segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Arquivos Turma da Mônica N°1.202 - Chico Bento: HQ "O Casca-Grossa"

Capa de 'Chico Bento Nº 176' (Ed. Globo, 1993)

Em outubro de 1993, há exatos 30 anos, era publicada a história "O Casca-Grossa" em que o Chico Bento teve que lidar com o pai da Rosinha que não queria que namorasse com a filha por ser um mal-educado. Com 19 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 176' (Ed. Globo, 1993).

Chico Bento vai à casa da Rosinha como convidado dos pais dela para jantar. Seu Rodrigues comenta que Chico estava atrasado, ele diz que no caminho parou para conversar com o Zé Lelé e o pai responde que  não é educado deixar os outros esperando e lembra que o convidaram para conhecê-lo melhor porque não quer qualquer um andando com a filha dele e que um dia a Rosinha herdará a fazenda de gado dele.

Na mesa, Rosinha fala para o Chico tomar cuidado que o pai vai reparar como ele se comporta na mesa. Dona Rosália pergunta se o Chico está gostando da comida, ele responde que a farofa está formidável, respingando na cara do pai e acha que elogiar com palavras difíceis impressiona. 

Depois se empolga que tem macarronada, diz que gosta muito porque quando visita o primo da cidade eles comem só isso. Enrola o macarrão todo no garfo, come, sobra um fiozinho e suga espalhando molho de tomate na cara toda, Dona Rosália passa o guardanapo para ele, que soa o nariz bem alto e diz que acha que está meio constipado. 

Chico conta que hoje de manhã foi catar minhoca na terra úmida e pegou cada minhocona gordona, deixando todos na mesa com nojo. Chico fala que não precisam fazer aquelas caras, ele lavou as mãos antes de ir pra lá, só não lembra qual. Depois, Dona Rosália busca a sobremesa. Chico fala que come doce de mamão todo dia em casa, ao comer, diz que está bom, mas que não chega nem aos pés do doce da mãe dele e põe os pés na mesa falando que encheu o bucho.

Seu Rodrigues avisa para irem para sala, e no sofá, manda Chico ficar à vontade. Ele fala que vão ter uma conversa, a sua filha Rosinha é muito especial e vê Chico dormindo sem paletó, gravata e botina. O pai fica uma fera e Chico comenta que primeiro ele pede para ficar a vontade e depois arma aquele berreiro. Seu Rodrigues fala que Chico não serve para a filha dele, é um casca-grossa. Chico acha que é calúnia, toma banho todos os dias. O pai diz que ele devia tomar banho de cultura e Chico conta que toma banho de água, que limpa melhor.

Seu Rodrigues fica brabo e expulsa Chico de casa e manda Rosinha se despedir do Chico em frente de casa porque não quer vê-lo no pé dela e bate a porta. Chico acha que é culpa dele por ser um grosseirão.  Rosinha diz que gosta dele do jeito que é. Chico diz que vai mudar, vai sair pelo mundo atrás de cultura e só volta quando for um cavalheiro para casar com ela e se despede. No caminho, Chico diz que está tarde  para sair pelo mundo e vai para casa dormir e amanhã pensa nisso.

No dia seguinte, Chico acorda e não lembra do que tinha que fazer. Dona Cotinha pergunta para o filho como foi na casa da Rosinha ontem e ele se lembra que tem que percorrer o mundo para ficar culto. A mãe pensa que é pra ficar baixinho e ele diz que tem que ser mais educado, passou maior vexame lá e o pai da Rosinha não gostou dele e não quer que veja mais a Rosinha.

Dona Cotinha acha que o pai dela foi desaforado e que não viu as qualidades dele, boas maneiras a gente aprende, mas tem coisas que a gente tem ou não tem e que tem que mostrar a ele as suas boas qualidades. Chico pergunta quais e a mãe fica enrolada em listar porque não era inteligente, não era bonito e conta que importante é ter um bom coração e o resto é lucro e Chico se prepara para mostrar ao pai da Rosinha quem ele é.

Na casa da Rosinha, Seu Rodrigues conta que o Genesinho, o filho do Coronel Berlarmino vai almoçar com eles. Rosinha acha Genesinho chato e Seu Rodrigues diz que ele é educado, estudou no exterior e em Ribeirão Preto e ela vai tratá-lo muito bem porque ele é digno de se casar com ela e um dia cuidar da sua fazenda de gado.

Depois, Genesinho chega, cumprimenta todo mundo, chega pontual e beija a mão da Rosinha e Seu Rodrigues o acha cavalheiro. Dona Rosália serve a comida, esperando que esteja tudo do gosto dele, Genesinho conta que é eclético, Rosinha  pensa que é biciclético e Genesinho explica que gosta de tudo, se adapta a vários ambientes, desde que sejam requintados, e está acostumado a jantares mais sofisticados com mais talheres e copos. 

Seu Rodrigues pergunta por que tanto e Rosinha fala que é porque Genesinho tem boca muito grande. Ele acha que ela é espirituosa, Seu Rodrigues acha que ela é espírito de porco, Genesinho responde em francês, impressionando os pais da Rosinha e ele diz que também fala inglês, espanhol e italiano. 

Quando termina de comer, Genesinho acha tudo uma experiência incrível, iguarias finas e Rosinha lembra que foi macarrrão, farofa e doce de mamão e Seu Rodrigues manda a filha parar de aporrinhá-lo, um dia vai ser marido dela e Rosinha diz que nem morta. Depois, o pai dela mostra as 500 cabeças de gado que ele tem, que um dia vai ser também do Genesinho, que faz cara de nojo e não se aproxima dos bois porque o cheiro nojento pode impregnar no seu terno de casimira inglesa.

Enquanto isso, Chico está indo lá para mostrar as suas qualidades ao pai da Rosinha. Ele enumera que é o maior contador de mentiras da região, sabe imitar passarinho e bate todos os recordes de cuspida de caroço de goiaba a distância. Seu Rodrigues conta que o seu pasto é muito rico, cada um deles come muito por dia, Genesinho manda poupá-lo dos detalhes, não interessam. Seu Rodrigues conta que um dia é ele quem vai cuidar do gado e Genesinho diz que vai contratar empregados pra fazer isso, não quer o menor contato com aqueles bichos imundos. O boi fica brabo com o que ele diz, derruba a cerca para atacá-los junto com outros bois e vacas.

Eles correm, Seu Rodrigues e Genesinho conseguem subir em uma árvore, mas Rosinha segue correndo da boiada. Seu Rodrigues pergunta se Genesinho não vai atrás salvá-la e ele diz que não ele, que já quase arruinou a roupa e o penteado. Rosinha segue correndo, Chico vê, faz um laço no cipó e prende no pescoço do líder dos bois e todos param. Rosinha fica feliz e Seu Rodrigues agradece ao Chico e sua coragem pelo que fez. Genesinho fala que rasgou seu terno de casimira inglesa ao descer da árvore e seu Rodrigues o chuta, expulsando o almofadinha de uma figa.

Em casa, Seu Rodrigues faz as pazes com o Chico, diz que é alguém como ele que precisa para cuidar do gado dele. Chico põe o pé na mesa e Seu Rodrigues também coloca, dizendo que no fundo ele também estava louco de vontade para fazer isso e Dona Rosália conta para Rosinha que os dois são uma fruta de casca grossa, mas um mel por dentro.

História engraçada, cheia de reviravoltas, em que o pai da Rosinha não quer que o Chico namore com a filha por ser um mal educado e sem noção de boas maneiras de nem saber como se comportar em uma mesa de jantar. Resolve colocar o Genesinho como namorado dela por ser rico, educado e um bom partido para cuidar  das suas terras, mas se decepciona ao ver que ele tinha nojo de bois e nem salvou a Rosinha do perigo. Como Chico a salvou, faz as pazes com ele e se torna tão casca-grossa quanto ao seu futuro genro.

Seu Rodrigues encontrou um matuto super espontâneo que não estava nem aí para ética e boas maneiras e ele achava que educação e cultura que era o important, só estava preocupado no sucessor das suas terras, sem se preocupar se a filha ia gostar ou não do pretende que arrumou para ela. História mostra de forma divertida que o que mais importante é a pessoa ser verdadeira, espontânea, do jeito que ela é do que a ética e a falsidade.

Graças ao boi, insatisfeito com o Genesinho, que tudo deu certo para Chico e Rosinha. Foi engraçado ver Chico se comportando mal na mesa, agindo lerdo como ele faz com o primo Zeca, como o trocadilho do "tudo perdido" achando que Rosinha perdeu um objeto, não saber o que é casca grossa, vagar pelo mundo para procurar cultura. Engraçado também a mãe do Chico não saber listar as qualidades que o filho tem e é ela quem tinha que ensinar ao menos o básico de boas maneiras para o filho, teve culpa também.

A Rosinha foi bem doce nessa com o Chico, o queria do jeito como era, mas nos anos 1990 ela mudou de personalidade, passou a ser reclamona, implicar com tudo que Chico fazia, principalmente quando ele era rústico, jeca tatu, como ele se vestia, inclusive em histórias sem Genesinho. Ela também foi diferente dessa em que ela não gostava do Genesinho, pois normalmente ela passava a se engraçar para o Genesinho desiludida com o Chico, se dava mal e o Chico a salvava.

Na época, estavam investindo em histórias dos pais implicando com o namoro dos filhos, também era comum histórias do pai do Quinzinho, Seu Quinzão, implicar com Magali, pais da Cascuda implicar com namoro dela com Cascão, e por aí vai. Eram divertidas histórias assim. Incorreta atualmente por envolver namoro, pai querendo arrumar pretendente para filha, crianças enfrentando bois, Seu Rodrigues fumando cachimbo e chutar Genesinho, fumando, Chico agindo como lerdo e respondendo aos mais velhos, andando sozinho na rua de noite, além das palavras "gozado" e "louco", que são proibidas hoje nos gibis.

Os traços ficaram bem caprichados no estilo padrão consagrado deles. Genesinho, que foi criado em 1991, ainda não tinha traços definitivos e aparecia diferente a cada história que aparecia, os pais da Rosinha também tinham traços diferentes a cada história. 

Teve erro de Genesinho falar de boca fechada na página 14 do gibi. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

Créditos - Marcos Alves: https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2023/10/chico-bento-hq-o-casca-grossa.html

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