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Capa de 'Cascão Nº 219' (Ed. Globo, 1995) |
Em maio de 1995, há exatos 30 anos, era lançada a história "Cascão, o Menino-Tatu" em que ele cava um túnel abaixo da terra que nem um tatu para fugir da chuva e passa sufoco com bandidos. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 219' (Ed. Globo, 1995).
Cascão e Cebolinha estão em local descampado e começa a chover. Cebolinha pensa que que o Cascão derreteu por não ter dado tempo de se esconder, acha que devia ser sujeira até a alma e vai embora chorando. Só que o Cascão tinha cavado a terra para fugir da chuva e segue cavando até encontrar um lugar bem sequinho pra se esconder.
Cascão encontra sua casa e tenta cavar para sair pelo piso, mas o assoalho é duro e não consegue sair por ele. Enquanto isso, Seu Antenor ouve batido no assoalho, Dona Lurdinha está preocupada com a demora do filho e Seu Antenor tranquiliza que ele deve estar protegido na casa de algum amiguinho. Cascão bate de novo no piso, assusta Seu Antenor e Dona Lurdinha acha que são cupins.
Cascão desiste, segue cavando por horas e chora por ter se perdido e não saber onde está, pode estar há muitos metros abaixo da superfície, não sabe se cava para cima ou para baixo e vai morrer ali ou sobreviver comendo minhocas e talvez um dia encontre a saída, virando um monstro de menino-tatu, nem os pais vão reconhecê-lo e vão obrigá-lo a tomar banho e se desespera.
Em seguida, ouve um barulho e cava até onde ouviu. Era um esconderijo de bandidos que estavam planejando cavar um túnel até à delegacia para soltar os colegas de cadeia. Ouvem um barulho no piso, bandido Marcão pensa que é no porão, que eles não têm, e logo veem Cascão arrebentando o chão podre e os bandidos apontam armas para ele, deixando como refém.
Marcão verifica que não tem ninguém com o Cascão e tem um túnel comprido a perder de vista, Cascão diz que cavou hoje mesmo para escapar da chuva e o bandido Maldívio o coloca para fazer o serviço que planejaram. Eles chegam em frente à prisão de segurança máxima, os colegas estão presos no térreo e Cascão cava túnel até onde eles estão. Um bandido grita que um ladrão entrou, o outro dá soco dizendo que eles que são ladrões. Os presos entram no túnel, a gritaria atrai os policiais, que descobrem que saíram pelo piso.
Maldívio acha que devem mudar de rumo já que os guardas vão esperar no outro lado do túnel. Marcão sugere que o Menino-Tatu os guie já que eles encontrou o esconderijo do nada. Cascão é ameaçado por Maldívio para usar o senso de direção para tirá-los de lá, Cascão cava com arma apontada por Maldívio e leva todos até onde era a delegacia. Maldívio reclama que ele os enganou e Cascão fala que o local era seguro para ele, se concentrou no lugar longe dos guardas, só que seu senso de direção é péssimo.
De manhã, os policiais levam Cascão de volta para casa e vê os pais e amigos chorando, achando que ele derreteu e virou poço de lama ao pegar chuva e ficam felizes ao vê-lo de novo. Cascão conta a história e os pais resolvem lhe dar banho para perder o medo de água. Não teria como fugir porque o chão era de cimento, então Cascão se enrola como bola e vai rolando até sair de casa e no final comenta que quem diria que ele é um Menino-Tatu-Bola.
História legal em que o Cascão cava um túnel igual a um tatu para se esconder da chuva e fica perdido por não encontrar um chão podre para que ele possa sair de lá. Segue cavando até encontrar um esconderijo de bandidos que planejavam soltar colegas presos cavando túnel até lá. Cascão é obrigado a fazer o serviço de cavar, até consegue soltá-los, mas para levá-los à superfície, cava até onde era uma delegacia e consegue prender todos os bandidos. No final, os pais obrigam a tomar banho e Cascão vira tatu-bola para fugir.
Para fugir do banho, Cascão é capaz de tudo, quando imaginava que não tinha como escapar da chuva em local desacampado, ele cava terra que nem um tatu. Em momentos de medo e de perigo, personagens podiam fazer de tudo de absurdos e que seria imaginável, o próprio Cascão frisou, isso era muito bom nas histórias em quadrinhos. Interessante que ele cavava muito rápido, com muita habilidade, não foi à toa de ser apelidado de menino-tatu.
Após Cascão cavar até a sua casa e não conseguir sair, poderia ter voltado no caminho que entrou que não precisaria passar sufoco com os bandidos para ajudá-los no plano de fuga. Ficariam 10 dias para cavar túnel até á prisão e com sorte de encontrarem o Cascão, foi questão de minutos. Pelo menos agiu com esperteza de procurar o local onde era a outra delegacia para escapar deles e prendê-los.
Cebolinha podia ter verificado melhor que a terra não era o Cascão derretido, foi legal ele pensar isso e que o amigo era só sujeira até na alma. Também surpreendente a eficácia do Cascão de fugir do banho dos pais, de última hora descobriu que além de ser tatu que cava terra, também poderia ser tatu-bola para fugir em locais com piso de cimento. Ou seja, onde quer que esteja, Cascão vai escapar do banho de qualquer forma.
Foi engraçado Dona Lurdinha dizer que são cupins batendo no piso, Cascão desviar de tesouro, petróleo e ossos de dinossauros, se seguisse caminho certo estaria milionário. Também hilário ele imaginar como seria se saísse de lá depois de muitos anos com unhas enormes, corpo coberto de terra e sem se lembrar como se fala, se transformando em um monstro menino-tatu, além do grito do ladrão na cadeia assustado que tinha ladrões lá, mas eles eram já eram os ladrões, motivando atenção dos guardas.
Eles adoravam colocar histórias com bandidos aparecendo do nada como reviravolta no roteiro e também era bastante comum histórias com Cascão envolvido e tramas policiais, enfrentando bandidos, sendo sequestrado, ajudando em assaltos, era praticamente uma característica fixa de histórias do Cascão. Com os outros personagens poderiam ter, mas com o Cascão costumavam deixar mais pesado que o normal.
Essa história é completamente impublicável hoje em dia por ter bandidos armados, Cascão como refém, com arma apontada na cabeça e obrigado a ajudá-los no plano deles, bandido levar soco na cabeça do outro, bandido negro com círculo rosa na boca representando lábios, absurdo de Cascão cavar terra como um tatu, além de palavra proibida "gozado!". Tanto que nunca foi republicada até hoje já que histórias de 1995 do Cascão passaram a ser republicadas só na Editora Panini a partir de 2008 e como já estava com o politicamente correto consolidado, aí não republicaram. Só quem tem o gibi original que conhece.
Traços ficaram bem caprichados do estilo clássico consagrado. Não gosto é dessas cores muito fortes e escuras nos gibis do primeiro semestre de 1995. Tiveram erros de esquecimento de gola do Maldívio no último quadro da página 8 do gibi e um acréscimo de tijolo no presídio no segundo quadro da página 12 do gibi. Provável que na parte do bandido chamar "Chipão", deveria chamar "Marcão", a não ser que tenha se referido ao bandido negro. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.
E só uma curiosidade, a partir de maio de 1995, os gibis passaram a ter propagandas em capas finas interrompendo histórias. Os gibis passaram a ter 4 páginas a mais com propagandas em papéis couchés e eram dispostas em páginas de numerações fixas. Intenção não era interromper as histórias, essas propagandas podiam também sair depois de final de história e até antes ou depois de outra propaganda, isso era só uma forma de substituir as propagandas inseridas nas histórias ocupando espaço de quadrinhos ou nos rodapés ou laterais das páginas como eram nos anos 1980 até início dos anos 1990 devido que tinham muitos anunciantes parceiros. Só que quando interrompia história ficava legal que ficava um mistério do que aconteceria depois. Como eles acrescentaram páginas em vez de tirar, afetou nada, em gibi quinzenal de 36 páginas, por exemplo, passaram a ter 40 páginas com as mesmas quantidades de páginas de histórias que tinham antes.
Esse estilo de propagandas de capas finas, que podiam ser também anunciantes diversos, não só relacionadas à Turma da Mônica, ficaram nos gibis até em 1998, sendo que com menos frequência a partir de 1997 e não tinham em almanaques, apenas em gibis convencionais mensais e quinzenais. Termino como ficavam disponibilizadas nos gibis em frente e verso para ter uma ideia de como eram, nota-se a pausa da propaganda do chocolate deu um suspense do que aconteceria depois que chegaram em frente ao presídio de segurança máxima.