Olá pessoas queridas e as não queridas também!!! Esta é a primeira vez que eu escrevo para o "Submundo HQ", e agradeço ao Léo pela oportunidade. Primeiramente gostaria de me apresentar. Me chamo Clayton Franco e sou do interior de São Paulo (Taubaté). Além de curtir HQs antigas (independente de editora, pois gosto de uma variedade muito grande de quadrinhos), também gosto muito de música com predileção para heavy metal e rock 'n roll. Embora seja a primeira vez que escrevo para o Submundo, já faz muitos anos que faço matérias e resenhas de show para o site www.metalrevolution.com.br. Espero que todos vocês nos visitem lá!!! Uma propaganda básica nunca é demais rsrsrs.
Bem, apresentações feitas, vamos ao motivo deste texto para o blog. Quando saiu a notícia que Frank “O” Miller (Você não chama esse cara de Miller, assim como não fala Batman, tem que ser “O” Batman!!! E ganha um high five virtual para quem entender essa referência) viria para o Brasil o que passou pela minha cabeça foi que iria dar merda. Imaginei no ato a quantidade de fãs que gostariam de conhece-lo tirar foto e autografar suas coisas; e como se daria isso, visto que o cara já não é mais um jovem senhor com a saúde em dia. Quando vi os comentários postados neste blog (a grande maioria negativos) sobre a forma que se procedeu a distribuição de senhas para autógrafos, o tempo estimado para ficar na fila, a maneira como a organização “des”organizou o que seria o sonho de muitos, eu entrei em contato com o Léo e falei da minha experiência com o cara que foi bem diferente da que muitos tiveram durante a Comic Con Experience em SP.
Se tiverem curiosos para saber como foi, me acompanhem:
Há muitos anos eu costumo ir atrás de algumas bandas de rock para autografar minha coleção de discos de vinil. Já tive a oportunidade de conhecer, conversar, tirar foto e autografar itens com bandas como Iron Maiden, AC/DC, Metallica, Ronnie James Dio, Deep Purple e tantas outras. Através de alguns contatos que possuo no meio, fiquei sabendo o hotel que “O” Miller estaria e resolvi dar uma passadinha lá. Fiquei dois dias no hotel e tive a oportunidade de não apenas conhece-lo, mas também muitos outros artistas que passaram pela Comic Con e agora compartilho com vocês algumas impressões que tive sobre ele, já que tive um contato bem mais próximo dele do que as pessoas que o viram no evento. Para começar, eu costumo separar o artista da pessoa humana que ele é. Não misturo uma coisa com a outra, desta maneira eu não me decepciono com ninguém, já que não os coloco em pódios de mármores para serem endeusados. Assim como eu, eles são seres humanos cheios de falhas e tem seus dias bons e ruins. Quanto ao Frank, todas as vezes que o vi ele estava de bom humor.
A primeira vez que tive contato com ele foi na sexta à noite quando ele estava voltando do Evento. Eu estava sentado na recepção quando vi que o carro que o trazia parou. De imediato vi que ele teve dificuldade para descer do carro (depois o segurança veio me contar que ele estava exausto devido ao longo dia que teve no evento). Esperei ele entrar na recepção e vi que estava indo direto para o elevador, cercado pela assessora de imprensa, dois seguranças e mais um pessoal do evento. Eu estava sozinho e tentei me aproximar. Quando os seguranças dele viram, já entraram na minha frente e me barraram não me permitindo chegar nele e falando que ele não iria atender. Não os escutei e chamei alto para que ele pudesse me ouvir dizendo “Hey Mr. Miller. Just sign and one Picture, please. Is very quick”. Sei que meu inglês é péssimo, não bastando de um amontoado de palavras, mas é o suficiente para chamar a atenção do artista. Neste caso consegui!!!
Miller se desvencilhou da assessora (estava apoiado no braço dela) e veio autografar as coisas que eu tinha. Eram quatro encadernados no momento. O segurança ainda tentou barrá-lo, mas ele mesmo desviou e veio sorrindo. Perguntou como eu estava e pegou a caneta e assinou o primeiro item. Ele foi pegando um por um da minha mão autografando e devolvendo. Nesta hora ninguém mais impediu (segurança, assessora, etc). O melhor momento foi quando eu dei "Batman Ano 1" para ele autografar, pois eu virei para ele e disse: “This is not a Batman story”. Ele olhou para mim como se esperasse algo e eu disse “This is a Gordon story”. Ele abriu um largo sorriso e disse um Yes bem alto rindo. Falou que eu realmente havia entendido a história e me cumprimentou dando a mão. Realmente foi um momento surreal. Quando pedi a foto, foi o próprio segurança que tirou com minha câmera, visto que eu estava sozinho. Logo depois já foi levado pela assessora para o elevador e assim acabou o meu primeiro encontro com ele. Algo muito rápido, mas especial e logo de cara já havia conseguido autografar os 4 itens que eu tinha no momento ("Cavaleiro das Trevas", "Ano Um", "Eu Wolverine" e "A Queda de Murdock"). Todos autógrafos dedicados a mim!!! Meu objetivo tinha sido concluído, o que viesse dali para frente seria lucro.
No dia seguinte o vi na parte da manhã quando ele desceu para o café, mas eu nem o abordei novamente. Quando ele passou por mim eu apenas disse “Hey” dando um oi com a mão e ele retribuiu com um sorriso indo tomar o café. Naquele momento eu estava esperando outro artista. No caso o John Rhys-Davies para autografar meu box do filme Senhor dos Anéis e Indiana Jones. O que me chamou a atenção é que mesmo dentro do hotel e sem fãs nenhum a assessora e o segurança brasileiro designado para cuidar dele não saíam do lado dele, acompanhando-o em todos os passos. Geralmente o artista é livre dentro do hotel, sendo acompanhado pelo segurança quando ele pede para sair fora das dependências do local ou quando há muitos fãs fazendo algazarra. Mais tarde eu iria descobrir o motivo dessa marcação cerrada com ele. Após o café ele subiu para o quarto. Passei a manhã no hotel e neste meio tempo chegou uma amiga minha que também gostaria de conhecê-lo (trouxe vários itens para assinar) e ficamos conversando junto com um outro segurança amigo nosso que no evento estava responsável por outra pessoa. Nada mais, nada menos que... Jim Lee e Dan Didio!!!
Próximo à hora do almoço, Miller voltou a descer, mas ele não estava acompanhado de ninguém. Neste momento nós o chamamos novamente mostrando a diversidade de itens que ele fez que estavam na mesa. O velhinho sempre sorrindo chegou, cumprimentou as garotas, me cumprimentou lembrando da noite anterior (inclusive me chamou pelo nome) e passou a autografar tudo que via na mesa. O bacana de tudo é que tínhamos caneta de cor prata e de cor preta. Ele escolhia qual seria a melhor (prata para capas escuras e preta para as claras) demonstrando que não estava com pressa; pelo contrário, estava se sentindo bem em estar com a gente. Minha amiga, junto com outra colega dela que estava presente, falam inglês perfeitamente e passaram bons minutos conversando com ele. Que comentava algo de cada item na mesa seja sobre a capa ou a história. Embora eu não entendesse patavinas do que eles falavam, pela maneira que a conversa fluía e o jeito do velhinho com a gente, vi que ele estava se sentindo muito feliz de ser reconhecido pelos fãs e gostava de conversar sobre sua obra. Realmente, uma pessoa simpática e gentil. Neste momento, veio um pedido memorável que vou guardar para sempre.
O segurança que estava conversando com a gente na mesa também contou que era muito fã dele e que gostava muito das coisas que Miller fez com o Batman mas disse que não tinha nada para autografar e nem podia pedir foto para ele pois estava ali à trabalho. Mas, estávamos só nós e ele não era o responsável pela segurança do Miller. O lado fã falou mais alto e ele perguntou se o Frank poderia desenhar um Batman em um papel para ele levar para fazer uma tatuagem depois. Não tínhamos papel, apenas uma folha de sulfite minha que eu havia impresso o cronograma de horários da Comic e que já estava toda amassada. Miller não se fez de rogado e pegou esta folha e na parte de trás desenhou um Batman com todo carinho para o segurança, inclusive colocando uma dedicatória. Eu sabia que estava vendo um momento único, Miller ali na frente desenhando um Batman, tratei de pegar a câmera e ir tirando fotos seguidas uma da outra para tentar captar o máximo possível da maneira que o desenho transcorria do seu início até seu término. Podem conferir isso nas fotos da matéria. Logo após, o velhinho pediu um cigarro e como disse que não tínhamos, ele agradeceu (porra, o cara ainda nos agradece por tudo) e saiu andando para fora do hotel. Se todo o encontro estava sendo surreal, agora iríamos descobrir mais uma coisa sobre ele...
Após um tempo, a assessora dele aparece correndo, meio que desesperada, procurando por ele. Nos pergunta se o vimos e com nossa resposta foi procurá-lo nas dependências externas do hotel. Não o acha e começa o corre dos seguranças atrás dele, quando finalmente o encontram. Quando finalmente estão com ele, acabamos vendo ele reclamar que não lhe deixam andar sozinho e muito menos dão a ele a chave do quarto do hotel!!! Que ele estava cansado de ficar trancado lá. Ficamos sabendo que ele havia pedido um barbeiro para atendê-lo no quarto e cortar o cabelo e fazer a barba para o evento que teria na parte da tarde. Aproveitando a hora que o profissional saiu do quarto dele, o mesmo fugiu para passear um pouco!!! Passado o susto da produção, ficamos sabendo por intermédio de alguém que estava trabalhando próximo a ele, que não devem deixá-lo sozinho. Se ele fica sozinho ele vai tentar fumar (quando saiu do hotel foi ver se conseguia um cigarro com o pessoal que estava lá fora). Quando fuma, um cigarro puxa o outro e logo depois lhe vem a vontade de beber. Ele acaba não se controlando e bebe mais do que realmente deveria. Isso o afeta (já que também toma remédios controlados) a ponto de deixá-lo instável. Disseram que pode até ficar fora de si, algo que particularmente achei exagerado. E se ele fumasse e bebesse não teria condições de ir para o evento.
Assim, acabei descobrindo o motivo da marcação cerrada em cima dele na hora do café da manhã!!! Contudo, acabamos vendo ele voltando ainda do almoço, passou, nos cumprimentou, e foi direto para o heliporto pois já estava atrasado para ir para o evento. Sempre com a assessora e o segurança que não o deixaram ficar sozinho nem mais um minuto. Motivo pelo qual o vimos reclamando novamente com a produção por se sentir aprisionado. Para nós, que não estávamos trabalhando no evento, era até divertido ver o velhinho reclamando. E assim, acabou o meu encontro com uma das Lendas do Quadrinho.
Assim que ele deixou o saguão, dirigindo-se ao heliporto, ficamos conversando entre nós do aspecto físico que o velhinho aparentava. Além de aparentar muito mais idade do que de fato tem (na época do encontro estava próximo de completar 59 anos), seu aspecto físico digamos que parece meio “deformado”, não tenho uma palavra melhor para definir. Aparenta ter mais de 70 anos, e anda com a coluna muito curvada a ponto de ficar realmente “torto”. O ombro direito é muito mais baixo do que o esquerdo (como se estivesse carregando uma mala muito pesada deste lado - o que o puxaria para baixo). Adiciona-se à estes fatos, o nariz que está completamente torto (como se tivesse quebrado várias vezes) e a pele, que de tão branca e sem brilho, parece ser de cera. O que algumas pessoas da produção especulavam era que ele tinha câncer, ou teve e acabou se curando. Mas tudo isso não passa de especulação. A famosa “fofoquinha” entre o pessoal.
Disseram até que era câncer no pâncreas (o mesmo que vitimou Steve Jobs). Não sou doutor, mas até onde sei este é um dos mais severos casos de câncer e de cura extremamente difícil. Não costumo também acompanhar a vida privada dos artistas, o que me interessa é sua obra em si. Neste sentido, a única coisa que posso dizer é que desejo melhoras a sua saúde física e que ele continue sempre na ativa. Pelo menos, seu aspecto físico atual, embora ainda bem fraco e debilitado, parece estar muito melhor do que o de algumas fotos que circularam em 2013 e 2014 onde aparecia careca, muito mais branco e até em cadeira de rodas!!! Longa vida ao velho mestre!!!
Quando anoiteceu, ainda tive a oportunidade de encontrar o Dan Didio quando estava saindo para jantar. Desceu junto com sua esposa e filho e ficou na recepção. Eu estava sozinho no momento e fui pedir uma foto para ele. Uma pessoa extremamente simpática, com um aperto de mão forte, e que gosta de abraçar para tirar foto. Não tinha nada para ele autografar, por isso pedi para assinar na contracapa do Cavaleiro das Trevas, pois eu queria um autógrafo de lembrança. Não se fez de rogado e assinou com muito prazer. Ainda comentou se eu já tinha visto o Jim, pois ele estava esperando-o para ir jantar. Como disse que não, ainda reclamou que ele sempre se atrasa para os jantares pois gosta de ficar se arrumando todo!!! Momento hilário!!! Realmente Jim desceu já com atraso e a pedido do segurança eu não o abordei, pois eles tinham reserva marcada em um restaurante em São Paulo e não poderiam se atrasar. Consegui minha foto com ele. Como não havia trazido nada para ele autografar, novamente pedi na contracapa do Cavaleiro das Trevas, logo abaixo da assinatura do Dan Didio. Um coreano super simpático que ainda saiu lá fora para atender alguns fãs que estavam lá. Quando voltou, disse que o povo todo do lado de fora do hotel estava atrás do Misha Collins e que ninguém o conhecia. Motivo de risos entre ele e o Dan Didio!!!
Bem, assim acabou meu encontro com algumas feras dos quadrinhos e alguns atores e atrizes que tive a oportunidade de conhecer durante aquele fim de semana. Este relato foi feito com o intuito de mostrar a todo mundo que Frank “O” Miller realmente é uma pessoa muito gentil com seus fãs, que gosta de conversar com seus admiradores e atendê-los. Se muitas vezes não pode ter esses momentos com seus fãs, a culpa não é dele. É diferente estarmos entre 3 e 4 pessoas em um bate-papo na recepção do hotel e estar em um grande evento com milhares de pessoas que foram para conhecê-lo. Não é humanamente possível para alguém que está velho e com a saúde debilitada como a dele, atender todo mundo da Comic-Con. Sempre que estava conosco, víamos que por mais felicidade que ele demonstrasse, realmente estava cansado. Sem contar que há aqueles que não sabem como abordar; pois já chegam agarrando, gritando, tentando abraçar. Nunca se sabe quando encontrará um fã mais sossegado, que sabe o momento e a maneira correta de abordar, ou igual àquele último fã que o John Lennon viu!!! Espero que todos tenham gostado do relato e que possam ver através deste texto um pouco mais do ser humano, da pessoa comum como todos nós que há por trás do Artista que conhecemos através da Mídia. Abraços à todos e até breve (se o Léo me chamar para escrever novamente rs)!
Até+
PS: O "Submundo" agradece à esta colaboração super-especial do Clayton.... Com FOTOS exclusivas que registram momentos únicos da passagem de Frank Miller pelo Brasil. Uma noite realmente alucinante com uma das maiores lendas das HQs! Valeu mesmo... e até a próxima, Clayton!
Créditos;) Leo Radd > http://submundo-hq.blogspot.com.br/2016/03/frank-miller-no-brasil-fotos-exclusivas.html
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