá barrigudinha de tanto comer melancia, bem na hora que está em uma festa; que o Cebolinha ainda faz xixi na cama, quando ele também está em uma festa; que Cascão usa chiclete para ganhar figurinhas dos garotos bobões da rua de baixo, na hora que o Cascão está jogando bafo com eles (o Cascão apanha deles depois por causa disso); e que o seu pai usa cueca de bolinha vermelha que ela deu no Natal, bem na hora que ele está em uma reunião e a secretária ouvindo a rádio.
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Quando a Mônica ia falar do Xaveco, é interrompida pelo seu Genovésio, falando que eles teriam que sair do ar, afinal ela fugiu completamente do texto. Ela não gostou de ser interrompida e quer saber que "força maior" vai impedi-la de falar, sem se tocar que ainda estão no ar e a discussão está sendo ouvida por todos que estão com o rádio ligado.
Seu Genovésio fala que pode ficar com os sorvetes, mas que era pra ela sair. Nessa hora, Mônica repara e diz que ele usa peruca e que está deslocando para o lado da careca. Seu Genovésio fica brabo e grita com ela a chamando de dentuça, mandando entregar o microfone.
Mônica dá um soco nele, que foi tão forte que sai do lugar o fone de ouvido de um senhor que ouvia a rádio na praça. O operador de som chama a polícia para deter a Mônica, mas foi em vão e ela dá surra em todo mundo. o Nei de Costa aparece recuperado da voz, e apanha também, voltando a ter falha na voz.
Mônica vai embora braba, não querendo mais falar no rádio. Enquanto está saindo, ela se gaba dizendo que foi um sucesso e que já tem alguns fãs, quando é puxada de repente. Era o seu pai para dar chineladas na bunda na presença dos seus amigos por causa das fofocas que ela falou no ar. E a Mônica fica sem entender, falando que há fãs que pedem autógrafos e arrancam pedaços de roupas de seus ídolos, mas fã dando surra de chinelos nunca viu, terminando assim.
Acho essa história muito engraçada, de rachar de rir, mostrando a verdadeira Mônica braba, valentona e que não leva desaforo para casa, só sendo desarmada pelo próprio pai. Dessa vez a Mônica se deu mal e foi bem merecido, porque dessa vez ela pegou pesado constrangendo seu pais e seus amigos. Os absurdos são muito bons, como o fone de ouvido do senhor saindo do lugar quando a Mônica dá um soco forte no dono da rádio.
Os traços são fantásticos, bem característicos do final dos anos 70 mesmo, já começando a ficar mais parecido com o que ficou consagrado nos anos 80. Na postagem coloquei completa. Interessante a referência ao Sidney Magal, sendo parodiado como "Sidão Magrau", com o Cebolinha cantando a música dele "Sandra Rosa Madalena", um grande sucesso na época. E o locutor "Nei de Costa" foi uma homenagem ao locutor famoso da época Ney Costa.
Ela é totalmente incorreta e impublicável atualmente. Além do tema de criança trabalhando, o final com a Mônica apanhando de chinelos do pai, nem pensar. Agora com campanha do governo e até leis para os pais não bater nos seus filhos, o que dirá pai bater no filho de chinelo na bunda.
Outra coisa errada e polêmica nela é o bullying, também proibido nas histórias. A Mônica constrangeu todos publicamente e isso é considerado bullying. Para se ter uma ideia, nem histórias com um personagem zoando o outro porque faz xixi na cama (Mônica envergonhou o Cebolinha com isso nessa história) ou, por exemplo, o Cebolinha fazer ameaças ao Cascão do tipo "se você não palticipar do plano infalível, eu conto que você faz xixi na cama" são proibidas também.
Na época, eram comum histórias curtas na abertura, inclusive nas revistas da Mônica e do Cebolinha. Simples, diretas e muito engraçadas. Normalmente histórias curtas assim, são republicadas no miolo dos almanaques. Quando foi republicada, no 'Almanaque da Mônica Nº 9' (Ed. Globo, 1988), ela foi a história de encerramento. Abaixo, a capa desse almanaque em que ela foi republicada e que foi de onde eu tirei as imagens da postagem:
Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 9' (Ed. Globo, 1988)

Créditos ;) Marcos Alves > http://arquivosturmadamonica.blogspot.com.br/2014/08/monica-hq-cuidado-monica-no-ar.html