Capa de 'Chico Bento Nº 273' (Ed. Globo, 1997) |
Mostro uma história em que o Chico Bento ficou com ciúmes da Rosinha vender beijos na barraca da festa junina. Com 15 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 273' (Ed. Globo, 1997).
Chico fala que não vai na quermesse para não sofrer e não dar de cara com a Rosinha beijando todo mundo. Zé da Roça acha bobagem e aposta que a barraca deles vai ser longe da barraca dos beijos. Só que no dia da festa junina, a barraca dos coelhos deles é em frente à barraca de beijos da Rosinha.
Na barraca dos beijos, tem fila enorme de meninos. Um menino pergunta quanto custa, Rosinha diz que é um Real e ele já dá a moeda fazendo biquinho para beijar. Rosinha fala que por enquanto é só inscrição e os beijos são mais tarde.
Chico reclama que a barraca dela está fazendo sucesso, fila de meninos cada vez maior e ninguém olha para a barraca deles. Chico e Zé da Roça resolvem gritar para anunciar a barraca deles, tem que adivinhar a casa que o coelhinho vai entrar para ganhar a prenda só por um Real, enquanto um menino corre animado com a moeda na mão que prefere gastar na barraca dos beijos. Chico acha que as mulheres vão preferir a barraca deles e chama por elas para jogarem na barraca dos correios quando uma menina corre, falando que não pode porque tem buscar namorado dela que foi para barraca dos beijos.
Chico comenta que vai ficar com dor-de-cotovelo de ver a Rosinha vendendo beijos ao invés de apoiá-lo na barraca dele, quando tem um plano diabólico para acabar com o sucesso da barraca dela. Chico vai na frente da fila falar para a Rosinha que espera que hoje ela tenha escovado os dentes porque ela escova a cada três dias e justo hoje que a viu almoçando fígado com cebola, buchada ao jiló, alho frito e pimenta malagueta seria melhor garantir. Ele pergunta se ainda falta água na casa dela no banho, todo mundo ainda está com sarampo e todos os meninos fogem assustados.
Rosinha manda Chico parar senão não vai conseguir dinheiro para a igreja, Chico diz que está pouco se lixando, quando aparece o Padre Lino e o expulsa da barraca dela. Chico fala que isso é uma pouca-vergonha e o padre diz que pouca-vergonha é atrapalhar a barraca dos beijos e um beijinho inocente dado por uma garotinha tem nada de mais. Chico grita que isso porque a garotinha não é namorada dele e Zé da Roça o lembra que é ex-namorada e, então, eles passam a focar na barraca dos coelhos deles.
Zé Lelé aparece querendo jogar. Zé da Roça diz que é um Real e ele pode ganhar um lampião. Chico fica feliz que ele mudou de ideia de ir na barraca deles em vez da de beijos e Zé Lelé conta que já foi lá, foi o primeiro a comprar beijo e Chico o chama de ex-amigo, falso e bandido. Zé Lelé escolhe o número cinco, Chico reclama que escolheu só um número e Zé da Roça acha melhor que nada e a chance de ganhar é mínima. Só que o coelho entra justamente na casa cinco e Zé Lelé ganha o jogo.
Outras crianças querem jogar também, as meninas escolhem os números sete e doze e Zé Lelé escolhe o cinco de novo e o coelho entra de novo na casa cinco e Zé Lelé ganha uma botina de prêmio. Outras pessoas jogam escolhendo seus números. Zé Lelé diz que não vai jogar porque já escolheram o número cinco. Zé da Roça fala que ele pode escolher outro número e Zé Lelé não aceita, diz que o coelho Eurico é dele e a sua casinha tem um número cinco pintada e ele entra só nessa. O povo acha marmelada, pedem dinheiro de volta e vão embora, acabando com a barraca dos meninos. Zé Lelé fala que ele que devia reclamar porque a botina não é do número dele.
Depois, Rosinha avisa que está acabando as inscrições para os beijos e Chico resolve comprar. Só que o Genesinho comprou todos os cem beijos que faltavam. Chico fala que Genesinho não pode dar cem beijos na Rosinha e ele diz que pode porque pagou e fala com Rosinha que é tudo por nome da reforma da igreja.
Rosinha fala que os beijinhos vêm já, já, manda os meninos fazerem fila e mostra que quem vai beijar todos eles é a Maria Cafufa, a sócia dela na barraca. Rosinha quem vendia e Maria Cafufa, a mais feia da vila, quem beija, decepcionando os meninos e faz Genesinho correr dela. Chico fica feliz que não era a Rosinha quem ia beijar, ela diz que é tímida para isso. Mostra Zé Lelé feliz apaixonado por ter sido beijado pela Maria Cafufa. Depois, Chico pede desculpas e quer que Rosinha volte a namorá-lo, ela aceita, Chico fica feliz que agora só ele quem vai beijar a namorada dele, mas reconhece que quem sabe um dia porque a timidez dos dois não deixava beijar um ao outro enquanto namoravam.
História engraçada demais em que o Chico Bento fica furioso que sua namorada Rosinha ia vender beijos na barraca da festa junina e que sua barraca estaria na frente da dela e via todo o movimento. Depois de algumas tentativas sem sucesso para estragar com a barraca dos beijos, é descoberto que a Rosinha só vendia e fazia inscrições, mas quem iria beijar era a Maria Cafufa, para alívio do Chico e frustração dos meninos, principalmente do Genesinho, que era rico e pagou cem reais para ganhar cem beijos da Rosinha. Foi bancar o esbanjador, que sempre podia mais que os outros, foi o que mais se deu mal.
A confusão dava para ser resolvida antes da quermesse se a Rosinha tivesse explicado desde que ela contou a novidade, mas o Chico não a deixava falar, já estava atacando, proibindo de vender beijos. Não era só ciúme da Rosinha, o Chico tinha medo de ser corno, era muita tortura a sua barraca em frente da dela, vendo tudo e sem poder fazer nada. Foi hilário ver todas as cenas de ciúme do Chico, inclusive acabar amizade de quem beijasse a Rosinha, seus planos para estragar a festa como que Rosinha não escovava dentes após comer pratos com odores fortes, os meninos assanhados pensando que seriam beijados pela menina mais bonita da vila, principalmente o que já fez biquinho como se ela ia beijá-lo na boca, entre outros.
Na parte que o Chico ia fazer malvadeza do seu plano, apareceu chifres na cabeça dele, dando duplo sentido de que era diabo e corno. A ideia mais real era de apontar que era plano diabólico, e ao mesmo tempo indicava que era corno. Costumavam fazer histórias da Rosinha como a menina mais bonita e todos os meninos ficavam a seus pés, dando ciúmes no Chico e ainda tinha também certo machismo, como que sua namorada não podia andar de biquíni, de short curtinho, etc. Seria mais natural com adultos como Rubão e Mariazinha, mas depois que cancelaram os personagens, histórias assim ficaram com as crianças como Chico e Rosinha e Titi e Aninha. Eram legais também histórias do Chico e Rosinha tímidos e tronco de árvore, com vergonha de darem beijo um no outro.
O foco da festa junina ficou nas barracas, tanto do beijo quanto do coelho, disputa que quem ia em qual barraca. Teve momento que deixaram de lado a barraca dos beijos, deixando prevalecer a do coelho e muito engraçado também o Zé Lelé estragando tudo levando seu próprio coelho Eurico que tinha uma casinha 5. Festa junina e quermesse eram a mesma coisa nas histórias do Chico, normalmente quermesses organizadas pelo Padre Lino para levantar fundos para a igreja. Engraçado que até o Padre Lino achava normal beijos inocentes entre crianças.
Zé Lelé foi um show a parte, podia muito bem ter arrumado um coelho com outra pessoa e não levar o seu, conseguiu estragar a barraca do Chico e Zé da Roça, pensando também em ganhar todas as prendas do jogo. Curioso nessa história o Zé Lelé ter um coelho, mas não era definitivo, foi só nessa por causa do roteiro e confirmamos que ele é apaixonado pela Maria Cafufa, a mais menina mais feia da vila, adorou ter recebido o beijo dela. Apesar de Chico e Zé Lelé serem primos, nessa, eles foram tratados apenas como amigos.
Os traços ficaram excelentes, eram perfeitos assim. Pena nas cores o degradê ficar só em alguns quadrinhos e não aparecer degradê em todos os quadrinhos como eram no segundo semestre de 1995, pelo menos ainda era alguma coisa. Teve erro na disposição de cores nas casinhas da barraca do coelho, como, por exemplo, a casinha do número cinco estava rosa com o telhado vermelho e depois quando o coelho entra, ela muda de cor para amarelo com o telhado roxo e na outra entrada dele, fica azul. E todas as casinhas dos outros números ficam com cores diferentes. Erro do colorista, que com uma revisão melhor colocariam as cores certas desejadas.
Completamente impublicável hoje em dia por terem namoro e beijo entre crianças (nem de adultos, pode, muito menos de crianças); meninos assanhados em beijar Rosinha, alguns até querendo beijá-la na boca; Chico ciumento e machista; referência a diabo no cabelo do Chico ao fazer malvadeza; religião com quermesse arrecadar fundos para igreja e ter presença de padre. Proibida também a palavra "bandido", principalmente nesse sentido de pilantra quando o Chico chama o Zé Lelé de bandido, assim como bullying com a feiura da Maria Cafufa, ninguém queria ser beijado por ela só porque era feia, maltrato com animais com o coelho Eurico ficar dentro de uma caixa minúscula até tirarem para ele escolher a casinha que ia entrar. Tudo isso é proibido nos gibis atualmente e definitivamente sem chance hoje.
Nunca foi republicada até hoje, dava para ser por volta de 2008, quando estavam republicando histórias de 1997 do Chico, mas como já estava na Editora Panini e o politicamente correto estava alto e predominante, preferiram não republicar. Então, se torna rara e só quem tem a edição original de 1997 que a conhecia.
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