segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.121 - Os 50 Anos da Revista do Cebolinha

A revista 'Cebolinha' comemora agora em janeiro de 2023 a marca histórica de 50 anos no Brasil. Nessa postagem mostro como foi a trajetória e curiosidades da revista do Cebolinha ao longo dos seus 50 anos e também como foi a sua revista "Nº 1" da Editora Abril.

Após Mônica ganhar a sua revista em 1970, Cebolinha foi o segundo personagem a ter a sua lançada em 26 de janeiro de 1973. Ele tinha algumas histórias solo nas revistas da Mônica, MSP recebia pedido de muitas crianças para criarem revista do Cebolinha e viram que tinha potencial, ainda mais que a demanda de histórias produzidas estava aumentando até então. Essa data de 26 de janeiro foi oficializada por conta da capa de 'Mônica 33', de janeiro de 1973, que avisavam sobre o lançamento da revista dele.

Nesses 50 anos, 'Cebolinha' passou por 3 editoras diferentes: Abril, Globo e Panini, totalizando 608 edições até nesse mês de janeiro de 2023, somando as 3 editoras. A cada troca de editora, a numeração foi reiniciada. Na Editora Abril foi até em dezembro de 1986, até o "Nº 168". A partir de janeiro de 1987 a coleção foi para a Editora Globo, durando 246 edições. Desde janeiro de 2007 está na Editora Panini, sendo que depois que chegou a edição "Nº 100", em abril de 2015, e na "Nº 70" em fevereiro de 2021, resolveram iniciar numeração novamente na mesma editora nos meses seguintes porque a MSP acha que cada geração de leitores deve ter uma edição "Nº 1" na sua coleção, e, com isso, com 100 edições mais 70 edições da segunda série e mais 24 na terceira série, totalizam 194 gibis na Panini até esta data.

Propaganda da Revista do Cebolinha (1978)

Em relação a distribuição, nos anos 1970, 'Cebolinha' chegava mais para o final de cada mês e 'Mônica' no começo. Nos anos 1980, provavelmente depois do Nº 100 da Editora Abril, 'Cebolinha' passou a chegar início de cada mês e Mônica mais para o final. Isso continuou por boa parte da Editora Globo até março de 2003, quando as revistas do Cascão, Chico Bento e Magali passaram a ser mensais e aí todas passaram a chegar juntas nas bancas.

Curiosamente, 'Cebolinha' não teve revista lançada pela Editora Abril em janeiro de 1978, com a sua edição "Nº 61" saindo apenas em fevereiro de 1978. Seguiu assim de uma edição ímpar terminando cada ano sequente e a situação voltou ao normal só em maio de 1981, quando as edições "Nº 100" e Nº 101" saíram naquele mesmo mês, e, com isso, permitiu terminar a coleção da Editora Abril em 1986 com a "Nº 168" normal, seguindo a matemática de 12 edições por ano em 16 anos. Nunca foi revelado o motivo da ausência da revista em janeiro de 1978, quem sabe por causa da demanda da revista do Pelezinho que estava recém lançada, apenas hipótese, quem colecionava na época deve ter sentido muito ficar um mês sem ler revista do Cebolinha.

Propaganda da Revista do Cebolinha (1988)

As suas capas na Editora Abril prevaleciam referência à história de abertura, o que diferenciava da Mônica que tinham piadinhas prevalecendo nas capas. A partir dos últimos gibis da Editora Abril de 1986 e por todo o período que esteve na Globo as capas do Cebolinha prevaleceram piadinhas com as características dos personagens, e só algumas com referência à história de abertura quando elas eram importantes. Quando mudaram para a Editora Panini, todas as capas voltaram a fazer exclusivamente alusão à história de abertura, a partir da edição "Nº 3", de março de 2007 e passaram a ter efeitos de sombra e luz para modernizar. 

Propaganda da Revista do Cebolinha (1991)

O logotipo nunca mudou messes 50 anos, porém a partir da edição "Nº 200" de fevereiro de 2003 da Globo, passaram a ter adaptação, ajustando o rosto da personagem ao lado do logotipo como uma forma de melhor identificação dos personagens nas bancas. Na 1ª série da Panini, mudaram os desenhos colocando também braços das personagens, na 2ª série a partir de 2015 o logotipo voltou a atingir a largura inteira dos gibis e colocam uma imagem da personagem de corpo inteiro já existente de revistas anteriores e em miniatura. E na 3ª série a partir de 2021, logotipo ocupou largura do gibi sem miniaturas dos personagens, só que em estilo 3D.

Em relação a formato da revista, até a edição "Nº 84" da Editora Abril, de janeiro de 1980, tinha um formato maior na altura, medindo 13,5 X 20,5 cm, formato canoa e 68 páginas. A partir da edição "Nº 85", de fevereiro de 1980, o formato passou a medir 13,5 x 19 cm, seguindo a padronização de todos os gibis em circulação no Brasil, tanto os da Editora Abril quanto de outras editoras naquele mês. 

Seguiu com 68 páginas até em abril de 2016, quando no mês seguinte, na edição "Nº 13" da 2ª série da Panini, a revista passou a ter 84 páginas e formato lombada. Em março de 2021, com a 3ª série da Panini, a revista perdeu lombada, voltando a ter formato canoa, mas com 84 páginas. Continuou mensal de janeiro de 1973 até em dezembro de 2022, até que em janeiro de 2023, na edição "Nº 23", a revista passou a ser quinzenal, formato canoa e redução para 52 páginas. Justamente quando completou 50 anos, Cebolinha teve regresso de formato na sua revista. 

Apesar de ter sido formato canoa até em 2016, a revista teve lombada na Editora Abril em 2 ocasiões nas edições especiais "Nº 100", de 1981, com 100 páginas no total e "Nº 120", de 1982, com 132 páginas, por causa que teve junto o relançamento de 'Cebolinha Nº 1' em comemoração aos 10 anos da revista até então.

Na Editora Abril, entre 1983 a 1985 maioria das edições não tiveram tirinhas no final porque a Editora Abril resolveu colocar propagandas diversas no lugar em gibis de todos os segmentos. Lá também foi marcada por brindes, como cartões, agendas, marcadores de livro, papéis de cartas, entre outros, que incrementavam mais as revistas. Depois na Globo e Panini isso foram raros de acontecer.  Já em relação a seções sem ser histórias na época da Editora Abril, a única foi a de crianças mandarem desenhos para serem publicados nos gibis, além de passatempos e seções de cartas, que estas prevalecem ate hoje.

Na mudança para a Editora Globo teve curiosidade que as revistas da MSP "Nº 1" chegaram atrasada nas bancas, chegando de um mês para outro, por conta de problemas na impressão das revistas e ainda seguiram atrasadas alguns meses depois. Entre os anos 1997 a 2002, a revista teve 13 edições por ano, ao invés de 12, e, assim, acabou tendo 246 edições ao invés de 240, pois a revista ficou exatos 20 anos na Globo.

Os traços nas primeiras edições eram bem primários, com personagens com bochechas pontiagudas, porém já começando a ter alguma certa diferença comparando às revistas de 1970 e 1971 da Mônica e ao longo dos anos o público pôde acompanhar todas as evoluções de traços bem gradual, a ponto dos leitores nem perceberem que estavam sendo mudados os desenhos e já estavam bem diferentes no final dos anos 1970 e foram mudando ainda mais gradativo até chegar a fase consagrada dos anos 1980 e 1990. Apesar de manterem a base dos traços, ultimamente já encontra diferenças, deixando tudo digital e bem artificial, com desenhos sem vida e parecendo carimbo.

Histórias do Cebolinha foram focadas nas suas personalidades, ponto alto foram provocações com a Mônica e planos infalíveis para derrotar a Mônica e se tornar dono da rua que sempre davam errado, principalmente com Cascão entregando os planos no final. Além disso, tiveram também histórias marcantes envolvendo sua dislalia de trocar o "R" pelo "L", sobre seus 5 fios de cabelo, contracenando com os pais, sua irmã Maria Cebolinha e o Floquinho, formando uma família bem carismática, fora contracenar bastante com Cascão com brincadeiras diversas e com seus amigos da turma. Só que infelizmente hoje em dia os personagens estão com características descaracterizadas, tudo para atender ao politicamente correto que predomina mundialmente nos últimos anos. Já nas suas primeiras revistas, Cebolinha falava errado com letras em negrito, diferente das edições da Mônica até em meados de 1972 em que ele trocava letras entre aspas.

Com Cebolinha, teve a estreia do Louco em seus gibis, sendo que nos anos 1970 ele podia contracenar com Cebolinha nas revistas dele, com a Mônica nas revistas dela e algumas vezes com Bidu, podendo sair em qualquer revista. A partir dos anos 1980, o Louco passou a contracenar só com o Cebolinha, fazendo parte da turma dele, com algumas exceções contracenando com outros personagens. O Seu Juca também por um bom tempo aparecia mais nos gibis do Cebolinha, apesar de ter começado com a Mônica, mas depois que ficou sumido e voltou, pode aparecer em qualquer revista. Capitão Feio também tinha bastante destaque nas revistas do Cebolinha dos anos 1970, mas depois ficou mais nas revistas da Mônica e do Cascão quando ele teve sua revista.

A revista sempre englobou histórias de todos os seus núcleos de personagens secundários criados até então, como Tina, Astronauta, Turma da Mata, Chico Bento, etc, não são só histórias do Cebolinha, mas tendo mais destaque com as histórias dele. Também acompanhamos todas as evoluções de gírias, de estilos musicais e artistas em evidência, de comportamentos sociais, até evoluções das moedas e preços nas capas são interessantes observar, até chegar a inclusão digital nos dias de hoje. É que a MSP sempre teve preocupação em adaptar as histórias ao que acontecia na atualidade. 


 Sobre a edição "Nº 1", capa com o Capitão Feio para demonstrar que teriam aventuras nas revistas do Cebolinha, mas Capitão Feio ainda não apareceu em nenhuma história nessa edição, capas com alusão à história de abertura começariam a partir da edição "Nº 3". Essa revista teve 16 histórias no total, incluindo a tirinha final, e histórias com secundários do Anjinho, Tina com Rolo, Pipa, Bidu e Horácio.

Teve algo curioso de ter uma história de 1 página na página 2 da revista no lugar de uma propaganda e antes da história de abertura principal. Nela, Cebolinha está diante de um Eco e fica gritando cebola para ele repetir. Tem uma hora que o Eco se cansa e joga uma cebola de verdade para ele. Na reedição de 'Cebolinha Nº 120' (Ed. Abril, 1982) essa história não foi republicada, mas na 'Coleção Histórica Nº 1' de 2007 foi republicada normalmente.

"Cebolinha bem à vontade", com 6 páginas, foi a primeira história desenvolvida em sua revista. Nela, Cebolinha nota que tem uma pulga atrás da orelha enquanto conversava com o Cascão. A pulga desce para camisa, depois para bermuda, Cebolinha tira tudo e fica pelado. Na hora, Mônica aparece e Cebolinha se esconde atrás da cerca mandando Cascão entregar sua roupa lá. Mônica convida Cascão pra tomar sorvete e ele abandona tudo, deixando Cebolinha esperar por horas.

Ao ver que Cascão vacilou, ele tenta pegar a roupa no chão enrolado com jornal, mas dá ventania, jornal sai voando, fica pelado de novo e volta para cerca. Vê um mendigo passando, manda pegar a roupa, mas o mendigo fica com a roupa dele. Espera anoitecer para buscar a roupa, dorme, dois operários desmontam a cerca e ele fica pelado no chão. Duas mulheres veem lá e aproveitam para fazer palanque político para vestir o menino nu diante da imprensa. Cebolinha acorda com o barulho e se espanta todos vendo pelado e foge com vergonha. No final, ele é manchete de capa de todos os jornais e Mônica reclama a maneira de aparecer nos jornais e pergunta se ele não tem vergonha. 

O grande culpado do Cebolinha passar o sufoco foi o Cascão, que não custava entregar a roupa dele na cerca antes de tomar sorvete, Mônica também sua parcela de culpa. Se Cebolinha deixasse a Mônica vê-lo pelado e levado surra, seria menos vergonhoso e traumático do que sair nu em capa de todos os jornais. Engraçado o trocadilho "pulga atrás da orelha", expressão de ter alguma dúvida pertinente com o fato de ter pulga de verdade. Hoje, completamente impublicável por aparecer Cebolinha pelado e todo constrangimento que passou, além de palavras proibidas "bandido", "azar" e "Droga!".


Depois vem Anjinho com uma história sem título e com 4 páginas, em que ele tem um dia de azar com problema de se acomodar para dormir, primeiro afunda em uma nuvem, depois pega uma tempestade com raio caindo sobre ele, depois uma pássara se apaixona por ele e dá bicadas ao ser recusada. No chão, leva uma tijolada do Cebolinha, bate cabeça em um poste e tropeça em uma pedra. Estranha que tudo deu errado nele, mas comemora que tudo de ruim já aconteceu e não vai ter mais azar, só que no final, cai em um buraco, contrariando o seu pensamento. Proibida hoje por ter azar e certas violências ou sofrimentos como tijolada, levar raio na cabeça, etc.

Na história da Tina, sem título e com 2 páginas, ainda na sua fase hippie, Tubírio Fagundes, se apresenta a Tina e Rolo como criado deles. Rolo pergunta se vai tirar fotografia, ir a batizado ou casamento para estar usando terno. Tubírio pergunta o nome deles e depois de Rolo falar "qual é a sua", Tubírio pergunta se é sua idade, altura. Rolo responde cheio de gírias e Tubírio não entende. Tina acha maldade e o leva para conhecer a turma e no final Tibério pergunta se o Rolo é estrangeiro, que ele não sabe falar a Língua Portuguesa e ele terá o máximo prazer de ensiná-lo.

Mostra contraste da cultura hippie com intelectuais. Histórias dessa fase gostavam de mostrar esse contraste, de como os hippies eram diferentes da sociedade padrão conservadora. Gírias como "ô meu", "meu chapa", abreviação como "seguin", "negó", tudo não aceitavam. Interessante que até início dos anos 1970 usavam terno pra tirar foto, tinha toda cerimônia pra tirar fotos que eram só em momentos muito especiais. Foi uma das primeiras histórias com Rolo, havia estrado 2 meses antes, em 1972, com intenção de fazer dupla com a Tina apoiando a cultura hippie e que depois de 1974, com os hippies perdendo força, os dois passaram a protagonizar histórias envolvendo humor pastelão e como adolescentes agindo como crianças grandes.

Depois vem Mônica, com história muda "Roda, pião", de 3 páginas, em que ela tem problema para conseguir rodar um pião. primeiro pião bate na árvore e volta na poça d'água fazendo molhá-la, depois o pião afunda com a força que ela usa, depois o pião sobe e volta, caindo na cabeça dela e ainda faz espetar mão dela ao segurar, ela solta para o alto e cai de novo na cabeça dela. Cebolinha aparece e  faz rodar pião direitinho e Mônica bate nele no final. Mônica era autoritária, invejosa, se  pessoas se davam bem e ela não, batia no outro. Provavelmente, era pra sair em revista da Mônica e remanejaram para revista do Cebolinha, até por ele ter aparecido no final.

Em "Pipa na TV", com 6 páginas, Pipa é convidada para ser jurada no Programa Silvio Santos com júri formado só por adolescentes. Já no programa no ar, Silvio apresenta os jurados e depois chama o cantor "Antonico Marcos" (Antônio Marcos) para cantar. Pipa pede autógrafo enquanto ele canta, Silvio fala que ela gosta muito do Antonico Marcos e ela aproveita pra reclamar que a cadeira é muito dura e Silvio chama os comerciais.

Fora do ar, Silvio Santos combina que Pipa fique no seu lugar e só fala ou faz algo quando ele mandar. Pipa diz que ele não é seu pai para ficar mandando nela e pede para trocar de cadeira. Já no ar, Silvio pergunta o que as juradas acharam do quadro apresentado. Pipa diz que achou uma abotoadura no chão e ele chama os comerciais. Fora do ar, reclama que ela está pra julgar os quadros e não procurar abotoaduras. No ar, Pipa grita de emoção ao ver o cantor "Jerri Adriano" (Jerri Adriani). No final, Silvio pergunta o que ela achou do programa, ela acha que era ensaio, o fazendo desmaiar e no final, na rua, Tina fala que Pipa deu vexame ontem e ela diz que quem deu foi o animador desmaiar na frente de todos no final do programa.

Pipa fez Silvio Santos passar vergonha com os deslizes dela no programa ao vivo, sem saber que estava sendo inconveniente, seja mostrando defeitos de bastidores ou tietando os cantores famosos ao vivo. A Pipa tinha estreado em 1972, 2 meses antes, e seguia uma característica de jovem careta se opondo a onda hippie de Tina e Rolo e se fazendo de boba e ingênua em coisas obvias como foi nessa história. Legal ver os cantores Antonio Marcos e Jerri Adriani em evidência nos anos 1970 e seus nomes parodiados e Silvio Santos não teve nome revelado, só foi falado como animador. Coincidência do Silvio Santos aparecer tanto em 'Mônica Nº 1' quanto em 'Cebolinha Nº 1'.

Em "Uma história muito louca", com 5 páginas, marca a estreia do Louco nos gibis. Ele foge do hospício e o Cebolinha é o primeiro que ele vê e faz suas loucuras como fazer procurar algo que não existe, cavar chão para que eles fiquem plantados como uma árvore, confundir placa de trânsito como flecha ao fugir de policial, Louco pensar que foi atingido por flecha, mas a sua medalha o salvou e achar do nada que o Cebolinha é penetra de uma festa. Aparecem dois homens do hospício fingindo que a festa é pra lá para o levarem de volta, Cebolinha pergunta se pode visitar o Louco e eles dizem que é para levar um tomate para jogarem fora e Cebolinha fica sem entender nada.

Esteia do Louco e história seguiu o lado nonsense de como eram suas histórias, nada com nada. Até que por muitos anos seguiram o mesmo estilo de história, nos últimos anos que amenizaram as loucuras e o Louco é muito amigo do Cebolinha, que nem se assusta mais com as loucuras dele. Louco foi criado pelo irmão do Mauricio, o Marcio Araujo, e inspirado no visual do desenhista Sidão do estúdio.

Em "A gênia", de 3 páginas, Cebolinha acha uma lâmpada maravilhosa e sai uma gênia de lá, que vai satisfazer 3 desejos deles. Cascão vê e quer negociar para que ele faça pedidos no lugar do Cebolinha. Só que com muitas trocas de seus pertences, Cascão acaba pedindo todas as coisas que ele tinha como coleção de tampinhas, pião, carrinho vermelho, álbum de figurinhas, etc, e que foram dadas para o Cebolinha para ele ter direito aos pedidos. Ou seja, não precisava fazer negociações e ainda Cebolinha ficou sem poder fazer seus pedidos. Interessante que foi uma gênia mulher em vez de homem, fez diferenciar.

Em "A invocação", de 4 páginas, Cebolinha encontra a Mônica invocada e tenta tirar a brabeza dela, mas tudo dar errado. Mostra o dia lindo e começa a chover, se protegem embaixo da árvore e cai raio na cabeça dele, vê a Maria Cebolinha brincar e ela dar martelada no pé dele. Cebolinha é que fica invocado e Mônica faz a mesma coisa no final de animá-lo apresentando o céu lindo. Mais uma mostrando azares dos personagens, coisas incorretas como ser atingido no raio, bebê com martelo na mão e dar pancada no Cebolinha não fazem mais nos gibis.

Em "Bidu, o homem da carrocinha vem vindo!", com 4 páginas, Bidu tenta enfrentar o homem da carrocinha, o faz pisar em casca de banana, Bidu pega a rede e joga no abismo. O homem cai no abismo ao tentar atacar o Bidu e se segura no galho. Bidu pega uma corda para salvá-lo e depois o homem volta a correr atrás dele com o laço da corda, que fica presa em um galho de árvore. Bidu vai até o abismo e pega a rede para que ele corra da forma tradicional. Mostra que Bidu gosta de correr do homem da carrocinha já que no momento que a corda ficou presa no galho, tinha se livrado dele. Palavra "diacho!' é proibida hoje  e o tipo de história de cachorro perseguido por homem da carrocinha também.

Na história do Horácio, de 2 páginas, Lucinda não ouve Horácio a chamando, ele grita e ela reclama que não é surda e sempre tem atrevido quando ela está passeando e todos os machos são atrevidos que não podem ver uma jovem desacompanhada. Horácio pede desculpas e avisa que não vai falar mais assim com ela na rua e no final os dois ficam tristes com a situação.

Nessa, Mauricio de Sousa quis mostrar que Lucinda queria se passar de difícil, mas seu plano acabou afastando o Horácio ainda mais dela e ele triste até por perder amizade dela. Na época não era muito comum histórias curtas de 2 páginas com Horácio, acabou sendo frequente a partir dos anos 1980, quando Mauricio estava sem muito tempo de criar histórias dele para os jornais. A Lucinda aparecia sem lábios nos primeiros anos, depois que mudaram, ficando melhor com lábios.

Depois, vem um tabloide com Cebolinha que ele acha que está saindo um calor no chão e vai jogando água até sumir a quentura. Até que no final, aparece um Diabo pedindo um fósforo pra ele para voltar esquentar o Inferno. Cebolinha não sabia que o buraco era a entrada do Inferno e se espanta. Histórias assim com Diabo completamente impublicável.

Em "Mônica Ato I", com 6 páginas, a turma brinca de teatrinho, chegam atrasados no outro dia, Cascão fala que "os bons" sempre chegam depois e aí eles falam por isso que queriam chegar atrasados. Começa o ensaio, Cascão é o bruxo, Mônica, a princesa e Cebolinha, o camponês, que tenta salvar a princesa do bruxo, só que os meninos fazem adaptações como Cascão dizer que fica com joias para tomar sorvete, Cebolinha pedir esmola e mandar levar sal de frutas para os ratos que devorariam a princesa.

Cascão quer entregar a princesa sem luta, Mônica não aceita, têm que lutar por ela, disputarem a princesa linda e frágil. Os meninos riem de falar de linda princesa e no final ela corre atrás dos meninos para bater e Cebolinha tenta lembrar que ela é uma linda e frágil princesa. Típica história mostrando brincadeiras e diálogos das crianças, era um estilo nos anos 1970 de terem histórias longas, mostrando conversas e brincadeiras entre as crianças, um pouco mais de enrolação. Era um tipo de histórias que eu não gostava muito dessa fase.

Anjinho tem outra história, agora de 1 página, em que ele procura uma nuvem para deitar, encontra uma pequena demais, aí ele enche como balão inflável e ela cresce do tamanho ideal para ele se deitar.

Em "Bichinhos de estimação", de 6 páginas, Cascão tem um porquinho de estimação e quer disputar com o Floquinho do Cebolinha qual é o bichinho mais inteligente. Cada um conta vantagem do que seu bichinho faz como pegar pedaço de pau, se deitar e forma de andar. Mônica ordena que mostrem os bichos façam o que sabem fazer senão eles apanham. Aí, Cebolinha manda Floquinho pegar pedaço de pau, ele vai e não volta e Cebolinha diz que aprendeu só a primeira parte do truque e Cascão fala que o problema do porquinho dele é que só sabe voltar. Cebolinha dá ideia de juntar os dois, aí teriam o truque completo. Mônica diz que falaram tanto de truques de cachorros e ela quer ver qualquer um que seja e agora quer que façam truque de qualquer jeito, então ela manda Cebolinha e Cascão agirem como cachorros e eles próprios pegarem os pedaços de pau.

Na verdade, os bichos sabiam fazer nada, eles só iam contar vantagem, mas não contavam que Mônica com seu estilo super autoritário ia se intrometer, ordenando que eles façam os truques. Afinal, os meninos tinham que fazer o que ela mandava, tinha que ser tudo do jeito que ela queria. Incorreto por esse autoritarismo exagerado da Mônica e meninos agindo como cachorros no final. Foi a estreia do Chovinista nos gibis, só que ainda sem nome, ele passou a ter nome só depois de alguns anos. 

A revista termina com a história "O escritor", com 6 páginas, em que o Cebolinha resolve ser escritor e quando tem inspiração, resolve escrever nos muros na falta de um papel disponível. O dono do muro aparece, Cebolinha pede para ele emprestar o muro para levar à editora e depois devolve. o dono faz Cebolinha e Mônica limparem o muro e Cebolinha reclama que isso que dá em escrever em muro de gente que não tem sensibilidade literária.

Depois, Cebolinha fala que vai escrever livro contra donos de muros e o mundo saberá porque não começou cedo sua carreira artística. Fará campanha para que possam escrever, pintar, desenhar e rabiscar em muros e faz discurso atraindo muitas crianças ao seu redor e é aplaudido. Aparecem homens do Sindicatos dos Pedreiros apoiando a causa do Cebolinha, que fica feliz por ser um orador da pesada e desiste fazer livros e virar discursador. No novo discurso ninguém aparece, só Mônica ouve até de noite. Cebolinha fica rouco, Mônica manda falar mais alto, cada vez mais ela grita dando ordem e termina os dois mudos, sem conseguirem falar nada. Incorreta hoje por mostrar escrevendo em muros, mesmo sendo por boa causa e Cebolinha precisando limpar depois, hoje eles rabiscam em cartazes nos muros.

Tirinha no final foi com a Mônica, que pisa em uma casca de banana, voa direto em um carrinho do Cebolinha, que diz que e soubesse sairia com um carrinho maior já que ela se machucou. Colocaram uma tirinha da Mônica provavelmente por ter sido em cima da hora, mostra até que é um pouco mais antiga até então já que o Cebolinha fala errado com parênteses e naquela altura, já colocavam em negrito quando trocava o "R" pelo "L". Foi estreia de tirinha nesse formato vertical ocupando uma coluna, começado com 'Mônica Nº 33', de janeiro de 1973, pois até em dezembro de 1972, colocavam tabloides na última página no lugar de tirinhas. Em Cebolinha Nº 120', por alguma razão não republicaram essa tirinha, colocando uma propaganda da revista do Cebolinha ocupando meia página vertical.


 Podem ver que foi um gibi legal, com quase todas as histórias incorretas par aos padrões atuais, todas curtas até 6 páginas no máximo o que fez ter várias na mesma revista. Vimos que gostavam de mostrar personagens tendo azar, dando tudo errado para eles, foram 3 histórias assim nessa edição, a Mônica era esquentada e autoritária demais, querendo bater se não fizessem o que ela queria e fazendo jus o fato de ser dona da rua, com várias histórias assim mostrando essa personalidade. Divertido ver estreias do Louco e do Chovinista, e percebemos que Magali não apareceu nessa edição, ela aparecia pouco nas revistas do Cebolinha, aparecia mais nas da Mônica.

Teve depois mais 2 relançamentos. Como já dito, a primeira foi em 1982 como parte integrante da edição "Nº 120" da Editora Abril em comemoração ao 10 anos da revista até então. A edição teve lombada com 132 páginas, sendo a metade da revista com histórias inéditas e no final a reedição da "Nº 1" sem as propagandas originais, mostrando só as histórias. Depois foi relançada em 2007 como parte integrante da "Turma da Mônica Coleção Histórica", junto com as outras "Nº 1" de outros personagens, sendo que sem as propagandas originais e no lugar colocaram comentários do roteirista Paulo Back e corrigindo erros de cores originais e certas alterações em relação à original. E MSP promete um novo relançamento em 2023 desta edição com o livro de luxo em capa dura "Biblioteca do Mauricio - Cebolinha 1973", reunindo todas as história das revistas dele de 1973 em um mesmo livro. 

Na "Coleção Histórica de 2007" infelizmente tiveram alterações. Na história "Cebolinha bem à vontade", alteraram palavra "Droga!" por "goiaba!". Sempre achei estranho esse goiaba no texto e quando conferi foi alteração ridícula porque a palavra "Droga!" não pode nos gibis. E ainda mudaram reticências por exclamação no final do balão. Sem noção.

E simplesmente alteraram os desenhos em Toda a história "Bichinhos de estimação". Algumas vezes eles tinham mania de redesenharem as histórias sem motivo aparentemente. Nessa página que destaquei, desprezando as cores de fundo que foram trocadas em 'Cebolinha Nº 120', dá pra ver que cabelo do Cascão ficou mais preenchido na CHTM, enquanto na original era mais fino, no 2º e 3º quadrinhos colocaram curvas de movimento na Mônica, no 3º quadrinho tiraram pálpebras do Cascão, gramas com ondulações diferentes, são os detalhes mais evidentes, mas desenhos como todos mudados. Custava nada manter os desenhos originais. Alterações assim eram muito frequentes, tira a essência, mesmo se a edição original estaria com deformações, eles têm outras cópias da mesma edição e último caso, tirariam de almanaques que foram republicados. Abaixo a comparação.

A revista 'Cebolinha' chega aos 50 anos em 2023 sem edição comemorativa para a data. A edição atual "Nº 23" passou a data em branco, e ainda teve regresso passando a ser quinzenal com 52 páginas. Pelo menos podia ter uma capa comemorativa e um frontispício original ou um selo na capa, só que seguiu tudo normal.

Sem dúvida uma marca histórica que a revista 'Cebolinha' atingiu, não é qualquer um que consegue ter 50 anos de gibis em circulação. Tiveram muitas histórias e momentos inesquecíveis nesse meio século que sempre vão ser lembrados pelos fãs. Pena que a qualidade decaiu por causa do politicamente correto, mas os momentos bons prevalecem e tem todo um valor histórico. Vida longa à revista do Cebolinha.

Termino mostrando as capas de janeiro a cada 10 anos, quando a revista estreou e quando completou 10, 20, 30, 40 e 50 anos, nos anos de 1973 a 2023, respectivamente. Lembrando que a de 2023, coloquei a "Nº 23" da primeira quinzena porque seria essa numeração se a revista continuasse mensal. Ficou interessante e até uma forma de comparar quais as melhores e piores.

Créditos - Marcos Alves : https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/01/os-50-anos-da-revista-do-cebolinha.html

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